Livros Apócrifos

O Livro de Enoque
(Tradução livre para a língua portuguesa por Elson C. Ferreira, Curitiba/Brasil,
2003)
 
Capítulo 1
1As palavras das bênçãos de Enoque, com as quais ele abençoou os
eleitos e os justos, os quais devem existir nos tempos da tribulação,
rejeitando toda iniquidade e mundanismo. Enoque, um homem justo, o
qual estava com Deus, respondeu e falau com Deus enquanto seus olhos
estavam abertos, e enquanto via uma santa visão dos céus. Isto os anjos
me mostraram.
2Deles eu ouvi todas as coisas e entendi o que ví; coisas que não terão
lugar nesta geração, mas numa geração que deve acontecer num tempo
distante, por causa dos eleitos.
3A respeito deles eu falei e conversei com Ele, o qual virá de Sua
habitação, o Santo e Poderoso, o Deus do mundo:
4O qual pisará sobre o Monte Sinai; aparecerá com Suas hostes e se
manifestará com a força do Seu poder dos céus.
5Todos estarão temerosos e as Sentinelas estarão aterrorizados.
6Grande temor e tremor se apoderarão deles, mesmo aos confins da terra.
As alturas das montanhas serão abaladas, e os altos montes  serão
abatidos, derretidos como o favo de mel na chama de fogo. A terra será
imersa e todas as coisas que nela estão perecerão; enquanto julgamento
virá sobre todos, mesmo sobre todos os justos:
7Mas a eles será dada paz: Ele preservará os eleitos e para com eles
exercitará clemência.
8Então todos pertencerão a Deus, serao felizes e abençoados, e o
esplendor  da Divindade os iluminará.
Capítulo 2
1Eis que Ele vem com dezenas de milhares dos Seus santos para
executar julgamento sobre os pecadores e destruir o niníquo, e reprovar
toda coisa carnal e toda coisa pecaminosa e mundana que foi feita, e
cometida contra Ele. (2)
(2) Citado por Judas, vss. 14, 15.
Capítulo 3
1Todos os que estão nos céus sabem o que transcorre lá.
2Eles sabem que as luminárias celestes não mudam seus caminhos; que
cada uma nasce e se põe regularmente, cada uma a seu próprio tempo,
sem transgredir os mandamentos que receberam. A VISÃO da terra, e
entendem o que deve acontecer, desde o princípio até o seu fim.
3Eles veêm que toda obra de Deus é invariável no período de seu
aparecimento. Eles veêm o verão e o inverno:  percebendo que toda
terra está repleta de água; e que a núvem, o orvalho, e a chuva
refrescam-na.
Capítulo 4
1Eles consideram e veêm cada árvore, como aparecem para depois
murchar, e toda folha, para depois cair, exceto de quatorze árvoes, as
quais não são efêmeras,  e esperam pelo aparecimento das folhas novas
por dois ou três invernos.
Capítulo 5
1Novamente eles consideram os dias de verão, que o sol está sobre a
terra desde o princípio; enquanto tu procuras por uma cobertuda e por
um lugar sombreado por causa do sol ardente; enquanto a terra é
queimada com calor fervente, e tu te tornas incapaz de andar sobre a
terra ou sobre as rochas em consequência do calor.
Capítulo 6
1Eles consideram como as árvores, quando elas dão suas folhas verdes,
cobrem-se e produzem frutos; entendendo tudo, e sabendo que Ele, o
qual vive para sempre, faz todas estas coisas por causa de vós:
2Que as obras desde o princípio de todo ano existente, que todas as suas
obras são obedientes a Ele e invariáveis; assim como Deus determinou,
assim todas as coisas acontecem.
3Eles veêm também como os mares e os rios juntos completam suas
respectivas operações:
4Mas tu  resistes inpacientemente, não cumpres os mandamentos do
Senhor, mas gransgrides e calunias a Sua grandiosidade; e malditas são
as palavras em tua boca poluida contra Sua magestade.
5Tu, murcho de coração, a paz não estará contigo!
6Portanto teus dias te amaldiçoarão, e os anos de tua vida perecerão;
execração perpétua se multiplicará, e não obterás misericórdia.
7Nestes dias tu resignas tua paz com a eterna maldição de todos os
justos, e os pecadores perpetuamente te execrarão;
8Eles te execrarão com tudo o que não é divino.
9Os eleitos possuirão luz, alegria e paz; e herdarão a terra.
10Mas tu, que não és santo, serás amaldiçoado.
11Então a sabedoria será dada aos eleitos, todos os que viverão, e não
transgredirão por impiedade ou orguolho, mas humilhar-se-ão,
processando prudência, e não repetirão transgressão.
12Eles não condenarão todo o período das suas vidas, não morrerão em
tormento e indignação; mas a soma dos seus dias se completará, e
envelhecerão em paz; enquanto os anos de sua felicidade se
multiplicarão em alegria, e com paz, para sempre, em toda a duração de
sua existência.
Capítulo 7
1E aconteceu depois que os filhos dos homens se multiplicaram
naqueles dias, nasceram-lhe filhas, elegantes e belas.
2E quando os anjos, (3) os filhos dos céus, viram-nas, enamoraram-se
delas, dizendo uns para os outros: Vinde, selecionemos para nós
mesmos esposas da progênie dos homens, e geremos filhos.
(3) No texto aramaico lê-se "Sentinelas" (J.T. Milik, Aramaic
Fragments of Qumran Cave 4 [Oxford: Clarendon Press, 1976], p. 167).
3Então seu líder Samyaza disse-lhes: Eu temo que talvez possais
indispor-vos na realização deste empreendimento;
4E que só eu  sofrerei por tão grave crime.
5Mas eles responderam-lhe e disseram: Nós todos juramos;
6 (e amarraram-se por mútuos juramentos), que nós não mudaremos
nossa intenção mas executamos nosso empreendimento projetado.
7Então eles juraram todos juntos, e todos se amarraram (ou uniram) por
mútuo juramento. Todo seu número era duzentos, os quais descendiam
de Ardis, (4) o qual é o topo do monte Armon.
(4) de Ardis. Ou, "nos dias de Jared" (R.H. Charles, ed. and trans., The
Book of Enoch [Oxford: Clarendon Press, 1893], p. 63).
8Aquele monte portanto foi chamado Armon, porque eles tinham juardo
sobre ele, (5) e amarraram-se por mútuo juramento.
(5) Mt. Armon, ou Monte Hermon deriva seu nome do hebreu herem,
uma maldição (Charles, p. 63).
9Estes são os nomes de seus chefes: Samyaza, que era o seu líder,
Urakabarameel, Akibeel, Tamiel, Ramuel, Danel, Azkeel, Saraknyal,
Asael, Armers, Batraal, Anane, Zavebe, Samsaveel, Ertael, Turel,
Yomyael, Arazyal. Estes eram os prefeitos dos duzentos anjos, e os
restantes estavam todos com eles. (6)
(6) O texto aramaico preserva uma lista anterior dos nomes destes
Guardiães ou Sentinelas: Semihazah; Artqoph; Ramtel; Kokabel; Ramel;
Danieal; Zeqiel; Baraqel; Asael; Hermoni; Matarel; Ananel; Stawel;
Samsiel; Sahriel; Tummiel; Turiel; Yomiel; Yhaddiel (Milik, p. 151).
10Então eles tomaram esposas, cada um escolhendo por si mesmo; as
quais eles começaram a abordar, e com as quais eles cohabitaram,
ensinando-lhes sortilégios, encantamentos,e a divisão de raízes e
árvores.
11E as mulheres conceberam e geraram gigantes, (7).
(7) O texto grego varia consideravelmente do etíope aqui. Um
manuscrito grego acrescenta a esta secção, "E elas [as mulheres]
geraram a eles [as Sentinelas] três raças: os grandes gigantes. Os
gigantes trouxeram [alguns dizem “mataram"] os Naphelim, e os
Naphelim trouxeram [ou "mataram"] os Elioud. E eles sobreviveram,
crescendo em poder de acordo com a sua grandeza." Veja o registro no
Livro dos Jubileus.
12Cuja estarura era de trezentos cúbitos. Estes devoravam tudo o que o
labor dos homens produzia e tornou-se impossível alimentá-los;
13Então eles voltaram-se contra os homens, a fim de devorá-los;
14E começaram a ferir pássaros, animais, répteis e peixes, para comer
sua carne, um depois do outro, (8) e para beber seu sangue.
(8) Sua carne, um depois do outro. Ou, "de uma outra carne". R.H.
Charles nota que esta frase pode referir-se à destruição de uma classe de
gigantes por outra. (Charles, p. 65).
15Então a terra reprovou os injustos.
Capítulo 8
1Além disso, Azazyel ensinou os homens a fazerem espadas, facas,
escudos, armaduras (ou peitorais), a fabricação de espelhos e a
manufatura de braceletes e ornamentos, o uso de pinturas, o
embelezamento das sobrancelhas, o uso de todo tipo selecionado de
pedras valiosas, e toda sorte de corantes, para que o mundo fosse
alterado.
2A impiedade foi aumentada, a fonicação multiplicada; e eles
transgrediram e corromperam todos os seus caminhos.
3Amazarak ensinou todos os sortilégios, e divisores de raízes:
4Armers ensinou a solução de sortilégios;
5Barkayal ensinou os observadores das estrelas, (9)
(9) Observadores das estrelas. Astrólogos (Charles, p. 67).
6Akibeel ensinou sinais;
7Tamiel ensinou astronomia;
8E Asaradel ensinou o movimento da lua,
9E os homens, sendo destruídos, clamaram, e suas vozes romperam os
céus.
Capírulo 9
1Então Miguel and Gabriel, Radael, Suryal, and Uriel, olharam abaixo
desde os céus, e viram a quantidade de sangue que era derramada na
terra, e toda a iniquidade que era praticada sobre ela, e disseram um ao
outro; Esta é a vóz de seus clamores;
2A terra desprovida de seus filhos tem clamado, mesmo até os portões
do céu.
3E agora a ti, ó Santo dos céus, as almas dos homens queixam-se,
dizendo: Obtem justiça para conosco com o Altíssimo (10). Então eles
disseram ao seu Senhor, o Rei: Tu és Senhor dos senhores, Deus dos
deuses, Rei dos reis. O trono de Tua glória é para sempre e sempre, e
para sempre seja Teu nome santificado e glorificado.
(10) Obtém justica para conosco. Literalmente, "Traz julgamento para
nós do..." (Richard Laurence, ed. and trans., The Book of Enoch the
Prophet [London: Kegan Paul, Trench & Co., 1883], p. 9).
4Tu fizeste todas as coisas; Tu possuis poder sobre todas as coisas; e
todas as coisas estão abertas e manifestas diante de Ti. Tu vês todas as
coisas e nada pode esconder-se de Ti.
5Tu viste o que Azazyel tem feito, como ele tem ensinado toda espécie
de iniquidade sobre a terra, e tem aberto ao mundo todas as coisas
secretas que são feitas nos céus.
6Samyaza também tem ensinado sortilégios, para quem Tu deste
autoriadde sobre aqueles que estão associados Contigo. Eles tem ido
juntos às filhas dos homens, têm-se deitado com elas; têm-se
contaminado;
7E têm descoberto crimes a elas. (11)
(11) Discoberto crimes. Ou, "revelado estes sinais" (Charles, p. 70).
8As mulheres igualmente têm gerado gigantes.
9Assim toda a terra tem se enchido de sangue e iniquidade.
10E agora, vês que as almas daqueles que estão mortos clamam.
11E queixam-se até ao portão do céu.
12Seus gemidos sobem; nem podem eles escapar da injustiça que é
cometida na terra. Tu conheces todas as coisas, antes de elas existirem.
13Tu conheces estas coisas, e o que tem sido feito por eles; já Tu não
falas a nós.
14O que, por conta destas coisas, devemos fazer contra eles?
Capítulo 10
1Então o Altíssimo, o Grande e Santo falou,
2E enviou a Arsayalalyur (12) ao filho de Lamech,
(12) Arsayalalyur. No texto em grego lê-se "Uriel”.
3Dizendo: Diz a eles em Meu nome: Esconde-te.
4Então explicou-lhe a consumação que está preste a acontecer; pois toda
a terra perecerá; as águas do dilúvio virão sobre toda a terra, e todas os
que estão nela serão destruídos.
5E agora, ensina-o como ele pode escapar, e como sua semente pode
permanecer em toda a terra.
6Novamente o Senhor disse a Rafael: Amarra a Azazyel, mãos e pés;
lança-o na escuridão; e abrindo o deserto que está em Dudael, lança-o
nele.
7Arremessa sobre ele pedras agudas, cobrindo-o com escuridão;
8Lá ele permanecerá para sempre; cobre sua face, para que ele não possa
ver a luz.
9E no grande dia do julgamento lança-o ao fogo.
10Restaura a terra, a qual os anjos corromperam; e anuncia vida a ela,
para que Eu possa recebê-la.
11Todos os filhos dos homens, sua descendência, não perecerão em
consequência de todo segredo, pelo qual as Sentinelas têm destruído, e o
que eles ensinaram;
12Toda a a terra tem se corrompido pelos efeitos dos ensinamentos de
Azazyel. A ele, portanto, se atribui todo crime.
13A Gabriel também o Senhor disse: Vai aos bastardos, (13) aos réprobos,
aos filhos da fornicação; e destrói os filhos da fornicação, a
descendência das Sentinelas de entre os homens; traz-os e excita-os ums
contra os outros. Faz-os perecer por mútua matança; pois o
prolongamento de dias não será deles.
(13) "bastardos" (Charles, p. 73; Michael A. Knibb, ed. and trans., The
Ethiopic Book of Enoch [Oxford: Clarendon Press, 1978], p. 88).
14Eles rogarão a ti, mas seus pais não obterão seus desejos com respeito
a eles; pois eles esperaram por vida eterna, e que eles possam viver,
cada um deles, quinhentos anos.
15A Miguel, igualmente o Senhor disse: Vai e anuncia seus próprios
crimes a Samyaza, e aos outros que estão com ele, os quais têm se
associado às mulheres para que se contaminem com toda sua impureza.
E quando todos os seus filhos forem mortos, quando eles virem a
perdição dos seus bem-amados, amarra-os por setenta gerações debaixo
da terra, mesmo até o dia do julgamento, e da consumação, até o
julgamento, cujo efeito que dura para sempre, seja completado.
16Então eles serão levados para as mais baixas profundezas do fogo em
tormentos; lá eles serão encerrados em confinamento para sempre.
17Imediatamente depois disso ele,
(14) juntamente com os outros,
queimarão e perecerão; eles serão amarrados até a consumação de
muitas gerações.
(14) Ele. I.e., Samyaza.
18Destrói todas as almas viciadas na luxúria, (15) e a descendência das
Sentinelas, pois eles tiranizam a humanidade.
(15) "luxúria" (Knibb, p. 90; cp. Charles, p. 76).
19Que todo opressor pereça na face da terra;
20Que toda má obra seja destruída;
21A semente da justiça e da retidão apareça, e o que é produtivo torne-se
uma bênção.
22Justiça e retidão serão plantados para sempre com prazer.
23E então todos os santos darão graças, e viverão até terem gerado
milhares de filhos, enquanto todo o período se sua juventude, e seus
sábados, serão completados em paz. Naqueles dias toda a terra será
cultivada em retidão; ela será totalmente cultivada com árvores, e será
cheia de bendições; toda árvore de delícias será plantada nela.
24Vinhas serão plantadas; e a vinha que nela será plantada produzirá
frutos para saciedade; toda semente que nela será semeada produzirá
mil por uma medida; e uma medida de olivas produzirá dez prensas de
óleo.
25Purifica a terra de toda opressão, de toda injustiça, de todo crime, de
toda impiedade, e de toda impureza que é cometida sobre ela.
Extermina-os da terra.
26Então todos os filhos dos homens serão justos, e todas as nações me
pagarão divinas honras, e Me abençoarão; e todos Me adorarão.
27A terra será limpa de toda corrupção, de toda punição e de todo
sofrimento; Eu não enviarei novamente dilúvio sobre ela, de geração em
geração para sempre.
28Naqueles dias Eu abrirei terouros de bênçãos que estão nos ceús, para
que Eu possa fazê-las descer sobre a terra, e sobre todos os trabalhos e
labores do homem.
29Paz e eqüidade se associará aos filhos dos homens todos os dias do
mundo, em cada uma de suas gerações.
 (Capítulo 11- não tem)
Capítulo 12
1Antes de todas estas coisas acontecerem, Enoque esteve escondido; e
nenhum dos filhos dos homens sabia onde ele estava, onde ele havia
estado, e o que havia acontecido.
2Ele esteve totalmente engajado com os santos, e com as Sentinelas em
seus dias.
3Eu, Enoque, fui abençoado pelo grande Senhor e Rei da paz.
4E eis que as Sentinelas chamaram-me Enoque, o escriba.
5Entao o Senhor disse-me: Enoque, escriba da retidão, vai e dize às
Sentinelas dos céus, os quais desertaram o alto céu e seu santo e eterno
estado, os quais foram contaminados com mulheres.
6E fizeram como os filhos dos homens fazem, tomando para si esposas,
e os quais têm sido grandemente corrompidos na terra;
7Que na terra eles nunca obterão paz e remissão de pecados. Pois eles
não se regozijarão em sua descendência; eles verão a matança dos seus
bem-amados; lamantarão a destruição dos seus filhos e farão petição
para sempre; mas não obterão misericórdia e paz.
Capítulo 13
1Então Enoque, passando ali, disse a Azazyel: Tu não obterás paz. Uma
grande sentença há contra ti. Ele te amarrará;
2Socorro, misericórdia e súplica não estarão contigo por causa da
opressão que tens ensinado;
3E por causa de todo ato de blasfêmia, tirania e pecado que tens
descoberto aos filhos dos homens.
4Então partindo dele, falei a eles todos juntos;
5E eles todos ficaram apavorados, e tremeram;
6Abençoando-me por escrever por eles um memorial de súplica, para
que eles pudessem obter perdão; e que eu fizesse um memorial de suas
orações ascendendo diante do Deus do céu; porque eles, por si mesmos,
desde então não podiam dirigir-se a Ele, nem levantar seus olhos aos
céus por causa da infame ofensa com a qual eles foram julgados.
7Então eu escrevi um memorial de suas orações e súplicas, por seus
espíritos, por tudo o que eles haviam feito, e pelo assunto de sua
solicitação, para que eles obtivessem remissão e descanço.
8Procedendo nisso, eu continuei sobre as águas de Danbadan, (16) as
quais estão da direita para o oeste de Armon, lendo o memorial de suas
orações, até que caí adormecido. 
(16) Danbadan. Dan in Dan (Knibb, p. 94).
9E eis que um sonho veio a mim, e visões apareceram acima de mim. E
caí e vi uma visão de castigos, para que eu pudesse ralatá-la aos filhos
dos céus, e reprová-los. Quando eu acordei fui até eles. Todos estavam
reunidos chorando em Oubelseyael, que está situada entre o Libano e
Seneser, (17) com suas faces escondidas.
(17) Libanos e Seneser. Líbano e Senir (próximo a Damasco).
10E relatei em sua presença todas as visões que eu havia visto, e meu
sonho;
11E comecei a pronunciar estas palavras de retidão, reprovando as
Sentinelas do céu.
Capítulo 14
1Este é o livro das palavras de retidão, e de reprovação das Sentinelas,
os quais pertencem ao mundo, (18) de acordo com o que Ele, que é santo
e grande, ordenou na visão. Eu percebi em meu sonho que eu estava
então falando com a língua da carne, e com meu fôlego, que o Poderoso
colocou na bôca dos homens, para que eles pudessem conversar com
Ele.
(18) Os quais pertencem ao mundo. Ou, "os quais (são) da eternidade"
(Knibb, p. 95).
2Eu entendí com o coração. Assim como Ele havia criado e dado aos
homens o poder de compreender a palavra de entendimento,
assim  criou, e deu a mim o poder de reprovar os Sentinelas, a geração
dos céus. E escrevi sua petição; e na minha visão foi-me mostrado que
seu pedido não lhes será atendido enquanto o mundo perdurar.
3Julgamento passou sobre vós: vosso pedido não vos será atendido.
4De agora em diante, nunca ascendereis ao céu; Ele o disse que na terra
Ele vos amarrará, tanto tempo quanto o mundo existir.
5Mas antes destas coisas tu verás a destruição dos vossos bem-amados
filhos; não os possuireis, mas eles cairão diante de vós pela espada.
6Nem pedireis por eles, nem por vós mesmos;
7Mas chorareis e suplicareis em silêncio. As palavras do livro que eu
escrevi.(19)
(19) Mas chorareis… Eu escrevi. Ou, "Assim também, a despeito de
vossas lágrimas e orações, não recebereis nada, de tudo o que está
contido nos registros que eu tenho escrito" (Charles, p. 80).
8Uma visão então me apareceu.
9Eis que naquela visão, nuvens e névoa convidaram-me; estrelas
agitadas e brilho de relâmpagos impeliram-me e pressionaram-me
adiante, enquanto ventos na visão assistiram meu vôo, acelerando meu
progresso.
10Eles elevaram-me no alto ao céu. Eu prossegui, até que cheguei
próximo dum muro construido com pedras de cristal. Uma chama de
fogo vibrante (20) rodeou-o, a qual começou a golpear-me com terror.
(20) Chama de fogo vibrante. Literalmente, "uma língua de fogo”.
11Nesta chama de fogo vibrante eu entrei;
12E aproximei-me de uma espaçosa habitação, também construida com
pedras de cristal. Seus muros também, bem como o pavimento, eram
formados com pedras de cristal, e de cristal também era o piso. Seu
telhado tinha a aparência de estrelas agitadas e brilhos de relâmpagos; e
entre eles haviam queribins de fogo num céu tempestuoso.(21) Uma
chama queimava ao redor dos muros; e seu portal queimava com fogo.
Quando eu entrei nesta habitação, ela era quente como fogo e frio como
o gelo. Nenhum traço de encanto ou de vida havia lá.  O terror
sobrepujou-me, e um tremor de medo apoderou-se de mim.
(21) Num céu tempestuoso. Literalmente, "e seu céu era água"
(Charles, p. 81).
13Violentamente agitado e tremento, eu caí sobre minha face. Na visão
eu olhei.
14E ví que lá havia outra habitação mais espaçosa que a primeira, cada
entrada da qual estava aberta diante de mim, elevada no meio da chama
vibrate.
15Tão grandemente superou em todos os pontos, em glória, em
magnificiência, em magnitude, que é impossível descrever-vos o
esplendor ou a extenção dela.
16Seus pisos eram de fogo, acima haviam relâmpagos e estrelas agitadas,
enquamto o telhado exibia um fogo ardente.
17Eu examinei-a atentamente e vi que ela continha um trono exaltado;
18A aparência do qual era semelhante à da geada, enquanto que sua
circumferência assemelhava-se à órbita do sol brilhante; e havia a vóz
de um querubim.
19Debaixo desse poderoso trono saíam rios de fogo flamejante.
20Olhar para ele foi impossível.
21Alguém grande em glória assentava-se sobre ele,
22Cujo manto era mais brilhante que o sol, e mais branco que a neve.
23Nenhum anjo era capaz de penetrar para olhar a Sua face, o Glorioso e
Efulgente; nem podia algum mortal vê-Lo. Um fogo flamejante
rodeava-O.
24Também um fogo de grande extenção continuava a elevar-se diante
dEle; de modo que nenhum daqueles que estavam ao redor dEle eram
capazes de aproximar-se dEle, entre as miríades de miríades(22) que
estavam diante dEle. Para Ele santa consulta era desnecessária. Contudo,
o Santificado, que estava próximo dEle, não apartou-se dEle nem de
noite nem de dia; nem eram eles tirados de diante dEle. Eu também
estava tão adiantado, com um véu sobre minha face, e trêmulo. Então o
Senhor com sua  própria boca chamou-me, dizendo: Aproxima-se aqui
acima, Enoque, à minha santa palavra.
(22) Miríades de miríades. Dez mil vezes dez mil (Knibb, p. 99).
25E Ele ergueu-me, fazendo aproximar-me, mesmo até à entrada. Meus
olhos estavam dirigidos para o chão.
Capítulo 15
1Então dirigindo-se para mim, Ele falou e disse: Ouve, não se atemorize,
justo Enoque, tu escriba da retidão: aproxima-te para cá, e ouve a minha
vóz. Vai, dize às Sentinelas do céu, a quem te enviei para rogar por eles;
tu deves rogar pelos homens, e não os homens por ti.
2Portanto, deves abandonar o sublime e santo céu, o qual permanece
para sempre; deitastes com mulheres; vos corrompetes com as filhas dos
homens; tomastea para ti esposas; agistes igual aos filhos da terra, e
gerastes uma ímpia descendência.(23)
(23) Uma ímpia descendência. Literalmente, "gigantes" (Charles, p. 82;
Knibb, p. 101).
3 Sois espirituais, santos, e possuidores de uma vida que é eterna; vos
contaminastes com mulheres, procriastes em sangue carnal; cobiçastes o
sangue de homens; e fizestes como aqueles que são carne e sangue
fazem.
4Estes, contudo, morrem e perecem.
5Portanto, de agora em diante Eu dou-vos esposas, para que possais
cohabitar com elas; para que filhos nasçam delas; e que isto seja
negociado sobre a terra.
6Mas desde o princípio fostes feitos espirituais, possuindo uma vida que
é eterna, e não sujeito à morte para sempre.
7Portanto, eu não fiz esposas para vós, porque, sendo espirituais, vossa
habitação está no céu,
8Agora, os gigantes que têm nascido de espírito e de carne, serão
chamados sobre a terra de maus espíritos, e na terra estará a sua
habitação. Maus espíritos procederão de sua carne, porque eles foram
criados de cima; dos santos Sentinelas foi seu princípio e a  sua primeira
fundação. Maus espíritos eles serão sobre a terra, e de espíritos da
maldade eles serão chamados. A habitação dos espíritos do céu será no
céu, mas sobre a terra estará a habitação dos espíritos terrestriais, os
quais são nascidos na terra.(24)
(24) Note as muitas implicações dos vercículos 3-8 com respeito à
progênie dos maus espíritos.
9Os espíritos dos gigantes serão semelhantes às nuvens, (25) os quais
oprimem, corrompem, caem, contendem e confundem sobre a terra.
(25) A palavra grega para "nuvem" aqui, nephelas, pode ocultar a mais
antiga leitura, Napheleim (Nephilim).
10Eles causarão lamentação. Nenhuma comida eles comerão; e terão
sede; eles se esconderão e não (26) se levantarão contra os filhos dos
homens, e contra as mulheres; pois eles virão durante os dias da
matança e da destruição.
(26) Não. Quase todos os manuscritos contêm esta negativa, mas
Charles, Knibb, e outros acreditam que o “não” deve ser deletado para
que na frase leia-se "levantarão".
Capítulo 16
1E quanto à morte dos gigantes, onde quer que seus espíritos se apartem
de seus corpos; que sua carne, que é perecível, esteja sem
julgamento.(27) Assim eles perecerão, até o dia da grande consumação
do mundo. Uma destruição das Sentinelas e dos ímpios acontecerá.
(27) Que sua carne… esteja sem julgamento. Ou, "sua carne será
destruida antes do julgamento" (Knibb, p. 102).
2E então às Sentinelas, aos quais enviei-te para rogar por eles, os quais
no princípio estavam no céu,
3Dize: No céu tens estado; coisas secretas, entretanto, não têm sido
manifestadas a ti; contudo tens conhecido um reprovável mistério. 
4E isto tens relatado às mulheres na dureza do vosso coração, e por
aquele mistério as mulheres e a humanidade têm multiplicado males
sobre a terra.
 5Dize a eles: Nunca, portanto, obtereis paz.
Capítulo 17
1Eles levantaram-me a um certo lugar, onde lá havia (28) a aparência de
um fogo fervente; e quando eles se agradaram assumiram a semelhança
de homens.
(28) Onde havia. Ou, "onde eles [os anjos] eram semelhantes" (Knibb,
p. 103).
2Eles levaram-me a um alto lugar, a uma montanha, cujo topo alcançava
o céu.
3E eu ví os receptáculos da luz e do trovão nas extremidades do lugar,
onde ele era profundo. Havia um arco de fogo, e flexas em seu vibrar,
uma espada de fogo, e toda espécie de relâmpagos.
4Então eles levaram-me a um arroio murmurante, (29) e a um fogo no
oeste, o qual recebeu todo pôr-do-sol. Eu vim a um rio de fogo, o qual
fluiu como água, e desaguou no grande mar para o oeste.
(29) A um arroio murmurante. Literalmente, "à água da vida, a qual
fala" (Laurence, p. 23).
5Eu vi todo largo rio, até que cheguei à grande escuridão. Eu fui para
onde toda carne migra; e vi as montanhas da escuridão as quais
constituem o inverno, e o lugar do qual  flui a água em cada abismo.
6 Eu vi também as bocas de todos os rios no mundo, e as bocas das
profundezas.
Capítulo 18
1Eu então examinei os receptáculos de todos os ventos, percebendo que
eles contribuem para adornar toda criação, e para preservar a fundação
da terra.
2Eu examinei a pedra que apoia os cantos da terra.
3Também vi os quatro ventos, os quais sustêm a terra, e o firmamento
do céu.
4E eu vi os ventos ocupando o céu exaltado,
5Surgindo no meio do céu e da terra, e constituindo os pilares do céu.
6Eu vi os ventos que giram no céu, os quais ocasionam e determinam a
órbita do sol e de todas as estrelas; e sobre a terra eu vi os ventos que
mantêm as nuvens.
7Eu vi o caminho dos anjos.
8Percebi na extremidade da terra o firmamento do céu acima dele. Então
passei para a direção do sul,
9Onde queimam, tanto de dia quanto de noite, seis montanhas formadas
de gloriosas pedras, três em direção ao leste, e três em direção ao sul.
10Aquelas que estão em direção ao leste eram de pedra multicolorida,
uma das quais era de margarite, e outra de antimônio. Aquelas em
direção ao sul eram de uma pedra vermelha. A do meio aproximava-se
do céu como o trono de Deus; um trono composto de alabastro, o topo
do qual era de safira. Vi também um fogo flamejante suspenso sobre
todas as montanhas.
11E lá eu vi um lugar do outro lado de um extenso território, onde águas
foram coletadas.
12Também ví fontes terrestriais, profundas em colunas ardentes do céu.
13E nas colunas do céu eu ví fogos, os quais desciam sem número, mas
nem no alto, ou  no profundo. Sobre estas fontes também percebi um
lugar onde não havia nem o firmamento do céu acima dele, nem o
sólido chão abaixo dele; nem havia água acima; ou nada no vento; mas
o lugar era desolado.
14E lá eu ví sete estrelas, semelhantes a grandes montanhas, e como
espíritos suplicando-me.
15Então o anjo disse: Este lugar, até a consumação do céu e da terra, será
a prisão das estrelas, e das hostes do céu.
16As estrelas que rolam sobre fogo são aquelas que transgrediram o
mandamento de Deus antes que seu tempo chegasse; pois elas não
vieram em sua própria estação. Portanto, Ele ofendeu-se com elas, e
amarrou-as até o período da consumação dos seus crimes no ano secreto.
Capítulo 19
1Então Uriel disse: Eis aqui os anjos que cohabitaram com mulheres,
escolheram seus líderes;
2E sendo numerosos em aparência (30) profanaram os homens e fizeram
com que errassem; assim eles sacrificaram aos demônios como aos
deuses. Pois no grande dia haverá um julgamento, no qual eles serão
julgados, até que sejam consumidos; e suas esposas também serão
julgadas, as quais levaram desencaminhadamente os anjos do céu para
que as saudassem.
(30) Sendo numerosos em aparência. Ou, "assumindo muitas formas"
(Knibb, p. 106).
3E eu, Enoque, só vi a aparência do fim de todas as coisas. Não tendo
visto nenhum homem enquando via as coisas.
Capítulo 20
1Estes são os nomes dos anjos Sentinelas:
2Uriel, um dos santos anjos, o qual preside sobre o clamor e o terror.
3Rafael, um dos santos anjos, o qual preside sobre os espíritos dos
homens.
4Raguel, um dos santos anjos, o qual inflige punição ao mundo e às
luminárias.
5Miguel, um dos santos anjos, o qual, presidindo sobre a virtude
humana, comanda as ações.
6Sarakiel, um dos santos anjos, o qual preside sobre os espíritos dos
filhos dos homens que transgridem.
7Gabriel, um dos santos anjos, o qual preside sobre Ikisat, (31) sobre o
paraiso e sobre o querubim.
(31) Ikisat.  As serpentes (Charles, p. 92; Knibb, p. 107).
Capítulo 21
1Então eu fiz um circuito para um lugar no qual nada estava completo.
2E lá eu não vi nem as tremendas manufaturas do um céu exaltado, nem
de uma terra estabelecida, mas um lugar desolado, preparado e terrível.
3Lá também vi sete estrelas do céu amarradas juntas, semelhantes a
grandes montanhas, e semelhante ao fogo fervente. Eu exclamei: Por
que espécie de crime elas foram amarradas, e por que foram removidas
de seu lugar? Então Uriel, um dos santos anjos que estava comigo, e o
qual conduzia-me, respondeu: Enoque, por que perguntas; por que
arrazoas consigo mesmo, e ansiosamente indagas? Estas são aquelas
estrelas que transgrediram o mandamento do altíssimo Deus; e estão
aqui amarradas, até que o número infinito dos dias dos seus crimes
esteja completo.
4Dali eu passei depois para um outro lugar terrível;
5Onde eu vi a operação de um grande fogo flamejante e resplandecente,
no meio do qual havia uma divisão. Colunas de fogo lutando juntas para
o fim do abismo, e profunda era sua descida. Mas sua medida e
magnitude eu não fui capaz de descobrir, nem pude perceber sua origem.
Então exlamei: Quão terrível é este lugar, e quão difícil explorá-lo!
6Uriel, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu e disse:
Enoque, por que estás alarmado e maravilhado com este terrível lugar, à
vista deste lugar de sofrimento? Isto, disse ele, é a prisão dos anjos; e
aqui eles serão mantidos para sempre.
Chapter 22
1Dali eu me dirigi para outro lugar, onde vi a oeste uma grande e
elevada montanha, uma forte rocha, e quatro lugares deleitosos.
2Internamente ele era profundo, amplo, e muito polido; tão polido como
se tivesse sido rolled over: ele era profundo e escuro à vista.
3Então Rafael, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu e
disse: Estes são os lugares deleitosos onde os espíritos, as almas dos
mortos, serão reunidos; para eles ele foi formado e aqui serão reunidas
todas as almas dos filhos dos homens.
4Estes lugares, nos quais habitam, eles ocuparão até o dia do julgamento,
e até seu período escolhido.
5Seu período escolhido será longo, mesmo até o grande julgamento. E vi
os espíritos dos filhos dos homens que estão mortos; e suas vozes
rompem o céu, enquanto eles são acusados.
6Então inquiri de Rafael, o anjo que estava comigo, e disse: Que espírito
é aquele, a vóz do qual alcança o céu, e acusa?
7Ele respondeu, dizendo: Este é o espírito de Abel o qual foi morto por
Cain seu irmão; o qual acusará aquele irmão, até que sua semente seja
destruida da face da terra;
8Até que sua semente desapareça da semente da raça humana.
9 Naquele tempo portanto eu inquiri a respeito dele, e a respeito do
julgamento geral, dizendo: Por que um está separado ou outro? Ele
respondeu: Três separações foram feitas entre os espíritos dos mortos, e
assim os espíritos dos justos foram separados,
10Nomeadamente, por uma fenda na terra, por água, e por luz acima
dela.
11E da mesma maneira os pecadores são separados quando morrem, e
são sepultados na terra; julgamento não os surpreenderá em seu tempo
de vida.
12Aqui suas almas estão separadas. Além disso, abundante é seu
sofrimento até o tempo do grande julgamento, o castigo, e o tormento
daqueles que eternamente execraram, cujas almas são munidas e
amarradas lá para sempre.
13E assim tem sido desde o princípio do mundo. Assim, existe uma
separação entre as almas daqueles que proferem reclamações, e
daqueles que vigiam pela sua destruição, para sua matança no dia dos
pecadores.
14Um receptáculo deste tipo foi formado para as almas dos injustos, e
dos pecadores; daqueles que cometeram crime, e se associaram aos
ímpios, com os quais eles se assemelham. Suas almas não serão
aniquiladas naquele dia de julgamento, nem se levantarão deste lugar.
Então eu bendisse a Deus,
15E falei: Abençoado seja o meu Senhor, o Senhor da glória e da retidão,
cujo reino será para sempre e sempre.
Capítulo 23
1Dalí eu fui para outro lugar, em direção ao oeste, até às extremidades
da terra,
2Onde vi um fogo resplandecente correndo ao longo sem cessar, com
um curso não intermitente, nem de dia nem de noite; mas sempre o
mesmo, continuadamente.
3Eu indaquei,dizendo: O que é isto, que nunca cessa?
4Então Raguel, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu,
5E disse: Este fogo flamejante que tu vês correndo em direção ao oeste é
aquele de todas as luminárias do céu.
Capítulo 24
1Eu fui dalí para outro lugar, e vi uma montanha de fogo que
resplandesce tanto de dia quanto de noite. Fui em direção a ela e percebi
sete esplêndidas montanhas, as quais eram diferentes umas das outras.
2Suas pedras eram brilhantes e belas; todas eram brilhantes e
esplêndidas à vista e formosa era sua superfície. Três mountanhas
estavam em direção ao leste,  consolidadas e fortalecidas por estarem
colocadas uma sobre a outra; três estavam em direção ao sul,
consolidadas de maneira similar. Três eram igualmente vales profundos,
os quais não se acercavam uma da outra. A sétima montanha estava no
meio delas. Em comprimento elas todas se assemelhavam ao assento de
um  trono, e árvores odoríferas rodeavam-nas.
3Entre estas havia uma árvore de um odor incessante; nem daquelas que
estavam no Edem,  havia lá alguma, de todas as árvores de fragrância,
que cheirava como esta. Suas folhas, suas flores, nunca ficam murchas,
e seu fruto era belo.
4Seu fruto assemelhava-se ao cacho da palmeira. Eu exclamei: Vê! Esta
árvore é vistosa de aspecto, agradável em suas folhas, e o aspecto de
seus frutos é delicioso à vista. Então Miguel, um dos santos anjos que
estava comigo, e um  dos que presidem sobre elas, respondeu, 
5E disse: Enoque, por que inquires a respeito do odor desta árvore?
6Por que  estás inquisitivo para sabê-lo?
7Então eu, Enoque, respondi-lhe, e disse: Concernente a tudo eu estou
desejoso de instrução, mas particularmente com respeito a esta árvore.
8Ele respondeu-me dizendo: A montanha que tu vês, o prolongamento
da qual assemelha-se ao assento do Senhor, será o assento no qual se
assentará o Santo e grande Senhor da glória, o eterno Rei, quando Ele
virá e descerá para visitar a terra com bondade.
9E aquela árvore de agradável aroma, não de um odor carnal; lá
ninguém terá poder para toca-la até o tempo do grande julgamento.
Quando todos serão punidos e consumidos para sempre; isto será
conferido sobre os justos e humildes. O fruto da árvore será dado ao
eleito. Pois em direção ao norte, vida será plantada no santo lugar, em
direção à habitação do eterno Rei.
10Então eles se regozijarão grandemente e exultarão no Santo. O doce
odor entrará em seus ossos; e eles viverão uma longa vida na terra como
seus antepassados; em seus dias não haverá tristeza, angústia,
aborrecimento e nem punição os afligirá.
11E eu abençoei o Senhor da glória, o eterno Rei, porque ele preparou
esta árvore para os santos, formou-a, e declarou que Ele a daria para
eles.
Chapter 25
1Dalí eu fui para o meio da terra, e vi um feliz e fértil lugar, o qual
continha ramos espalhando-se continuamente das árvores que estavam
plantadas nele. Alí eu ví uma santa montanha, e debaixo dela a água do
lado de tráz fluía em direção ao sul. Eu vi no oriente outra montanha tão
alta quanto aquela; e entre elas havia um profundo, mas não largo vale.
2Água corria para a montanha para o ocidente dela; e debaixo dela havia
igualmente outra montanha.
3Lá havia um vale, mas não um vale largo, abaixo; e no meio deles
havia outro profundo e seco vale em direção da extremidade da árvore.
Todos esses vales, que eram profundos, mas não oblíquo, consistia de
uma forte rocha, com a árvore que estava plantada nela. E eu
maravilhei-me com a rocha e o vale, ficando extremamente surpreso.
Capítulo 26
1Então eu disse: O que significa esta terra abençoada, e todas estas altas
árvores, e o vale amaldiçoado entre elas?
2Então Uriel, um dos santos anjos que estava comigo, respondeu: Este
vale é o amaldiçoado dos amaldiçoados para sempre. Aqui serão
reunidos todos os que pronunciaram com suas bocas linguagem
imprópria contra Deus, e falaram rudes coisas da Sua glória. Aqui eles
serão reunidos. Aqui será seu território.
3Nos últimos dias um exemplo de julgamento será feito em retidão
diante dos santos, enquanto aqueles que receberam misericórdia, para
sempre, todos os dias, abençoarão a Deus, o eterno Deus.
4E no período do julgamento eles abençoarão a Ele por sua misericórdia,
como Ele distribuiu-a a eles. Então eu abençoei a Deus, dirigingo-me a
Ele, e fazendo menção, como foi reconhecida, Sua grandiosidade.
Capítulo 27
1Dali eu fui à direção do leste para o meio da montanha no deserto, do
qual somente o nível da superfície eu percebi.
2Ele estava cheio de árvores da semente aludida; e água jorrava sobre
ela. 
3Alí apareceu uma catarata composta de muitas cachoeiras voltadas
tanto para o oriente quanto para o ocidente. Sobre um lado havia árvores;
sobre o outro água e orvalho.
Capítulo 28
1Então eu fui para outro lugar do deserto; em direção ao leste daquela
montanha da qual eu havia me aproximado.
2Alí eu vi árvores escolhidas,
(32) particularlmente aquelas que
produzem o cheiro doce opiato, insenso e mirra; e árvores diferentes
umas das outras.
(32) Árvores escolhidas. Literalmente "árvores de julgamento"
(Laurence, p. 35; Knibb, p. 117).
3E sobre elas havia a elevação da montanha ocidental, a não grande
distância.
Chapter 29
1Igualmente vi outro lugar com vales de água que nunca param,
2Onde percebi uma agradável árvore, a qual em odor assemelha-se a
Zasakinon. (33)
(33) Zasakinon. A árvore de mastic (Knibb, p. 118).
3Em direção ao vale eu percebi o cinamomo de doce odor. Sobre eles
avancei em direção ao leste.
Chapter 30
1Então ví outra montanha contendo árvores, da qual água fluía como
Neketro.(34) Seus nomes eram Sarira, e Kalboneba.(35) E sobre esta
montanha eu vi outra montanha, sobre a qual haviam árvores de
Alva.(36)
(34) Neketro. O nectar (Knibb, p. 119).
(35) Sarira, e Kalboneba. Styrax e galbanio (Knibb, p. 119).
(36) Alva. Aloé (Knibb, p. 119).
2Estas árvores estavam cheias como amendoeiras, e fortes; e quando
elas produziam frutos eram superiores a toda redolence.
Capítulo 31
1Depois destas coisas, inspecionando as entradas do norte acima das
montanhas, vi montanhas e percebi sete montanhas repletas de puro
nardo, árvores odoríferas e papiro.
2Dalí eu passei acima dos picos daquelas montanhas a alguma distância
para o leste, e fui sobre o mar da Eritréia.(37) E quando eu havia
avançado para longe, além dele, passei ao longo, acima do anjo Zateel,
e cheguei ao jardim da justiça. Neste jardim eu vi outras árvores, as
quais eram numerosas e grandes, e floreciam alí.
(37) Mar da Eritreia.  O Mar Vermelho.
3Sua fragrância era agradável e poderosa e sua aparência era tanto
agradável quanto elegante. A árvore do conhecimento também estava
alí, do qual se algúem comesse, tornava-se dotado de grande sabedoria.
4Ela era semelhante às espécies da tamareira, dando frutos semelhantes
à uva extremamente fina, e sua fragrância estendia-se a considerável
distância. Eu exclamei: Que bela é esta árvore e quão deleitável é sua
aparência!
5Então o santo Rafael, um anjo que estava comigo, respondeu e disse:
Esta é a árvore do conhecimento, da qual vosso antigo pai e vossa mãe
comeram, os quais foram antes de ti e que obtendo conhecimento, seus
olhos sendo abertos, e descobrindo que estavam nus, foram expulços do
jardim. 
Capítulo 32
1Dali eu fui na direção das extremidades da terra, onde vi grandes feras
diferentes umas das outras, e pássaros variados em suas aparências e
formas, bem como com notas de diferentes sons.
2Para a direita destas feras eu percebi as extremidades da terra, onde os
céus cessam. Os portões do céu estavam abertos e vi as estrelas
celestiais vindo. Eu enumeri-as enquanto elas procediam do portão e
escrevi-as todas, enquanto elas saiam uma por uma, de acordo com seu
número. Eu escrevi seus nomes completamente, seus tempos e estações,
enquanto o anjo Uiel, que estava comigo, mostrava-as a mim.
3Ele as mostrou todas a mim, e escrevi uma conta delas.
4Ele também escreveu para mim seus nomes, seus regulamentos, e suas
operações.
Chapter 33
1Dalí eu avancei em direção ao norte, para as extremidades da terra.
2E alí vi a grande e gloriosa maravilha das extremidades de toda terra.
3Vi alí portões celestiais abertos para o céu, três dos quais distintamente
separados. Os ventos do norte procediam deles, soprando frio, granizo,
geada, neve, orvalho e chuva.
4De um dos portões eles sopravam suavemente, mas quando eles
sopravam dos dois outros portões, ele era violento e forte. Eles
sopravam sobre a terra fortemente.
Capítulo 34
1Dalí eu fui para as estremidades do mundo para o oeste;
2Ali percebi três portões abertos, enquanto eu estava olhando no norte;
os portões e passagens através deles era de igual magnitude.
Capítulo 35
1Então eu segui às extremidades da terra ao sul, onde vi três portões
abertos para o sul, do qual provinha orvalho, chuva e vento.
2Dali eu fui para as extremidades do céu oriental, onde vi três portões
celestiais abertos para o leste, os quais tinham portões menores dentro
deles. Através de cada um desses portões menores as estrelas do céu
passavam, e passaram para o oeste por um caminho que foi visto por
elas, e todo o período de seu aparecimento.
3Quando eu as vi, as abençoei cada vez que elas apareceram, e abençoei
o Senhor da glória que tinha feito estes grandes e esplêndidos sinais,
para que eles pudessem mostrar a magnificiência de suas obras aos
anjos e às almas dos homens, e para que estes pudessem glorificar todas
as suas obras e operações, pudessem ver os efeitos do seu poder;
pudessem glorificar o grande labor de suas mãos e abençoá-lo para
sempre.
 (Capítulo 36 - não)
Chapter 37
1A visão que ele viu, a segunda visão de sabedoria, que Enoque viu, o
filho de Jared, filho de Malaleel, o filho de Canan, filho de Enos, filho
de Seth, filho de Adão. Este é o começo da palavra de sabedoria, a qual
eu recebi para declarar e dizer àqueles que habitam sobre a terra. Ouví
desde o princípio, e entendei até o fim, as santas coisas que eu
pronuncio na presença do Senhor dos espíritos. Aqueles que eram antes
de nós pensaram-nas boas para se pronunciar;
2E nós, que viemos depois, obstruimos o princípio da sabedoria. Até ao
presente tempo nunca aconteceu ter sido dado diante do Senhor dos
espíritos o que eu recebi, sabedoria de acordo com a capacidade do meu
intelecto, e de acordo com o prazer do Senhor dos espíritos; o que eu
recebi dele, uma porção da vida eterna.
3E eu obti três parábolas, as quais eu declarei aos habitantes do mundo.
Capítulo 38
1A primeira parábola. Quando a congregação dos justos for manifestada
e os pecadores forem julgados por seus crimes, e forem afligidos à vista
do mundo;
2Quando os justos forem manifestados (38) na presença dos mesmos
justos, os quais serão eleitos por suas boas obras corretamente pesadas
pelo Senhor dos espíritos, e quando a luz dos justos e dos eleitos, o
quais abitam na terra for manifestada; onde será a habitação dos
pecadores? E qual será o lugar de descanço daqueles que rejeitaram o
Senhor dos espíritos? Seria melhor para eles se nunca tivessem nascido.
(38) Quando os justos forem manifestados. Ou, "quando o Justo
aparcer" (Knibb, p. 125; cp. Charles, p. 112).
3Quando os segredos dos justos também forem revelados, então os
pecadores serão julgados e os ímpios serão afligidos na presença dos
justos e eleitos.
4Daquele tempo, aqueles que possuirem a terra deixarão de ser
poderosos e exaltados. Nem serão capazes de olhar para o semblante do
santo, pois a luz dos semblantes dos santos, dos justos, e dos eleitos,
terá sido visto pelo Senhor dos espíritos.(39)
(39) Pois a luz… Senhor dos espíritos. Ou, "pois a luz do Senhor dos
espíritos terá aparecido na face dos santos, dos juntos, e dos escolhidos"
(Knibb, p. 126).
5Então os reis poderosos daquele tempo serão destruidos, mas serão
entregues nas mãos dos retos e santos.
6Desde então ninguém obterá compaixão do Senhor dos espíritos,
porque suas vidas  neste mundo terá sido completada.
Chapter 39
1Naqueles dias a raça eleita e santa descerá do céu e sua semente estará
com os filhos dos homens. Enoque recebeu livros de indignação e ira, e
livros de pressa e agitação.
2Nunca obterão misericórdia, diz o Senhor dos espíritos.
3Uma nuvem então me arrebatou, e o vento elevou-me acima da
superfície da terra, colocando-me na estremidade dos céus.
4Lá eu vi outra visão, e vi as habitações e os lugares de descanço dos
santos. Meus olhos viram suas habitações com os anjos, e seus lugares
de descanço com os santos. Eles estavam entrando, suplicando e orando
pelos filhos dos homens; enquanto a justiça fluía como a água diante
deles, e a misericórdia se espalhava sobre a terra como o orvalho. E
assim será para com eles para sempre e sempre.
5Naquele tempo os meus olhos viram a habitação do eleito, da verdade,
fé e retidão.
6Sem conta será o número dos santos e eleitos na presença de Deus para
sempre e sempre.
7Sua residência eu ví sob as asas do Senhor dos espíritos. Todos os
santos e eleitos cantavam diante dele, com a aparência semelhante à
chama de fogo; suas bocas estavam cheias de bênçãos e seus lábios
glorificavam o nome do Senhor dos Espíritos. E retidão
incessantemente habitava diante dele.
8Eu quiz permanecer ali, e minha alma desejou aquela habitação. Ali
estava minha antecedente herança, pois deste modo eu prevaleci diante
do Senhor dos espíritos.
9Neste momento eu glorifiquei e exaltei o nome do Senhor dos espíritos
com louvor e exaltação, pois Ele o tem estabelecido com bênção e com
exaltação, de acordo com Sua própria boa vontade.
10Meus olhos contemplaram quele espaçoso lugar. Eu o bendisse e falei:
Abençoado seja, abançoado desde o princípio e para sempre. No
princípio, antes que o mundo fosse criado, e sem fim é seu
conhecimento.
11Qual é este mundo? De toda geração existente, eles abençoarão aquele
que não dorme espiritualmente, mas permanece diante da Tua glória,
abençoaando, glorificando, exaltando-te, e dizendo: Santo, santo, o
Senhor dos espíritos encheu o mundo todo de espíritos.
12Ali meus olhos viram a todos que, sem dormir, permanecem diante
dele e abençoam-no dizendo: Abençoado sejas, e abençoado seja o
nome de Deus para sempre e sempre. Então meu semblante ficou
mudado, até que fiquei incapaz de continuar vendo.
Capítulo  40
1Depois disto eu vi milhares de milhares e miríades de miríades, e um
número infinito de pessoas, em pé, diante do Senhor dos espíritos.
2Igualmente, nas quatro asas do Senhor dos espíritos, nos quatro lados,
percebi outros, ao lado daqueles que estavam em pé diante dele. Seus
nomes também eu sei porque o anjo que estava comigo declarou-os a
mim, revelando-me toda coisa secreta.
3Então ouvi as vozes daqueles sobre os quatro lados, magnificando o
Senhor da glória.
4A primeira vóz abençoou o Senhor dos espíritos para sempre e sempre.
5A segunda vóz ouvi abençoando ao Eleito e aos eleitos que sofrem pela
causa do Senhor dos espíritos.
6A terceira vóz eu ouvi pedindo e orando em favor daqueles que
habitam sobre a terra, e suplicam no nome do Senhor dos espíritos.
7A quarta vóz eu ouvi expulçando os anjos ímpios, (40) e proibindo-os de
entrarem na presença do Senhor dos espíritos para proferirem acusações
contra(41) os habitantes da terra.
(40) Anjos ímpios. Literalmente "os Satãs" (Laurence, p. 45; Knibb, p.
128). Ha-satan em Hebreu ("o adversário") foi originalmente o título de
um ofício, não o nome de um anjo.
(41) Proferir acusações contra. Ou, "para acusar" (Charles, p. 119).
8Depois disso eu pedi ao anjo da paz, que prosseguia comigo, para
explicar tudo o que estava escondido. Eu disse-lhe: Quem são aqueles
que eu havia visto nos quatro lados e que palavras eram aquelas que eu
havia ouvido e escrito? Ele respondeu: O primeiro é o misericordioso, o
paciente, o santo Miguel.
9O segundo é aquele que preside sobre todo sofrimento e toda aflição
dos filhos dos homens, o santo Rafael. O terceiro, o qual preside sobre
tudo o que é poderoso é Gabriel. E o quarto, o qual preside sobre o
arrependimento e a esperança daqueles que herdarão a vida eterna, é
Fanuel. Estes são os quatro anjos do Altíssimo Deus e suas quatro vozes,
as quais naquele momento eu ouvi.
Capítulo 41
1Depois disso eu vi os segredos do céu e do paraíso, de acordo com suas
divisões, e das ações humanas enquanto eles pesavam-nas em balanças.
Vi as habitações dos eleitos e as habitações dos santos. E ali meus olhos
viaram todos os pecadores que haviam negado o Senhor da glória e
como eles foram expelidos dali, e arrastados para fora, como eles
estiveram ali; nenhuma punição procedeu contra eles vinda do Senhor
dos espíritos.
2Ali também meus olhos viram os segredos do raio e do trovão e os
segredos dos ventos, como eles são distribuídos quando eles sopram
sobre a terra: os segredos dos ventos, do orvalho, e das nuvens. Ali eu vi
o lugar de onde eles saem e tornam-se saturados com o pó da terra.
3Ali eu vi os receptáculos de madeira nos quais os ventos são separados,
o receptáculo do granizo, o receptáculo da neve, o receptáculo das
nuvens, e a própria nuvem, a qual continuava sobre a terra antes
da  criação do mundo.
4Eu vi também os receptáculos da lua, de onde elas vêm, para onde elas
vão, seus gloriosos retornos e como uma se torma mais esplêndida do
que a outra. Eu marquei seu rico progresso, seu imutável progresso, sua
divisão e não diminuído progresso; sua observância de uma fidelidade
mútua por um juramento estável; seu procedimento diante do sol e sua
aderência ao caminho que lhes foi distriuido, (42) em obediência ao
comando do Senhor dos espíritos. Potente é seu nome para sempre e
sempre.
(42) Seu procedimento... caminho distribuído . Ou, "o sol vai
primeiro e completa sua jornada" (Knibb, p. 129; cp. Charles, p. 122).
5Depois eu vi que o caminho da lua, tanto oculto quanto manifesto; e
também o progresso dessa tragetória foram completados dia a dia, e à
noite; enquanto cada uma, junto com a outra, olhou para o Senhor dos
espíritos, magnificando-O e exaltando-O sem cessar, já que exaltá-lO,
para eles, é repouso; pois no espêndido sol há uma frequente alteração
para bênção e para maldição. 
6O curso do caminho da lua para com os retos é luz, mas para os
pecadores é escurição; no nome do Senhor dos espíritos, o qual criou
uma divisão enre luz e escuridão, e separando os espíritos dos homens,
fortalecendo os espíritos dos justos em nome de sua própria retidão.
7O anjo não previne isto, nem é ele dotado de poder para preveni-lo,
pois o Juiz vê a todos, e julga-os a todos na própria presença deles.
Capítulo 42
1A sabedoria não encontrou um lugar na terra onde pudesse habitar; sua
habitação, portanto está no céu.
2A sabedoria saiu para habitar entre os filhos dos homens, mas ela não
obteve habitação. A sabedoria retornou ao seu lugar e assentou-se no
meio dos anjos. Mas a iniquidade saiu depois do seu retorno, a qual de
má vontade encontrou uma habitação e residiu entre eles como chuva
no deserto, e como o orvalho na terra seca.
Capítulo 43
1Eu vi outro esplendor, e as estrelas do céu. Eu observei que ele
chamou-as todas por seus respectivos nomes, e que elas ouviram. Vi
que ele pesou-as numa justa balança por sua luz e amplitude de seus
lugares, o dia de seu aparecimento, e suas conversões. Eplendor
produziu esplendor; e sua conversão foi o número dos anjos, e dos fiéis.
2Então eu perguntei ao anjo, que prosseguia comigo, e ele explicou-me
coisas secretas, e quais eram seus nomes. Ele respondeu: O Senhor dos
espíritos mostrou a ti uma similaridade disto. Eles são nomes dos justos
que habitaram na terra, os quais acreditam no nome do Senhor dos
espíritos para sempre e sempre.
Capítulo 44
1Outra coisa também vi com respeito ao esplendor; que ele sobe por
causa das estrelas e torna-se esplendor, sendo imcapaz de abandoná-las.
 
Capítulo 45
1A segunda parábola, a respeito daqueles que negam o nome da
habitação dos santos e do Senhor dos espíritos.
2Aos céus eles não ascenderão nem virão sobre a terra. Esta será a
porção dos pecadores que negam o nome do Senhor dos espíritos e que
estão assim reservados para o dia da punição e da aflição.
3Naquele dia o Eleito se assentará sobre um trono de glória e escolherá
suas condições e suas incontáveis habitações, enquanto seus espíritos
neles serão fortalecidos  quando eles virem meu Eleito, pois esses
fugiram por proteção para meu santo e glorioso nome.
4Naquele dia eu farei com que meu Eleito habite no meio deles; mudarei
a face do céu; o abençoarei e o iluminarei para sempre.
5Eu tambem mudarei a face da terra, a abençoarei; e farei com que
aqueles a quem elegi habitem sobre ela. Mas aqueles que cometeram
pecado e iniquidade não habitarão nela, pois Eu marquei seus
procedimentos. Meus justos Eu satisfarei com paz, colocando-os  diante
de Mim; mas a condenação dos pecadores se aproximará, para que Eu
possa destrui-los da face da terra.
Capítulo 46
1Ali eu vi o Ancião de dias, cuja cabeça era igual à brana lã, e com ele
outro, cujo semblante assemelhava-se àquele do homem. Seu semblante
era cheio de graça, igual àquele dos santos anjos. Então eu inquiri dos
anjos que estavam comigo, e que me mostravam toda coisa secreta
concernente a este Filho do homem, o qual foi; de onde Ele era e porque
Ele acompanhou o Ancião de dias.
2Ele respondeu-me e disse: Este é o Filho do homem, ao qual a justiça
pertence, com o qual a retidão tem habitado e o qual revelou todos os
tesouros do que é escondido: pois o Senhor dos espíritos o tem
escholhido e sua porção tem excedido a tudo diante do Senhor dos
espíritos em eterna ascenção.
3Este Filho do homem, que tu vês, levantará reis e poderosos de seus
lugares de habitação, e os poderosos de seus tronos; soltará as rédeas do
poderoso, e quebrará em pedaços os dentes dos pecadores.
4Ele lançará reis dos seus tronos e de seus domínios porque eles não O
exaltarão, O louvarão, nem se humilham diante dEle, pelo Qual seus
reinos lhes foram dados. Igualmente o semblante do poderoso Ele
lançará abaixo, enchendo-os de confusão. Escura será sua habitação e
vermes serão sua cama; deste seu leito eles não esperam levantar-se
novamente porque eles não exaltam o nome do Senhor dos espíritos.
5Eles condenarão as estrelas do céu, elevarão suas mãos contra o
Altíssino, caminham e habitam sobre a terra, exibindo todos os seus atos
de iniquidade, mesmo suas obras de iniquidade. Sua força estará em
suas riquezas e sua fé nos bens que têm formado com suas próprias
mãos. Eles negarão o nome do Senhor dos espíritos e o expulçarão de
seus templos, nos quais eles se reúnem;
6E com Ele o fiel, (43) o qual sofre em nome do Senhor dos espíritos.
(43) O expulçarão… o fiel. Ou, "expulçarão das causas de sua
congregação e do fiel" (Knibb, p. 132; cp. Charles, p. 131).
1Naquele dia a oração dos santos e dos justos e o sangue dos íntegros
ascenderá da terra até a presença do Senhor dos espíritos.
2Naquele dia os santos se reunirão, os quais habitam nos céus, e com
vozes unidas de petição, suplica, oração, louvor e bênção ao nome do
Senhor dos espíritos, por conta do sangue dos justos que tem sido
derramado, para que a oração dos justos não seja descontinuada diante
do Senhor dos espíritos, para que por eles se execute julgamento; e para
que sua pasciência possa perdurar para sempre.(44)
(44) Para que sua paciência… perdure para sempre. Ou, "(para que)
sua paciência possa não ter que durar para sempre" (Knibb, p. 133).
3Naquele tempo eu vi o Ancião de dias enquanto ele se assentava sobre
o trono da sua glória, enquanto o livro dos vivos foi aberto na sua
presença e enquanto todos os poderes que estão acima dos céus
permanecem ao redor e diante dele.
4Então os corações dos santos estavam cheios de alegria, por causa da
consumação da justiça que havia chegado, a súplica dos santosn doi
ouvida e o sangue dos justos apreciado pelo Senhor dos espíritos. 
Capítulo 48
1Naquele lugar eu vi uma fonte de retidão, a qual nunca falha, envolta
em muitas fontes de sabedoria. Delas todos os sedentos beberam e
foram cheios de sabedoria tendo sua habitação com os retos, eleitos e
santos.
2Naquela hora o Filho do homem foi invocado diante do Senhor dos
espíritos e seu nome na presença do Ancião de dias. 
3Antes que o sol e os sinais fossem criados, antes que as estrelas do céu
tivessem sido formadas, seu nome era invocado na presença do Senhor
dos espírito. Ele será um apoio para os justos e santos se encostarem,
sem falhar; e ele será a luz das nações.
4Ele será a esperança dequeles cujos corações estão temerosos. Todos os
que habitam na terra cairão diante dEle; O abençoarão e glorificarão, e
cantarão orações ao nome do Senhor dos espíritos.
5Portanto o Eleito e Escondido subsistiu em sua presença, antes que o
mundo fossse formado, e para sempre.
6Na Sua presença Ele existiu, e revelou aos santos e aos justos a
sabedoria do Senhor dos espíritos; pois Ele preservou o lugar dos retos,
porque eles iraram e rejeitaram este mundo de iniquidade, e detestaram
todas as suas obras e caminhos, no nome do Senhor dos espíritos.
7Pois em seu nome eles serão preservados e sua será a vida. Naqueles
dias os reis da terra e os homens poderosos, os quais ganharam o mundo
por suas realizações, se tornarão humildes em seus semblantes.
8Pois no dia de sua ansiedade e angústia, suas almas não serão salvas, e
eles estarão em sujeição daquele a quem eu escolhi.
9Eu os lançarei como a palha ao fogo e como chumbo, na água. Assim
eles queimarão na presença dos justos e afundarão na presença dos
santos; nem a décima parte deles será encontrada.
10Mas no dia da tribulação o mundo ganhará tranquilidade.
11Em sua presença eles falharão e não serão levantados novamente; nem
haverá alguem para tomá-los por suas mãos e levantá-los; pois eles
negaram o Senhor dos espíritos e seu Messias. O nome do Senhor será
abençoado.
Capítulo 48A
(45)
(45) Dois capítulos consecutivos são enumerados "48"
1Sabedoria verteu como água e glória não falta diante dEle para sempre
e sempre, pois potente é Ele em todos os segredos de retidão.
2Mas a iniquidade passa como uma sombra e não possui uma estação
fixa, pois o Eleito permanece diante do Senhor dos espíritos e Sua glória
é para sempre e sempre, e Seu poder de geração em geração. 
3Com Ele habitam os espíritos da sabedoria intelectual, o espírito da
instrução e do poder e o espíritos dos que dormem em retidão; Ele
julgará coisas secretas.
 4Ninguém será capaz de pronunciar uma única palavra diante dEle, pois
o Eleito está na presença do Senhor dos espíritos de acordo com Seu
próprio prazer.
Capítulo 49
1Naqueles dias os santos e os escolhidos sofrerão uma mudança. A luz
do dia descançará sobre eles e o esplendor e a glória dos santos será
transformada. 
2Naquele dia de tribulação o mal será amontoado sobre os pecadores,
mas os justos triunfarão no nome do Senhor dos espíritos.
3Outros serão levados a ver que devem arrepender-se e desistir das
obras das suas mãos, e que a glória não os espera na presença do Senhor
dos espíritos já que por Seu nome eles podem ser salvos. O Senhor dos
espíritos terá compaixão deles, pois grande é a Sua misericórdia e a
justiça está em Seu julgamento; na presença de Sua glória, em seu
julgamento a iniquidade não permanecerá. Aquele que não se arrepende
em perecerá Sua presença. 
4Daqui em diante Eu não terei misericórdia deles, diz o Senhor dos
espíritos.
Chapter 50
1Naqueles dias a terra entregará de seu ventre e o inferno entregará de si
aqueles a quem recebeu, e a destruição restaurará àqueles a quem ela
deve.
2Ele selecionará os justos e santos de entre eles, pois o dia de sua
salvação se tem aproximado.
3E naqueles dias o Eleito se assentará sobre seu trono, enquanto todo
segredo de sabedoria intelectual procederá da sua boca, pois o Senhor
dos espíritos lhe concedeu e glorificou.
4Naqueles dias as montanhas saltarão como as rãs e os montes pularão
como jovens ovelhas (46) saciadas com leite; e todos os justos se tornarão
iguais aos anjos nos céu. 
(46) Cp. Salmos 114:4
5Seu semblante se iluminará de alegria, pois naqueles dias o Eleito será
exaltado. A terra se regozijará; os justos habitarão nela e a possuirão.
Capítulo 51
1Depois desse tempo, no lugar onde eu havia visto toda visão secreta,
fui arrebatado em um redemoinho de vento e transportado para o oeste.
2Lá meus olhos viram os segredos do céu e tudo o que existe na terra;
uma montanha de fogo, uma montanha de cobre, uma montanha de
prata, uma montanha de ouro, uma montanha de metal fulído, e uma
montalha de chumbo.
3E eu perguntei ao anjo que foi comigo, dizendo: O que são estas coisas,
que em segrego eu vi?
4Ele disse: Todas as coisas qu tu viste serão para o dominio do Messias,
para que ele possa comandar e ser poderoso sobre a terra.
5E aquele anjo de paz respondeu-me dizendo: Espera um pouco de
tempo e entenderás, e cada coisa secreta te será revelada, o que o
Senhor dos espíritos tem decretado. Aquelas montanhas que tu viste, a
montanha de ferro, a montanha de cobre, a montanha de prata, a
montanha de ouro, a montanha de metal fluido e a montanha de chumbo,
todas estas na presença do Eleito serão como o favo de mel diante do
fogo, e como a água descendo de cima sobre estas montanhas, e se
tornarão debilitadas diante de seus pés.
6Naqueles dias os homens não serão salvos por ouro e por prata.
7Nem eles o terão em seu poder para assegurar-se, e voar.
8Lá não haverá nem ferro, nem casaco de malha para o peito.
9Cobre será unútil; inútil também será o que não enferruja nem se
consome; e levar não será desejado.
10Todas estas coisas serão rejeitadas, e perecem na terra, quando o
Eleito aparecer na presença do Senhor dos espíritos. 
Chapter 52
1Ali meus olhos viram um profundo vale, e larga era sua entrada.
2Todos os que habitam na terra, no mar, e nas ilhas, trarão para ele dons,
presentes e oferendas; contudo aquele profundo vale não se encherá.
Suas mãos cometerão iniquidade. Tudo quanto eles produzirem por
labor será devorado pelos pecadores por crime. Mas eles perecerão de
diante da face do Senhor dos espíritos e da face de sua terra. Eles se
levantarão, e não falharão para sempre.
3Eu vi anjos de punição, os quais estavam habitando ali, e preparando
todos os instrumentos de Satan.
4Então perguntei ao anjo da paz que continuava comigo, para quem
aqueles instrumentos eram preparados.
5Ele disse: Estes são preparados para os reis e poderosos da terra, para
que assim eles pereçam.
6Depois que os justos e a casa escolhida de sua congregação aparecerão,
e desde então serão imutáveis no nome do Senhor dos espíritos.
7Nem aquelas montanhas existirão na sua presença como a terra e os
montes, como as fontes de água existem. E os justos serão aliviados da
vexação dos pecadores.
Chapter 53
1Então eu olhei e me virei para outra parte da terra, onde vi um
profundo vale de fogo ardente.
2Para esse vale, eles levaram os monarcas e os poderosos.
3Ali meus olhos viram os instrumentos que eles fizeram, correntes de
ferro sem peso.(47)
(47) Sem peso. Ou, "de imensurável peso" (Knibb, p. 138).
4Então eu perguntei ao anjo da paz que estava comigo, dizendo: Para
quem essas correntes são preparadas?
5Ele respondeu: Estas são preparadas para as hostes de Azazeel, para
que eles sejam entregues e julgados a uma menor condenação, e para
que seus anjos sejam subjulgados com pedras arremessadas, como o
Senhor dos espíritos ordenou.
6Miguel e Gabriel, Rafael and Fanuel serão fortalecidos naquele dia, e
então os lançarão numa fornalha de fogo ardente para que o Senhor dos
espíritos possa ser vingado pelos crimes que eles cometeram; porque
eles se tornaram ministro de Satan, e seduziram aqueles que habitam
sobre a terra.
7Naqueles dias punição virá do Senhor dos espíritos, e os receptáculos
de água que estão acima nos céus serão abertos, e igualmente as fontes
que estão sob a terra.
8Todas as águas, que estão nos céus e abaixo deles, serão reunidas e se
misturarão.
9A água que está acima no céu será o agente; (48)
(48) Agente. Literalmente, "macho" (Laurence, p. 61).
10E a água que está sob a terra será o recipiente, (49) e todos os que
habitam sobre a terra serão destruidos e os que habitam sob as
extremidades do céu.
(49) Recipiente. Literalmente, "fêmea" (Laurence, p. 61).
11Por esses meios eles entenderão a iniquidade que cometeram na terra,
e por esses meios perecerão.
Chapter 54
1Depois disso o Ancião de dias arrependeu-se, e disse: Em vão eu
destrui todos os habitantes da terra.
2E ele jurou por seu grande nome, dizendo: De agora em diante eu não
agirei mais assim para com todos aqueles que habitam sobre a terra.
3Mas eu colocarei um sinal nos céus; (50) e ele será uma fiél testemunha
entre mim e eles para sempre, tantos quantos os dias do céu durarem
sobre a terra.
(50) Cp. Gen. 9:13, "Eu colocarei meu arco na nuvem, e ele será um
sinal do convênio entre mim e a terra".
4Eepois disso, de acordo com esse meu decreto, quando eu estiver
disposto a prende-los antecipadamente, pela instrumentalidade dos
anjos, no dia da aflição e da perturbação, minha ira e minha punição
permanecerá sobre eles, minha punição e minha ira, diz Deus, o Senhor
dos espíritos.
5Ó vós reis, ó vós poderosos, que habitam o mundo, vereis meu Eleito,
assantado sobre o trono da minha glória. E Ele julgará Azazeel, todos
seus associados, em nome do Senhor dos espíritos.
6Ali igualmente eu vi as hostes dos anjos que estavam se movendo em
punição, confinadas numa rede de ferro e bronze. Então eu perguntei ao
anjo da paz, que estava comigo: Para quem estes sob confinamento
estão indo.
7Ele disse: Para todos os seus eleitos e seus amados, (51) para que eles
possam ser lançados  nas fontes e profundas fendas do abismo.
(51) Para cada um dos… seus amados. Ou, "Para cada um de seus
escolhidos e para os seus amados" (Knibb, p. 139).
8E aquele vale será cheio com seus eleitos e amados; os dias cuja vida
serão consumados, mas os dias de seus erros serão inumeráveis.
9Então príncipes (52) se combinarão e juntos conspirarão. Os chefes do
leste, entre os Partos e Medos, removerão reis, nos quais um espírito de
perturbação entrará. Ele os lançará de seus tronos, saltando como leões
de seus esconderijos, e como lobos famintos no meio do rebanho.
(52) Príncipes. Ou, "anjos" (Cha0rles, p. 149; Knibb, p. 140).
10Eles subirão e pisarão na terra de seus eleitos. A terra de seus eleitos
estará diante deles. The threshing-floor, o caminho, e a cidade do meu
povo justo imperirá o progresso de seus cavalos. Eles se levantarão para
destruir uns aos outros; sua mão direita se estenderá; o homem não
conhecerá seu amigo ou seu irmão;
11Nem o filho de seu pai ou de sua mãe; até que o número dos corpos de
seus mortos sejam completados, pela sua morte e punição. Nem isto
acontecerá sem causa. 
12Naqueles dias a boca do inferno será aberta, na qual eles serão imersos;
o inferno destruirá e tragará os pegadores da face dos eleitos.
Capítulo 55
1Depois disto eu vi outro exército de carruagens com  homens dirigindo-
as.
2E eles vieram sobre o vento do leste, desde o oeste, e do sul.(53)
(53) Desde o sul. Literalmente "do meio do dia". (Laurence, p. 63).
3O som do barulho de suas carruagens foi ouvido.
4E quando aquela agitação aconteceu os santos fora do céu perceberam-
na; o pilar da terra abalou-se desde a sua fundação e o som foi oubido
desde as extremidades da terra até      às extremidades do céu ao mesmo
tempo. 5Então eles cairam e adoraram o Senhor dos espíritos.
6Este é o fim da segunda parábola.
Capítulo 56
1Então eu comecei a proferir a terceira parábola, concernente aos santos
e aos eleitos.
2Abençoados sois vós, ó santos e eleitos, pois glorioso é o vosso lugar.
3Os santos existirão na luz do sol e os eleitos na luz da vida eterna,
cujos dias de vida nunca terminarão nem os dias dos santos serão
enumerados, os quais procuram pela luz e obtêm retidão com o Senhor
dos espíritos. 
4Paz seja aos santos com o Senhor do mundo.
5Daqui em diante aos santos seja dito que procurem nos céu os segredos
da retidão, a porção da fé; semelhante ao sol nascido sobre a terra,
enquanto a escuridão se vai. Alí haverá luz interminável; eles não
entrarão em contagem de tempo, pois a escuridão será previamente
destruida e a luz aumentará diante do Senhor dos espíritos; diante do
Senhor dos espíritos a luz da honradêz aumentará para sempre.
Capítulo 57
1Naqueles dias meus olhos viram os segredos dos relâmpagos e seu
esplendor, e o julgamento a eles pertencente.
2Eles iluminam por bênção e por maldição, de acordo com a vontade do
Senhor dos espíritos.
3Ali eu vi os segredos do trovão quando ele agita-se acima no céu e seu
som é ouvido.
4As habitações da  terra também foram mostradas a mim. O som do
trovão é para paz e para bênção, tanto para o bem quanto para maldição,
de acordo com a palavra do Senhor dos espíritos.
5Depois disso, todo secredo dos esplendores e dos trovões foram vistos
por mim. Para bênção e para fertilidade eles iluminam.
Capítulo 58
1No qüinqüagésimo ano, no sétimo mês, no  décimo quarto dia da vida
de Enoque, naquela parábola eu vi o céu dos céus tremer, que ele
tremeu violantemente e que os poderes do Altíssimo e dos anjos,
milhares de milhares, e miríades de miríades, ficaram agitados com
grande agitação. E quando eu olhei o Ancião de dias estava assentado
no trono de sua glória enquanto os anjos e santos estavam em pé ao
redor dele. Um grande tremor veio sobre mim. Meus lombos foram
curvados e soltos, meus rins foram dissolvidos; e eu cai sobre minha
face. O santo Miguel, outro santo anjo, um dos santos, foi enviado, o
qual levantou-me.
2E quando ele levantou-me, meu espírito retornou, pois eu fui incapaz
de suportar essa visão de violência, sua agitação e o choque do céu.
3Então o santo Miguel disse-me: Por que estás perturbado com essa
visão?
4Desde então tem existido o dia da misericórdia; Ele tem sido
misericordioso e logânimo com todos os que habitam sobre a terra.
5Mas quando o termpo vier, então o poder, a punição, e o julgamento
tomarão lugar, o qual o Senhor dos espíritos preparou para aqueles que
se prostrarem para o julgamento da retidão, para aqueles que
renunciarem àquele julgamento, e para aqueles que tomam seu nome em
vão. 
6Aquele dia foi preparado para os eleitos como um dia de covênio e para
os pecadores como um dia de inquisição.
7Naquele dia dois monstros serão distribuidos como alimento (54), um
monstro fêmea, cujo nome é Leviathan, habitando nas profundezas do
mar, acima das fontes de águas;
(54) Distribuidos como alimento. Ou,  "separados um do outro"
(Knibb, p. 143).
8E um monstro macho, cujo nome é Behemoth, o qual possui, movendo-
se em seu ventre, o deserto invisível.
9Seu nome era Dendayen. A leste do jardim, onde os eleitos e os justos
habitarão, onde ele recebeu-o de meu ancestral, desde Adão o primeiro
dos homens, (55) cujo homem o Senhor dos espíritos fêz.
(55) Ele recebeu-o… primeiro dos homens. Ou, "meu bisavô foi
tomado, o sétimo desde Adão" (Charles, p. 155). Isto implica que esta
seção do livro foi escrita por Noé, descendente de Enoque. Os
estudiosos têm especulado que esta parte do livro pode conter
fragmentos do perdido Apocalipse de Noé.
10Então eu pedi a outro anjo que me mostrasse o poder daqueles
monstros, como eles se separaram naquele mesmo dia, um estando nas
profundezas do mar, e o outro no sêco deserto.
11E ele disse: Tu, filho do homem, estás aqui desejozo de entendimento
das coisas secretas.
12E o anjo da paz, o qual estava comigo disse: Estes dois montros estão
preparados pelo poder de Deus para tornarem-se alimento, para que a
punição de Deus não seja em vão.
13Então crianças serão mortas com suas mães, e os filhos com seus pais.
14E quando a punição do Senhor dos espíritos continuar, sobre eles ela
continuará, para que a punição do Senhor dos espíritos não aconteça em
vão. Depois do quê, o julgamento existirá com misericórdia e
longanimidade.
Capítulo 59
1Então outro anjo, o qual estava comigo, me falou,
2E mostrou-me o primeiro e o último dos segredos em cima no céu, e
nas profundezas da terra:
3Nas extremidades do céu e nas fundações dela, e no receptáculo dos
céus.
4Ele mostrou-me como seus espíritos foram divididos; como eles foram
balançados e como ambas as fontes e os ventos foram contados de
acordo com a força de seu espírito.
5Ele me mostrou o poder da luz da lua, que seu poder é justo; bem como
as divisões das estrelas, de acordo com seus respectivos nomes;
6Que cada divisão é separada; que os relâmpagos iluminam;
7Que suas tropas imediatamente obedecem e que uma cessação toma
lugar durante o trovão em continuação de seu som. Não são separados o
trovão e o raio; nem eles se movem com um espírito, já que eles não são
separados.
8Pois quando os raios iluminam, o trovão soa e o espírito a um próprio
período faz pausa, fazendo uma igual divisão entre eles, pois o
receptáculo sobre o qual seus períodos dependem é solto como a areia.
Cada um deles à sua própria estação é restringido com uma rédea e
virado pelo poder do espírito, que assim impele-os de acordo com a
espaçosa extenção da terra.
9O espírito do mar é igualmente potente e forte, e um poder tão forte o
faz vazar; assim ele é dirigido adiante e espalha-se contra as montanhas
da terra. O espírito da geada tem seu anjo; no espírito do granizo ele é
um bom anjo; o espírito da neve cessa em sua força e um espírito
solitário está nele, o qual ascende dele como vapor, e é chamado
refrigeração.
10O espírito da névoa também habita com eles em seu receptáculo, mas
ele tem um receptáculo para si mesmo, pois seu progresso está no
esplendor,
11Na luz e na escuridão, no inverno e no verão. Seu receptáculo é brilho,
e um anjo esta nele.
12O espírito do orvalho tem seu domicílio nas extremidades do céu, em
conexão com o receptáculo da chuva e seu progresso está no inverno e
no verão. A nuvem produzida por ele e a nuvem do meio se tornam
unidos, um dá ao outro; e quando o espírito da chuva está em
movimento de seu receptáculo, anjos vêm e, abrindo seu receptáculo, o
traz adiante.
13Quando igualmente ele é borrifado sobre toda a terra ele forma uma
união com todo tipo de água no chão; pois as águas ficam na terra,
porque eles fornecem nutrição para a terra desde o Altíssimo, o qual está
no céu.
14Sobre este informe, portanto há uma regulamentação na qualidade da
chuva que os anjos recebem.
15Estas coisas eu ví, todas elas, até o paraiso.
Capítulo 60
1Naqueles dias eu vi que longos mantos foram dados àqueles anjos, os
quais tomaram suas asas e fugiram em direção ao norte.
2Eu perguntei ao anjo, dizendo: Para onde eles levaram aqueles longos
mantos e para onde se foram? Ele disse: Eles foram medir.
3O anjo, o qual continuava comigo, disse: Estas são as medidas dos
jutos e cordas serão trazidas para que eles possam confiar no nome do
Senhor dos espíritos para sempre e sempre.
4O eleito começará a habitar com o eleito. 
5Estas são as medidas que serão dadas pela fé, as quais fortalecerão as
palavras de retidão. 
6Estas medidas revelarão todos os segredos nas profundezas da terra.
7E acontecerá que aqueles que foram destruidos no deserto e os que
foram devorados pelos peixes do mar e pelas bestas do campo,
retornarão e confiarão no dia do Eleito, pois ninguém perecerá na
presença do Senhor dos espíritos, nem ninguém será capaz de perecer.
8Então eles receberam o mandamento, todos os quais estavam nos céus
acima, para quem foi dado um poder combinado, voz e esplendor,
semelhante ao fogo.
9E primeiro, com suas vozes eles abençoaram-no, exaltaram-no,
glorificaram-no com sabedoria e atribuiram a Ele sabedoria com a
palavra e com o sopro da vida.
10Então o Senhor dos espíritos assentado sobre o trono de sua glória, o
Eleito,
11O qual julgará todas as obras do Santo acima no céu, e numa balança
Ele pesará suas ações. E quando Ele levantar Seu semblante para julgar
seus caminhos secretos na palavra do nome do Senhor dos espíritos, e
seu progresso no caminho do julsto julgamento do altíssimo Deus;
12Eles falarão com vozes unidas; abençoarão, glorificarão, exaltarão, e
orarão em nome do Senhor dos espíritos.
13Ele chamará a todo poder dos céus, a todo santo acima, e ao poder de
Deus. O Querubim, o Serafim, o Ofanim, todos os anjos de poder e
todos os anjos dos Senhores, a saber, do Eleito, e do outro Poder, o qual
estava sobre a água naquele dia.
14E levarão suas vozes unidas; abençoarão, glorificarão, orarão, e
exaltarão com o espírito da fé, com o espírito da sabedoria e da
paciência, com o espírito da misericórdia, com o espírito do julgamento
e da paz, e com o espírito da benevolência; todos dirão com vozes
unidas: Abençoado é Ele; e o nome do Senhor dos espíritos será
abençoado para sempre e sempre; todos, os quais não dormem, o
abençoarão acima no céu.
15Todo santo no céu o abençoará; todo o eleito que habita no jardim da
vida e todo espírito de luz que é capaz de abençoar, glorificar, exaltar, e
orar em seu santo nome e todo homem mortal, (56) mais do que os
poderes do céu, glorificará e abençoará seu nome para sempre e sempre. 
(56) Todo homem mortal Literalmente, "toda carne" (Laurence, p. 73).
16Pois grande é a misericórdia do Senhor dos espíritos; logânimo Ele é;
e todas as suas obras, todo o seu porder, grande como são as coisas que
Ele tem feito, tem revelado aos santos e eleitos, em nome do Senhor dos
espíritos.
Capítulo 61
1Então o Senhor ordenou os reis, os príncipes, os exaltados e aqueles
que habitam na terra dizendo: Abri vossos olhos, e elevai vossas
buzinas se sois capazes de compreender o Eleito.
2O Senhor dos espíritos assentou-se sobre o trono de sua glória.
3E o espírito de retidão foi colocado sobre ele.
4A palavra de sua boca destruirá todos os pecadores e todos os
mundanos, os quais perecerão na sua presença.
5Naquele dia todos os reis, os príncipes, os exaltados e todos os que
possuem a terra se colocarão em pé, verão e perceberão Aquele que está
assentado no trono da sua glória, que diante dEle os santos serão
julgados em retidão,
6E que nada que será falado diante dEle, será falado em vão.
7Inquietação virá sobre eles, como sobre uma mulher em trabalho de
parto, cujo labor é severo, quando seu filho vem  à boca do ventre e ela
encontra-se em dificuldade de dar a luz.
8Uma porção deles olhará para a outra. Eles ficarão atônitos e baixarão
seu semblante,
9E aflição os prenderá quando eles virem o Filho da mulher assentado
sobre o seu trono de glória.
10Então os reis, os príncipes e todos os que possuem a terra glorificarão
Aquele que tem domínio sobre todas as coisas, Aquele que esteve em
conselho; pois desde o princípio o Filho do homem existiu em segredo,
o qual o Altíssimo preservou na presença do Seu poder e foi revelado
aos eleitos.
11Ele semeará a congregação dos santos e dos eleitos, e todo eleito
ficará diante dEle naquele dia.
12Todos os reis, príncipes, o exaltado e aqueles que governam sobre
toda a terra cairão sobre suas faces diante dEle, e O adorão. 
13Eles colocarão suas esperanças neste Filho do homem orarão a Ele e
implorarão por misericórdia. 
14Então o Senhor dos espíritos se apressará em expeli-los da Sua
presença. Suas faces ficarão cheias de confusão e suas faces se cobrirão
de escuridão. Os anjos os tomarão para castigo, aquela vingança poderá
ser infligita naqueles que têm oprimido Seus filhos e Seus eleitos. E eles
se tornarão como um exemplo aos santos aos Seus eleitos. Através deles
estes serão feitos jubilosos, pois a ira do Senhor dos espíritos
descançará sobre eles.
15Então a espada do Senhor dos espíritos se embebedará com seu sangue,
mas os santos e eleitos serão salvos naquele dia; a face dos pecadores e
dos mundanos daquele tempo em diante eles não verão.
16O Senhor dos espíritos permanecerá sobre eles:
17E com este Filho do homem eles habitarão, comerão, deitarão e
levantarão, para sempre e sempre.
18Os santos e eleitos têm se levantado da terra. Têm deixado de deprimir
seus semblantes e terão sido vestidos com a vestimenta da vida. Aqueles
vestidos da vida estão com o Senhor dos espíritos, em cuja presença
suas vestimentes não envelhecerão nem será diminuída sua glória.
Capítulo 62
1Naqueles dias os reis que possuíram a terra serão punidos pelos anjos
de Sua ira, onde quer que eles lhes  sejam entregues, para que Ele possa
dar descanço por um curto período de tempo; e para que eles prostem-se
diante dEle e adorem o Senhor dos espíritos, confessanto seus pecados
diante dEle. 
2Eles abençoarão e glorificarão o Senhor dos espíritos dizendo:
Abençoado é o Senhor dos espíritos, o Senhor dos reis, o Senhor dos
espíritos, o Senhor dos ricos, o Senhor da glória, e o Senhor da
sabedoria.
3Ele iluminará toda coisa secreta.
4Seu poder é de geração a geração e Sua glória para sempre e sempre.
5Profundos são todos os Seus segredos e incontáveis; sua retidão não
pode ser calculada.
6Agora nós sabemos que devemos glorificar e abençoar o Senhor dos
reis o qual é Rei sobre todas as coisas.
7Eles também dirão: Quem nos tem permitido ficar para glorificar,
louvar, abençoar, e confessar na presença da Sua glória?
8E agora pequeno é o repouso que nós desejamos, mas nós não o
encontramos; nós rejeitamos e não o possuimos. Luz passou diante de
nós e escuridão tem cobrido nossos tronos para sempre.
9 Pois nós não confessamos diante dEle; não temos glorificado o nome
do Senhor dos reis; não temos glorificado o Senhor em todas as Suas
obras, mas temos confiado no cetro do nosso próprio domínio e da
nossa glória.
10Naquele dia do nosso sofrimento e da nossa angústia Ele não nos
salvará, nem encontraremos descanço. Confessamos que nosso Senhor é
fiel em todas as Suas obras, em todos os Seus julgamentos e em Sua
retidão.
11Em Seus julgamentos ele não paga nenhum respeito a pessoas; e nós
devemos apartar-nos de sua presença por causa de nossos maus atos.
12Todos os nossos pecados são verdadeiramente sem número.
13Então eles dirão a si mesmos: Nossas almas estão saciadas com os
instrumentos de crime;
14Mas que não nos impede de descer ao ventre flamejante do inferno.
15Daí em diante seus semblantes se encherão de escuridão e confusão
diante do Filho do homem, de cuja presença eles serão expulços e diante
do qual a espada permanecerá expelindo-os.
16Assim diz o Senhor dos espíritos: Este decreto e o julgamento contra
os príncipes, os reis, os exaltados, e aqueles que possuem a terra, na
presença do Senhor dos espíritos.
Capítulo 63
1Eu vi outros semblantes naquele lugar secreto. Ouvi a voz de um anjo,
dizendo: Estes são os anjos que desceram do céu à terra, revelaram
segredos aos filhos dos homens e seduziram os filhos dos homens para
cometerem de pecado.
Capítulo 64
(57)
(57) Os capítulos 64, 65, 66 e o primeiro versículo do 67 evidentemente
contêm a versão de Noé e não de Enoque (Laurence, p. 78).
1Naqueles dias Noé viu que a terra inclinou-se, e que destruição
aproximava-se.
2Então ele levantou seus pés e foi para os confins da terra, para a
habitação do seu bisavô Enoque.
3E Noé clamou com uma amarga vóz: Ouví-me, ouví-me, ouví-me, três
vezes. E ele disse: Dize-me o que está ocorrendo sobre a terra, pois a
terra trabalha e é violentamente abalada. Certamente eu perecerei com
ela.
4Depois disso houve uma grande perturbação na terra e uma vóz foi
ouvida desde o céu. Eu caí sob re minha face, então meu bisavô Enoque
veio e colocou-se ao meu lado.
5Ele disse-me: Por que clamas a mim com um amargo clamor e
lamentação?
6Um mandamento partiu do Senhor contra aqueles que habitam na terra
para que eles sejam destruidos, pois eles conhecem todo segredo dos
anjos, toda obra opressiva, o poder secreto dos demônios (58) e todo
poder daqueles que cometem sortilégios, tanto quanto daqueles que
fazem imagens fundidas em toda a terra.
(58) Os demônios. Literalmente, "os Satãns" (Laurence, p. 78).
7Eles sabem como a prata é produzida do pó da terra e como na terra a
gota metálica existe, pois o chumbo e o estanho não são produzidos da
terra como fonte primária de sua produção.
8Há um anjo colocado sobre ela, e o anjo luta para prevalecer.
9Depois disso meu bisavô Enoque agarrou-me com sua mão,
levantando-me e disse-me: Vai, pois eu pedí ao Senhor dos espíritos a
respeito desta perturbação da terra; o qual respondeu: Por conta da
impiedade deles seus inumeráveis julgamentos foram consumados
diante de mim. Com respeito às luas eles inquiriram, e têm
conhecimento de que a terra perecerá com aqueles que habitam sobre
ela,(59)  e que estes não terão lugar de  refúgio para sempre.
(59) Com respeito às luas… habitam sobre ela. Ou, "Por causa dos
sortilégios que eles procuraram e aprenderam a terra e aqueles que
habitam sobre ela serão destruídos" (Knibb, p. 155).
10Eles descobriram segredos, e eles são aqueles que têm sido julgados;
mas não você, meu filho. O Senhor dos espíritos sabe que tu és puro e
bom, livre da reprovação do descobrimento de segredos.
11Ele, o Santo, estabelecerá Seu nome no meio dos santos e te
preservará daqueles que habitam sobre a terra. Ele estabelecerá tua
semente em retidão com domínio e grande glória, (60) e da tua semente
se espalhará retidão, e homens santos sem número para sempre.
 (60) Com domínio… gloria. Literalmente, "para reis, e para grande
glória" (Laurence, p. 79).
Capítulo 65
1Depois disso ele mostrou-me os anjos de punição, os quais estão
preparados para vir e abrir todas as águas poderosas sob a terra:
2Que elas podem ser para julgamento e para destruição de todos aqueles
que permanecem e habitam sobre a terra.
3O Senhor dos espíritos ordenou os anjos que saíram, para não tomar os
homens, e preservá-los,
4pois aqueles anjos presidem sobre todas as poderosas águas. Então eu
saí da presença de Enoque.
Capítulo 66
1Naqueles dias a palavra de Deus veio a mim, e disse: Vê Noé, tua sorte
ascendeu a Mim, uma sorte imune de crime, uma sorte amada e superior.
2Agora então os anjos trabalharão as árvores, (61), mas enquanto eles
procedem nisto eu colocarei minha mão sobre elas e as preservarei.
(61) Trabalharão nas árvores. Ou, "estão fazendo uma (estrutura de)
madeira" (Knibb, p. 156).
3A semente da vida se erguerá dela e uma mudança tomará lugar para
que a terra seca não seja deixada vazia. Eu estabelecerei tua semente
diante de mim para sempre e sempre, e a semente daqueles que
habitarem contigo na superfície da terra. Ela será abençoada e
multiplicada na presença da terra, em nome do Senhor.
4Eles confinarão aqueles anjos que descrobriram impiedade. Naquele
vale ardente é que eles serão confinados, o qual a princípio meu bisavô
monstrou-me no oeste, onde há montanhas de ouro e prata, de ferro, de
metal fluído, e de estanho.
5Eu vi aquele vale no qual há uma grande perturbação e onde as águas
são agitadas.
6E quando tudo isto foi executado, da massa fluída de fogo e na
perturbação que prevaleceu (62) naquele lugar, levantou-se um forte
cheiro de enxofre que se misturou com as águas; e o vale dos anjos que
haviam sido culpados de sedução, queimou-se debaixo da terra.
(62) A perturbação que prevaleceu. Literalmente, "perturbou-os"
(Laurence, p. 81).
7Através daquele vale rios de fogo também estavam fluindo, para os
quais aqueles anjos serão condenados, os quas seduziram os habitantes
da terra.
8E naqueles dias estas águas serão para os reis, aos príncipes, aos
exaltados e para os habitantes da terra, para a cura da alma e do corpo e
para o julgamento do espírito. 9Seus espíritos serão cheios de festa (63)
para que eles possam ser julgados em seus corpos; porque eles negaram
o Senhor dos espíritos, e apesar de eles perceberem sua condenação dia
após dia, não acreditaram em seu nome.
(63) Festa. Ou, "luxúria" (Knibb, p. 157).
10E como a inflamação de seus corpos será grande, assim seus espíritos
sofrerão uma transformação para sempre.
11Pois nenhuma palavra que é pronunciada diante do Senhor dos
espíritos será em vão. 
12Julgamento veio sobre eles porque eles confiaram em sua luxúria
carnal, e negaram o Senhor dos espíritos. 
13Naqueles dias as águas daquele vale serão transformadas, pois
enquanto os anjos forem julgados, o calor daquelas fontes de água
sofrem uma alteração.
14E enquanto os anjos ascenderem, a água das fontes novamente sofrem
uma alteração e congelam. Então eu ouvi o santo Miguel respondendo e
dizendo: Este julgamento, com o qual os anjos serão julgados, dará
testemunho contra os reis, príncipes e aqueles que possuem a terra. 
15Pois estas águas de julgamento serão para sua cura e para a morte (64)
de seus corpos. Mas eles não perceberão e não acreditarão que as águas
serão trasnformadas e tornadas como fogo, que arderá para sempre.
(64) Morte. Ou, "luxúria" (Charles, p. 176; Knibb, p. 158).
Capítulo 67
1Depois disto ele deu-me as marcas características (65) de todas as coisas
secretas do livro do meu bisavô Enoque, e nas parábolas que haviam
sido dadas a ele; inserindo-as para mim entre as palavras do livro das
parábolas.
(65) Marcas características. Literalmente, "os sinais" (Laurence, p. 83).
2Naquele momento o santo Miguel respondeu e disse a Rafael: O poder
do espírito precipita-me daqui e impele-me para fora. A severidade do
julgamento, do secreto jultamento dos anjos, quem é capaz de observar-
a resistência daquele severo julgamento que aconteceu e se tornou
permanente-sem ser dissolvido no seu lugar? Novamente o santo
Miguel respondeu e disse ao santo Rafael: Quem está lá, cujo coração
não se abrandou por isto, e cujos rins não se afligiram com esta coisa? 
3Julgamento saiu contra eles por aqueles que assim arrastaram-nos para
fora; e que se foram, quando eles estavam na presença do Senhor dos
espíritos.
4De igual maneira também o santo Rakael disse a Rafael: Eles não
estarão diante do olho do Senhor (66) já que o Senhor dos espíritos foi
ofendido por eles, pois como Senhores (67) eles têm-se conduzido.
Portanto Ele traz sobre eles um secreto julgamento para sempre e
sempre. 
(66) Eles não... olho do Senhor. Ou, "Eu não tomarei parte sob o olho
do
Senhor"
(Knibb,p.159).
(67) Pois como Senhores. Ou, "pois eles agiram como se fossem o
Senhor" (Knibb, p. 159).
5Pois nem o anjo, nem o homem recebe uma porção dele, mas eles só
receberão seu próprio julgamento para sempre e sempre.
Capítulo 68
1Depois deste julgamento eles estarão assombrados e irritados, pois
serão exibidos aos habitantes da terra. 
2Eis os nomes destes anjos. Estes são seus nomes: O primeiro deles é
Samyaza; o segundo é Arstikapha; o terceiro é Armen; o quarto,
Kakabael; o quinto, Turel; o sexto, Rumyel; o sétimo, Danyal; o oitavo,
Kael; o nono, Barakel; o décimo, Azazel; o décimo primeiro, Armers; o
décimo segundo, Bataryal; o décimo terceiro, Basasael; o décimo quarto,
Ananel; o décimo quinto, Turyal; o décimo sexto, Simapiseel; o décimo
sétimo, Yetarel; o décimo oitavo, Tumael; o décimo nono, Tarel; o
vigésimo, Rumel; o vigésimo primeiro, Azazyel.
3Estes são os principais (chefes) dos anjos, e os nomes dos líderes de
suas centenas, e seus líderes de cinqüenta, e os líderes de suas dezenas. 
4O nome do primeiro é Yekun: (68) ele foi quem seduziu todos os filhos
dos santos anjos e fêz com que descessem à terra, conduzindo
desencaminhadamente a descendência dos homens.
(68) Yekun pode simplesmente significar "o rebelde" (Knibb, p. 160).
5O nome do segundo é Kesabel, o qual apontou mau conselho aos filhos
dos santos anjos e conduziu-os a corromperem seus corpos gerando
humanos.
6O nome do terceiro é Gadrel: ele descobriu todo golpe de morte aos
filhos dos homens.
7Ele seduziu Eva e descobriu aos filhos dos homens os instrumentos de
morte, o casaco de malha, o escudo, e a espada para matança; todo
instrumento de morte para os filhos dos homens.
8Estas coisas derivaram de suas mãos para os que habitam sobre a terra
daquele período para sempre.
9O nome do quarto é Penemue: ele descobriu aos filhos dos homens o
amargor e a doçura,
10E mostrou a eles todo segredo de sua sabedoria.
11Ele ensinou os homens a entenderem o escrito e o uso de tinta e papel.
12Portanto, numerosos têem sido aqueles que têm se estraviado em todo
período do mundo, mesmo até este dia.
13Os homens não nasceram para isto, assim com pena e tinta, para
confirmar sua fé;
14Desde então eles não criaram, exceto que, como os anjos, eles podem
permanecer retos e puros.
15Nem poderiam morrer, o que destrói tudo, tem afetado-os;
16Mas por este seu conhecimento eles perecem, e por isto também seu
poder os consome.
17 O nome do quinto é Kasyade: ele descobriu aos filhos dos homens
todo iníquo golpe de espíritos e de demônios:
18O golpe do embrião no ventre, para diminuí-lo; (69) o golpe do espírito
pela mordida da serpente, e o golpe que é dado ao meio-dia pelo filho
da serpente, cujo nome é Tabaet. (70)
(69) O golpe…para diminuí-lo. Ou, "o soco (com ataque, agressão) ao
embrião no ventre para que seja abortado" (Knibb, p. 162).
(70) Tabaet. Literalmente, "macho" ou "forte" (Knibb, p. 162).
19Este é o número de Kasbel; a parte principal do juramento que o
Altíssimo, habitanto em glória, revelou aos santos.
20Seu nome é Beka. Ele falou ao santo Miguel  para que revelasse a eles
o nome sagrado, para que eles pudessem entender o sagrado nome e
assim lembrar do juramento; e para que aqueles que apontaram toda
coisa secreta aos filhos dos homens possam tremer sob aquele nome e
juramento.
 21Este é o poder do juramento; pois poderoso ele é, e forte.
22E estabelecido este juramanto de Akae pela instrumentalidade do
santo Miguel.
23Estes são os segredos deste juramento, e por ele eles foram
confirmados.
24Os céus estiveram em suspenso por ele antes que o mundo fosse feito,
para sempre.
25Por ele a terra foi inundada no dilúvio enquanto das partes escondidas
dos montes as águas agitadas as águas saíram desde a criação até o fim
do mundo.
26Por este juramento o mar foi formado e a sua fundação.
27Durante o período desta fúria ele estabeleceu a areia contra ele, a qual
continua imutável para sempre, e por este juramento o abismo foi feito
forte; e não é removível de sua estação para sempre e sempre.
28Por este juramento o sol e a lua completam seu progresso nunca se
desviando do comando que lhes foi dado para sempre e sempre.
29Por este juramento as estrelas completam seu progresso,
30E quando seus nomes forem chamados eles retornarão em resposta,
para sempre e sempre.
31Então nos céus tomam lugar os sopros dos ventos: todos eles têm
respiração (71) e efetuam  uma completa combinação de respirações.
(71) Respiração. Ou, "espiritos" (Laurence, p. 87).
32Ali os terouros do trovão são mantidos e o esplendor do relâmpago.
33Alí são guardados os terouros do granizo e da neblina, os tesouros da
neve, os tesouros da chuva e do orvalho.
34Todos estes confessam e louvam diante do Senhor dos espíritos.
35Eles glorificam com todo seu poder de súplica; e Ele os sustém em
todo aquele  ato de agradecimento enquanto eles louvam, glorificam e
exaltam o nome do Senhor dos espíritos para sempre e sempre.
36E com eles ele estabelece este juramento, pelo qual eles e seus
caminhos são preservados, e seus progressos não perecem.
37Grande foi sua alegria.
38Eles abençoaram, glorificaram, e exaltaram porque o nome do Filho
do homem lhes foi revelado. 
39Ele assentou-se sobre o trono de Sua glória, e a parte principal do
julgamento foi designada e Ele, o Filho do homem. Os pecadores
perecerão e desaparecerão da face da terra, enquanto aqueles que os
seduziram serão amarrados com correntes para sempre.
40De acordo com seus graus de corrupção eles serão aprisionados, e
todas as suas obras desaparecerão da face da terra; desde então alí não
haverá ninguém para corromper, pois o Filho do homem foi visto
assentado sobre Seu trono de glória.
41Toda iniquidade desaparecerá e se apartará de diante de Sua face; a
palavra do Filho do homem se tornará poderosa na presença do Senhor
dos espíritos.
42Esta é a terceira parábola de Enoque.
Capítulo 69
1Depois disto o nome do Filho do homem, vivendo com o Senhor dos
espíritos, foi exaltado pelos habitantes da terra.
2Ele foi exaltado nas carruagens do Espírito e o seu nome estava no
meio deles.
3Desde aquele tempo eu não fui arrancado do meio deles; mas Ele
assentou-se entre dois espíritos, entre o norte e o oeste, onde os anjos
receberam seus cordões, para medir o lugar para os eleitos e os justos.
4Alí eu vi os pais dos primeiros homens e os santos que habitam naquele
lugar para sempre. 
Capítulo 70
1Depois disso meu espírito foi ocultado, ascendendo aos céus. Eu ví os
filhos dos santos anjos andando em chamas de fogo, cujas vestimentas e
mantos eram brancos e cujos semblantes eram transparentes como
cristal. 
2Eu vi dois rios de fogo brilhando como o jacinto.
3Então caí sobre minha face diante do Senhor dos espíritos.
4E Miguel, um dos arcanjos, tomou-me pela mão direita e levantou-me,
e trouxe-me para onde estava todo segredo de misericórdia e retidão.
5Ele me mostrou todas as coisas ocultas das extremidades do céu, todos
os receptáculos das estrelas e o seu esplendor, desde quando elas saíram
de diante da face do Santo.
6Ele escondeu o espírito de Enoque no céu dos céus.
7Alí eu vi no meio daquela luz uma construção levantada com pedras de
gelo,
8E no meio destas pedras vi vibrações de (72) de fogo vivo. Meu espírito
viu ao redor o círculo desta habitação flamejante em uma de suas
extremidades; que alí havia rios cheios de fogo vivo, o qual cercava-a.
(72) Vibrações. Literalmente, "línguas" (Laurence, p. 90).
9Então o Serafim, o Querubim, e o Ophanin (73) rodearam-na: estes são
aqueles que nunca adormecem, mas vigiam o trono de Sua glória.
(73) Ophanin. As "rodas" Ezequiel 1:15-21 (Charles, p. 162).
10Eu vi inumeráveis anjos, milhares de milhares, e miríades de miríades,
as quais rodeavam aquela habitação.
11Miguel, Rafael, Gabriel, Phanuel e os santos anjos que estavam acima
nos céus foram e sairam dele. Miguel, Rafael, e Gabriel sairam daquela
habitação, e santos anjos inumeráveis.
12Estava com eles o Ancião de dias, cuja cabeça era branca como o
algodão, e pura, e seu manto era indescritível.
13Então eu caí sobre minha face enquanto toda minha carne era
dissolvida, e meu espírito tornou-se transformado.
14Eu clamei com alta vóz com um poderoso espírito, abençoando,
glorificando, e exaltando.
15E aquelas bênçãos que procediam da minha bôca tornaram-se
aceitáveis na presença do Ancião de dias.
16O Ancião de dias veio com Miguel e Gabriel, e Rafal e Phanuel, com
milhares de milhares, e miríades de miríades, que não podiam ser
enumerados.
17Então aquele anjo veio a mim, com sua vóz saudou-me, dizendo: Tu
és o Filho do homem, (74) o qual é nascido para retidão, e retidão
descançou sobre ti.
(74) Filho do homem.  A tradução original de Laurence muda essa
fraze "descendência do homem", Knibb (p. 166) e Charles (p. 185)
indicam que deve ser "Filho do homem" consistente com outras
ocorrências daquele termo no livro de Enoque.
18A retidão do ancião de dias não te esquecerá.
19Ele disse: Em ti Ele conferirá paz em nome do mundo existente; por
isso a paz tem existido desde que o mundo foi criado.
20E assim acontecerá a ti para sempre e sempre.
21Todos os que existirão e caminharão em seus caminhos de retidão, não
te esquecerão para sempre.
22Contigo estarão suas habitações, contigo seu destino; de ti eles não
serão separados para sempre e sempre. 
23E assim o prolongamento dos dias estará com o Filho do homem.(75)
(75) Filho do homem. Literalmente, "descendência do homem", ou "o
Cristo que vem da descendência do homem”.
24A paz será para os justos e os retos possuirão o caminho da
integridade, em nome do Senhor dos espíritos, para sempre e sempre.
Capítulo 71
1O livro das revoluções das luminárias dos céus, de acordo com suas
respectivas classes, seus respectivos poderes, seus respectivos períodos,
seus respectivos nomes, os lugares conde elas começam seu progresso e
seus respectivos meses, que Uriel, o santo anjo que estava comigo,
explicou-me; aquele que as administra. Toda a conta delas de acordo
com o exato ano do mundo para sempre, até que um novo trabalho seja
efetuado, o qual será eterno.
2Esta é a primeira lei das luminárias. O sol e a luz chegam aos portões
que estão ao leste, ao oeste e no oeste dele, nos portões ocidentais do
céu.
3Eu vi os portões onde o sol sai e os portões onde o sol se põe,
4Em cujos portões também a lua nasce e se põe; Eu vi os condutores das
estrelas, entre aqueles que precedem-nas; seis portões estão no nascente,
e seis no poente do sol.
5Todos estes, respectivamente, um depois do outro, estão em nível; e
numerosas janelas estão ao lado direito e ao lado esquerdo destes
portões.
6Primeiro avança aquela grande luminária, a qual é chamada sól, cuja
órbita é a órbita do céu, toda ela está repleta com esplêndido e
flamejante fogo.
7Sua carruagem, onde ela ascende, o vento sopra.
8O sól se põe no céu e retornando pelo norte, para seguir em direção ao
leste, é conduzido assim enquanto entra por aquele portão e ilumina a
face do céu.
9Da mesma maneira ele sai no primeiro mês pelo grande portão.
10Ele sai através do quarto daqueles seis portões, que estão ao nascente
do sól.
11E no quarto portão, através do qual o sól com a lua prosseguem, na
primeira parte dele, (76) lá existem doze janelas abertas das quais sai uma
chama quando elas estão abertas em seus próprios períodos.
(76) Através do qual… parte dele. Ou, "do qual o sol se levanta no
primeiro mês" (Knibb, p. 168).
12Quando o sol se levanta no céu ele sai através deste quarto portão por
três dias, e pelo quarto portão ao oeste do céu no nível em que ele
descende.
13Durante aquele período o dia é prolongado durante o dia, e a noite
encurtado durante a noite por trinta dias. E então o dia é mais longo que
a noite por duas partes.
14O dia é precisamente, dez partes, e a noite é oito.
15O sól sai através deste quarto portão, se põe nele e volta para o quinto
portão durante trinta dias, depois do quê ele prossegue e se põe nele, o
quinto portão.
16Então o dia se torna prolongado por uma segunda porção de modo que
ele é doze partes, enquanto a noite se torna encurtada, e é apenas sete
partes.
17O sol então retorna para o leste, entrando no sexto portão, e nasce e se
põe no sexto portão trinta e um dias, na contagem de seus sinais.
18Naquele período o dia é mais longo que a noite, sendo duas vezes tão
longo quanto a noite, e chega a ser de doze partes;
19Mas a noite é encurtada e se torna em seis partes. Então o sol nasce
para que o dia possa ser encurtado e a noite prolongada.
20E o sol retorna para o leste entrando pelo sexto portão, onde ele nasce
e se põe por trinta dias. 
21Quando aquele período é completado o dia chega a ser encurtado
precisamente uma parte, de modo que ele é de doze partes, enquanto
que a noite é de sete partes.
22Então o sól vai do oeste, daquele sexto portão, e prosegue em direção
ao leste nascento no quinto portão por trinta dias e se pondo novamente
ao oeste no quinto portão do oeste.
23Naquele período o dia chega a ser encurtado duas partes, e é de dez
partes, enquanto que a noite é de oito partes.
24Então o sól vai do quinto portão, enquanto se põe no sexto portão do
oeste e nasce no quarto portão por trinta e um dias, na conta de seus
sinais, se pondo a oeste.
25Naquele período o dia é feito igual à noite e, sendo igual a ela, a noite
torna-se a nove partes, e o dia nove partes.
26Então o sól vai daquele portão enquanto ele se põe no oeste, e
retornando pelo leste prossegue pelo terceiro portão por trinta dias, se
pondo no oeste no terceiro portão. 
27Naquele período a noite é prolongado desde o dia durante trinta
manhãs, e o dia é encurtado desde o dia durante trinta dias; a noite
sendo precisamente de dez partes, e o dia oito partes
28O sól então sai do terceiro portão, enquanto ele se põe no terceiro
portão no oeste; mas retornando para o leste. Ele prossegue pelo
segundo portão do leste por trinta dias. 
29De igual maneira ele também se põe no segundo portão na direção
oeste do céu.
30Naquele período a noite é onze partes, e o dia sete partes. 
31Então o sol sai naquele tempo pelo segundo portão, enquanto se põe
no segundo portão no oeste, mas retorna para o leste, proceguindo pelo
primeiro portão, por trinta e um dias. 
32E se pões no oeste no primeiro portão.
33Naquele período a noite é novamente prolongada tanto quanto o dia.
34Ela é precisamente de doze partes, enquanto que o dia é seis partes.
35O sól tem assim completado seus começos, e uma segunda vêz de
volta desde estes começos.
36Naquele primeiro portão ele entra por trinta dias, e se põe no oeste,
defronte do céu.
37Naeuele período a noite é contraida em seu comprimento uma quarta
parte, que é, uma porção, e se torna onze partes.
38O dia é de sete partes.
39Então o sol retorna, e entra no segundo portão ao leste.
40ele retorna por estes começos trinta dias, nascendo e se pondo.
41Naquele período, a noite é encurtado em seu comprimento. Ela se
torna dez partes, e o dia oito partes. Então o sól sai do segundo portão, e
se põe a oeste; mas retorna pelo leste, e nasce no leste, no terceiro
portão, trinta e um dias, se pondo no oeste do céu.
42Naquele período a noite se torna encortada, Ela é nove partes. E a
noite é igual ao dia. O ano é precisamente trezentos e sessenta e quatro
dias
43Prolongamento do dia e da noite, e a contração do dia e da noite, são
feitos diferentes um do outro pelo progresso do sól. 
44Por meio deste progresso o dia é diariamente prolongado, e a noite
grandemente encurtada.
45Esta é a lei e o progresso do sól, e suas voltas, quando ele retorna,
voltando durante sessenta dias, (77) e seguindo em frente. Esta é a grande
perpétua luminária, aquela que ele chama o sól para sempre e sempre.
(77) O que é, ele está sessenta dias nos mesmos portões, viz. Trinta dias
duas vezes cada ano. (Laurence, p. 97).
46Este também é aquele que goes forth uma grande luminária, e a qual é
chamada segundo seu tipo peculiar, como Deus ordenou.
47E assim ele entra e sai, nem afrouxando nem descançando; mas
correndo em sua carruagem de dia e de noite. Ele brilha com uma
sétima porção da luz da lua; (78) mas as dimensões de ambos são iguais.
(78) ele brilha com…da lua. Ou, "Sua luz é sete vezes mais brilhante
que a da lua" (Knibb, p. 171). O texto aramaico descreve mais
claramente como a luz da lua aumenta e diminui pela metade de uma
sétima parte cada dia. Aqui na verção etíope, a lua é considerada como
duas metades, cada metade sendo dividida em sete partes. Por isso,
“quatorze porções" of 72:9-10 (Knibb, p. 171).
Capítulo 72
1Depois disso eu vi outra lei fe uma luminária inferior, o nome da qual é
a lua, e a órbita da qual é como a órbita do céu.
2Sua carruagem, a qual secretamente ascende, o vento sopra; e luz é
dada a ela por medida.
3Cada mês em sua saída e entrada ela torna-se transformada; e seus
períodos são como os períodos do sól. E quando de igual maneira sua
luz é para existir, (79) sua luz é uma sétima porção da luz do sol.
(79) E quando de… é para existir. Isto é, quando a lua está cheia
(Knibb, p. 171).
4Assim ela nasce, e seu começo em direção ao leste sai por trinta dias.
5Naquele tempo ela aparece, e torna-se para você o começo do mês.
Trinta dias  ela está com o sól no portão do qual o sól nasce.
6Metade dela está em prolongamento sete porções, uma metade; e o
total de sua órbita é sem luz, exceto uma sétima porção de quatorze
porções de sua luz. E de dia ela recebe uma sétima porção, ou a metade
daquela porção, de sua luz. Sua luz é por sete, por uma porção, e pela
metade de uma porção. Seus crepúsculos com o sól.
7E quando o sol nasce, a lua nasce com ele; e recebe metade de uma
porção de luz.
8Nesta noite, quando ela começa seu período, previamente para o dia do
mêz, a lua se põe com o sól.
9E naquela noite ela é escura em suas décimas quartas porções, que é,
em cada  metade; mas ela nasce naquele dia com uma sétima porção
prexidamente, e em seu progresso declina do nascer do sól.
10Durante o restante de seu período sua luz aumenta em quatorze
porções.
Chapter 73
1Então eu vi outro progresso e regulações que Ele efetuou na lei da lua.
O progresso das luas, e tudo o que se relaciona com ela, Uriel mostrou-
me, o santo anjo que administra a todos.
2Suas estações eu escrevi enquanto ele mostrava-os a mim.
3Eu escrevi teus meses, como eles ocorrem, e a aparência de sua luz, até
que ela é completada em quinze dias.
4Em cada um de seus dois sétimos de porções ela completa toda sua luz
ao nascer e se pôr. 
5Em determinados meses ela muda seus crepúsculos; e em determinados
meses ela faz seu progresso através de cada portão. Em dois portões a
lua se põe com o sól , viz. Naqueles dois portões que estão no meio, no
terceiro e no quarto portão. Do terceiro portão ela sai por sete dias, e
faz seu circuito.
6Novamente ela retorna para o portão do qual o sól nasce, e naquele ela
completa toda a sua luz. Então ela decluna do sól, e entra por oito dias
no sexto portão, e retorna em sete dias para o terceiro portão, no qual o
sól nasce.
7Quando o sól prossegue para o quarto portão, a lua sai por sete dias, até
ela passar do quinto portão.
8Novamente ela retorna em sete dias para o quarto portão, e
completando toda a sua luz, declina, e passa pelo primeiro portão em
oito dias;
9E retorna em sete dias para o quarto portão, do qual o sól nascel.
10Assim eu vi suas estações, como de acordo com a ordem fixada dos
meses o sól nasce e se põe. 
11Nesses tempos há um excesso de trinta dias pertencentes ao sól em
cinco anos; todos os dias pertencentes a cada ano de cinco anos, quendo
completados, somam trezentos e sessenta e quatro dias; e ao sól e às
estrelas; belys em cada um dos cinco anos; assim trinta dias pertencem a
eles;
12De modo que a lua tem trinta dias a menos que o sól e as estrelas.
13A lua traz em todos os anos exatamente, para que suas estações
possam vir nem tão adiante nem tão para traz um simples dia; mas que
os anos possam ser mudados com correta precisão nos trzentos e
sessenta e quatro dias. Em três anos os dias são mil e noventa e dois; em
cinco anos eles são mil oitocentos e vinte; e em oito anos dois mil
novecentos e vinte dias.
14Para a lua só corresponde em três anos mil e sessenta e dois dias; em
cinco anos ela tem cinqüenta dias menos que o sól, pois uma adição
sendo feita a mil e sessenta e dois dias, em cinco anos há mil setecentos
e setenta dias; e os dias da lua em oito anos são dois mil  oitocentos e
trinta e dois dias
15Pois os seus dias em oito anos são menos que aqueles do sol por
oitenta dias, cujos oitenta dias são sua diminuição em oito anos. 
16O ano então se torna verdadeiramente completo de acordo com a
estação da lua, e a estaão do sol; o qual nasce em diferentes portões; o
qual nasce e se pões neles por trinta dias.
Capítulo 74
1Estes são os líderes dos chefes dos milhares, os quais presidem sobre
toda criação, e sobre todas as estrelas; com os quatro dias que são
adicionados e nunca se separam do lugar a eles determinados, de acordo
com o cálculo completo do ano.
2E estes sersvem quatro dias, os quais não são contados no cálculo do
ano.
3Com respeito a eles, os homens erram grandemente, pois estas
luminárias verdadeiramente servem, no lugar de habitação do mundo,
um dia no primeiro portão, um dia no terceiro portão, um dia no quarto
portão, e um dia no sexto portão.
4E a harmonia do mundo torna-se completo a cada trezentos e sessenta e
quatro estados dele. Para os sinais.
5As estações,
6Os anos,
7E Uriel me mostrou os dias; o anjo que o Senhor da gória escolheu
sobre todas as luminárias.
8Do céu no céu, e no mundo; para que possa governar na face do céu, e
aparecendo sobre a terra, se tornam
9Condutores dos dias e noites: o sól, a lua, as estrelas, e todas as
luminárias do céu, que fazem seu circuito com todas as carruagens do
céu. 
10Então Uriel me mostrou doze portões abertos para o circuito das
carruagens do sól no céu, no qual os raios do sól batem.
11Deles procede calor sobre a terra, quando eles são abertos em suas
determinadas estações. Eles são estão para os ventos, e o espírito da
neblina, quando em suas estações eles são abertos; abertos no céu nas
suas extremidades.
12Doze portões eu vi no céu, nas extremidades da terra, atraves do qual
o sól, a lua e estrelas, e todas as obras do céu, procedem no seu nascer e
no seu crepúsculo.
13Muitas janelas também são abertas à direita e à esquerda.
14Uma janela numa certa estação se torna extremamente quente. Assim
também estão portões dos quais as estrelas saem quando são
comandadas, e nos quais se põem de acordo com seu número.
15Eu vi igualmente as carruagens do céu, correndo no mundo acima
daqueles portões nos quais as estrelas turn, which never set. Um deles é
maior de todos, que vai ao redor de todo o mundo.
Capítulo 75
1E nas estremidades da terra eu vi doze portões abertos para todos os
ventos, dos quais eles saem e sopram sobre a terra.
2Três deles estão abertos em frente do céu, três no oeste, três no lado
direito do céu, e tres no lado esquerdo. Os tres primeiros são aqueles
que estão virados para o leste, tres estão virados para o norte, tres atrás
daqueles que estão sobre a esquerda, vidados para o sul, e tres para o
oeste.
3De quatro deles saem ventos de bênção, e de cura; e de oito vêm ventos
de punição ou castigo; quando eles são enviados para destruir a terra, e
o céu acima dela, todos os seus habitantes, e e tudo o que está
nas  águas, ou na terra sêca. 
4O primeiro destes ventos procede do portão termed the eastern, através
do primeiro portão ao leste, o qual se inclina para o sul. Deste portão sai
destruição,  drought, heat, and perdition.
5Do segundo portão, o do meio, procede igualmente equity. There issue
da chuva, frugalidade, saúde e orvalho; e do terceiro portão ao norte,
vêm o frio e a seca.
6Depois destes procedem os ventos do sul através de três principais
portões; através do seu primeiro portão, que inclina-se para o leste, vem
um vento quente.
7Mas do portão do meio vem um agradável odor, orvalho, chuva, saúde
e vida.
8Do terceiro portão, que está ao oeste, vem orvalho, chuva, ruína e
destruição.
9Depois After these estão os ventos do norte, que é chamado mar. Eles
vêm dos tres portões. O primeiro (80) portão é aquele que está ao leste,
inclinando-se ao sul; deste vem orvalho, chuva, ruína e destuição.
Direto do portão do meio vem chuva, orvalho, vida e saúde. E fo
terceiro portáo, que está ao leste, inclinando-se ao sul, vem névoa,
geada, neve, chuva, orbalho e destruição.
(80) Primeiro. Ou, "sétimo" (Knibb, p. 178).
10Depois destes, no quarto quadrante estão os ventos do oeste. Do
primeiro portão, inclinando-se ao norte, vem orvalho, chuva, geada,
fruim neve e frio; do portão do meio vem chuva, saúde e bênção;
11E do último portão, que está ao sul, vem seca, destruição, queima e
perdição.
12O informe dos doze portões dos quatro quadrantes do céi está
terminada.
13Todas as suas leis, todas as suas imposições de punição, e a saúde
produzida por eles, eu expliquei a ti, meu filho Matusalém. (81)
(81) Matusalém. Filho de Enoque, Cp. Gen. 5:21.
Capítulo 76
1O primeiro vento é chamado oriental, porque é o primeiro.
2O segundo é chamado do sul, porque o Altíssimo desce, e
freqüentemente alí desce aquele que é abençoado para sempre.
3O vento ocidental tem o nome de diminuição, porque ali todas as
luminárias do céuestão diminuídas, e descem.
4O quarto portáo, cujo nome é do norte, é dividido em três pártes; uma
das quais é para a habitação do homem; outra parte para mares de águas,
com vales, bosques, rios, lugares sombrios, e neve, e a terceira parte
contém o paradise.
5Sete altas montanhas eu vi, mais altas do que todas as montanhas da
terra, de onde o congelamento procede; enquanto os dias, estações, e
anos apartan-se e passam.
6Sete rios eu vi sobre a terra, maiores que todos os rios, um dos quais
toma seu curso do oeste; para um grande mar suas águas fluem.
7Dois vêm do norte para o mar, suas águas fluem para o Mar da Eritréia,
(82) no leste. E com respeito aos outros quatro, eles tomam seu curso na
cavidade do norte, dois para seu mar, o mar da Eritréia, e dois são
derramados num grande mar, onde também é dito que é um deserto.
(82) O Mar Vermelho.
8Sete grandes ilhas eu vi no mar da terra. Sete no grande mar.
Capítulo 77
1Os nome so sól são estes: um é Aryares, o outro Tomas.
2A lua tem quatro nomes. O primeiro é Asonya; o segundo, Ebla; o
terceiro, Benase; e o quarto, Erae.
3Estes são as duas grandes luminárias, cujas órbitas são como as órbitas
do céu; e as dimenções de ambos são iguais. 
4Na órbita do sól há uma sétima porção de luz, a qual é adicionada
àquela que vem da lua. (83) Por medida y measure it is put in, até a
sétima porção da luz do sól é passada. Eles se põem, entram no portão
ocidentão, circulam pelo norte, e através do portão oriental passam pela
face do céu.
(83) Uma sétima porção… da lua. Ou, "sete partes da luz que são
adicionadas e ele mais do que à lua" (Knibb, p. 182).
5Quando a lua nasce, ela aparece no céu; e a metade da sétima porção de
luz é tudo o que está nela.
6Em quarenta dias toda a sua luz é completada.
7Por três quíntuplos de luz são colocados nela, até que em quinze dias
sua luz é completada, de acordo com os sinais do ano; ela tem três
quíntuplos.
8A lua tem a metade de uma sétima porção.
9Durante sua diminuição no primeiro dia sua luz decresce uma décima
quarta parte; no segundo dia é diminuída uma décima terceira parte; no
terceiro dia uma décima segunda parte; no quarto dia uma décima
primeira parte; no quinto dia uma décima parte; no sexto dia uma nona
parte; no sétimo dia ela decresce uma oitava parte; no oitavo dia ela
decresce uma sétima parte; no nono dia ela decresce uma sexta parte; no
décimo dia ela decresce uma quinta parte; no décimo primeiro dia ela
decresce uma quarta parte; no décimo segundo dia ela decresce uma
terceira parte; no décimo terceiro dia ela decresce uma segunda parte;
no décimo quarto dia ela decresce a metade de uma sétima parte; e no
décimo quinto dia todo o restante da sua luz é consumido.
10Nos meses declarados a lua tem vinte e nove dias.
11Ela também tem um período de vinte e oito dias.
12Uriel igualmente mostrou-me outro regulamento, quando a luz é
derramada nela vinda do sól.
13Todo o tempo em que a lua está em progresso com a sua luz, it is
poured into it na presença do sól, até que sua luz em quatorze dias seja
completada no céu.
14E quando é totalmente extinta, sua luz é consumida no céu; e no
primeiro dia ela é chamada lua nova, pois naquele dia luz é recebida
nela.
15Ela torna-se precisamente completa no dia em que o sól desce no oeste,
enquanto a lua sobe à noite do leste.
16A lua então brilha toda a noite, até que o sól se levante diante dela;
quando a lua desaparece diante do sól
17De onde a luz vem  para a lua, alí novamente ela decresce, até que
toda sua luz sema extinguida, e os dias da lua passam. 
18Então sua órbita permanece solitária sem luz.
19Durante três meses ela efetua em trinta dias, a cada mês seu período; e
durante mais tres meses ela efetua-o em vinte e nove dias. Estes são os
tempos nos quais ela efetua seu decrécimo em seu primeiro período, e
no primeiro portão, nomeadamente, e, cento e setenta e sete dias.
20E no tempo de seu andamento durante tres meses ela aprece trinta dias
cada, e durante mais tres meses ela aparece vinte e nove dias cada.
21À noite ela aparece a cada vinte dias como a face de um homem, e no
dia como o céu; pois ela não é nada além de sua luz.
Capítulo 78
1E então, meu filho Matusalém, eu te mostrei tudo; e o relato de toda
ordenança das estrelas do céu está terminado.
2Ele mostrou-me todo decreto com respeito a elas, o que toma lugar em
todos os tempos e em todas as estações sob cada influência, em todos os
anos, na chegada e sob a  regra de cada, durante cada mês e a cada
semana.  Ele mostrou-me e tambpem o decréscimo da lua, que é
efetuada no sexto portão; pois naquele sexto portão sua luz é consumida.
3From this é o começo do mês; e seu decréscimo é efetuado no sexto
portáo em seu período, até cento e setenta e sete dias são completados;
de acordo com o modo do cálculo pelas semanas, vinte e cinco semanas
e dois dias.
4Seus períodos são menos que os do sól, de acordo com a regra das
estrelas, por cinco dias em meio ano (84) precisamente.
(84) Em meio ano. Literalmente "em um tempo" (Laurence, p. 110).
5Quando aquela sua visível situação é completada. Assim é o
aparecimento e a semelhança de toda luminária, que Uriel, o grande
anjo que as conduz, mostrou-me.
Capítulo 79
1Naqueles dias Urieu respondeu-me e disse: Eus, eu mostrei-te todas as
coisas, óh Enoque;
2E todas as coisas eu te revelei. Você viu o sól, a lua, e aqueles que
conduzem as estrelas do céu, que ocasionam todas as suas operações,
estações, e chegadas para retorno.
3Nos dias dos pecadores os anos serão encurtados.
4Sua semente será retroagida em seu prolífico solo; e tudo o que é feito
na terra será subvertido, e desaparecem em suas estações. A chuva será
restringida, e o céu ainda permanecerá.
5Naqueles dias os frutos da terra serão tardios, e não florecerão na sua
estação; e en sua estação os frutos das árvores serão retidos.
6A lua mudará suas leis, e não será vista em seu período. Mas naqueles
dias o céu será vista; e esterilidade tomará lugar nas fornteiras das
grandes carruagens no oeste. O céu brilhará mais do que quando
iluminado por ordem da luz; enquanto muitos chefes entre as estrelas de
autoridade errarão, pervertendo seus  caminhos e obras.
7Elas não aparecerão na sua estação, que lhes foi ordenada, e todas as
classes de estrelas serão fechadas contra os pecadores.
8Os pensamentos daqueles que habitam na terra transgredirão dentro
deles; e eles se perverterão em todos so seus caminhos.
9Eles transgredirão, e considerarão a si mesmos (85) deuses; enquanto
que o mal se multiplicará entre eles.
(85) A si mesmos. Ou, "eles”  i.e., os chefes entre as estrelas (vs. 6)
(Knibb, p. 186).
10E castigo virá sobre eles, para que todos eles sejam destruidos.
Capítulo 80
1ele disse: Óh, Enoque, olha no livro que o céu tem gradualmente
derramado; (86) e, lendo o que está escrito nele, entenda toda parte dele.
(86) O livro que… derramado. Ou, "o livro das tablets do céu" (Knibb,
p. 186).
2Então eu olhei em tudo o que está escrito, e entendi tudo, lendo o livro
e todas as coisas escritas nele, e entendi tudo, todas as obras do homem;
3E de todos os filhos da carne sobre a terra, durante as gerações do
mundo.
4Imediatamente depois ei vi o Senhor, o Rei da glória, o qual tem assim
para sempre formado toda a workmanship do mundo.
5E eu glorifiquei o Senhor, por conta de sua longanimidade e bênçãos
para com os filhos do mundo.
6Naquele tempo eu disse: Abençoado é o homem que morre justo e bom,
contra quem nenhuma relação de crime foi escrito, e em quem
iniquidade não é encontrada.
7Então aqueles três santos fizeram com que eu me aproximasse, e
colocaram-me na terra, diante da porta da minha casa.
8E eles disseram-me: Explica tudo a Matusalém, teu filho; e informa a
todos os teus filhos, que nenhuma carne será justificada diante do
Senhor; pois Ele é seu Criador.
9Durante um ano nós te deixaremos com teus filhos, até que tenhas
novamente retomado suas forças, para que possas instruir tua família,
escreve estas coisas e  explica-as  aos teus filhos. Mas em outro ano tu
serás tomado do meio deles; e seus corações serão fortalecidos; pois os
eleitos shall point out retidão para os leleitos; os justos com os justos se
regozijarão, congratulando-se uns cons ou outros, mas os pecadores
com os pecadores morrerão,
10E os pervertidos com os pervertidos serão afogados.
11Aqueles que também agiram retamente morrerão por conta das obras
dos homens, e serão reunidos por causa das obras dos iníquos.
12Naqueles dias eles terminaram de converçar comigo.
13E eu retornei para meus companheiros, abençoando o Senhor dos
mundos.
Capítulo 81
1Agora, meu filho Matusalém, todas estas coisas eu te falei, e te escrevi.
A você eu revelei tudo, e te dei os livros de tudo.
2Preserve, meu filho Matusalém, os livros escritos por teu pai; para que
possas revelá-los às futuras gerações.
3Eu tenho dado a ti sabedoria, aos teus filhos e à tua posteridade, para
que eles possam revelar aos seus filhos, por gerações para sempre, esta
sabedoria em suas palavras; e para que aqueles que compreendem não
duramam, mas ouçam com seus ouvidos; para que eles possam aprender
sabedoria, e sejam considerados dignos de comer esta saldável comida. 
4Abençoados são todos os justos, abençoados são todos os que andam
em retidão, nos quais crime não é encontrado, como nos pecadore,
quando todos os seus dias são contados.
5Com respeito ao progresso do sól no céu, ele entra e sai de cada portão
por trinta dias, com os líderes de milhares de estrelas; com quatro que
são adicionadas, e aparecem nos quatro quartos do ano, os quais
conduzem-nos, e acompanhnam-nos em seus quatro períodos. 
6Com respeito a eles, os homens erram grandemente, e não calculam-
nos nos cálculos de cada era; pois eles grandemente erram com  respeito
a eles; men os homens conhecem acuradamente o que eles são no
cálculo do ano. Mas certamente eles são marcados a menos para sempre;
um noprimeiro portão, um no terceiro, um no quarto, e um no sexto:
7Para que o ano esteja completo em trezentos e sessenta e quatro dias.
8Verdadeiramente tem sido declarado, e acuradamente tem sido
calculado o que está marcado; pois as luminárias, os meses, os períodos
fixados, os anos, e os dias, Uriel explicou a mim, e comunicou a mim; a
quem o Senhor de toda criação, por consideração de mim, ordenou, (de
acordo com o poder do céu, e o porder que ele possui tanto de dia
quanto de noite) pra explicar as leis da luz ao homem, do sol, da lua, e
das estrelas, e de todo o poder do ceu, que está voltado em suas
respectivas órbitas.
9Esta é a ordenança das estrelas, que se poem em seus lugares, em suas
estações, em seus períodos, em seus dias, e em seus meses.
10Estes são os nomes daqueles que as conduzem, que vigiam e entram
em suas estações de acordo com suas ordenanças e seus períodos, em
seus meses, nos tempos de sua influência, e em suas estações.
11Quatro condutores deles entram primeiro, os quais separam os quatro
quartos do ano. Depois destes, doze contutores de suas classes, que
separam os meses e o ano em trezentos e sessenta e quatro dias, com os
líderes de mil, os quais distringuem entre os dias, tanto quanto entre os
quatro adicionais; os quais, como condutores, dividem os quatro quartos
do ano.
12Estes líderes de mil estão no meio dos condutores, e aos condutores
são adicionados atraz de sua estação, e seus condutores fazem a
separação. Estes são os nomes dos condutores, os quais separam os
quatro quartos do ano, os quais são escolhidos sobre 
eles: Melkel, Helammelak,
13Meliyal, and Narel.
14E os nomes dos que conduzem-nos são Adnarel, Jyasusal, and
Jyelumeal.
15Estes são os tres que seguem os condutores das classes de estrelas;
cada um seguindo os tres condutores de classes, os quais seguem
aqueles condutores das estações, que dividem os quatro quartos do ano.
16Na primeira parte do ano levanta-se e governa Melkyas, que é
chamado Tamani, e Zahay. (87)
(87) Tamani, e Zahay. Ou, "o sol do sul" (Knibb, p. 190).
17Todos os dias de sua influência, durante os quais ele governa, são
noventa e um dias.
18E estes são os sinais dos dias que são vistos sobre a terra. Nos dias de
sua influência há transpiração, calor e dificuldade. Todas as árvores se
tornam frutíferas; as folhas de cada árvore aparecem; o milho é colhido;
a rosa e todas as espécies de flores florecem no campo; e as árvores do
inverno são secadas.
19Estes são os nomes dos condutores que estão sob eles: Barkel,
Zelsabel; e outro condutor adicional de mil é chamado Heloyalef, os
diaas de cuja infoluência tem sido completados. O outro confutor depois
deles é Helemmelek, cujo nome eles chamam o esplêndido Zahay. (88)
(88) Zahay. Ou, "sol" (Knibb, p. 191).
20Todos os dias de sua luz são noventa e um dias.
21Estes são os sinais dos dias sobre a terra, calor e seca; enquanto as
árvores dão seus frutos, aquecidas e preparadas, e dão seus frutos para
seca.
22Os rebanhos seguem e criam (89) Todos os frutos da terra são colhidos,
com tudo nos campos, e as vinhas são pisadas. Isto acontece durante o
tempo de sua influência. 
(89) Seguem e criam. Acasalam e dão filhos.
23Estes são seus nomes e ordens, e os nomes dos condutores que estão
sob eles, dos que são chefes de mil: Gedaeyal, Keel, Heel.
24E o nome do líder adicional de mil é Asphael.
25Os dias de sua influência foi completado.
Capítulo 82
1E agora e te mostrei, meu filho Matusalém, toda visão que eu vi  antes
de você nascer. Eu relatarei outra visão, que eu vi antes que eu fosse
casado; elas assemelham-se uma à outra.
2A primeira foi quando eu estava aprendendo de um livro; e a outra eu
estava casado com tua mãe. Eu vi uma potente visão; 
3E por conta destas coisas eu supliquei ao Senhor.
4 Eu estava deitado na casa de meu avô Malalel, quando eu vi numa
visão o céu se purificando, e sendo arrebatado. (90)
(90) Purificando, e sendo arrebatado. Ou, "estava sendo arremessado
e removido" (Knibb, p. 192).
5E caindo na terra, (91) eu vi igualmente a terra sendo absorvida por um
grande ab ismo; e montanhas suspendidas sobre montanhas.
(91) e caindo na terra. Ou, "e quando ele caiu sobre a terra" (Knibb, p.
192).
6Montanhas foram afundadas subre colinas,árvores imponentes
planaram sobre seus troncos, e estavam no  ato de serem projetadas, e
de serem arremessadas para o abismo.
7Estando alarmado por estas coisas, minha voz hezitou. (92) Eu clamei e
disse: A terra é destruída. Então meu avô Malalel levantou e disse-me:
Por que clamas, meu filho? E por que lamentas?
(92) Minha voz hezitou. Literalmente "a palavra caiu de minha boca"
(Laurence, p. 118).
8Eu relatei a ele toda a visão que eu havia visto. Ele disse-me:
Confirmado está o que tu tem visto, meu filho;
9E potente a visão do teu sonho com respeito a todo pecado secreto da
terra.  Sua substância será submersa no abismo, e grande destruição
acontecerá.
10Agora, meu filho, levanta; e suplica ao Senhor da glória (pois tu és
fiel), para que um remanescente possa ser deixado sobre a terra, e que
ele possa não destrui-lo totalmente. Meu filho, toda esta calamidade
sobre a terra descerá do céu; sobre a terra haverá grande destruição. 
11Então eu levantei, orei, e implorei; e escrevi minha oração para as
gerações do mundo, explicando tudo ao meu filho Matusalém.
12Quando eu desci abaixo, e olhando para o céu, vi o sol vindo do leste,
a lua descendo do oeste, e algumas estrelas  espalhadas, e tudo o que
Deus tem conhecido desde o princípio, eu abençoei o Senhor do
julgamento, e magnifiquei-o: porque ele tem enviado o sol dos
aposentos (93) do leste; para que, ascendendo e levantando na face do ceu,
possa crescer e seguir o caminho que foi apontado para ele.
(93) Aposentos.. Literalmente, "janelas" (Laurence, p. 119).
Capítulo 83
1Eu elevei minhas mãos em retidão, e abençoei o santo, e o Grande. Eu
falei com o sopro da minha boca, e com a língua da carne, que Deus
havia formado para todos so filhos dos homens mortais, para que eles
possam falar; dando-lhes fôlego, boca, e língua para conversar. 
2Abençoado és tu, Ó Senhor, o Rei, grande e poderoso em sua grandeza,
Senhor de toda criatura do céu, Rei dos reis, Deus de todo o mundo,
cujo reinado, e cujo reino e magestade duram para sempre e sempre.
3 De geração a geranão teu domínio existirá. Todos os céus são teu trono
para sempre, e toda a terra o escabelo de teus pés para sempre e sempre.
4Pois tu os fêz, e sobre todos reinas. Nenhum ato excede teu poder. Com
tua sabedoria és imutável, nen do teu trono, nem de tua presença ela
nunca se desvia. Tu sabes tudas as coisas, vês e ouve-as; nada se
esconde de ti; pois tu percebes tudas as coisas.
5Os anjos de teus céus transgrediram, e em carne mortal tua ira
permanece, até o dia do grande julgamento,
6Então, Ó Deus, Senhor e poderoso Rei, eu imploro-te, e suplico-te que
respondas minha oração, para que uma posteridade me possa ser
deixada na terra, e que toda a raça humana não pereça;
7Para que a terra não seja deixada destituída, e destruição tome lugar
para sempre. 
8Ó meu Senhor, que pereça da terra a raça que tem te ofendido, mas que
uma justa e reta raça estabeleças por uma posteridade (94) para sempre.
Não escondas tua face, ó Senhor, da oração do teu servo. 
(94) Por uma posteridade. Literalmente "para a plata de uma semente"
(Laurence, p. 121).
Capítulo 84
1Depois disto eu vi outro sonho, e expliquei-o todo a ti, meu filho.
Enoque levantou e disse a seu filho Matusalém: A ti, meu filho, eu
falarei. Ouví minha palavra, e inclina teu ouvido ao sonho vidionário de
tue pai. Antes que eu tivesse casado com Edna, tua mãe, eu vi uma
visão em minha cama; (95)
(95) Esta segunda visão de enoque parece representar em linguagem
simbólica a história completa do mundo desde o tempo de Adão até o
julgamento final e o estabelecimento do Reinado Messiânico. (Charles,
p. 227).
2E ví, uma vaca crescer da terra;
3E esta vaca era branca.
4Depois disso uam heifer fêmea cresceu; e com ela outro heifer: (96) Um
deles era negro, e outro era vermelho. (97)
(96) Outro heifer. O senso parece requerer que a passagem deve ser
lida: "dois outros heifers" (Laurence, p. 121).
(97) Caim and Abel.
5O heifer negro então golpeou o vermelho, e o perseguiu sobre a terra. 
6Daquele tempo em diante eu não pude ver nada mais a respeito do
heifer vermelho; mas o negro aumentou de tamanho, e uma heifer
fêmea veio com ele.
7Depois disto eu ví muitas vacas procederam, reunindo-se a ele, e
seguindo após ele.
8A primeira jovem fêmea também saiu da presença da primeira vaca; e
procurou o heifer vermelho, mas não o encontrou.
9E ela lamentou com grande lamentação, enquanto ela procurava por ele. 
10Então eu olhei até que aquela primeira vaca veio até ela, e desse
tempo em diante, ela se tornou silente, e cessou de lamentar.
11Depois disso ela pariu outra vaca branca.
12E novamente pariu muitas vacas e heifers negros.
13Em meu sonho eu também percebi um touro branco, o qual de igual
maneira cresceu, e se tornou yn grabde tiyri branco.
14Depois dele muitas vacas brancas vieram, se juntando a ele.
15E eles começaram a parir muitas outras vacas brancas, que se
assemelharam a eles e seguiram umas às outras.
Capítulo 85
1Novamente eu olhei atentamente, enquando dormindo, e examinei o
céu acima.
2E ví uma estrela cair do cén.
3A qual estando levantada, comeu e fugiu de entre aquelas vacas.
4Depois disso eu ví outras grandes e vacas negras; e vi todas elas
mudarem suas baias e pastagens, whroe seus jovens começam a
lamentear um com o outro. Novamente eu vi em minha visão, e
examinei o céu; então vi muitas estrelas descendo, e projetando-se do
céu para onde a primeira estrela estava,
5No meio destes jovens; enquanto as vacas estavam com eles,
alimentando-se no meio deles.
6Eu olhei e observei-os; quando olhei, eles todos agiram segundo a
maneira dos cavalos, e começaram a se aproximar das vacas novas, e
todas elas ficaram prenhes, e geraram elefantes, cameles e asnos
7Nisto todas as vacas ficaram alarmadas e apavoradas; quando elas
começaram morder com seis dentes, tragando e golpeando com seus
chifres. 
8Elas começaram também a devorar as vacas; e vi todos os filhos da
terra tremerem, chocados com o terror deles, e de repente fugiram.
Chapter 86
1Novamente eu percebi-os, quando eles começaram a morder e devorar
um ao outro; e a terra clamou. Então eu levantei meus olhos uma
segunda vez em direção ao céu, e vi numa visão que, eis que vieram do
céu como se fosse a semelhança de homens brancos. Um veio from
thence, e três com ele.
2Aqueles três, que vieram por último, pegaram-me pela minha mão; e
ergueram-me das gerações da terra, elevaram-me a uma alta estação.
3Então eles mostraram-me uma eleveda torre na terra, enquanto todo
monte tornou-se diminuído. E eles disseram: Permanece aqui, até que
perceba o que virá sobre esses elefantes, camelos, e asnos, sobre as
estrelas, e sobre as vacas.
Capítulo 87
1Então eu olhei para um dos quatro homens brancos, que veio primeiro.
2Ele segurou a primeira estrela que caiu do céu.
3E amarrando-a, mãos e pés, lançou-a a um vale; um vale estreito,
profundo, estupendo, e escuro.
4Então um deles puxou sua espada, e deu-a aos elefantes, camelos, e
asnos, que começaram a morder um ao outro. E toda a terra tremeu por
causa deles. 
5E enquanto eu via a visão, eis, um daqueles quatro anjos que vieram,
lançado do céu, reuniu e tocou todas as grandes estrelas, cuja forma
assemelha-se parcialmente à dos cavalos; e amarrando-os todos, mãos e
pés, lançou-as nas cavidades da terra.
Capítulo 88
1Então um daqueles quatro foi para as vacas brancas, e ensinou a elas
um mistério. Enquanto as vacas estravam tremendo, ele nasceu e
tornou-se um homem, (98) e fabricou para si um grande barco. Nele ele
habitou, e tres vacas (99) habitaram com ele naquele barco, que cobriu-os.
(98)
Noé.
(99) Sem, Cam, e Jafé.
2Novamente eu elevei meus olhos para o céu, e vi um umponente
telhado. Acima dele havia sete cataratas, que derramavam numa certa
vila muita água. 
3Novamente eu olhei, e vi que haviam fontes abertas na terra naquela
grande vila.
4A água começou a ferver, e elevar-se sobre a terra; de modo que a vila
não foi vista, enquanto todo o solo foi coberto com água.
5Muita água saiu dela, escuridão, e novems. Então eu examine a altura
desta água, e ela estava elevada acima da vila.
6Ela fluiu sobre a vila, e ficou mais alta do que a terra.
7Então todas as vacas que estavam juntas lá, enquanto eu olhava para
elas, foram submersas, tragadas, e destruídass na água.
8Mas o barco flutuou sobre ela. Todas as vacas, os elefantes, os camelos,
e os anos foram afogados na terra, e todo gado. Eu não pude vê-los.
Nem eles foram capazes de fugir, mas pereceram, e afundaram no
abismo.
9Novamente eu vi numa misão até aquelas cataratas foram removidas
daquele elevado telhado, e as fontes da terra se tornaram equalizadas,
enquanto outros abismos foram abertos;
10Para os quais as águas começaram a descer, até a terra seca aparecer.
11O barco pemaneceu na terra; a escuridão tretrocedeu; e se tornou em
luz.
12Então a vaca branca, que se tornou num homem, saiu do barco, e tres
vacas com ele.
13Uma das três vacas era branca, assemelhando-se àquela vaca, uma
delas era vermelha como sangue; e uma delas era negra. E a vaca branca
deixou-as. 
14Então feras selvagens e pássaros começaram a surgir.
15De todos esses tipos diferentes reuniram-se, leões, tigres, lobos, cães,
javalis selvagens, raposas, coelhos, e o hanzar.
16O siset, o avest, o papagaio, o phonkas, e corvos.
17Então a vaca branca (100) nasceu no meio deles.
(100) Abraão.
18E eles começaram a morder um ao outro, enquanto a vaca bramca, que
havia nascido no meio deles, trouxe um asno selvagem e uma vaca
branca ao mesmo tempo e depois daquele muitos asnos selvagens.
Então a vaca branca, (101) a qual nasceu, deu uma porca negra selvagem
e um cordeiro branco. (102)
(101) Isaque.
(102) Esau e Jacó.
19Aquela porca selvagem também deu muitos suinos.
20E aquele cordeiro deu doze cordeiros. (103)
(103) Os doze patriarcas.
21Quando aqueles doze cordeiros cresceram, eles entregaram um deles
(104) aos asnos. (105)
(104) José.
(105) Os Midianitas.
22Novamente aqueles asnos entregaram aquele cordeiro aos lobos, (106)
(106) Os egípcios.
23E ele cresceu no meio deles.
24Então o Senhor trouxe as outras doze ovelhas, para que pudessem
habitar e alimentar-se com ele no meio dos lobos.
25Eles multiplicaram-se, e hove abundância de pastos para eles.
26Mas os lobos começaram a ficar amedrontados e oprimiram-nos
enquanto eles destruiam seus jovens.
27E eles deixaram seu jovem em torrentes de água profunda.
28Então as ovelhas começara, a clamar por causa de seus filhos, e
fugiram para refugiar o seu Senhor. Um, (107), entretanto, que foi salvo,
escapou e foi para os asnos selvagens.
(107) Moisés.
29Eu vi a ovelha gemendo, chorando, e implorando ao seu Senhor.
30Com todo o seu poder, até que o Senhor das ovelhas desceu à sua voz
da sua elevada habitação; foi a eles; e examinou-as.
31Ele chamou aquela ovelha que foi secretamente furtado dos lobos, e
disse-lhe para fazer os lobos entenderem que eles não deviam tocar as
ovelhas.
32Então aquela ovelha foi aos lobos com a palavra do Senhor, quando
outro o encontrou, (108) e continuou com ele.
(108) Aarão.
33Ambos entraram junto na habitação dos lobos; e converçando com
eles fizeram-nos entender, que daí em diante eles não deviam tocar nas
ovelhas.
34Depois disso eu percebi os lobros prevalecendo grandemente sobre as
ovelhas com toda a sua força. O rebanho clamou; e seu Senhor veio até
eles.
35Ele começou a ferir os lobos, que começaram uma grave lamentação;
mas as ovelhas ficaram silentes, nem daquele tempo elas clamaram.
36Então eu olhei para elas, até elas apartarem-se dos lobos. Os olhos dos
lobros estavam cegos, os quais sairam e seguiram-nas com todo o seu
poder. Mas o Senhor das ovelhas continuou com elas, e conduziu-ass.
37Todo o seu rebanho o seguiu.
38Seu semblante ficou terível e esplêndido, e glorioso era seu aspecto.
Então os lobos começaram a seguir as ovelhas, até que eles alcançaram-
nas num certo lago de água. (109)
(109) O Mar Vermelho.
39Então aquele lago ficou dividido; a água erguendo-se em ambos os
lados diante de sua face.
40E enquanto seu Senhor estava conduzindo-as, ele colocou-se entre elas
e os lobos.
41Os lobos, entretanto não perceberam as ovelhass, mas foram no meio
do lago, seguindo-as, e correndo atraz delas no lago de água.
42Mas quando eles viram o Senhor das ovelhas, eles voltaram para fugir
de diante de sua face.
43Então a água do lago retornou, e repentinamente, de acordo com sua
natureza. Ela se tornou cheia, e levantou-se, até que cobriu os lobos. E
eu vi que todos eles que haviam seguido as ovelhas pereceram e foram
afogados.
44Mas as ovelhas passaram sobre esta água, continuando para o deserto,
que estava sem água e grama. E eles começaram a abrir seus olhos e a
ver.
45Então eu vi o Senhoir das ovelhass examinando-as, e dando-lhes água
e grama.
46As ovelhas já mencionadas continuavam com elas, e conduzindo-as.
47E quando ele tinha subido ao topo de uma alta rocha, o Senhor das
ovelhas enviou-o a elas.
48Depois disso eu vi seu Senhor colocado diante delas, com um aspecto
terrível e severo.
49E quando elas viram-no, elas ficaram amedrontadas com seu
semblante.
50Todas elas ficaram alarmadas, e tremeram. Elas clamaram para aquela
ovelha; e para aeuela outra ovelha que estava com ele, e o qual estava
no meio delas, dizendo: Nós somos capazes de permanecer diante do
nosso Senhor, ou de olhar para ele.
51Então aquela ovelha que os conduziu saiu, e subiu ao topo da rocha;
52Enquanto as ovelhas que restantaram começaram a ficar cegas, e a
vagar pelo caminho que ele lhes havia mostrado; mas ele não o soube.
53Seu Senhor, entretanto, estava movido de grande indignação contra
eles; e quando aquela ovelha soube o qua havia acontecido,
54Ele desceu do topo da rocha, e veio a eles, descobriu que havia muitos,
55Que se tornaram cegos;
56E tinham desviado de seu caminho. Tão logo elas viram-no, temeram,
e tremeram na sua presença;
57E ficaram desejozos de retornar ao seu rebanho,
58Então aquela ovelha, tomando consigo outra ovelha, voi àqueles que
tinham se perdido.
59E depois disso começou a matá-los. Eles ficaram aflitos ao seu
semblante. Então ele fêz com que aqueles que tinham se desviado
retornassem; os quais voltaram para seu rebanho.
60Eu igualmente vi naquela visão, que esta ovelha se tornou num
homem, construiu uma casa (110) para o Senhor do rebanho, e fêz todos
eles ficarem na casa.
(110) Uma casa. Um tabernáculo (Milik, p. 205).
61Eu vi também que aquela ovelha que procedeu a encontrar esta ovelha,
seu condutor, morreu.  Eu vi também que toda grande ovelha pereceu,
enquanto que as menores subiram eu seu lugar, entraram num pasto, e
aproximaram-se de um rio de água. (111)
(111) O rio Jordão.
62Então aquela ovelha, seu condutor, que se tornou num homem, foi
separado delas, e morreu. 
63Todo o rebanho procurou por ele, e clamou por ele com amarga
lamentação.
64Eu vi também que eles cessaram de clamar por aquela ovelha e
passaram sobre o rio de água. 
65E que lá se levantou outra ovelha, todas de quem as conduziu, (112) em
vez daqueles que foram mortos, os quais tinham previamente
conduzido-as.
(112) Os juízes de Israel.
66Então eu vi que aquela ovelha entrou a um agradável lugar, e um
deleitável e glorioso território.
67Eu vi também que eles ficaram satisfeitos; que sua casa estava no
meio daquele deleitável território; e que algumas vezes seus olhos
estavam abertos, e que algumas vezes eles ficavam cegos; até que outra
ovelha (113) levantou-se e conduziu-as. Ele trouxe-os todos de volta; e
seus olhos foram abertos.
(113) Samuel.
68Então cães, lobos, e javalis selvagens devoraram-nos, até, até
novamente outra ovelha (114) levantar, o mestre do rebanho; um deles
mesmos, um carneiro, para conduzi-los. Este carneiro começou a butt
em todo lado aqueles cães, lobos, javalis selvagens, até que todos eles
pereceram.
(114) Saul.
Seus olhos, e vi o carneiro no meio deles, os quais tinham deixaram de
lado sua glória.
70E ele começou a ferir o rebanho, pisando sobre eles, e comportando-se
sem dignidade.
71Então seu Senhor enviou a antiga ovelha novamente para uma still
diferente ovelha, (115) e levantou-o para ser um carneiro, e para conduzi-
las no lugar daquela ovelha que tinha deixado de lado sua glória.
(115) David.
72Indo então a ele, e conversando com ele só, ele levantou o carneiro, e
fêz dele um príncipe e líder do rebanho. Todo o tempo aqueles cães (116)
aborreceram a ovelha,
(116) Os Filisteus.
73O primeiro carneiro pagou respeito a este último carneiro.
74Então o último carneiro levantou e fugiu de diante de sua face. E eu vi
que aqueles cães fizeram o primeiro carneiro cair.
75Mas o último carneiro levantou, e conduziu o caneiro menor.
76Aquele carneiro também gerou muitas ovelhas, e morreu.
77Então houve uma ovelha menor, (117) um carneiro, no lugbar dele, que
tornou-se um príncipe e líder, conduzindo o rebanho.
(117) Solomão.
78E a ovelha aumentou de tamanho, e multiplicou.
79E todos os cães, lobos, e javalis selvagens temeram, e fugiram dele.
80Aquele carneiro também golpeou e matou todas as bestas feras, de
modo que eles não pudessem novamente prevalecer no meio das
ovelhas, nem em nenhum tempo arrebate-as.
81E aquela casa foi feita grande e larga; uma imponente torre sendo
construida sobre ela pelas ovelhas, para o Senhor das ovelhas.
82A casa era baixa, mas a torre era elevada e muito alta.
83Então o Senhor das ovelhas colocou-se sobre a torre, e causou uma
mesa cheia aproximar-se diante dele.
84Novamente eu vi que aquela ovelha perdeu-se, e foi para vários
caminhos, esquecendo-se daquela sua casa;
85E que seu Senhor chamou alguns entre eles, os quais ele enviou-as (118)
a eles.
(118) Os profetas.
86Mas a estes as ovelhas começaram a matar. E quando um deles foi
salvo da matança (119) ele saltou, e clamou contra aqueles que estavam
desejozos de matá-los.
(119) Elias.
87Mas o Senhor das ovelhas livrou-o das suas mãos, e o fêz subir a ele, e
permanecer com ele.
88Ele enviou muitos outros a elas, para testificar, e com lamentações
para clamar contra eles. 
89Novamente eu vi, quando alguns deles esqueceram a casa do seu
Senhor, e sua torre, vagando em todos os lugares, e crescendo cegos,
90Eu vi que o Senhor das ovelhas fêz uma grande matança entre eles em
suas pastagens, até que eles clamaram a ele em consequencia da
matança. Então ele apartou-as do lugar de sua habitação, e os deixou no
poder dos leões, tigres, lobos, e das zeebt, (120) e ao poder das raposas, e
de todo animal.
(120) Zeebt. Iena. (Knibb, p. 209).
91E os animais selvagens começaram a despedaçá-los.
92Eu vi, também, que eles esqueceram a casa de seus pais, e sua torre,
dando-os todos ao poder dos leões para despedaçá-los e devorá-los; até
ao poder de todo animal.
93Então eu comecei a clamar com todo meu poder, implorando ao
Senhor das ovelhas,   e mostrando-lhe como as ovelhas eram devoradas
por todos os animmais de rapina.
94Mas ele olhou em silêncio, regozijando-se de que elas fossem
devoradas, swallowed up, e carried off; e deixando-as ao poder de todo
aminal por comida. Ele chamou também setenta pastores, e designou-os
ao cuidado das ovelhas, para que eles possam cuidar delas;
95Dizendo a eles e aos seus associados: Todos vós, de agora em diante
todos vós cuideis das ovelhas, e a todos eu ordeno; fazei; e eu os
entrego para as enumerarem.
96Eu vos direi qual delas serão mortas; a estas destruís. E ele entregou as
ovelhas a eles.
97Então ele chamou a outro, e disse: Entende, e cuida de tudo o que os
pastores farão a estas ovelhas; pois muitas delas perecerão depois que
eu ordenei.
98De todo excesso e matança, que os pastores cometerão, haverá uma
conta; como, quantas pereceram pelo meu comando, e quantos eles
destruiram por sua própria cabeça.
99De toda destruição trazida por cada um dos pastores haverá uma
contagem; e de acordo com o número eu farei com que um recital seja
feito diante de mim, quantas eles destruiram por suas próprias cabeças,
e quantas eles entregaram à destruição, para que eu possa ter esse
testemunho contra eles; para que eu possa saber todos os seus
procedimentos; e que, entregando as ovelhas a eles, eu possa ver o que
eles farão; se eles agirão como eu lhes ordenei, ou não.
100Disto, portanto, eles serão ignorantes; nem farás qualquer explanação
a eles, nem os reprovarás; mas haverá uma contagem de toda destruição
feita por eles em suas respecitivas estações. Então eles começarão a
matar, e a destruir mais do que lhes foir ordenado.
101E eles deixaram as ovelhas sob o poder dos leões, assim que muitos
deles foram devorados e engolidos pelos leões e tigres; e javalis
selvagens cairam sobre eles para depred-alos. Aquela torre eles
queimaram, e derrubaram aquela casa.
102Então eu me afligi extremamente por causa da torre, e porque a casa
das ovelhas foi derrubada.
103Nem fui, depois disso, capaz de perceber se eles entraram novamente
naquela casa.
104Os pastores igualmente, e seus associados, entregaram-nos a todos os
animais selvagens, para que os devorassem. Cada um deles em sua
estação, de acordo com seu número, foi entregue; cada um deles, um
com o outro, foram descritos num livro, como muitos deles, um com o
outro, foram destruidos, num livro.
105Mais, porém, do que foi ordenado, cada pastor matou e destruiu.
106Então eu comecei a chorar, e fiquei grandemente indignado, por
causa dos pastores.
107De igual maneira, também vi na visão aquele que escreveu, como ele
escreveu um, destruido pelos pastores, todo dia. Ele subiu, permaneceu,
e exibiu cada um de seus livros para o Senhor das ovelhas, contendo
tudo o que eles haviam feito, e tudo o que cada um deles tinha feito;
108E todos os que eles haviam entregue à destruição.
109Ele tomou o livro em suas mãos, rei-o, selou-o, e depositou-o.
110Depois disso, eu vi pastores overlooking por doze horas.
111E eis que três das ovelhas (121) separadas, chegaram, entraram; e
começaram construindo tudo o que estava caído daquela casa.
(121) Zorobabel, Josué e Neemias.
112Mas os javalis selvagens (122) estorvaram-nos, apesar de que eles não
prevaleceram.
(122) Os Samaritanos.
113Novamente eles começaram a construir como antes, e levantaram
aquela torre que foi chamada “a torre elevada”.
114E novamente eles começaram a colocar diante da torre uma mesa,
com todo tipo de pães impuros e sujos sobre ela.
115Além disso também todas as ovelhas eram cegas, e não podiam ver,
como também eram os pastores.
116Assim elas foram entregues aos pastores para uma grande destruição,
que as pisaram sob seus pés, e devoraram-nas.
117Contudo o seu Senhor estava sielente, até que toda ovelha no campo
foi destruída. Os pastores e as ovelhas foram todos mesclados, juntos,
mas eles não salvaram-nos do poder dos animais.
118Então aquele que escreveu o livro subiu, exibiu-o e leu-o na
residência do Senhor das ovelhas. Ele pediu-lhe por eles, e orou,
apontando cada ato dos pastores, e testificando diante dele contra todos
eles. Então, tomando o livro, ele guardou-o consigo, e apartou-se.
Chapter 89
1E eu observei durante o tempo, que assim trinta e sete (123) pastores
estiveram inspecionando, todos dos quais terminaram em seus
respectivos períodos como o primeiro the first. Outros então receberam-
nos em suas mãos, para que pudessem cuidar delas em seus respectivos
períodos, cada pastor em seu próprio período.
(123) Trinta e sete.  Um aparente erro para trinta e cinco (veja verso 7).
Os reis de Judá e Israel (Laurence, p. 139).
2Depois disso eu vi na visão, que todos os pássaros do céu chegaram;
águias, o viveiro, o papagaio e corvos. A água instruiu a todas.
3Elas começaram a devorar as ovelhas, a picar seus olhos, e a comer
seus corpos.
4A ovelha então clamou; pois seus corpos foram devorados pelos
pássaros.
5Eu também clamei, e gemi em meu sono contra os pastores que
cuidavam do rebanho.
6E elhei, enquanto as ovelhas eram comidas pelos cães, pelas ágias e
pelos corvos. Eles não deixaram seus corpos, nem sua pele, nem seus
músculos, e smente seus ossos restaram; até seus ossos cairam sobre o
chão. E a ovelha ficou diminuída.
7Eu também observei durante o tempo, que vinte e três pastores (124)
estavam cuidando, os quais completaram seus respectivos períodos,
cinqüenta e oito períodos.
(124) Os reis da Babilônia, etc., durante e depois do cativeiro. O
número de trinta e cincoe vinte e três  somam cinqënta e oito; e não
trinta e sete, como erroneamente é colocado no primeiro verso
(Laurence, p. 139).
8Então pequenos cordeiros nasceram daquela ovelha branca; que
começaram a abrir seus olhos e a ver, chorando pela ovelha.
9A ovelha, porém, não clamou a eles, men ouviu o que eles lhe diziam,
mas ficou muda, cega e obstinada em maior intensidade.
10Eu vi na visão que corvos voaram sobre aqueles cordeiros;
11Que eles agarraram-nos; e que seguraram um deles, e rasgaram a
ovelha em pedaços, e os devoraram.
12Eu vi também, que chifres cresceram nos cordeiros; e que os corvos
lighted down sobre seus chifres.
13Eu vi, também, que um grande chifre brotou num animal entre as
ovelhas, e que seus olhos estavam abertos.
14Ele olhou para elas. Seus olhos estavam bem abertos; e ele clamava
para elas.
15Então o dabela (125) viu-o; todos eles correram para ele.
(125) Dabela. O ibex, provavelmente simbolizando Alexandre o
Grande (Laurence, p. 140).
16E enquanto isso, todas as águias, os corvos e os papagaios estavam
ainda levando a ovelha, voando sobre ela, e devorando-a. A ovelha
ficou em silêncio, mas a dabela lamentou e chorou.
17Então os corvos contenderam, e lutaram com ela.
18Eles desejaram entre eles quebrar seu chifre; mas eles não
prevaleceram contra ele.
19Eu olhei para eles, até os pastores, as águias, o avest, e os papagaios
vieram.
20Os quais clamaram aos corvos para quebrar o chifre do dabela; para
contender com ele; e para matá-lo. Mas ele lutou com eles, e clamou,
para que ajuda pudesse vir a ele.
21Então eu percebi que o homem veio, o que escreveu os nomes dos
pastores, o qual subiu diante do Senhor das ovelhas.
22Ele trouxe assistentes, e fêz com que cada um o visse decendo para
ajudar o dabela.
23Eu percebi também que o Senhor das ovelhas veio a elas com ira,
enquanto todos aqueles que viram-no fugiram; todos cairam em seu
tabernáculo diante de sua face; enquanto todas as águias, os corvos, e
papagaios se reuniram e trouxeram com eles todas as ovelhas do campo.
24Todos vieram juntos, e impediram de quebrar o chifre do dabela.
25Então eu vi aquele homem que escreveu o livro à palavra do Senhor,
abriu o livro da destruição, daquela destruição com os últimos doze
pastores (126) wrought; e pointed out diante do Senhor das ovelhas, para
que eles destruissem mais do que aqueles que os precederam.
(126) Os príncipes nativos de Judá depois de sua libertação do cativeiro
sírio.
26Eu vi também que o Senhor das ovelhas veio a elas, e tomando em sua
mão o cetro de sua ira preso na terra, que se dividiu ao meio; enquanto
todos os animais e pássaros do céu caíram sobre as ovelhas, e
afundaram na terra, que fechou-se sobre eles.
27Eu vi, também, que uma grande espada foi dada às ovelhas, que
saíram contra todos os animais do campo para matá-los.
28Mas todos os animais e pássaros do céu fugiram de diante da sua face.
29E eu vi um trono erguido numa terra deleitável;
30Sobre ele assentava-se o Senhor das ovelhas, o qual recebeu todos os
livros selados;
31Os quais foram abertos diante dele.
32Então o Senhor chamou os primeiros sete brancos, e ordenou-os
trazerem diante dele a primeira de todas as estrelas, a qual precedeu as
estrelas que se assemelhavam parcialmente à forma de cavalos; a
primeira estrela, que caiu primeiro; e eles trouxeram-na diante dele.
33E ele falou ao homem que escreveu em sua presença, o qual era um
dos sete brancos, dizendo: Toma aqueles setenta pastores, aos quais eu
entreguei as ovelhas, e os quais recebendo-as mataram mais delas do
que eu ordenei. Eis que, eu vi-os todos amarrados, e m pé diante dele.
Primeiro veio no julgamento das estrelas, que sendo julgadas, e
consideradas culpadas, foram para o lugar da punição. Elas confiaram-
nas a um lugar, profundo, e cheio de chamas de pilares de fogo. Então
os setenta pastores foram julgados, e considerados culpados, foram
confiados às chamas do abismo.
34Neste tempo igualmente eu vi, que o abismo estava assim aberto no
meio da terra, que estava cheia de fogo.
3E a ela foram trazidas as ovelhas cegas; as quais sendo julgadas, e
consideradas culpadas, foram todas confiadas àquele abismo de fogo na
terra, e queimaram.
36O abismo ficava à direita daquela casa.
37E eu vi as ovelhas queimando, e seus ossos sendo consumidos.
38Eu fiquei olhando-o imergir aquela antiga casa, enquanto eles
trouxeram seus pilares, cada planta nela, e o marfim infolding it. Eles
trouxeram-no para fora, e depositaram-no no lugar ao lado direito da
terra.
39Eu também vi, que o Senhor das ovelhas produziu uma nova casa,
grande e mais elevada do que a anterior, a qual ele ligou com o antigo
lugar circular. Todos os seus pilares eram novos, e seu mármore novo,
também mais abundante do que o antigo mármore, que ele havia trazido.
40E enquanto todas as ovelhas que foram deixadas no meio dela, todos
os animais da terra, e todas as aves do céu, prostraram-se e adoraram-no,
implorando a ele, e obedecendo-o em tudo.
41Então aqueles três, que estavam vestidos de brando, e os quais,
segurando-me pela minha mão, tinham antes me feito subir, enquando a
mão daquele que falava comigo me segurava; e colocava-me no meio
das ovelhas, antes que o julgamento acontecesse.
42A ovelha era toda branca, com lã longa e pura. Então todas as que
tinham perecido, e tinham sido destruídos, todo animal do campo, e
toda ave do céu, reuniram-se naquela cas: enquanto o Senhor das
ovelhas regozijou-se com grande alegria, porque todas estavam bem, e
tinham voltado novamente para sua habitação.
43E eu vi que elas abaixaram a espada que havia sido dada às ovelhas, e
retornou à sua casa, selando-a na presença do Senhor.
44Todas as ovelhas haviam sido fechadas naquela casa, tinha sido capaz
de contê-las; e os olhos de todas foram abertos, contemplanto o
Bondozo; não hove enter elas quem não o viu.
45Eu igualmene percebi que a casa era grande, larga e extremamente
cheia. Eu vi também, que a vaca braanca havia nascido, cujos chifres
eram grandes; e que todos os animais do campo, e todas as aves do céu,
estavam alarmadas com ele, e imploraram a ele todas as vezes.
46Então eu vi que a natureza deles foi mudada, e que eles se tornaram
vacas brancas;
47E que o primeiro, o qual estava no meio deles, falou, quando aquela
palavra tornou-se (127) um grande aminal, sobre cuja cabeça havia
grandes chifres negros;
(127) Falou, quando aquela palavra. Ou "era um touro selvagem, e
aquele touro selvagem era…" (Knibb, p. 216).
48Enquanto o Senhor das ovelhas regozijou-se por causa delas, e de
todas as vacas.
49Eu caí no meio deles: Eu acordei; e vi o todo. Esta é a visão que eu vi,
descendo e despertando. Então eu abençoei o Senhor da justiça, e dei
glória a Ele.
50Depois disso eu chorei abundantemente, não cessaram minhas
lágrimas, de modo que eu tornei-me incapaz de suportá-lo. Enquanto eu
estava olhando, eles fluíram por causa do que eu vi; pois tudo estava
vindo e indo; cada circunstância individual com respeito à conduta da
humanidade que estava sendo vista por mim.
51Naquela noite eu relembrei meus sonhos anteriores; e então chorei e
me afligi, por causa do que eu tinha visto na visão.
Capítulo 90
1E agora, meu filho Matusalém, chama para mim todos os teus irmãos, e
reúne para mim todos os filhos de tua mãe; pois uma voz me chama, e o
espírito está colocado sobre mim para que eu possa mostrar-te tudo o
que te acontecerá para sempre.
2Então Matusalém foi, chamou-lhes todos de os seus irmãos, e reuniu
seus filhos.
3E conversando com todos seus filhos na verdade,
4Enoque disse: Ouve, meu filho, toda palavra de teu pai, e escuta com
honrradez a voz da minha boca; pois eu gostaria de obter tua atenção,
enquanto me dirijo a ti. Meu amado, estejas ligaro à integridade, e anda
nela.
5Não te aproximes da integridade com um coração duplo; nem te
associes a homens com mente dupla: mas anda, meu filho, em retidão, a
qual te conduzurá em bons caminhos; e seja a verdade a tua companhia.
6Pois eu sei , que opressão existirá e prevalecerá na terra; que no fim
grande punição na terra acontecerá; e que haverá uma consumação de
toda iniquidade, que será cortada com suas raízes, e toda estrutura que
levantou-se passará. Iniquidade, entretanto, será renovada novamente, e
consumida na terra. Todo ato de crime, e todo ato de opressão e
impiedade serão abraçados uma segunda vêz.
7Quando então a iniquidade, pecado, blafêmia, tirania, e toda má obra,
aumentar, e quando transgreção, impiedade, impureza também
aumentar, então sobre eles toda grande punição será infligida desde o
céu. 
8O santo Senhor irá em ira, e sobre eles toda grande punição do céu será
infligida. 
9O santo Senhor sairá em ira, e com punição, para que possa executar
julgamento sobre a terra.
10Naqueles dias opressão será cortada em suas raízes, e iniquidade com
fraude será erradicada, perecendo de sob o céu.
11Todo lugar de força (128) será rodeado com seus habitantes; com fogo
ele será queimado. Eles serão trazidos de toda parte da terra, e serão
lançados num julgamento de fogo. Eles perecerão em ira, e por um
julgamento dominando-os para sempre.
(128) Todo lugar de força. Ou, "todos os ídolos das nações" (Knibb, p.
218).
12Retidão se levantará do descanço; e sabedoria se levantará, e conferida
sobre eles.
13Então as raízes da iniquidade serão cortadas; pecadores perecerão pela
espada; e blasfemadores serão aniquilados em todos os lugares.
14Aqueles que meditam opressão, e aqueles que blasfemam, pela espada
perecerão.
15E agora, meu filho, eu descreverei e mostrarei a ti o caminho da
retidão e o caminho da opressão.
16Eu novamente os apontarei para ti, para que possas saber o que está
por vir.
17Ouvi agora, meu filho, e anda no caminho da retidão, mas evita aquele
da opressão; pois todo o que anda no caminho da iniquidade perecerá
para sempre.
Capítulo 91
1Aquilo que foi escrito por Enoque. Ele escreveu toda esta instrução de
sabedoria para todo homem de dignidade, e todo juiz da terra; para
todos os meus filhos que habitarão sobre a terra, e para subsequentes
gerações, conduzindo-se elevada e pacificamente.
2Não deixes que teu espírito seja afligido por causa dos tempos; pois o
santo, o Grande, prescreveu um período para tudo.
3Deixe que os homens justos se levantem do sonho, deixe-os levantar, e
prossiga no caminho da retidão, em todos os seus caminhos; e deixa-os
avançar em bondade e eterna clemência. Misericórdia será mostrada aos
homens justos; sobre eles serão conferidos intetridade e poder para
sempre. Em bondade e retidão eles existiráo, andarão em eterna luz;
mas pecado perecerá em eterna escuridão, nem será vista daquele tempo
em diante eternamente.
Capítulo 92
1Depois disto, Enoque começou a falar sobre um livro.
2E Enoque disse: Concernente aos filhos da retidão, concernente aos
eleitos do mundo, e concernente à semente da retidão e integridade.
3Concernente a estas coisas eu falei, e estas coisas e explicarei a ti, meu
filho: e que  sou Enoque. Em consequência daquilo que me foi mostrado,
de minha visão eterna e da voz dos santos anjos (129) eu tenho adquirido
conhecimento; e da mesa do céu eu adquiri entendimento.
(129) Santos anjos. Num texto de Qumran, lê-se "Guardiões e Santos",
denotando claramente Guardiões celestiais que não cairam com os
iníquos (Milik, p. 264). Veja também Dan. 4:13, "um guardião e um
santo desceu do céu"; 4:17, "guardiões, e… santos."
4Enoque então começou a falar de um livro, e disse: Eu nasci o sétimo
na primeira semana, enquanto julgamento e retidão esperavam com
pasciência.
5Mas depois de mim, na segunda semana, grande iniquidade se levantou,
e fraude espalhou-se.
6Naquela semana o fim do primeiro acontecerá, na qual a humanidade
será salva. (130)
(130) Humanidade será salva. Or, "o homen será salvo" (Knibb, p.
224).
7Mas quando o primeiro é completado, iniquidade crescerá; e durante a
segunda semana ele executará o decreto (131) sobre os pecadores.
(131) O Dilúvio depois do primeiro (no meio do segundo) Milênio
(2500 B.C.).
8Depois disso, na terceira semana, durante sua conclusão, o homem (132)
da planta dos justos julgamentos será selecionada; e depois dele a Planta
(133) da retidão virá para sempre.
(132) O Rei Davi no fim do terceiro Milenio (1000 B.C.), (133) O
Messias no fim do quarto Milenio (4 B.C. to 30 A.D.).
9Subsequentemente, na quarta semana, durante sua conclusão, a visão
dos santos e dos justos será vista, a ordem de geração após geração
tomará lugar, uma habitação será feita para eles. Então na quinta
semana, durante sua conclusão, a casa da glória e da dominação (134)
será erigida para sempre.
(134) O estabelecimento (30 A.D.) e construção da Igreja através do
quinto (e do sexto) Millenio.
10Depois disso, na sexta semana, todos aqueles que existirem nele serão
escurecidos, os corações de todos eles estarão esquecidos da sabedoria,
e nele um Homem (135) se levantará e virá.
(135) O Messias no fim do sexto Milênio.
11E durante sua conclusão Ele queirará a casa do domínio com fogo, e
toda a raça da raiz eleita será dispersa. (136)
(136) A destruição de Jerusalém e o desembolso daqueles que habitam
naquela terra no fim do sexto (e no começo do sétimo) Milênio.
12Depois disso, na sétima semana, uma geração perversa se levantará;
abundantes serão seus feitos, e todos os seus feitos perversos. Durante
sua conclusão, os justos serão selecionados dentre a eterna semente da
justiça eterna; e a eles será dado o sevenfold da doutrina de sua criação.
13Depois haverá outra semana, a oitava, (137) da retidão, para a qual será
dada uma espada para executar julgamento e justiça sobre todos os
opressores.
(137) O começo do oitavo Milênio.
14Os pecadores serão entregues nas mãos dos justos, os quais durante
sua conclusão adquirirão habitações para sua retidão; e a casa do grande
Rei será estabelecida para celebrações para sempre. Depois disso, na
nona semana, o julmento da retidão será revelado para todo o mundo.
15Toda obra de maldade desaparecerá de toda terra; o mundo será
marcado para a destruição; e todos os homens estarão atentos ao
caminho da integridade.
16E depois disso, no sédimo dia da décima semana, haverá um eterno
julgamento, que será executado sobre os Sentinelas; e um eterno céu
espaçoso brotará no meio dos anjos.
17O antigo céu se apartará e passará; um novo céu aparecerá; e os
poderes celestiais brilharão com esplendor para sempre. Depois,
igualmente haverá muitas semanas, que existirão em extrema bondade e
retidão.
18O pecado nem será nomeado lá para sempre e sempre.
19Quem haverá lá, de todos os filhos dos homens, capaz de ouvir a voz
do Santo sem emoção?
20Quem haverá, capaz de pensar seus próprios pensamentos? Quem será
capaz de contemplar toda a obra do céu? Quem, de compreender os
feitos do céu?
21Ele poderá ver sua animação, mas não seu espírito. Ele pode ser capaz
de conversar la respeito dele, mas não de suber a ele. Ele poderá ver
todas as fronteiras destas coisas, e meditar sobare elas; mas ele não pode
fazer nada iguais a elas.
22Qual, de todos os homens, é capaz de entender a largura e o
comprimento da terra?
23Por quem tem sido visto as dimenções de todas estas coisas? Todo
homem que é capaz de compreender a extenção do céu; qual é a sua
elevação, e pelo que ele é apoiado?
24Quais são os números das estrelas; e onde todas as luminárias ficam
no descanso?
Capítulo 93
1E agora me deixe exortar-te, meu filho, a amar a retidão e a andar nela;
pois os caminhos da retidão são dignos de aceitação; mas os caminhos
da iniquidade repentinamente falharão, e serão diminuídos.
2Aos homens de note em sua geração os caminhos da opressão e morte
são revelados; mas eles se mantêm longe dele.
3Agora, também, deixe-me exortar aqueles que são justos, para que não
andem nos caminhos do mal e da opressão, nem nos caminhos da morte.
Não se apreximem deles, para que não pereças, mas; mas deseja,
4E escolhei para vós mesmos a retidão, e boa vida.
5Andai nos caminhos da paz, para que vavais, e sejais encontrados
dignos. Retenhais minhas palavras em vossos pensamentos secretos, e
não obliterate-os de vossos corações; pois eu sei que os pecadores
aconselham os homens a cometer crime astuciosamente. Eles não se
concontram em todo lugar, nem todo conselho prossui um pouco deles.
6Ai daqueles que constroem iniquidade e opressão, e lançam o
fundamento da fraude; pois repentinamente eles são subvertidos, e
nunca obtêm paz.
7Ai daqueles que constroem suas casas de crime; pois de suas próprias
fundações suas casas serão demolidas, e pela espada eles mesmos cairão.
Aqueles, também, que adquirem ouro e prata, justamente e
rependinamente perecerão. Ai de ti, que és rico, pois em tua requeza
confiaste; mas seris removidos de tuas requezas, porque não te
lembraste do Altíssimo nos dias de tua prosperidade.
8Tu tens cometido blasfêmia e iniquidade, e estás destinado ao dia da
efusão de sangue, ao dia da escuridão, e ao dia do grande julgamento.
9Isto eu declaro a aponto a ti, que aquele que te criou te destruirá.
10Quando tu caires, ele não te mostrará misericórdia; mas teu Criator se
regozijará em tua destruição.
11Deixem aqueles, então, que serão retos entre vós naqueles dias,
detestem os pecadores, e os mundanos.
Capítulo 94
1Oh que meus olhos estejam nublados de água, que eu, para que eu
possa chorar sobre ti, e derramar minhas lágrimas como um rio, e
descançar da tristeza do meu coração!
2Quem te permitiu irar e transgredir? Julgamentote surpreenderá, ó
pecadores.
3Os justos não temerão os iníquos; porque Deus os trará novamente com
seu poder, para que possa vingar-se deles de acordo com seu prazer.
4Ai de vós que estarão tão presos por execrações, para que não possais
ser soltos delas; o remedio estando longe de ser removido de ti por
causa dos teus pecados. Ai de vós que recompensam vossos vizinhos
com o mal; pois sereis recompensados de acordo com vossas obras.
5Ai de vós, falsas testemunhas, vós que provocais e agravais a
iniquidade; pois perecereis repentinamente.
6Ai de vós, pecadores, pois rejeitais os jutsos; pois recebeis ou
rejeitareis por prazer aqueles que cometem iniquidade; e seu jugo
prevalecerá sobre vós.
Capítulo 95
1Aguardai em esperança, vós justos; pois os pecadores perecerão diante
de vós, e exercereis domínio osbre eles, de acordo com vosso prazer.
2No dia dos sofrimentos dos pecadores vossa descendência será alçada,
e elevada como águias. Vossos ninhos serão mais exaltados do que os
da avest; tu subirás, e entrarás nas cavidades da terra, e fendas das
rochas para sempre, como os conies, da vista dos mundanos;
3Os quais gemerão sobre vós, e chorarão como as sirenes.
4Tu não temerás aqueles que te aborrecem; pois a restauração será tua; a
esplêndida luz brilhará ao redor de ti, e a vóz da tranquilidade será
ouvida do céu. Ai de vós, pecadores; pois vossa riqueza vos faz
assemelhar aos santos, mas vossos corações vos reprovam, sabendo que
sois pecadores. Vossas palavras testificarão contra vós, como lembrança
do crime.
5Ai de vós que se alimentam sobre a glória do milho, e bebem da força
da mais profunda fonte, e no orgulho do seu poder pisam nos humildes.
6Ai de vós que tomam água por deleite; pois repentinamente sereis
recompensados, consumidos, e murchareis, porque esquecestes da
fundação da vida.
7Ai de vós que agem iniquamente, fraudulosamente, e em blasfêmia; lá
haverá uma lembrança contra vós por mal.
8Ai de vós, poderosos, que com poder ferem a justiça, pois o dia de
vossa destruição virá; emquanto maquele mesmo tempo muitos e bons
dias será a porção dos justos, mesmo mo tempo do vosso julgamento.
Capítulo 96
1Os justos estão confiantes que os pecadores serão desgraçados, e
perecem no dia da iniquidade.
2/vós estareis cônscios dele; pois o Altíssimo vos lembrará de vossa
destruição, e os anjos regozijarão sobre ela. O que farão os pecadores?
E para onde fugireis no dia do julgamento, quando ouvireis as palavras
da oração dos justos?
3Vós não sereis iguais àqueles que a esse respeito testemunham contra
vós; vós sois associados a pecadores.
4Naqueles dias as orações dos justos virá diante do Senhor. Quando o
dia do vosso julgamento chegará; e toda circunstância de vossa
iniquidade será relatada diante do Grande e do Santo.
5Vossas faces se cobrirão de vergonha; enquanto todo feito, fortalecido
pelo crime, será rejeitado.
6Ai de vós, pecadores, que no meio do mar, e na terra seca, são aqueles
contra quem um mau testemunho existe. Ai de vós que desperdiçam
prata e ouro, não obtidos em retidão, e dizem: Somos ricos, possuimos
abundância, e temos adquirido tudo o que desejamos.
7Então faremos tudo o que estivermos dispostos a fazer, pois
amontoaremos prata; nossos celeiros estarão repletos, e os chefes de
nossas famílias seráo como água transbordante.
8Como água a falsidade passará; pois tua riqueza não será permanente,
mas repentinamente ascenderá de ti, porque toda ela tua a obtiveste
iniquamente, e serás entregue à extrema maldição.
9E agora eu te juro, crafty, as well as simple ones; para que tu,
freqüentemente contemplando a terra, vós que sois homens vos vestis
mais elegantemente que as mulheres casadas, e ambos, juntos, muito
mais do que as solteiras, (138) em todos os lugares adornando-vos  em
majestade, em magnificiência, em autoridade, e em prata: mas ouro,
púrpura, honra, e saúde, riqueza, como a água, fluirá.
(138) Mais elegantemente que as mulheres casadas… as solteiras.
Ou, "mais do que uma mulher e mais colorido (as vestimentas) que uma
moça…" (Knibb, p. 230).
10Erudição, portanto, e sabedoria, não serão vossas. Assim eles
perecerão, junto com suas riquezas, com toda a sua glória, e com suas
honras;
11Enquanto com desgraça, com matança, e em extrema penúria, seus
espíritos serão confiados à fornalha de fogo.
12Eu jurei a vós, pecadores, que nem montanha, nem colina foram ou
serão serviçais (139) da mulher.
(139) Serviçal. Literalmente, "um servo". Talvez os abastecendo com
tesouros para ornamentos (Laurence, p. 159).
13Nem dessa maneira o crime foi enviado a vós sobre a terra, mas os
homens de sua própria cabeça o inventaram; e aqueles que a ele deram
eficiência, serão grandemente execrados.
14Gravidêz não será previamente infligida à mulher; mas por causa das
obras de suas mãos, elas morrerão sem filhos.
15Eu jurei a vós, pecadores, pelo Santo e pelo Grande, que todas as
vossas más obras serão divulgados nos céus; e que nenhum de vossos
atos opressivos serão escondidos e secretos.
16Não penseis em vossas mentes, nem digais em vossos corações, que
todo crime não é manifestado e visto. No céu ele é diariamente escrito
diante do Altíssimo. De agora em diante ele será manifestado; pois todo
ato de opressão que vós cometerdes será será diariamente registrado, até
o momento da vossa condenação.
17Ai de vós, ingênuos, pois perecereis na vossa simplicidade. Ao sábio
não ouvireis, e aquilo que é bom, não obtereis.
18Agora, portanto, saibais que estais destinados ao dia da destruição;
nem a esperança daqueles pecadores, viverá; mas com o passar do
tempo morrereis; pois não sereis marcados para a redenção;
19Mas são destinados para o dia do grande julgamento, para o dia de
aflição, e a extrema ognominia de vossas almas.
20Ai de vós, obstinados de coração, que cometeis crimes, e vos
alimentais de sangue. De onde é que vos alimenteis de coisas boas,
bebeis e estais satisfeitos? Não é porque nosso Senhor, o Altíssimo, tem
suprido abundantemente toda boa coisa sobre a terra? A vós lá não
haverá paz.
21Ai de vós que amam os atos de iniquidade. Por que esperais por aquilo
que é bom? Sabei que sereis entregues nas mãos dos justos; os quais
cortarão vossos pescoços, vos matarão, e não vos mostrarão compaixão.
22Ai de vós que vos regozijais no sofrimento dos íntegros; pois uma
sepultura não será cavada para vós.
23Ai de vós que frustrais a palavra dos justos; pois para vós não haverá
esperança de vida.
24Ai de vós que escreveis palavra de falsidade, e palavra de iniquidade;
pois vossas falsidades eles lembrarão, para que eles possam ouvir e não
esquecer folly.
25A eles não haverá paz; mas eles por certo morrerão repentinamente.
Capítulo 97
1Ai daqueles que agem impiamente, que louvam e honrram a palavra de
falsidade. Vós tendes sucumbido na perdição; e nunca tendes levado
uma vida virtuosa.
2Ai de vós que mudado as palavras de integridade. Eles transgridem
contra o eterno decreto; (140)
(140) Eles transgridem… o eterno decreto. Ou, "eles distorcem a lei
eterna" (Knibb, p. 232).
3E fazem com que as cabeças daqueles que não são pecadores sejam
pisadas sobre a terra.
4Naqueles dias vós, justos, terão sido julgados dignos de ter vossas
orações elevadas em lembrança; e as depositarão em testimunho diante
dos anjos, para que eles possam registrar os pecados dos pecadores na
presença do Altíssimo.
5Naqueles dias as nações estarão subvertidas; mas as famílias das
nações se levantarão novamente no dia da perdição.
6Naqueles dias aquelas que estiverem grávidas sairão, levarão seus
filhos, e os abandonarão. Seus filhos fugirão delas, e enquanto
amamentam-nos eles as esquecerão; eles nunca retornarão a elas, e elas
nunca instruirão seus bem amados. 
7Novamente eu juro a  vós, pecadores, que crimes têm sido preparados
para o dia de sangue, que nunca cessam. 
8Eles adorarão às pedras, e ao ouro gravado, à prata, e às imagens de
madeira. Eles adorarão espíritos impuros, demônios, e todo ídolo, nos
templos; mas nenhuma ajuda será obtida por eles. Seus corações se
tornarão ímpios por causa de sua loucura, e seus olhos estarão cegos
com superstição mental. (141) Em seus sonhos visionários eles serão
ímpios e supersticiosos, mentindo em todas as suas ações, e adorando
uma pedra. Eles perecerão completamente.
(141) Superstição mental. Literalmente, "com o temor de seus
corações" (Laurence, p. 162).
9Mas naqueles dias eles serão abençoados, a quem a palavra de
sabedoria é entregue; o qual aponta e procura o caminho do Altíssimo; o
qual anda no caminho da retidção, e não age impiamente com os ímpios. 
10Eles serão salvos.
11Ai de vós que expandem o crime de vossos vizinhos; pois no inferno
sereis mortos. 
12Ai de vós que lançam a fundação do pecado e enganam, e sois
amorgos na terra; pois nela sereis consumidos. 
13Ai de vós que constroem casas pelo labor dos outros, cada parte da
qual é construida com tijolos e com a pedra do crime; Eu digo-vos que
não obtereis paz. 
14Ai de vós que desprezais a prorrogação da eterna herança de vossos
pais, enquanto vossas alvas seguem atráz dos ídolos; pois para vós não
haverá tranquilidade. 
15Ai daqueles que cometem iniquidade, e dá ajuda à blasfêmia; que
matam seus vizinhos até o dia do grande julgamento; pois vossa glória
cairá; malevolência Ele colocorá em vossos corações, e o espírito de ira
vos incitará; para que cada um de vós peraça pela espada
16Então os justos e os santos relembrarão vossos crimes.
Capítulo 98
1Naqueles dias os pais serão derrubados com seus filhos na presença uns
dos outros; e os irmãos com seus irmãos cairão mortos: até que um rio
fluirá de seu sangue. 
2 Pois um homem não conterá sua mão de seu filho, nem dos filhos dos
seus filhos; sua misericórdia estará em matá-los.
 3O pecador não conterá sua mão de seu irmão honrado. Desde o nascer
do dia até o por do sol a matança continuará. O cavalo caminhará com
dificuldade até à altura do seu peito, e a carruagem afundará até seu
eixo no sangue dos pecadores.
Capítulo 99
1Naqueles dias os anjos descerão aos lugares de esconderijo, e reunirão
em um lugar todos os que tem ajudado no crime.
2Naquele dia o Altíssimo se levantará para executar o grande
julgamento sobre todos os pecadores, e para confiar a guarda de todos
os justos e santos aos santos anjos, para que eles protejam-nos como à
menina do olho, até que todo mal e todo crime seja aniquilado.
3Se os justos dormirem em segurança, ou não, homens sábios então
verdadeiramente perceberão.
4E os filhos da terra entenderão toda palavra daquele livro, sabendo que
suas riquezas não posem salvá-los da ruína de seus crimes.
5Ai de vós, pecadores, quando sereis afligidos por causa dos justos
naquele dia da grande tribulação; sereis queimados no fogo; e
recompensados de acordo com vossas obras. 
6Ai de vós, perverços de coração, que estais cuidando para obter um
acurado conhecimento do mal, e para descobrir terrores. Ninguém vos
ajudará. 
7Ai de vós, pecadores; pois com as palavras de vossas bocas, e com a
obra de vossas mãos, tendes agido impiamente; na chama de um fogo
ardente sereis queimados.
8E agora sabei, que os anjos no céu inquirirão pela vossa conduta; do
céu, da lua, e das estrelas, e eles inquirirão a respeito dos vossos
pecados; pois sobre a terra vós exerceitareis jurisdição sobre os justos.
9Cada nuvem prestará testemunho contra vós, a neve, o orvalho, e a
chuva; pois todos eles vos serão negados, para que não desçam sobre
vós, nem se tornem  subservientes aos vossos crimes.
10Agora então trazei presentes de saldação à chuva; para que, não sendo
retida, ela possa descer sobre vós; e ao orvalho, se ele tiver recebido de
vós ouro e prata. Mas quando a geada, a neve, o frio, todo vento nevado,
e cada sofrimento que pertence a eles, cair sobre vós, naqueles dias
sereis totalmente incapazes de permanecer diante deles.
Capítulo 100
1Considerai atentamente o céu, todos vós progênie do céu, e todas as
obras do Altíssimo; temei-o, e não vos conduzais pecaminosamente
diante dele. 
2Se Ele fechar as janelas do céu, retendo a chuva e o orvalho, para que
não desçam sobre a terra por causa de vós, o que fareis? 
3E se Ele enviar ira sobre vós, e sobre todas as vossas obras, não sereis
vós que podeis suplicar-lhe; vós que pronunciastes contra sua retidão,
linguagem orgulhosa e potente. Para vós não haverá paz. 
4Vós não vedes os comandantes dos navios, como seus barcos são
arremessados contra as ondas, tornados em pedaços pelos ventos, e
expostos aos maiores perigos?  
5Que eles, portanto tremam, porque toda sua propriedade está
embarcada com eles no oceano; e que eles reprimam o mal em seus
corações, porque ele pode engolí-los, e eles podem perecer nele?
6Não é todo o mar, todas as suas águas e todo a sua comoção, obra dele,
o Altíssimo; dele que selou todas as suas extenções, e cingiu-o em todo
lado com areia?
7À sua reprovação, não é ele secado, e alarmado; enquanto todos os seus
peixes com tudo o que está contido nele morre? E vós, pecadore, que
estão sobre a terra, não O temerão? Não é Ele o criador do céu e da terra,
e de todas as coisas que neles estão?
8E quem deu erudição e sabedoria a tudo o que se move e progride
sobre a terra, e e sob o mar?
9Não ficam os comandantes do navio aterrorizados no oceano? E não
ficarão aterrorizados os pecadores diante do Altíssimo?
(Capítulo 101 não)
Capítulo 102
1Naqueles dias, quando Ele lançar a calamidade do fogo sobre vós, para
onde fugireis, e onde estareis a salvo?
2E quando Ele enviar sua palavra contra vós, não sereis polpados, e
aterrorizados?
3Todas as luminárias estão agitadas com grande temor; e toda a terra é
poupada, enquanto elas tremem, e sofrem ansiedade.
4Todos os anjos cumprem os mandamentos que receberam dele, e estão
desejozos de se esconder da presença da Sua grande glória; enquanto as
crianças da terra estão alarmadas e angustiadas.
5Mas vós, pecadores, sereis amaldiçoados para sempre; para vós não
haverá paz.
6Não temai, alma dos justos; mas esperai com paciência pelo dia vossa
morte em retidão. Não vos aflijais porque vossas almas descem em
grande sofrimento, com gemido, lamentação, tristeza, para o
receptáculo dos mortos. No tempo da vossa vida vossos corpos não
receberam a recompensa na proporção da vossa bondade, mas no
período da vossa existência os pecadores existiram; no período da
execração e da punição.
7E quando tu morreres, os pecadores dirão com respeito a ti: Como nós
morremos, os justos morrem. Que proveito têm em suas obras? Eis que,
igual a nós, eles expiram em tristeza e em escuridão. Que vantagem eles
têm sobre nós? De hoje em diante  nós somos iguais. O que haverá
dentro do seu alcance, e diante de seus olhos para sempre? Pois eis que
eles estão mortos; e nunca verão a luz novamente. Eu vos digo,
pecadores: Vós tendes estado satisfeitos com carne e bebida, com
pilhagem humana e rapina, com pecado, com aquisição de riqueza e
com a visão de bons dias. Não tendes observado os justos, como o seu
fim é em paz? Pois nenhuma opressão é encontrada neles, mesmo no dia
da sua morte. Eles perecem, como se não existissem, enquanto suas
almas descem em tristeza ao receptáculo dos mortos.
Capítulo 103
1Mas agora Eu juro vós, justos, pela grandeza de seu esplendor e de sua
glória; por seu ilustre reino e por sua majestade, a vós Eu juro, que eu
compreendo este misterio; que Eu leio a tábua do céu, tenho visto o
registro dos santos, e tenho descoberto o que está escrito e impresso
concernemte a vós.
2Eu tenho visto que toda bondade, alegria e glória têm sido preparada
para vós, e tem sido escrito pelos espíritos daqueles que morrem
eminentemente justos e bons. A vós será dado em retorno pelas vossas
aflições; e vossa porção de alegria excederá em muito a porção dos
vivos.
3Os espíritos dos que morreram em retidão existirão e se regozijarão.
Vossos espíritos exultarão; e vossa lembrança estará diante da face do
Poderoso de geração em geração. Eles então não temerão a desgraça.
4Ai de vós, pecadores, quando morrerdes em vossos pecados; e aqueles,
que são iguais a vós, dirão com respeito a vós: Abençoados são estes
pecadores. Eles viveram todo o seu período; e agora morrem em alegria
e em abundância. Angústia e matança eles não conheceram enquanto
viviam; em honrra eles morrem; nunca em sua vida o julgamento os
surpreendeu.
5Mas, não tem sido mostrado a eles que, quando suas almas descerem
ao receptáculo dos mortos, suas más obras se tornarão seu grande
tormento? Em escuridão, em armadilha, e em chama, que quqimará até
o grande julgamento, seus espíritos entrarão; e o grande julgamento
tomará efeito para sempre e sempre.
6Ai de vós; pois para vós não haverá paz. Nem podereis dizer aos justos
e aos bons que vivem: Nos dias da nossa aflição nós fomos afligidos;
todo tipo de tristeza nós vimos, e muitas coisas más nós temos sofrido.
7Nossos espíritos têm sido consumidos e diminuídos.
8Nós temos perecido; nem tem havido uma possibilidade de ajuda para
nós em palavra ou em obra; nós: não temos encontrado, mas temos sido
atormentados e destruídos.
9Nós não temos esperado viver dia após dia.
10Nós esperamos certamente, ter sido a cabeça;
11Mas temos nos tornado a cauda. Nós temos sido afligidos, quando
temos nos esforçados; mas temos sido devorados pelos pecadores e
mundanos; seu jugo tem sido pesado sobre nós.
12Eles tem exercido domínio sobre nós, a quem eles detestam, e nos
aferroam; e aqueles que nos odeiam tem humilhado nosso pescoço; e
eles não têm mostrado compaixão para conosco.
13Nós temos desejado escapar deles, para que possamos fugir e
descançar; mas não temos encontrado lugar para onde possamos fugir, e
estar seguros deles. Nós stemos procurado um asiso com os príncipes en
nossa angústia, e temos clamado àqueles que estão nos devorando; mas
nosso clamor não tem sido considerado, nem estão eles dispostos a
vouvir nossa vóz;
14Mas antes, eles ajudam aqueles que saqueiam e nos devoram; aqueles
que nos diminuem, e escondem sua opressão; os quais removem seu
jugo de sobre nós, mas devoram, nos enfraquecem e nos matam; os
quais escondem a matança, e não lembram que tem levantado suas mãos
contra nós.
Capítulo 104
1Eu juro a vós, justos, que no céu os anjos registram vossa bondade
diante da glória do Poderoso.
2Esperai com pasciente esperança; pois antigamente fostes desgraçados
com o mal e com aflição; mas agora brilhareis como as luminárias do
céu. Vós sereis vistos, e os portões do céu estarão abertos para vós.
Vossos clamores têm clamado por julgamento; e ele tem aparecido a
vós; pois um registro de vossos sofrimentos será requerido dos príncipes,
e de todos os que tem ajudado vossos saqueadores.
3Esperai com paciente esperança; não renuncieis de vossa confiança;
pois grande alegria será a vossa; como aquela dos anjos no céu.
Conduze-vos como podeis, still não estareis escondidos no dia do
grande julgamento. Não sereis como os pecadores; e a eterna
condenação estará longe de vós, enquanto o mundo existir.
4Então não temais, justos, quando virdes os pecadores florescendo e
prósperos em seus caminhos.
5Não vos associeis a eles; mas mantende-vos distante de sua opressão;
estejai associados às hostes do céu. Vós, pecadores, dizeis: Todas as
nossas transgreções não serão tomadas em conta, e recordadas. Mas
todas as vossas transgreções serão recordadas diariamente.
6E está asseguardo por mim, que luz e escuridão, dia e noite, verão
todas as vossas transgreções. Não sejais ímpios em nossos pensamentos;
não mintais; não rendei a palavra de honestidade; não mintais contra a
palavra do Santo e Poderoso; não glorificai vossos ídolos; pois todas as
vossas mentiras e toda vossa impiedade não é para retidão, mas para
crime.
7Agora eu aponto um mistério: Muitos pecadores se voltarão e
transgredirão contra a palavra de honestidade.
8Eles falarão coisas más; eles pronunciarão falcidade; executarão
grandes empreendimentos; (142) e comporão livros em suas próprias
palavras. Mas quando eles escreverem todas as minhas palavras
corretamente em suas próprias linguagens,
(142) Executarão grandes empreendimentos. Literalmente, "criarão
uma grande criação" (Laurence, p. 173).
9Eles não os mudarão ou os diminuirão; mas os escreverão todos
corretamente; tudo o que desde o princípio eu tenho pronunciado
concernente a eles. (143)
(143) A despeito do mandamente de Enoque, seu livro foi muito
certamente mudado e diminuído pelos últimos editores, embora estes
fragmentos dele tenham sobrevivido.
10Outro mistério também eu aponto. Aos justos e aos sábios haverá
livros de alegria de integridade e de grande sabedoria. A eles livros
serão dados, nos quais eles acreditarão;
11E nos quais eles se regozijarão. E todos os justos serão
recomprensados, os quais deles adquirirão conhecimento de todo
caminho elevado.
Capítulo 104A
1Naqueles dias, diz o Senhor, eles chamarão aos filhos da terra, e os
farão ouvir a sua sabedoria,lhes mostrarão que eles são seus líderes;
2E que remuneração tomará lugar sobre toda a terra; pois Eu e meu
Filho para sempre manteremos comunhão com eles nos caminhos da
retidão, enquanto eles estiverem em vida. A paz será deles. Regozijai,
filhos da integridade, em verdade.
Capítulo 105
1Depois de um tempo, meu filho Matusalém tomou uma esposa para seu
filho Lameque.
2Ela ficou grávida dele, e deu um filho, a carne do qual era tão branca
quanto a neve, e vermelho como uma rosa; o cabelo de sua cabeça era
branco como o algodão,e  longo; e cujos olhos eram belos. Quando ele
os abriu, ele iluminou toda a casa, como o sól; toda a casa abundou de
luz.
3E quando ele foi tirado da mão da parteira, Lameque seu pai ficou araid
dele; e correndo flying away veio ao seu próprio pai Matusalém e disse:
Eu gerei um filho, diferente dos outros filhos. Ele não é humano; mas,
assemelhando-se à geração dos anjos do céu, é de uma natureza
diferente dos nossos, sendo completamente diferente de nós.
4Seus olhos são brilhantes como os raios do sól; seu semblante é
glorioso, e ele parece como se não pertencesse a mim, mas aos anjos.
5Eu estou temeroso de que algo miraculoso deva acontecer na terra
nestes dias.
6E agora meu pai, deixa-me pedir e requerer de ti ir ao nosso progenitor
Enoque, e aprender dele a verdade; pois sua residência é com os anjos.
7Quando Matusalém ouviu as palavras de seu filho, e veio a mim nas
extremidades da terra; pois ele estava informado de que eu estava lá: e
ele chorou.
8Eu ouví sua vóz, e vui a ele dizendo: Vêde, eu estou aqui, meu filho; já
que tu vieste a mim.
9Ele respondeu e disse: Por causa de um grande evento eu venho a ti; e
por causa de uma visão difícil de ser compreendida eu me aproximei de
ti.
10E agora, meu pai, ouví-me; pois ao meu filho Lameque um filho
nasceu, o qual não se parece com ele; e cuja natureza não é igual à
natureza do homem. Sua cor é mais branca que a neve; ele é mais
vermelho que a rosa; o cabelo de sua cabeça é mais branco que a lã;
seus olhos são iguais aos raios do sól; e quando ele abriu-os ele
iluminou toda a casa.
11Quando ele foi tomado ma mão da parteira,
12Seu pai Lameque temeu, e fugiu para mim, não acreditando que a
criança pertencesse a ele, mas que ele assemelha-se aos anjos do céu. E
eis que eu vim a ti para que possas me apontar a verdade.
13Então eu, Enoque, respondi e disse: O Senhor efetuará uma nova coisa
sobre a terra. Isto eu tenho explicado, e visto numa visão. Eu tenho
mostrado a ti que nas gerações de Jared meu pai, aqueles que estavam
no céu desconsideraram a palavra do Senhor. Eis que eles cometeram
crimes; deixaram de lado sua classe, e misturaram-se com mulheres.
Com elas também eles transgrediram; casaram-se com elas e geraram
filhos. (144)
(144) Depois deste vercículo, um papiro grego acrescenta: "os quais não
são iguais aos seres espirituais, mas criaturas de carne" (Milik, p. 210).
14Uma grande destruição, portanto virá sobre toda a terra; um dilúvio,
uma grande destruição, tomará lugar em um ano.
15Esta criança que nasceu ao teu filho sobreviverá na terra, e seus tres
filhos serão salvos com ele. Enquanto toda a humanidade que está na
terra morrerá, ele estará a salvo.
16E sua posteridade procriará na terra os gigantes, não espirituais, mas
carnais. Sobre a terra uma grande punição será infligida, e ela será
lavada de toda corrupção. Agora, portanto, informa ao teu filho
Lameque que aquele que é nascido é seu filho na verdade; e seu nome
será chamado Noé, pois ele será um sobrevivente. Ele e seus filhos
serão salvos da corrupção que tomará lugar no mundo; de todo o pecado
e de toda a iniquidade que consumirá a terra em seus dias. Depois disso
haverá uma impiedade maior do que aquela que antes havia se
consumado na terra; pois eu estou familiarizado com santos mistérios,
que o próprio Senhor descobriu e explicou a mim; e os quais eu li nas
tábuas do céu.
17Nelas eu vi escrito, que geração após geração transgredirá, até que, até
que uma raça de justo se levantará; até que transgração e crime
desapareçam da face da terra; até que toda bodade venha sobre ela.
18E agora, meu filho, vai dizer ao teu filho Lameque;
19Que a criança que é nascida é na verdade seu filho; e que não há
decepção.
20Quando Matusalém ouviu as palavras de seu pai Enoque, o quel lhe
havia mostrado toda coisa secreta, ele retornou com entendimento, e
chamou o nome da criança Noé; porque ele consolou a terra por causa
de toda sua destruição.
21Outro livro, que Enoque escreveu para seu filho Matusalém, e para
aqueles que deviam vir depois dele, e preservar sua pureza de conduta
nos últimos dias. Tu, que tens trabalhado, esperará naqueles dias, até
que os que praticam o mal sejam consumidos, e o poder do culpado seja
aniquilado. Espera, até que passe o pecado; pois seus nomes serão
apagados dos livros santos; sua semente seja destruida, e seus espíritos
mortos. Eles clamarão e lamentarão na vastidão invisível, e no fogo sem
fundo eles queimarão. (145) Alí eu percebi, como se fosse uma nuvem
através da quel não se podia ver; pois das profundezas dela eum fui
incapaz de olhar para cima. Eu vi também uma chama de fogo ardente
brilhante, e como se fossem montanhas brilhantes passando ao redor, e
agitadas de lado a lado.
(145) No fogo sem fundo eles queimarão. Literalmente "no fogo eles
queimarão, onde alí não é terra" (Laurence, p. 178).
22Então eu inquiri de um santo anjo que estava comigo e disse: o que é
esse esplêndido objeto? Pois não é ceu, mas só uma chama de fogo que
queima; e nela há  o clamor de exclamação, de ai, e de grande
sofrimento.
23Ele disse: Alí, àquele lugar que tu viste, serão confiados os espíritos
dos pecadores e blasfemadores; daqueles que paraticam o mal, e
perverterão tudo o que Deus disse pela boca dos profetas; tudo o que
eles deviam fazer. Pois com respeito a estas coisas ali haverá registros e
serão impressos no céu, pára que os anjos possam lê-las e saber o que
acontecerá aos pecadores e aos espíritos dos humikdes; àqueles que
sofreram em seus corpos, mas têm sido recompensados por Deus; os
quais têm sido injuriosamente tratados pelos homens iníquos; os quais
têm amado a Deus, que não tem acumulado nem ouro nem prata, nem
qualquer coisa no mundo, mas deram seus corpos ao tormento;
24A estes que no período de seu nascimento não tem estado cobiçosos de
riquezas terrenas; mas tem se resguardado como um alento que passa.
25Tal tem sido sua conduta; em muito o Senhor os tem provado; e seus
espíritos têm sido encontrados puros, para que eles possam abençoar
Seu nome. Todas as suas bênçãos eu tenho relatado num livro; e Ele os
tem recompensado; pois eles têm sido encontrados a amar o céu com
uma eterna aspiração. Deus tem dito: Enquanto eles têm sido pisados
por homens iníquos, eles têm ouvido deles insultos e blasfêmias; e tem
sido ignominiosamente tratados, enquento eles me abençoam. E agora
eu chamarei os espíritos do bem da geração da luz, e mudarei aqueles
que nasceram em escuridão; os quais não tem tido seus corpos
recompensados em glória, como sua fé possa ter merecido.
26Eu os trarei para a esplêndida luz daqueles que amam meu santo nome:
e Eu colocarei cada um deles em um trono de glória, da glória
peculiarmente sua, e eles descançarão durande períodos inumeráveis.
Retos são os julgamentos de Deus;
27Pois ao fiél ele dará fé nas habitações dos justos. Eles verão aqueles
que tem nascido na escuridão, para a escuridão serão lançados;
enquanto que os justos descançarão. Os pecadores clamarão, vendo-os,
enquanto eles existem em esplendor e prosseguem em direção dos dias e
períodos a eles prescritos.FIM
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------


O EVANGELHO DE NICODEMUS 01

      Dois textos apócrifos constituem o Evangelho de Nicodemus: Atos de Pilatos e Descida
de Cristo ao Inferno. Em é seqüência do outro e o completa, embora escritos em épocas
diferentes. Justino, em 150, menciona em seus escritos um texto chamado Atos de Pôncio
Pilatos, narrando os acontecimentos posteriores à Crucificação.
      Nicodemus narra os episódios da Crucificação e da Ressurreição, mas nada acrescenta
aos Evangelhos canônicos. Curioso é observar que ele cita o local da Crucificação como
sendo o horto onde Cristo foi aprisionado, o Getsêmani, situado ao pé do Monte das
Oliveiras.
     
EVANGELHO DE NICODEMUS 
     
      Eu, Ananias, protetor, de hierarquia pretoriana, perito em leis, vim através das divinas
Escrituras tomar conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo e me aproximei dele pela fé, e
permiti-me receber o santo batismo; agora sinto-me, depois de seguir a pista das narrações
relativas a Nosso Senhor Jesus Cristo, que foram feitas  naquela época, e que os judeus
deixaram guardadas com Pôncio Pilatos; encontrei-as com estavam, escritas em hebraico, e
com o beneplácito divino traduzi-as para o grego, para o conhecimento de todos os que
invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, durante o reinado de Flávio Teodósio,
nosso senhor, no ano 17, e sexto de Flávio Valentino, na nona indicação.
      Todos, pois, quantos leiam e traduzam isto para outros livros, lembrem- se e peçam por
mim para que o Senhor seja piedoso para comigo e me perdoe os pecados que cometi
contra ele.
      Paz aos leitores, aos ouvintes e aos seus servidores. Amém.
      No ano décimo quinto do governo de Tibério César, imperador dos romanos; no ano
décimo nono do governo de Herodes, rei da Galiléia; no oitavo dia das calendas de abril,
correspondente ao dia 25 de março; durante o consulado de Rufo e Rubelião; no quarto ano
da olimpíada 202; sendo, nessa época, José Caifás o sumo sacerdote dos judeus. Tudo o
que Nicodemus narrou com base no tormento da cruz e da paixão do Senhor, transmitiu-o
aos príncipes dos sacerdotes e aos demais judeus depois de havê-lo redigido ele mesmo em
hebraico.
       Depois de se haverem reunido em conselho os príncipes dos sacerdotes e os escribas,
Anás e Caifás e Semes e Dothaim e Gamaliel, Judas, Levi e Neftali, Alexandre e Jairo e os
restantes dentre os judeus apresentaram-se diante de Pilatos acusando Jesus de muitos
feitos, dizendo: "Sabemos que ele é filho de José o carpinteiro e que nasceu de Maria, e
chama-se a si mesmo Filho de Deus e rei; além disso profana o sábado e ainda pretende
abolir a lei de nossos pais". Disse-lhes Pilatos: "E o que ele faz e o que ele pretende
abolir?" Os judeus disseram: "Temos uma lei que proíbe a cura no Sabat; pois bem, este,
servindo-se das más artes, curou durante o Sabat coxos, machucados, cegos, paralíticos,
surdos e endemoninhados". Disse-lhes Pilatos: "Se realiza honestamente suas curas, não faz
mal algum." Os judeus replicaram: "Se realizasse suas curas honestamente, não seria mal
maior; mas para fazê-las usa a virtude de Belzebu, príncipe dos demônios, expulsa a estes e
a todos que lhes são submissos". Disse-lhes Pilatos: "Isto não é tirar os demônios pela
virtude de um espírito imundo, mas sim pela virtude do deus Esculápio".
       Os judeus disseram a Pilatos: "Rogamos à tua autoridade que ele seja apresentado
diante do teu tribunal para que possa ser ouvido". Pilatos então chamou-os e disse-lhes:
"Dizei-me vós como é que eu, um mero governador, posso submeter nada menos que um
rei a interrogatório?" Eles responderam: "Nós não dissemos que é um rei, mas sim que ele
mesmo se dá esse título". Então Pilatos chamou o mensageiro para dizer-lhe: "Que me seja
apresentado aqui Jesus, com toda a deferência". O mensageiro saiu, então, e logo que
identificou, o adorou; depois tirou o manto que levava em suas mãos e estendeu-o no chão,
dizendo: "Senhor, passa por cima e entra, que o governador te chama". Os judeus, vendo o
que o mensageiro havia feito, puseram-se a gritar contra Pilatos, dizendo: "Por que te
serviste de um mensageiro para fazê-lo entrar, e não de um simples pregoeiro? Sabes que o
mensageiro, assim que o viu, passou a adorá-lo e estendeu seu manto sobre o chão,
fazendo-o caminhar por cima como se fosse um rei?"
       Pilatos, então, chamou o mensageiro e lhe disse: "Por que fizeste isso e estendeste o
manto sobre o chão,  fazendo Jesus passar por cima?" O mensageiro respondeu: "Senhor
governador, quando me enviaste a Jerusalém junto com Alexandre eu o vi montando um
burro, e os filhos dos hebreus iam aclamando-o com ramos nas mãos, enquanto outros
estendiam suas vestes no chão dizendo: "Salva-nos, tu que estás nas alturas; bendito o que
vem em nome do Senhor'."
       Os judeus então começaram a gritar e disseram ao mensageiro: "Os jovens hebreus
clamavam em sua língua, como então informaste da sua equivalência em grego?" O
mensageiro respondeu: "Perguntei a um dos judeus e lhe disse: "Que estão gritando em
hebraico?' E ele traduziu". Pilatos disse-lhes: "Como soa em hebraico o que eles diziam em
altos brados?" Os judeus responderam:  "Hosanna membrome; baruchamma; adonai".
Então Pilatos lhes disse: "E o que significa Hosanna e as outras palavras?" Os judeus
responderam: "Salva-nos, tu que estás nas alturas; bendito o que vem em nome do Senhor".
Pilatos disse-lhes: "Se vós mesmos dais testemunho das vozes que saíram da boca dos
jovens, que falta cometeu o mensageiro?" Eles se calaram. Então o governador disse ao
mensageiro: "Sai e faze-o entrar da maneira que lhe aprouver". Saiu, então, o mensageiro e
procedeu da mesma maneira que anteriormente, dizendo a Jesus: "Senhor, entra; o
governador te chama".
       Mas no momento em que Jesus entrava, os que seguravam os estandartes inclinaram-se
e adoraram a Jesus. Os judeus que presenciaram esse gesto de reverência e adoração a
Jesus, começaram a gritar desaforos contra os que portavam as bandeiras.  Mas Pilatos lhes
disse: "Não vos causa admiração ver como eles se inclinaram e adoraram Jesus?" Os judeus
responderam a Pilatos: "Nós mesmos vimos como eles se inclinaram e o adoraram". O
governador chamou então os que carregavam as bandeiras e lhes disse: "Por que agistes
assim?" Eles responderam a Pilatos: "Nós somos gregos e servidores das divindades, como
então iríamos adorá-lo? Saibas que, enquanto estávamos eretos, nossos corpos se
inclinaram por eles mesmos e o adoraram".
       Então Pilatos disse aos arquissinagogos e anciãos do povo: "Escolhei vós mesmos
alguns varões fortes  e robustos; que eles segurem os estandartes e vejamos se estes
inclinam-se sozinhos: "Então os anciãos escolheram de entre os judeus doze homens fortes
e robustos, aos quais obrigaram a sustentar os estandartes em grupos de seis, e ficaram em
pé diante do tribunal do governador. Então Pilatos disse ao mensageiro: "Leva-o para fora
do pretório e introduze-o novamente da maneira que te aprouver". E Jesus saiu do pretório
acompanhado do mensageiro. Pilatos chamou então aqueles que anteriormente estavam
com os estandartes e lhes disse: "Jurei pela saúde de  César que, se os estandartes não se
dobrarem à entrada de Jesus, cortar-vos-ei as cabeças". E o governador ordenou novamente
que Jesus entrasse. O mensageiro observou a mesma conduta do início e rogou
encarecidamente a Jesus que passasse por cima de seu manto. E caminhando sobre ele,
entrou. Mas no momento de entrar, novamente os estandartes se dobraram e adoraram
Jesus.
       Quando Pilatos viu a cena, encheu-se de medo e dispôs-se a deixar o tribunal. Mas
enquanto ainda pensava em levantar-se, sua mulher enviou-lhe esta carta: "Não te envolvas
com esse justo, pois durante a noite sofri muito por sua causa". Então Pilatos chamou todos
os judeus e lhes disse: "Sabeis que minha mulher é piedosa e que tende mais para o bem do
que para segui-los em vossos costumes judeus?" Eles disseram: "Sim, sabemos". Pilatos
disse-lhes: "Pois bem, minha mulher acaba de enviar-me este recado: "Não te envolvas com
esse justo, pois durante a noite sofri muito por sua causa'." Mas os judeus responderam a
Pilatos dizendo: "Não te dissemos que é um mágico? Sem dúvida enviou um sono
fantástico a tua mulher".
       Pilatos então chamou  Jesus e lhe disse: "Como é que estes testemunham contra ti? Não
dizes  nada?" Jesus respondeu: "Se não tivessem pode para isso, não diriam nada, pois cada
um é dono da sua boca para falar coisas boas e más: eles verão".
       Mas os anciãos dos judeus responderam, dizendo a Jesus: "Que é que nós vamos ver?
Primeiro, que tu vieste ao mundo por fornicação; segundo, que o teu nascimento em Belém
trouxe como conseqüência uma matança de crianças; terceiro, que teu pai José e tua mãe
Maria fugiram para o Egito por encontrarem-se ameaçados na cidade".
       Então, alguns dos que  ali estavam presentes,  e que eram judeus piedosos, disseram:
"Nós não estamos de acordo que haja de fornicação, mas sim sabemos que José desposou
Maria e que não foi gerado através de fornicação". Pilatos disse aos judeus que afirmavam
a sua origem através de fornicação: "Isto que dizeis não é verdade, posto que os esponsais
foram celebrados, segundo afirmam vossos próprios compatriotas". Então Anás e Caifás
disseram a Pilatos: "Todos juntos afirmamos e não cremos que ele tenha nascido de
fornicação; estes são prosélitos e seus discípulos". Pilatos chamou Anás e Caifás e disse-
lhes: "Que significa a palavra prosélito?" Eles responderam: "Que nasceram de pais gregos
e fizeram-se judeus agora". Ao que contestaram os que afirmavam que Jesus não havia
nascido de fornicação (isto é: Lázaro, Astério, Antônio, Tiago, Amnés, Zeras, Samuel,
Isaac, Crispo, Agripa e Judas): "Nós não nascemos prosélitos, mas sim somos filhos de
judeus e dizemos a verdade, pois encontravam-nos presentes nas bodas de José e de Maria".
       Pilatos chamou estes doze que afirmavam não haver Jesus nascido de fornicação e
disse-lhes: "Eu os conjuro pela saúde de César, dizei-me, é verdade o que afirmastes, que
não nasceu de fornicação?" Eles responderam: "Nós temos uma lei que proíbe jurar, porque
é pecado; deixe que estes jurem pela saúde de César que não é verdade o que acabamos de
dizer, e seremos réus de morte". Então Pilatos disse a Anás e Caifás: "Nada respondem a
isto?" Eles replicaram: "Tu dás crédito a estes doze que afirmam o nascimento legítimo de
Jesus; enquanto isso, todos, em massa, estamos bradando que é filho de fornicação, que é
feiticeiro e que se chama a si próprio Filho de Deus".
       Então Pilatos ordenou que toda a multidão saísse, à exceção dos doze que negavam a
origem da fornicação, e ordenou que Jesus fosse separado. Depois lhes disse: "Por que
razão querem dar-lhe a morte?" Eles responderam: "Têm inveja dele por  curar no Sabat".
Ao que respondeu Pilatos: "E por uma boa obra querem matá-lo?"
       E, cheio de ira, saiu do pretório e disse-lhes: "Tomo por testemunha o sol de que não
encontro nenhuma  culpa neste homem". Os judeus responderam e disseram ao governador:
"Se não fosse um malfeitor, não o haveríamos entregado a ti". E Pilatos disse: "Tomai-o
vós e julgai-o segundo vossas leis". Então os judeus disseram a Pilatos: "Não nos é
permitido matar ninguém". Ao que Pilatos contestou: "A vós sim  Deus proibiu de matar
mas, e a mim?"
       E, entrando de novo no pretório, chamou Jesus à parte e disse-lhe: "És o rei dos
judeus?" Jesus respondeu: "Dizes isto por conta própria ou pelo que os outros te disseram
de mim?" Pilatos replicou: "Mas será que também sou por acaso judeus? Teu povo e os
pontífices puseram-te em minhas mãos, que fizeste?" Jesus respondeu: "Meu reino não é
deste mundo pois, caso contrário, meus servidores teriam lutado para que eu não fosse
entregue aos judeus; mas o meu reino não é daqui". Então Pilatos disse: "Logo, tu és rei?"
Jesus respondeu: "Tu dizes que eu sou rei; pois para isto nasci e vim ao mundo, para que
todo aquele que é da verdade, ouça minha voz". Pilatos disse-lhe: "Que é a verdade?" Jesus
respondeu: "A verdade provém do céu". Pilatos disse: "Não há verdade sobre a terra?" E
Jesus respondeu a Pilatos: "Estás vendo que os que dizem a verdade são julgados pelos que
exercem o poder sobre a terra".
       E deixando Jesus no interior do pretório, Pilatos foi até os judeus e lhes disse: "Eu não
encontro culpa alguma  nele". Os judeus replicaram: "Ele disse: "Eu sou capaz de destruir
este templo e reedificá-lo em três dias'." Pilatos disse: "Que templo?" Os judeus
responderam: "Aquele edificado por Salomão em quarenta e seis anos, ele diz que vai
destruí-lo e reedificá-lo ao final de três dias". Pilatos disse: "Eu sou inocente do sangue
deste justo; vós vereis". E os judeus disseram: "Seu sangue sobre nós e sobre nossos
filhos".
       Então Pilatos chamou os anciãos, os sacerdotes e os levitas e disse-lhes em segredo:
"Não agi assim, pois nenhuma das vossas acusações merece a morte, já que elas referem-se
às curas e à profanação do Sabat". Os anciãos, sacerdotes e levitas responderam: "Se
alguém blasfema contra César é ou não digno da morte?" Pilatos disse-lhes: "É digno da
morte". Os judeus disseram: "Pois se alguém que blasfema contra César é digno da morte,
saiba que este blasfemou contra Deus".
       Depois o governador mandou que os judeus saíssem do pretório, e chamando Jesus,
disse-lhe: "Que vou fazer contigo?" Jesus respondeu: "Faz como te foi ordenado". Pilatos
disse: "E como me foi ordenado?" Jesus respondeu: "Moisés e os profetas falaram sobre a
minha morte e sobre a ressurreição". Os judeus e os ouvintes perguntaram então a Pilatos
dizendo: "Por que continuas ouvindo essa blasfêmia?" Pilatos respondeu: "Se estas palavras
são blasfêmias, prendei-o por blasfêmia, levai-o à vossa sinagoga e julgai-o segundo vossa
lei". Os judeus contestaram: "Está escrito em nossa lei que se um homem peca contra outro
homem merece receber quarenta açoites menos um; mas diz que se alguém blasfema contra
Deus deve ser apedrejado".
       Pilatos disse-lhes: "Tomai-o por vossa conta e castigai-o como quiserdes". Os judeus
replicaram: "Nós queremos que seja crucificado". Pilatos contestou: "Não merece a
crucificação".
       Então o governador lançou um olhar ao seu redor sobre a turba de judeus que estava
presente e, ao ver que muitos deles choravam, exclamou: "Nem toda a multidão quer que
morra". Os anciãos dos judeus disseram: "Por isso viemos todos em massa, para que
morra". Pilatos perguntou-lhes: "E por que deverá morrer?" Os judeus responderam:
"Porque chamou-se a si próprio filho de Deus e rei".
       Um certo judeu de nome Nicodemus pôs-se diante do governador e disse: "Rogo-te,
bondoso como és, permiti-me dizer umas palavras: "Pilatos respondeu: "Fala". E
Nicodemus disse: "Tenho falado nestes termos aos anciãos, aos levitas, à multidão inteira
de Israel reunida na sinagoga: "Que pretendeis fazer com este homem? Ele opera muitos
milagres e prodígios como nenhum outro foi nem será capaz de fazer. Deixai-o em paz e
não trameis nada contra ele; se os  seus prodígios têm origem divina, permanecerão firmes;
porém, se têm origem humana, dissipar-se-ão. Pois também Moisés, quando foi enviado da
parte de Deus ao Egito, fez muitos prodígios, previamente assinalados por Deus, na
presença do Faraó, rei do Egito. E estavam ali alguns homens a serviço do Faraó, Jamnes e
Jambres, os quais operaram, por sua vez, não poucos prodígios como os de Moisés, e os
habitantes do Egito tinham Jamnes e Jambres por deuses. Mas como os seus prodígios não
provinham de Deus, eles pereceram, bem como os que lhes davam crédito. E agora, deixai
livre este homem, pois não é digno de morrer'."
       Os judeus disseram então a Nicodemus: "Tu te fizeste discípulo dele e por isso falas
em seu favor". Nicodemus disse-lhes: "Mas então também o governador fez-se discípulo
dele porque fala em sua defesa? Não o colocou César neste cargo? Os judeus estavam com
muita raiva e rangiam os dentes contra Nicodemus. Pilatos disse-lhes: "Por que rangeis os
dentes contra ele ao ouvir a verdade?" Os judeus disseram a Nicodemus: "A ti sua verdade
e sua parte". Nicodemus disse: "Amém, amém, que assim seja como haveis dito".
       Mas um dos judeus adiantou-se e pediu a palavra ao governador. Este lhe disse: "Se
queres dizer algo, diz". E o judeus assim falou: "Eu estive durante trinta e oito anos deitado
numa liteira, cheio de dores. Quando Jesus veio, muitos dos que estavam endemoninhados
e sujeitos a diversas doenças foram curados por ele. Então alguns jovens compadeceram-se
de mim e, pegando-me com liteira e tudo, levaram-me até ele. Jesus, ao ver-me,
compadeceu-se de mim e disse-me: "Pega tua maca e anda'. Eu peguei minha maca e
comecei a andar". Então os judeus disseram a Pilatos: "Pergunta-lhe que dia era quando foi
curado". E o interessado disse: "Era Sabat". Os judeus disseram: "Já não te havíamos
informado de que curava no Sabat e tirava demônios?"
       Outro judeus adiantou-se e disse: "Eu era cego de nascença, ouvia vozes, mas não via
ninguém, e, ao ver passar Jesus, gritei bem alto: "Filho de Davi, apiedai-te de mim'. E
compadeceu-se de mim, impôs suas mãos sobre os meus olhos e imediatamente recuperei a
visão". E outro judeus adiantou-se e disse: "Estava arqueado e endireitou-me com uma
palavra". E outro disse: "Havia contraído lepra e ele curou-me com uma palavra".
      E certa mulher chamada Berenice (Verônica) começou a gritar de longe, dizendo:
"Encontrando-me doente com hemorragia, toquei a extremidade de seu manto e a
hemorragia que eu vinha tendo por doze anos consecutivos, parou". Os judeus disseram:
"Existe um preceito que proíbe apresentar uma mulher como testemunha".
      E alguns outros, muitos homens e mulheres gritavam, dizendo: "Este homem é profeta e
os demônios submetem-se a ele". Pilatos disse aos que afirmavam isto: "Por que também
vossos mestres não se submeteram a ele?" Eles responderam: "Não sabemos". Outros
afirmaram que havia ressuscitado Lázaro do sepulcro, defunto já de quarenta dias. Então,
cheio de medo, o governador disse à multidão de judeus: "Por que vos empenhais em
derramar sangue inocente?"
       E depois de chamar Nicodemus e aqueles doze homens que afirmavam a origem limpa
de Jesus, disse-lhes: "Que devo fazer, pois está forjando um alvoroço entre o povo?"
Disseram-lhe: "Nós não sabemos; eles verão". Convocou de novo Pilatos a multidão de
judeus e disse-lhes: "Sabeis que tenho por costume soltar um prisioneiro durante a festa dos
ázimos. Pois bem, está preso e condenado um  assassino chamado Barrabás, e tenho
também este Jesus que está agora  na vossa presença, e em quem não encontro culpa
alguma. A quem quereis que solte?" Eles gritaram: "A Barrabás". Pilatos disse-lhes: "Que
farei, pois, de Jesus, o chamado Cristo?" Os judeus responderam: "Que seja  crucificado!"
E alguns dentre eles disseram: "Não és amigo de César se soltas a este, porque chamou-se a
si próprio Filho de Deus e rei; se assim procedes, queres a este por rei e não a César".
       Pilatos então, encolerizado, disse aos judeus: "Vossa raça é revoltada por natureza e
enfrentais vossos benfeitores". Os judeus disseram: "A quais benfeitores?" Pilatos
respondeu: "Vosso Deus tirou-vos do Egito, livrando-vos de uma cruel escravidão; vos
manteve sãos e salvos através do mar bem como através da terra, alimentou-vos com maná
no deserto e deu-vos codornas, deu-vos de beber água tirada de uma rocha e deu-vos uma
lei, e, depois de tudo isso, encolerizastes vosso Deus, fostes atrás de um bezerro fundido,
exasperastes vosso Deus e Ele dispôs-se a exterminar-vos; porém, Moisés intercedeu por
vós e não fostes entregues à morte. E agora acusais a mim de odiar o imperador".
       E, levantando-se do tribunal, dispôs-se a sair. Mas os judeus começaram a gritar
dizendo: "Nós reconhecemos como rei a César e não a Jesus. E ainda mais, os Magos
vieram oferecer-lhe dons trazidos do Oriente como para o seu rei; e quando Herodes tomou
conhecimento através dessas personagens de que um rei havia nascido, tentou acabar com
ele. Mas seu pai José tomou ciência do fato e levou-o juntamente com a mãe, e fugiram
todos para o Egito. E quando Herodes soube disso, exterminou os filhos dos hebreus que
haviam nascido em Belém".
       Quando Pilatos ouviu estas palavras, temeu, e depois de impor silêncio às turbas, já
que estavam gritando, disse-lhes: "Então é este aquele a quem Herodes buscava?" Os
judeus responderam: "Sim, é este". Então Pilatos pegou água e lavou suas mãos, de frente
para o sol, dizendo: "Sou inocente do sangue deste justo; vós vereis". E novamente os
judeus começaram a gritar: "Seus sangue sobre nós e sobre nossos filhos". Então Pilatos
mandou que fosse corrido o véu do tribunal onde estava sentado e disse a Jesus: "Teu povo
desmentiu-te como rei. Por isso decretei que em primeiro lugar sejas flagelado, de acordo
com o antigo costume dos reis piedosos, e que depois sejas dependurado na crus no horto
onde foste aprisionado. E Dimas e Gestas, ambos malfeitores, serão crucificados
juntamente contigo".
       Assim, Jesus saiu do pretório acompanhado dos dois malfeitores. E, em chegando ao
lugar convencionado, despojaram-no de suas vestes, enrolaram-no em um lençol e puseram
uma coroa de espinhos ao redor de suas têmporas. Dependuraram os dois malfeitores, de
maneira semelhante. Enquanto isso, Jesus dizia: "Pai,  perdoai-os, porque não sabem o que
fazem". E os soldados repartiram entre si as suas vestes, e todo o povo estava em pé
contemplando-o. E os pontífices e também os chefes zombaram dele, dizendo: "Salvou os
outros; salve-se, então, a si próprio; se este é o Filho de Deus, que desça da  cruz". Os
soldados, por sua vez, aproximavam-se dirigindo-lhe escárnios e oferecendo-lhe vinagre
misturado com fel, enquanto diziam: "Tu és o rei dos judeus: salva-te a ti mesmo". E depois
de proferir a sentença, o governador mandou que na forma de um título fosse escrito em
cima da cruz a sua acusação em grego, latim e hebraico, de acordo com o que os judeus
haviam dito: "Rei dos Judeus".
       E um daqueles ladrões que haviam sido dependurado disse-lhe assim: "Se tu és o
Cristo, salva-te a ti mesmo e a nós". Mas Dimas, em resposta, repreendeu-o dizendo: "Tu
não temes a Deus, ainda que estejas na mesma condenação? E a nós, certamente, ela no
cabe bem, pois recebemos a recompensa justa pelas nossas obras; mas este não fez nada de
mal". E dizia: "Senhor, lembra-te de mim no  teu reino". E Jesus disse-lhe: "Em verdade,
em verdade te dito que hoje estarás comigo no paraíso".
       Era a hora sexta quando as trevas se fecharam sobre a terra até a nona hora, por haver
escurecido o sol; e o véu do templo rasgou-se ao meio. Jesus, então, com voz grave, disse:
"Pai, baddach efkid ruel", que significa: "Em tuas mãos entrego o meu espírito". E, assim
dizendo, entregou sua alma. O centurião, ao ver o que aconteceu, louvou a Deus dizendo:
"Este homem era justo". E a multidão que assistia ao espetáculo, ao contemplar o
acontecido, passou a bater no peito.
       O centurião, por sua vez, transmitiu ao governador o ocorrido. Este, ao ouvi-lo,
entristeceu-se assim como  sua mulher, e ambos passaram todo aquele dia sem comer nem
beber. Depois Pilatos fez chamar os judeus e disse-lhes: "Vistes o que se passou?" Mas eles
responderam: "Foi um simples eclipse do sol, como de costume".
       Enquanto isso, seus conhecidos permaneciam a distância; e as mulheres que o haviam
acompanhado desde a Galiléia estavam contemplando tudo isto. Mas havia  um homem
chamado José, senador, vindo de Arimatéia, que esperava o reino de Deus. Aproximou-se,
então, de Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus. Depois foi baixar o cadáver da cruz e
envolveu-o num lençol limpo e depositou-o no sepulcro talhado em pedra que ainda não
havia sido usado.
       Quando os judeus ouviram dizer que José havia reclamado o corpo de Jesus,
começaram a procurá-lo, assim como também aqueles que haviam declarado que Jesus não
havia nascido de fornicação. Nicodemus e muitos outros que se haviam apresentado diante
de Pilatos para dar testemunho das suas boas obras. E, como todos se houvessem
escondido, somente Nicodemus apareceu, porque era varão principal entre os judeus.
Assim, Nicodemus disse-lhes: "Como haveis  entrado na sinagoga?" Os judeus
responderam: "E tu? Como entraste na sinagoga? Posto que és seu cúmplice, seja também
sua parte contida no século vindouro". E Nicodemus disse: "Assim seja, assim seja". José,
por sua vez, apresentou-se de maneira semelhante e disse-lhes: "Por que haveis ficado
apreensivos comigo por ter reclamado o corpo de Jesus? Pois  sabei que depositei-o no meu
novo sepulcro, depois de havê-lo envolvido num lençol branco, e fiz correr a pedra sobre a
entrada da gruta. Mas não vos portastes bem com aquele justo, pois que, não contentes em
crucificá-lo, também o atravessastes com uma lança". Os judeus então detiveram José e
mandaram que fosse aprisionado até o primeiro dia da semana. Depois disseram-lhe: "Bem
sabes que o avançado da hora não nos permite fazer nada contra ti, pois o sábado já está
amanhecendo; mas saiba que nem sequer far-se-á o favor de dar-te sepultura, mas sim
exporemos teu corpo às aves do céu". José retrucou: "Esta maneira de falar é a do soberbo
Golias que injuriou o Deus vivo e o santo Davi. Pois o Senhor disse através do profeta: "A
mim corresponde a vingança e eu retribuirei'. E ainda há pouco, aquele que não é
circuncidado segundo a carne, mas é circunciso de coração, tomou água, lavou as mãos de
frente para o sol e disse: "Sou  inocente do sangue deste justo; vós havereis de ver'. Mas
vós respondestes a Pilatos: "Seu sangue sobre nós e sobre nossos filhos'. Agora, então,
temo que a ira do Senhor recaia sobre vós e sobre vossos filhos, como dissestes". Ao ouvir
essas palavras os judeus sentiram seus corações encherem-se de raiva, e, depois de capturar
José, detiveram-no e prenderam-no em uma casa onde não havia nenhuma janela; depois
selaram a porta onde José estava preso e alguns guardas permaneceram junto dela.
       E no sábado os arquissinagogos, os sacerdotes e os levitas estabeleceram que no dia
seguinte  todos deveriam encontrar-se na sinagoga. E bem de madrugada a multidão inteira
pôs-se a deliberar que tipo de morte haveriam de dar-lhe. E estando o conselho reunido,
ordenaram que o fizessem comparecer com grande desonra. E abriram a porta mas não o
encontraram. Então o povo ficou fora de si e todos encheram-se de admiração ao encontrar
os selos intactos e a chave em poder de Caifás. Com isto, não se atreveram a pôr as mãos
sobre aqueles que haviam falado diante de Pilatos em defesa de Jesus.
       E enquanto estavam ainda sentados na sinagoga, cheios de admiração pelo caso de
José, chegaram alguns dos guardas, aqueles a quem os judeus haviam encomendado a
Pilatos a custódia do sepulcro de Jesus, e disseram que não foram seus discípulos que o
haviam tirado de lá. E foram prestar contas aos arquissinagogos, aos sacerdotes e aos
levitas dizendo-lhes o que aconteceu; isto é, como "sobreveio um terremoto e vimos um
anjo que descia do céu, que retirou a pedra da boca da gruta, sentando-se depois sobre ela.
E brilhou como neve e como relâmpago. Com o que nós, cheio de medo, ficamos como
mortos. Então ouvimos a voz do anjo que falava às mulheres que se encontravam junto ao
sepulcro: "Não temais, pois sei que buscais a Jesus, o que foi crucificado. Não está aqui;
ressuscitou como havia dito; vinde, vede o lugar onde jazia o Senhor. E agora ide
rapidamente e dizei aos seus discípulos que ressuscitou de entre os mortos e que está na
Galiléia'."
       Os judeus então disseram: "A quais mulheres falava ele?" Os da guarda responderam:
"Não sabemos quem eram ". Os judeus disseram: "A que horas isto aconteceu?" Os da
guarda  responderam: "ã meia-noite". Os judeus disseram: "E por que não as detivestes?"
Os da guarda responderam: "Ficamos como mortos pelo medo, não acreditando que
poderíamos ver de novo a luz do dia, como iríamos detê-las?" Os judeus disseram: "Deus
vive e nós não acreditamos". Os da guarda não responderam: "Vistes tantos sinais naquele
homem e não acreditastes? Como ireis dar-nos crédito? E, com  razão, haveis jurado pela
vida do Senhor, pois Ele também vive". E os da guarda acrescentaram: "Temos ouvido
dizer que prendestes aquele que reclamou o corpo de Jesus, selando a porta, e que ao abri-la
não o encontrastes. Entregai, pois, José e vos entregaremos Jesus". Os judeus disseram:
"José se foi para a sua cidade". E os da guarda replicaram: "Também Jesus ressuscitou,
como ouvimos o anjo, e está na Galiléia".
       Ao ouvir estas palavras os judeus sentiram medo e disseram: "Não deixeis que isto se
espalhe porque senão todos inclinar-se-ão diante de Jesus". E, convocado o conselho,
fizeram um depósito de muito dinheiro e deram-no aos soldados, dizendo:  "Dizei:
"Enquanto dormíamos, seus discípulos vieram de noite e o levaram'. E se isto chegar aos
ouvidos do governador, persuadi-lo-emos e livrá-los-emos de toda a responsabilidade".
Eles pegaram o dinheiro e falaram da maneira que lhes havia sido indicada.
       Mas um sacerdote chamado  Finees, Adas, o doutor, e Ageu, levita, desceram da
Galiléia até Jerusalém e contaram aos arquissinagogos, aos sacerdotes e aos levitas: "Vimos
Jesus em companhia de seus discípulos sentado no monte chamado Mamilch, e dizia-lhes:
"Ide pelo mundo e pregai a todas as criaturas; aquele que crer e for batizado, salvar-se-á;
mas aquele que não crer, está condenado. E aqueles que tiverem acreditado, estes sinais os
acompanharão: arremessarão demônios em meu nome; falarão em novas línguas; colherão
serpentes; e, mesmo que beberem alguma coisa capaz de produzir a morte, não lhes fará
dano; imporão suas mãos sobre os enfermos e estes sentir-se-ão bem'. E, quando ainda lhes
estava falando, vimos que ia subindo ao céu".
       Os anciãos, os sacerdotes e os levitas disseram: "Glorificai e confessai ao Deus de
Israel se é que ouvistes e vistes o que acabais de dizer". Os que haviam falado disseram: "O
Senhor Deus de nossos pais Abraão, Isaac e Jacob vive, pois que ouvimos isto e o vimos ao
ser elevado ao céu". Os anciãos, os sacerdotes e os levitas disseram: "Viestes para prestar-
nos conta de tudo isto ou para cumprir algum voto feito a Deus?" Então os anciãos, os
pontífices e os levitas replicaram: "Se haveis vindo para cumprir um voto a Deus, qual a
razão destas histórias mentirosas que haveis contado diante de todo o povo?" Finees o
sacerdote, Adass, o doutor, e Ageu, o levita, disseram aos arquissinagogos e levitas: "Se
estes fatos que contamos, e dos quais fomos testemunhas oculares, constituem um pecado,
aqui nos tendes em vossa presença; fazei conosco o que lhes pareça bom diante de vossos
olhos". Então eles pegaram o livro da lei e fizeram-nos jurar que não mencionariam a
ninguém aquelas coisas. Depois deram-lhes de comer e de beber e tiraram-nos da cidade,
não sem antes haver-lhes dado dinheiro e haver-lhes dado três homens para que os
acompanhassem, e que deveriam levá-los até os confins da Galiléia. E foram-se em paz.
       E depois que aqueles homens foram para a Galiléia, os pontífices, os arquissinagogos e
os anciãos reuniram-se na sinagoga, fechando a porta atrás de si, e demonstrando grande
dor, diziam: "Será possível que este portento aconteceu em Israel?" Então Anás e Caifás
disseram: "Por que estais tão agitados? Por que chorais? Ou não sabeis que seus discípulos
compararam-nos com uma boa quantidade de ouro e deram-lhes instruções para que digam
que um anjo do Senhor desceu e removeu a pedra da entrada do sepulcro?" Mas os
sacerdotes e anciãos disseram: "Pode ser que os discípulos tenham roubado seu corpo, mas,
como sua alma entrou no corpo e está vivendo na Galiléia?" E eles, na impossibilidade de
dar-lhes resposta para todas estas coisas, disseram enfim a duras penas: "A nós não nos é
permitido acreditar em alguns não circuncidados".
       Mas Nicodemus levantou-se e pôs-se em pé diante do conselho, dizendo: "Falais
perfeitamente. Não desconheceis, ó povo do Senhor, os varões que desceram da Galiléia,
homens de recursos, tementes a Deus, inimigos da avareza, amigos da paz. Pois bem, eles
disseram sob juramento que viram Jesus no monte Mamilch em companhia de seus
discípulos, que estava ensinando todas as coisas que pudessem ouvir da sua boca e que o
viram no momento de ser elevado ao céu. E ninguém perguntou-lhes de que maneira foi
elevado. Então como ensinava-nos, estava contido no livro das Sagradas Escrituras que
Elias foi elevado ao céu e que Eliseu gritou fortemente, fazendo com que Elias  atirasse sua
capa sobre o Jordão, e assim Eliseu pôde atravessar o rio e chegar até Jericó. Então os
filhos dos profetas saíram ao seu encontro e disseram-lhe: "Eliseu, onde está Elias, teu
senhor?' Ele respondeu que havia sido elevado ao céu. E eles disseram a Eliseu: "Será que o
espírito não o arrancou e o atirou sobre algum monte? Levamos nossos criados conosco e
partamos em sua busca'. E convenceram Eliseu, que foi com eles. E andaram buscando-o
durante três dias inteiros, sem encontrá-lo, pelo que tiveram conhecimento de que havia
sido chamado. E agora dai-me atenção: enviemos uma expedição por todos os confins de
Israel e vejamos se por ventura Cristo foi chamado por um espírito e foi depois atirado num
desses montes". Esta proposição agradou a todos e enviaram uma expedição por todos os
confins de Israel em busca de Jesus e não o encontraram. Encontraram foi José de
Arimatéia, mas ninguém atreveu-se a detê-lo.
       E foram-se a prestar contas aos anciãos e aos sacerdotes e aos levitas, dizendo: "Demos
a volta por todos os confins de Israel e não encontramos Jesus, mas encontramos sim José
de Arimatéia". Ao ouvir falar de José, os arquissinagogos, os sacerdotes e os levitas
encheram-se de alegria, deram glória a Deus e puseram-se a deliberar de que maneira
poderiam entrevistar-se com José. E pegaram um rolo de papel e escreveram o seguinte
para José: "Que a paz esteja  contigo; sabemos que pecamos contra Deus e contra ti. E
temos rogado ao Deus de Israel que permita com que venhas ao encontro de teus pais e de
teus filhos. Pois sabes que todos enchemo-nos de aflição quando, ao abrir a porta, não o
encontramos. E agora nos apercebemos de que havíamos tomado uma determinação
perversa contra ti; mas o Senhor veio em tua ajuda e Ele mesmo encarregou-se de dissipar
nosso mau propósito, honorável pai José".
       E escolheram, entre todo Israel, sete varões amigos de José, os quais José conhecia, e
os arquissinagogos, sacerdotes e levitas disseram-lhes: "Olhai, se ao receber nossa carta ele
a ler, sabereis que virá até nós em vossa companhia: porém, se não a ler, entendi que está
desgostoso conosco, e, depois de dar-lhe um beijo de paz, voltai aqui". Em seguida,
abençoaram os emissários e os despediram. Então estes chegaram ao lugar onde estava
José, e fazendo-lhe uma reverência, disseram-lhe: "A paz esteja contido". E ele por sua vez
disse: "Que a paz esteja convosco e com todo o povo de Israel". Então eles lhe entregaram a
carta. José aceitou-a, leu-a, beijou-a e louvou a Deus, dizendo: "Bendito o Senhor Deus,
que livrou Israel de derramar sangue inocente, e bendito o Senhor que enviou seu anjo e
abrigou-me sob as suas asas". Depois, preparou a mesa e ali comeram, beberam e
dormiram.
       No dia seguinte levantaram-se muito cedo e fizeram suas orações. Depois, José selou
sua mula e pôs-se a caminho acompanhado daqueles homens e foram até a cidade santa de
Jerusalém. E o povo em massa saiu ao encontro de José, gritando: "Entra em paz". Ele disse
dirigindo-se a todo o povo: "Que a paz esteja convosco". E eles deram-lhe um beijo,
prostrando-se em oração juntamente com José. E ficaram todos fora de si por poder
contemplá-lo. Nicodemus hospedou-o em sua casa e em sua honra deu uma grande
recepção, convidando Anás, Caifás, os anciãos, os sacerdotes e os levitas. E alegraram-se
comendo e  bebendo em companhia de José; e, depois de entoar hinos, cada qual  foi para
sua casa. José, porém, permaneceu com Nicodemus.
       Mas no dia seguinte, que era sexta-feira, os arquissinagogos, sacerdotes e levitas
madrugaram para ir à casa  de Nicodemus. Este veio ao seu encontro e disse-lhes: "Que a
paz  esteja convosco". E eles por sua vez disseram: "Que a paz esteja contigo e com José,
com toda a tua casa e com toda a casa de José". Então fê-los entrar em sua casa. O conselho
estava todo reunido, e José veio sentar-se  entre Anás e Caifás. E ninguém se atreveu a
dizer-lhe uma palavra. Então José disse: "A quem obedece aquele que me convocou?" Eles
fizeram sinais a Nicodemus para que falasse com José. Ele então abriu sua boca e falou-lhe
assim: "Sabes que os veneráveis doutores, assim como os sacerdotes e levitas, desejam
saber de ti uma coisa". E José disse: "Perguntai". Então Anás e Caifás pegaram o livro da
lei e colocaram José sob juramento dizendo: "Glorifica e confessa a Deus de Israel. Sabei
que Achar, ao ser conjurado pelo profeta Jesus, não cometeu perjúrio, mas sim anunciou
tudo e não ocultou uma só palavra. Tu, pois, também não oculte de nós nenhuma palavra. E
José disse: "Não ocultar-vos-ei uma só palavra". Então eles  lhe disseram: "Sentimos uma
grande contrariedade quanto pediste o corpo de Jesus e envolveste-o em um lençol limpo e
puseste-o no sepulcro. Por isso detivemos-te num recinto onde não havia nenhuma janela.
Deixamos, além disso, as portas trancadas e fechadas a chave e dois guardas ficaram
custodiando a prisão onde estavas fechado. Porém, quando fomos abrir, no primeiro dia da
semana, não te encontramos e preocupamo-nos ao máximo e foi-se estabelecendo o espanto
sobre todo o povo de Deus até ontem. Agora, então, conta-nos o que aconteceu contigo".
       E José disse: "Na sexta-feira, à décima hora, encarcerastes-me, e ali permaneci durante
o Sabat todo. Mas à meia-noite, enquanto eu estava em pé orando, a casa onde me deixastes
fechado ficou suspensa nos quatro ângulos e vi como que um relâmpago de luz diante dos
meus olhos. Amedrontei-me, então caí ao chão. Porém, alguém pegou a minha mão e
levantou-me do lugar onde estava caído. Senti depois que a água derramava-se sobre mim
desde a cabeça até os pés e veio às minhas narinas uma fragrância de bálsamo. E aquela
personagem desconhecida enxugou-me o rosto, deu-me um beijo e disse-me: "Não temas,
José; abre teus olhos e olha para quem te fala'. Então levantando meus olhos, vi Jesus; mas
no meu estremecimento supus que era um fantasma e pus-me a recitar os mandamentos. E
ele pôs-se a recitá-los junto comigo. Como sabeis muito bem, se um fantasma vem ao vosso
encontro e ouve os mandamentos, foge rapidamente. Vendo, então, que recitava-os
juntamente comigo, disse-lhe: "Mestre Elias'. Mas ele disse-me: "Não sou Elias'. Eu então
disse: "Quem sois, Senhor?' Ele disse-me: "Eu sou Jesus, aquele cujo o corpo tu pediste a
Pilatos e envolveste com um lençol limpo, e puseste um sudário sobre a cabeça, e colocaste
em tua gruta nova, e rolaste uma grande pedra à sua entrada'. E eu disse ao que me falava:
"Mostrai-me o lugar onde te coloquei'. E ele levou-me e mostrou-me o lugar onde eu o
colocara; nele estavam estendidos o lençol e o sudário que havia servido para seu rosto.
Então reconheci que era Jesus. Depois ele pegou minha mão e deixou-me a portas fechadas
dentro da minha casa; em seguida, acompanhou-me até minha cama e disse-me: "Que a paz
esteja contigo'. A seguir deu-me um beijo, dizendo-me: "Até que se completem quarenta
dias não saias de tua casa; pois eis que vou até a Galiléia ao encontro de meus irmãos'."
       Quando os arquissinagogos, sacerdotes e levitas ouviram estas palavras dos lábios de
José, ficaram como mortos e caíram ao chão. E jejuaram até a nona hora. Então Nicodemus
e José puseram-se a animar Anás e Caifás, os sacerdotes e os levitas, dizendo: "Levantai,
ficai em pé e robustecei vossas almas, pois amanhã é o Sabat do Senhor". E com isto
levantaram-se, oraram a Deus, comeram, beberam e cada um voltou à sua casa.
       No sábado seguinte, nossos doutores reuniram-se em conselho, bem como os
sacerdotes e levitas, discutindo entre si e dizendo: "Que será esta cólera que se formou
sobre nós? Porque, de nossa parte, conhecemos bem seu pai e sua mãe". Então, Levi o
doutor disse: "Conheço seus pais e sei que são tementes a Deus, que não descuidam de seus
votos e que três vezes por ano dão seus dízimos. Quando Jesus nasceu, trouxeram-no a este
lugar e ofereceram a Deus sacrifícios e holocaustos. E o grande doutor Simeão, ao tomá-lo
em seus braços, disse: "Agora despeça o teu servo em paz, Senhor, segundo tua palavra;
pois meus olhos viram tua salvação, que preparaste para a face de todos os povos; luz para
a revelação dos gentios e glória do teu povo de Israel'. E Simeão abençoou-os e disse a
Maria, sua mãe: "Dou-te boas novas com relação a este menino'. Maria disse: "Boas,
senhor?' E Simeão respondeu: "Boas; olha, este foi colocado para a queda e ressurreição de
muitos em Israel e para seu um sinal de contradição. Tua própria alma será atravessada por
uma espada de forma que os pensamentos de muitos fiquem a descoberto'."
       Então disseram a Levi o doutor: "Como sabes tu disto?" Ele respondeu: "Não sabeis
que aprendi a lei dos seus lábios?" Os do conselho disseram: "Queremos ver teu pai". E
fizeram com que o pai de Levi fosse chamado. E, quando o interrogaram, ele respondeu:
"Por que não acreditastes em meu filho? O bem-aventurado e justo Simeão em pessoa
ensinou-lhe a lei". E o conselho disse-lhe: "Mestre Levi, é verdade o que disseste?" Ele
respondeu: "É verdade". E os arquissinagogos, sacerdotes e levitas disseram entre si: "Eia!
Enviemos à Galiléia os três  homens que vieram trazer ao nosso conhecimento sua doutrina
e sua ascensão, e que nos digam de que maneira viram-no elevar-se". E esta proposição
agradou a todos. Enviaram, pois, os três homens que os haviam acompanhado
anteriormente até a Galiléia com essa incumbência: "Dizei ao mestre Adas, ao mestre
Finees e ao mestre Ageu: "Que a paz esteja convosco e com os que estão em vossa
companhia'. Tendo havido uma grande discussão neste conselho, viemos para levar-vos a
este lugar santo de Jerusalém".
       Puseram-se, pois, os homens a caminho da Galiléia e os encontraram sentados e
absortos com o estudo da  lei. Deram-lhe um abraço de paz. Então disseram os varões
galileus a quem havia ido buscar: "Que a paz esteja convosco". E aqueles disseram de
novo: "A que viestes?" Os enviados responderam: "Chama-vos  os conselho da santa cidade
de Jerusalém". Quando aqueles homens ouviram que eram procurados pelo conselho,
fizeram orações a Deus, sentaram-se à mesa com os enviados, comeram, beberam,
levantaram-se e puseram-se tranqüilamente a caminho de Jerusalém.
       No dia seguinte, o conselho reuniu-se na sinagoga e os interrogaram dizendo: "É
verdade que vistes Jesus sentado no monte Mamilch dando instruções aos seus onze
discípulos e que presenciastes sua ascensão?" E os homens responderam desta maneira:
"Da mesma maneira que o vimos ao ser elevado, assim vos contamos".
       Então Anás disse: "Separemo-los uns dos outros e vejamos se suas declarações
coincidem". E foram separados. Depois, em primeiro lugar, chamaram Adas e lhe disseram:
"Mestre, como contemplaste a ascensão de Jesus?" Adas respondeu: "Enquanto ainda
estava sentado no monte Mamilch e dava instruções aos seus discípulos, vimos uma nuvem
que cobriu a todos com sua sombra; depois, a mesma nuvem elevou Jesus até o céu,
enquanto que os discípulos jaziam com suas faces na terra". Em seguida chamaram a
Finees, sacerdote, e perguntaram-lhe também: "Como contemplaste a ascensão de Jesus?"
E ele falou de maneira semelhante. Interrogaram também a Ageu, que respondeu de
maneira semelhante. Então ele disse ao conselho: "Está contido na lei de Moisés: "Da boca
de dois ou três toda a palavra será  firme'." E o mestre Buthem acrescentou: "Está escrito na
lei: "E passeava Enoch com Deus, e já não existe, porque Deus levou-o consigo'." Também
o mestre Jairo disse: "Também ouvimos falar da morte de Moisés, mas não o vimos, pois
está escrito na lei do Senhor: "E Moisés morreu pela palavra do Senhor e ninguém jamais
conheceu, até o dia de hoje, seu sepulcro'." E o mestre Levi disse: "E o que significa o
testemunho que o mestre Simeão deu quando viu Jesus: "Eis aqui que este está colocado
para a queda e ressurreição de muitos em Israel e como sinal de contradição'?" E o mestre
Isaac disse: "Está escrito na lei: "Eis aqui que eu envio meu mensageiro diante de ti, o qual
preceder-te-á para guardar-te em todo o bom caminho, pois meu nome é nele invocado'."
       Então Anás e Caifás disseram: "Haveis citado justamente o escrito na lei de Moisés,
que ninguém viu a morte de Enoch e que ninguém mencionou a morte de Moisés. Mas
Jesus falou a Pilatos, e nós sabemos que o vimos receber bofetadas e cusparadas no rosto;
que os soldados cingiram-lhe uma coroa de espinhos; que foi flagelado; que recebeu
sentença da parte de Pilatos; que foi crucificado no Calvário em companhia de dois ladrões;
que se lhe deu de beber fel e vinagre; que o centurião Longinos abriu seu flanco com uma
lança; que José, nosso honorável pai, pediu seu corpo e que, como disse, ressuscitou; que,
como dizem os três mestres, viram-no elevar-se ao céu; e, finalmente, que o mestre Levi
deu testemunho do que o mestre Simeão disse, e que disse: "Eis aqui este que está colocado
para a queda e ressurreição de muitos em Israel e como sinal de contradição'." E todos os
doutores disseram em uníssono ao povo inteiro de Israel: "Se esta ira provém do Senhor e é
admirável aos nossos olhos, conhecei sem dar margem a dúvidas, ó casa de Israel, que está
escrito: "Maldito todo aquele que está preso a um pedaço de madeira'. E outro lugar da
escritura menciona: "Deuses que não fizeram  o céu e a terra perecerão'." E os sacerdotes e
levitas disseram entre si: "Se sua memória perdurar até Sommos (também conhecido pelo
nome de Jobel), sabei que o seu domínio será eterno e que fará nascer para si um novo
povo". Então os arquissinagogos, sacerdotes e levitas exortaram todo o povo de Israel
dizendo: "Maldito aquele que adorar qualquer obra saída de mãos humanas e maldito
aquele que adorar as criaturas tendo ao lado o Criador". E o povo em massa respondeu:
"Amém, amém".
       Depois a multidão entoou um hino ao Senhor desta forma: "Bendito o Senhor, que
proporcionou descanso ao povo de Israel de acordo com o que havia prometido; não caiu
no vazio nem uma só de todas as boas coisas que disse ao seu servo Moisés. Que siga ao
nosso lado o Senhor nosso Deus da mesma maneira que estava do lado dos nossos pais.
Que não nos entregue à perdição para que possamos inclinar nosso coração até Ele, para
que possamos seguir todos os seus caminhos e para que possamos praticar os preceitos e
critérios que apregoou aos nossos pais. Naquele dia o Senhor será rei sobre toda a terra; não
haverá outro ao seu lado; seu nome será unicamente Senhor, nosso rei. Ele nos  salvará.
Não há semelhante a ti, Senhor; sois grande, Senhor, e grande o teu nome. Cura-nos pela
tua virtude e seremos curados; salva-nos, Senhor, e seremos salvos, pois somos tua pequena
parte e tua herança. O Senhor não abandonará jamais o seu povo pela magnitude do seu
nome, pois começou a fazer de nós o seu povo.
      E todos depois, em coro, cantaram o hino e cada qual foi para casa dando graças a
Deus, porque aquele dia permanece por todos os séculos dos séculos. Amém.
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------
DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO 
      Dois textos apócrifos constituem o Evangelho de Nicodemus: Atos de Pilatos e Descida 
de Cristo ao Inferno. Em é seqüência do outro e o completa, embora escritos em épocas 
diferentes. Justino, em 150, menciona em seus escritos um texto chamado Atos de Pôncio 
Pilatos, narrando os acontecimentos posteriores à Crucificação. 
EVANGELHO DE NICODEMUS 02
Versão grega 
       Então José disse: "E por que vos admirai de que Jesus tenha ressuscitado? O admirável 
não é isto; o admirável é que não somente ele ressuscitou, como também devolveu a vida a 
um grande número de mortos, que há muito não são vistos em Jerusalém. E se não  
conheceis os outros, conheceis sim, pelo menos, Simeão, aquele que tomou Jesus nos 
braços, assim como também seus dois filhos, que igualmente foram ressuscitados. Pois a 
esses, há pouco tempo, nós  mesmos demos sepultura, e agora podem contemplar seus 
sepulcros abertos e vazios, e estão vivos e morando em Arimatéia". Enviaram, então, 
algumas pessoas e comprovaram que os sepulcros estavam abertos e vazios. José então 
disse: "Vamos a Arimatéia e veremos se os encontramos". 
       E levantando-se os pontífices Anás, Caifás, José, Nicodemus, Gamaliel, e outros em 
sua companhia, foram até Arimatéia onde encontraram aqueles a quem José se havia 
referido. Fizeram, então, orações e abraçaram-se mutuamente. Depois regressaram a 
Jerusalém em sua companhia e os levaram até a sinagoga. E, ali postos, fecharam as portas, 
colocaram o Antigo Testamento dos judeus no  cento e os pontífices disseram-lhes: 
"Queremos que jureis pelo Deus de Israel e por Adonai, para que assim digais a verdade, de 
como haveis ressuscitado e quem é aquele que vos tirou de entre os mortos". 
       Quando os ressuscitados ouviram isto, fizeram sobre suas faces o sinal da cruz e 
disseram aos pontífices: "Dai-nos papel, tinta e pena". Trouxeram-lhes e, sentando-se, 
escreveram da seguinte maneira: 
       Oh, Senhor Jesus Cristo, ressurreição e vida do mundo! Dai-nos a graça para fazermos 
o relato da tua ressurreição e das maravilhas que fizeste no Inferno. Nós estávamos, então, 
no Inferno em companhia de todos os que haviam morrido desde o princípio. E  na hora da 
meia-noite amanheceu naquelas trevas, algo assim como a luz do sol, e com o seu brilho 
fomos todos iluminados e pudemos ver-nos uns aos outros. E ao mesmo tempo o nosso pai 
Abraão, os patriarcas e profetas e todos em uníssono regozijaram-se e disseram entre si: 
"Esta luz provém de um grande resplendor". Então o profeta Isaías, ali presente, disse: 
"Esta luz provém do Pai, do Filho e do Espírito Santo; sobre ela ou profetizei, quando ainda 
estava na terra, desta maneira: "Terra de Abulão e terra de Neftali, o povo que estava 
sumido nas trevas viu uma grande luz'. 
       Depois surgiu do meio um asceta do deserto, e os patriarcas perguntaram-lhe: "Quem 
sois?" Ele respondeu: "Eu sou João, o último dos profetas, aquele que preparou os 
caminhos do Filho de Deus e pregou a penitência ao povo para remissão dos pecados. O 
Filho de Deus veio ao meu encontro e, ao vê-lo de longe, disse ao povo: "Eis aqui o 
cordeiro de Deus, aquele que tira os pecados do mundo'. E com minha própria mão batizei-
o no rio Jordão e vi o Espírito Santo em forma de pomba que descia sobre ele. E ouvi 
também a voz de Deus Pai, que assim dizia: "Este é meu Filho, o amado, o que me agrada'. 
E por isso mesmo também enviou-me a vós para anunciar-vos a chegada do Filho de Deus 
unigênito a este lugar, a fim de que aquele que acreditar nele seja salvo, e quem não 
acreditar, seja condenado. Por isto recomendo a todos que, enquanto o virdes, adoreis 
somente a ele, porque esta é a única oportunidade de que dispondes para fazer penitência 
pelo culto que rendestes aos ídolos enquanto vivíeis no mundo vil de antes e pelos pecados 
que cometestes; isto já não poderá ser feito em outra ocasião. 
      Ao ouvir o primeiro a ser criado e pai de todos a instrução que João estava dando aos 
que se encontravam no inferno, disse Adão ao seu filho Seth: "Meu filho, quero que digas 
aos pais do gênero humano e aos profetas para onde eu o enviei quando caí no transe da 
morte". Seth disse: "Profetas e patriarcas, escutai: meu pai Adão, a primeira das criaturas, 
caiu uma vez em perigo de morte e enviou-me para fazer orações a Deus muito próximo da 
porta do paraíso, para que me fizesse chegar por meio de um anjo até a árvore da 
misericórdia, de onde haveria de tomar do óleo, para com ele ungir meu pai para que assim 
ele pudesse recuperar-se de sua doença. Assim fiz. E, depois de fazer minha oração, um 
anjo do Senhor veio e disse-me: "Que pedes, Seth? Buscas o óleo que cura os doentes ou a 
árvore que o distila para a doença do teu pai? Isto não pode ser encontrado agora. Vai, pois, 
e diz ao teu pai que depois de cinco mil e quinhentos anos, a partir da criação do mundo, 
haverá de descer o Filho de Deus humanizado; Ele encarregar-se-á de ungi-lo com este 
óleo, e teu pai levantar-se-á; e, além disso, purificá-lo-á, tanto a ele quanto aos seus 
descendentes com água e com o Espírito Santo; e então, sim, ver-se-á curado de todas as 
doenças, porém, por agora, isto é impossível'." 
      Os patriarcas e profetas que ouviram isto alegraram-se grandemente. 
       E, enquanto estavam todos se regozijando desta forma, Satanás, o herdeiro das trevas, 
veio e disse ao Inferno: "ó tu, devorador insaciável de todos, ouve minhas palavras: anda 
por aí um certo judeu, de nome Jesus, que chama-se a si mesmo Filho de Deus; mas, como 
é um homem puro, os judeus deram-lhe a morte na cruz, graças à nossa cooperação. Agora, 
então, que acaba de morrer, estejas preparado para que possamos colocá-lo aqui bem 
aprisionado; pois eu sei que não é mais do que um homem, e ouvi-o até dizer: "Minh'alma 
está triste por causa da morte'. Sabes, além disso, que ele me causou muitos danos no 
mundo enquanto vivia entre os mortais, pois aonde quer que eu encontrasse meus servos, 
ele os perseguia; e todos os homens que eu deixava mutilados, cegos, coxos, leprosos ou 
algo semelhante, ele os curava somente com sua palavra; até muitos deles para os quais eu 
já havia preparado sepultura, ele fazia reviver somente com sua palavra". 
       Então disse o Inferno: "E é ele tão poderoso assim que pode fazer tais coisas somente 
com sua palavra? E, sendo ele assim, tu porventura te atreves a enfrentá-lo? Eu creio que 
diante de alguém como ele, ninguém poderá opor-se. E o que disseste tê-lo ouvido 
exclamar, expressando seu temor diante da morte, disse-o sem dúvida, para rir-se de ti e 
enganar-te, para poder desafiar-te com seu poder. E então, ai! ai de ti por toda a 
eternidade!" Ao que Satanás respondeu: "ó Inferno, devorador insaciável de todos! Sentiste 
tanto medo assim ao ouvir falar de nosso inimigo comum? Eu nunca lhe tive medo, e bem 
que aticei os judeus, e eles o crucificaram e deram-lhe de beber fel com vinagre. Prepara-te, 
então, para que quando venha possa subjugá-lo firmemente". 
       O Inferno respondeu: "Herdeiro das trevas, filho da perdição, caluniador, acabas de 
dizer-me que ele fazia reviver somente com sua palavra a muitos dos que tu havia 
preparado para a sepultura; se, pois, ele livrou outros do sepulcro, como e com que forças 
nós seremos capazes de subjugá-lo? Há pouco tempo devorei um cadáver chamado Lázaro; 
porém, pouco depois, um dos vivos, somente com sua palavra, arrancou-o à força das 
minhas entranhas. E penso que ele é o mesmo ao qual tu te referes. Se, pois, viermos a 
recebê-lo aqui, tenho medo de que corramos perigo também com relação aos demais porque 
deves saber que vejo agitados todos os que devorei desde o princípio, e sinto dores na 
minha barriga. E Lázaro, aquele que me foi arrebatado anteriormente, não é um bom 
presságio, pois voou para longe de mim, não como um  morto mas sim como uma águia: 
tão rapidamente arremessou-o fora da terra. Assim, pois, conjuro-te por tuas artes e pelas 
minhas, não o tragas aqui. Tenho para mim que o fato de ele ter-se apresentado em nossa 
mansão quer dizer que todos os mortos cometeram pecado. E considera que, pelas trevas 
que possuímos, se o trouxeres aqui, não me restará nem um só dos mortos". 
       Enquanto Satanás e o Inferno diziam tais coisas entre si, produziu-se uma grande voz 
como um trovão, que dizia: "Elevai, ó príncipes, vossas portas; descerrai, ó portas eternas, e 
o Rei da Glória entrará". Quando o Inferno ouviu isto, disse a Satanás:  "Sai, se és capaz, e 
enfrenta-o". E Satanás saiu. Depois o Inferno disse para seus demônios: "Trancai bem e 
fortemente as portas de bronze e os  ferrolhos de ferro; guardai minhas fechaduras e 
examinai tudo o que está em pé, pois, se aquele entrar aqui, ai! apoderar-se-á de nós". 
       Os pais que ouviram isto começaram a fazer-lhe zombarias dizendo: "Comilão 
insaciável, abre para que o Rei da Glória entre". E o profeta Davi disse: "Não sabes, cego, 
que estando eu ainda no mundo, fiz esta profecia: "Elevai, ó príncipes, vossas portas!?'" 
Isaías por sua vez disse: "Eu, prevendo isto pela virtude do Espírito Santo, escrevi: "Os 
mortos ressuscitarão e os que estão no sepulcro levantar-se-ão e os que vivem na terra 
alegrar-se-ão'; e onde estão, ó morte, teus grilhões? Aonde, Inferno, a tua vitória?" 
       Então, de novo veio uma voz que dizia: "Levantai as portas". O Inferno, que ouviu 
repetir esta voz, disse como se não se apercebesse: "Quem é este Rei da Glória?" E os anjos 
do Senhor responderam: "O Senhor forte e poderoso, o Senhor poderoso na batalha". E 
num instante, à convocação de conjuração desta voz, as portas de bronze se tornaram 
pequeninas e os ferrolhos de ferro ficaram reduzidos a pedaços, e todos os defuntos 
acorrentados viram-se livres de suas correntes, e nós dentre eles. E entrou o Rei da Glória 
na figura humana, e todos os antros escuros de Inferno foram iluminados. 
       Em seguida o Inferno começou a gritar: "Fomos vencidos, ai de nós! Mas quem és tu, 
que possuis tal poder e força? Quem és tu, que vens aqui sem pecado? Aquele que é 
pequeno na aparência e pode grandes coisas, o humilde e o excelso, o servo e o senhor, o 
soldado e o rei, aquele que tem poder sobre os vivos e os mortos? Foste pregado à cruz e 
colocado no sepulcro, e agora ficaste livre e  desfizeste nossa força. Então, por conseguinte, 
é tu Jesus, de quem nos falava o grande sátrapa Satanás, que pela cruz e pela morte tornar-
te-ias dono de todo o mundo?" 
       Então o Inferno encarregou-se de Satanás e disse-lhe: "Belzebu, herdeiro do fogo e da 
tempestade, inimigo dos santos, que necessidade tinhas de providenciar para que o  Rei da 
Glória fosse crucificado e que viesse depois aqui e nos despojasse? Vira-te e olha que em 
mim não ficou nenhum morto, pois que tudo o que ganhaste pela árvore da ciência puseste 
a perder pela cruz. Todo o teu gozo converteu-se em tristeza, e a pretensão de matar o Rei 
da Glória provocou tua própria morte. E, uma vez que te recebi com a recomendação de 
subjugar-te fortemente, aprenderás com a própria experiência quanto mal sou capaz de 
infligir-te. Ó chefe dos diabos, princípio da morte, raiz do pecado, final de toda a maldade, 
que encontraste de mal em Jesus para buscar sua perdição? Como tiveste coragem para 
perpetrar um crime tão grande? Por que te ocorreu fazer um varão como este descer até 
estas trevas, pois as despojou de todos os que morreram desde o princípio?" 
       Enquanto o Inferno admoestava assim Satanás, o Rei da Glória estendeu sua mão 
direita e com ela pegou e levantou o primeiro pai Adão. Depois dirigiu-se aos demais e 
disse-lhes: "Vinde aqui comigo todos os que foram feridos de morte pelo madeiro que me 
tocou, pois eis aqui que eu vos ressuscito pela madeira da cruz". E com isto levou todos 
para fora. E o primeiro pai Adão apareceu transbordante de gozo e dizia: "Agradeço, 
Senhor, tua magnanimidade por me haveres tirado do mais profundo Inferno". E também 
todos os profetas e santos disseram: "Damos-te graças, ó Cristo Salvador do mundo, porque 
tiraste nossa vida da corrupção". 
       Depois de assim haverem falado, o Salvador abençoou Adão na testa com o sinal da 
cruz. Depois fez a mesma coisa com os patriarcas, profetas, mártires e progenitores. E a 
seguir pegou-os a todos e deu um salto do Inferno. E enquanto ele caminhava, os santos 
pais seguiam-no cantando e dizendo: "Bendito aquele que vem em nome do Senhor. 
Aleluia! Sejam para ele os louvores de todos os santos". 
      Ia, então, a caminho do paraíso levando pela mão o primeiro pai Adão. E ao chegar,  
entregou-o, assim como os demais justos, ao arcanjo Micael. E quando entraram pela porta 
do paraíso, saíram dois anciãos, aos quais os santos pais perguntaram: "Quem sois vós, que 
não viestes a morte nem descestes ao Inferno, mas viveis de corpo e alma no paraíso?" Um 
deles respondeu e disse: "Eu sou Enoch, aquele que agradou ao Senhor e foi trazido aqui 
por Ele; este é Elias e Tesbita; ambos seguiremos vivendo até a consumação dos séculos; 
então seremos enviados por Deus para enfrentar o anticristo e ser mortos por ele, e 
ressuscitar no terceiro dia, para depois sermos arrebatados pelas nuvens ao encontro do 
Senhor". 
      Enquanto eles assim se expressavam, veio outro homem de aparência humilde, que 
levava ainda sobre os seus ombros uma cruz. Os santos pais disseram-lhe: "Quem és tu, que 
tens o aspecto de ladrão, e que é essa cruz que leva sobre teus ombros?" Ele respondeu: 
"Eu, segundo dizes, era ladrão e assaltante no mundo e por isso os judeus prenderam-me e 
entregaram-me à morte na cruz juntamente com Nosso Senhor Jesus Cristo. E enquanto ele 
pendia na cruz, ao ver os prodígios que se sucederam, acreditei e roguei a ele dizendo: 
"Senhor, quando reinares, não te esqueças de mim'. E ele logo disse-me: "Em verdade em 
verdade te digo, hoje mesmo estarás comigo no paraíso'. Vim, pois, com minha cruz nas 
costas até o paraíso e, encontrando o arcanjo Micael, disse-lhe: Nosso Senhor Jesus, aquele 
que foi crucificado, enviou-me aqui; leva-me, então, até a porta do Éden'. E quando a 
espada de fogo viu o sinal da cruz, abriu-me a porta e entrei. Depois o arcanjo disse-me: 
"Espera um momento, já que também deve ir o primeiro pai da raça humana, Adão, em 
companhia dos justos, para que eles também entrem. E agora, ao vê-los, saí ao vosso 
encontro'." 
      Quando os santos ouviram isto, exclamaram em voz alta da seguinte maneira: "Grande 
é o nosso Senhor e grande é o seu poder". 
      Tudo isto nós vimos e ouvimos, os dois irmãos gêmeos, que fomos também enviados 
pelo arcanjo Micael e designados para pregar a ressurreição do Senhor antes de ir até o 
Jordão e sermos batizados. Para ali fomos e fomos batizados juntamente com outros 
defuntos também ressuscitados; depois viemos a Jerusalém e celebramos a Páscoa da 
ressurreição. Mas agora, na impossibilidade de permanecermos aqui, vamo-nos. Que a 
caridade, então, de Deus Pai e a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo e a comunicação dos 
Espírito Santo estejam convosco". E, uma vez isto escrito e fechados os livros, deram a 
metade aos pontífices e a outra metade a José e a Nicodemus.  Eles, por sua vez, 
desapareceram imediatamente para a glória de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém. 
DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO 
Versão Latina 
       Então os mestres Addas, Finnes e Égias, três varões que vieram da Galiléia para 
testemunhar que haviam visto Jesus ser arrebatado ao céu, levantaram-se em meio à 
multidão  de chefes dos judeus e disseram na presença dos sacerdotes e  levitas reunidos em 
conselho: "Senhores, quando íamos da Galiléia ao Jordão, veio ao nosso encontro uma 
grande multidão de homens vestidos de branco que haviam morrido já há algum tempo. 
Dentre eles reconhecemos  Karino e Lêucio; e quanto eles se aproximaram de nós e nos 
beijamos mutuamente, já que haviam sido nossos amigos, perguntamo-lhes: "Dizei-nos, 
irmãos e amigos, que são esta alma e este corpo, e quem são essas pessoas com quem 
caminhais, e como viveis no corpo, sendo que já faz tempo que morrestes?" 
       Eles responderam desta maneira: "Ressuscitamos dos infernos com Cristo e Ele tirou-
nos de entre os mortos. E saibas que a partir de agora ficam destruídas as portas da morte e 
das trevas, e as almas dos santos foram tiradas dali e subiram ao céu com Cristo Senhor 
Nosso. O Senhor em pessoa mandou-nos que, durante um certo tempo vagássemos pelas 
margens do Jordão e pelos montes, entretanto sem que nos deixássemos ver e sem que 
falássemos com ninguém, mas somente com aqueles que ele permitisse. Neste momento, 
não nos seria possível nem falar nem nos deixar ver por vós se não nos tivesse sido 
permitido pelo Espírito Santo". 
       Diante destas palavras, a multidão que assistia ao conselho ficou assustada, presa de 
temor e de tremor, e dizia: "Por ventura será verdade o que estes dois galileus 
testemunham?" Então Anás e Caifás dirigiram-se ao conselho nestes termos: "Descobrir-se-
á imediatamente o que está relacionado com todas estas coisas de que estes deram 
testemunho antes e depois: se se comprovar ser verdade que Karino e Lêucio permanecem 
vivos em seus corpos, e se nos for permitido vê-los com nossos próprios olhos, significa 
que é verdade o que eles testemunham com todos os detalhes, e, quando os encontrarmos, 
informar-nos-ão com certeza de tudo. Caso contrário, porém, sabei que tudo é pura farsa". 
       Puseram-se, então, a deliberar e concordaram em escolher alguns homens idôneos e 
tementes a Deus, que os sabiam mortos e os conheciam a sepultura em que haviam sido 
colocados, para que fizessem diligentes pesquisas e comprovassem se aquilo era, na 
verdade, tal como haviam dito. Assim, pois, foram lá quinze homens que haviam 
presenciado a sua morte e haviam estado pessoalmente no lugar  da sepultura, e haviam 
visto seus sepulcros. Examinaram, então, e os encontraram abertos, bem como outros 
tantos, sem que pudessem ver sinais de seus ossos ou de suas cinzas. E voltaram com 
grande surpresa, relatando o que haviam visto. 
       Então a sinagoga inteira turbou-se, cheia de uma angústia terrível, e disseram entre si: 
"Que haveremos  de fazer?" Anás e Caifás disseram: "Dirigimo-nos ao lugar onde eles 
estão, e enviemos até eles homens de nobreza, intercessores que lhes supliquem que se 
dignem vir a nós". Enviaram, então, Nicodemus, José e os três mestres galileus que os 
haviam visto, com o pedido de que fizessem a gentileza de vir até eles. Puseram-se, então, a 
caminho e andaram por todos os arredores de Jordão e dos montes. Mas, não os tendo 
encontrado, já estavam tomando o caminho de volta. 
       Quando, de repente, avistaram uma grande multidão, como de uns doze mil homens 
que haviam ressuscitado com o Senhor e que desciam do monte Amalech. Eles 
reconheceram muitos deles, porém não foram capazes de dirigir-lhes uma só palavra, com 
medo da visão angélica, e contentaram-se em vê-los de longe e ouvi-los  cantando hinos e 
dizendo: "O Senhor ressuscitou de entre os mortos, como havia dito; alegremo-nos e 
regozijemo-nos todos, porque ele reina eternamente". Então os que foram buscá-los ficaram 
mudos de admiração e receberam deles o conselho de ir procurar Karino e Lêucio em suas 
próprias casas. 
       Levantaram-se, então, e  foram buscá-los em suas casas, onde os encontraram 
entregues à oração. E, entrando no lugar em que estavam, caíram com os rostos por terra e 
assim que se cumprimentaram, levantaram-se e disseram: "Amigos de Deus, ao ouvir que 
havíeis ressuscitado de entre os mortos, a assembléia dos judeus  enviou-nos a vós para 
pedir-vos encarecidamente que vos dirijais até eles, para que possamos juntos conhecer as 
maravilhas divinas que tiveram lugar à nossa volta em nossos tempos". Eles então 
levantaram-se imediatamente, movidos pela inspiração divina, e, em sua companhia, 
entraram na sinagoga. E a assembléia dos judeus, juntamente com os sacerdotes, passaram 
às suas mãos os livros da lei e os conjuraram pelo Deus Heloi e Deus Adonai e pela lei e 
pelos profetas desta maneira: "Dizei-nos como haveis ressuscitado de entre os mortos e o 
que são estas maravilhas que tiveram lugar em nossos tempos, maravilhas de que jamais 
ouvimos falar em qualquer outro tempo. Sabei, então, que o pavor e a estupefação 
atingiram nossos ossos e que a terra moveu-se sob nossos pés, por havermos juntado nossa 
vontade para derramar sangue justo e santo". 
       Então, Karino e Lêucio fizeram-lhes sinais com as mãos para que lhes descem um rolo 
de papel e tinta. E assim o fizeram porque o Espírito Santo não lhes permitiu falar com eles. 
Deram a cada um papel e os separaram em diferentes salas. E eles então, depois de fazerem 
o sinal da cruz com os dedos, começaram a escrever cada um seu próprio rolo. E, quando 
terminaram, exclamaram a uma só voz, de suas salas: "Amém". Em seguida Karino 
levantou-se e deu seu papel para Anás, enquanto que Lêucio fez o mesmo com Caifás. E 
depois de se despedirem, saíram e voltaram aos seus sepulcros. 
       Então, Anás e Caifás abriram cada um o seu volume e começaram a ler em segredo. O 
povo, porém, sentindo-se ofendido, exclamou em uníssono: "Lede esses escritos em voz 
alta, e, depois, haveremos de conservá-los para que a verdade divina não venha a ser 
adulterada por indivíduos imundos e ardilosos, levados pela obsessão". Então Anás e 
Caifás, cheios de tremor, entregaram o rolo de papel ao mestre Addas, ao mestre Finees e 
ao mestre Égias, que haviam vindo da Galiléia com a notícia de que Jesus havia sido 
elevado ao céu; e todo o povo confiou neles para que lessem este escrito. E leram o papel, 
que continha o seguinte: 
       "Senhor Jesus Cristo, permite que eu, Karino, exponha as maravilhas que operaste nos 
Infernos. Enquanto nós nos encontrávamos presos nos Infernos, desaparecidos nas trevas e 
nas sombras da morte, vimo-nos de repente iluminados por uma grande luz e o Inferno e as 
portas da morte estremeceram. Então fez-se ouvir a voz do Filho do Altíssimo, como se 
fosse a voz de um grande trovão que, dando um forte brado, disse: "Deixai que se abram, ó 
príncipes, vossas portas; descerrai as portas da eternidade, pois sabeis que Cristo Senhor, 
Rei da Glória, virá para entrar. 
       "Então Satanás, o príncipe da morte, ouvindo o brado, fugiu aterrorizado para dizer aos 
seus subordinados e aos Infernos: "Meus ministros e todos os Infernos, vinde todos aqui, 
fechai vossas portas, colocai os ferrolhos, lutai com denodo e resisti, não aconteça que, 
sendo donos das correntes, venhamos a ficar presos nelas'. Então, todos os seus ímpios 
satélites, perturbados, puseram-se apressadamente a fechar as portas da morte, a verificar as 
fechaduras e os ferrolhos, e a empunhar com firmeza todas as suas armas, e a lamentar com 
voz sinistra e horripilante. 
       "Então Satanás disse ao Inferno: "Prepara-te para receber alguém que vou trazer-te'. 
Mas o Inferno assim respondeu a Satanás: "Esta voz não foi outra coisa senão o brado do 
Filho do Pai Altíssimo, pois diante das suas palavras a terra e os lugares do Inferno 
entraram em comoção; penso que tanto eu quanto minhas ligações ficaram agora patentes e 
a descoberto. Mas afirmo-te, ó Satanás, cabeça de todos os males, por tua força e pela 
minha, que não o tragas a mim, a não ser que, querendo pegá-lo, venhamos nós a ser presos 
por ele. Pois se somente com sua voz minha fortaleza ficou de tal forma desfeita, que fazer 
quando estiver em sua presença?' 
       "Por sua vez, Satanás, o príncipe da morte, assim respondeu: "Por que gritas? Não 
tenhas medo, perversíssimo amigo de outrora, porque fui eu quem incitou o povo judeu 
contra  ele e graças a mim foi ferido com bofetadas, e eu perpetrei sua traição através de um 
dos seus. Além disso, é um homem muito temeroso diante da morte, posto que, deixando-se 
oprimir pela força do temor, disse: "Minh'alma está triste até a morte'. E eu mesmo trouxe 
até ela, já que agora está dependurado na cruz'. 
       "Então o Inferno lhe disse: "Se é ele quem somente com o poder do seu verbo fez 
Lázaro voar das minhas entranhas como uma águia, morto já há quatro dias, esse não é um 
homem na sua humanidade, mas sim Deus na sua majestade. Suplico-te, então,  que não mo 
tragas aqui'. Satanás contestou: "Entretanto, prepara-te;  não tenhas medo. Agora que já está 
dependurado na cruz, não posso fazer outra coisa'. Então o Inferno respondeu a Satanás da 
seguinte maneira: "Se, então, não és capaz de fazer outra coisa, tua perdição está perto. Em 
última instância, eu ficarei, sim, abatido e sem honra, mas tu serás crucificado sob meu 
domínio'. 
       "Enquanto isso, os santos de Deus estavam escutando a contenda entre Satanás e o 
Inferno; eles ainda não se reconheciam, mas estavam a ponto de começar a se conhecer. E 
nosso pai Adão, por sua vez, assim respondeu a Satanás: "Ó príncipe da morte, por que 
tremes e te amedrontas? Olha, o Senhor virá e irá destruir agora mesmo todas as tuas 
criaturas, e tu serás amarrado por ele e ficarás preso por toda a eternidade'. 
       "Então, todos os santos, ao ouvir a voz de nosso pai Adão e ao ver com que integridade 
respondia a Satanás, alegraram-se e sentiram-se reconfortados; em pouco tempo, puseram-
se a andar em massa ao lado de Adão e reuniram-se a ele. E nosso pai Adão, ao olhar mais 
atentamente toda aquela multidão, admirava-se de ver que todos haviam sido gerados por 
ele neste mundo. E então, depois de abraçar todos os que estavam ao seu redor, disse ao seu 
filho Seth, derramando amargas lágrimas: "Meu filho Seth, conta aos santos patriarcas e 
profetas o que o guardião do paraíso te disse quando caí doente e enviei-te para que me 
trouxesses um pouco de óleo da misericórdia e me ungisses com ele'. 
       "E Seth disse: "Quando me enviaste à porta do paraíso, orei e roguei ao Senhor com 
lágrimas e chamei o guardião do paraíso para que me desse um pouco desse óleo. Então o 
arcanjo Micael saiu e disse-me: "Seth, por que choras? A propósito, saibas que teu pai 
Adão não receberá este óleo de misericórdia, senão depois de muitas gerações se haverem 
passado. Pois descerá do céu ao mundo o Filho de Deus e será batizado por João no rio 
Jordão; aí teu pai receberá este óleo de misericórdia, juntamente com todos os que crêem 
nele; e o reino dos que acreditaram nele permanecerá pelos séculos'. 
       "Quando os santos ouviram isto exultaram. E um deles ali presente, chamado Isaías, 
exclamou em altos brados: "Pai Adão e todos os presentes, escutai minhas palavras: 
enquanto vivia eu na terra, inspirado pelo Espírito Santo compus um cântico profético sobre 
esta luz, dizendo: "O povo que permanecia nas trevas viu uma grande luz, amanheceu a luz 
para os habitantes da região das sombras da morte'. Ao ouvir isto, Adão e todos os 
presentes o interrogaram: "Quem és  tu? Porque é verdade o que estás dizendo'. E ele 
respondeu: "Eu me chamo Isaías'. 
       "Então alguém que se assemelhava a um religioso aproximou-se. E perguntaram-lhe 
dizendo: "Quem és tu, que levas tais sinais em teu corpo?' E ele respondeu com firmeza: 
"Eu sou João Batista, a voz e o profeta do Altíssimo. Eu caminhei diante da face do próprio 
Senhor para converter os desertos e os caminhos ásperos em veredas planas. Com o meu 
dedo, apontei os jerosolimitas e glorifiquei o cordeiro do Senhor e o Filho de Deus. Eu o 
batizei no rio Jordão e pude ouvir a voz do Pai que trovejava do céu sobre ele e 
proclamava: "Este é meu  Filho amado, nele regozijo-me'. Eu também ouvi dele a promessa 
de que ele próprio haveria de descer aos Infernos'. 
      "O pai Adão ao ouvir isto exclamou com voz grave: "Aleluia', que significa: o Senhor 
está chegando. 
       Depois, outro dos que estavam presentes e que se distinguia por uma espécie de 
insígnia imperial, chamado Davi, pôs-se a falar, dizendo: "Eu, vivendo ainda na terra, 
revelei ao povo os mistérios da misericórdia de Deus, profetizando os futuros prazeres que 
haveriam de vir com o passar dos séculos, da seguinte maneira: "Dai glória a Deus por suas 
misericórdias e suas maravilhas aos filhos dos homens, porque despedaçou as portas de 
bronze e arrebentou os ferrolhos de  ferro'. Então os santos patriarcas e profetas começaram 
a se reconhecer e a falar, um por um, de suas profecias. O santo profeta Jeremias, 
examinando suas profecias, dizia aos patriarcas o profetas: "Vivendo na terra, profetizei 
sobre o Filho de Deus, que apareceu na terra e conversou com os homens'. 
       "Então todos os santos cheios de alegria por causa da luz do Senhor, por ver o pai Adão 
e pela resposta de todos os patriarcas e profetas, exclamaram: "Aleluia, bendito o que vem 
em nome do Senhor', de maneira que diante dessa exclamação, Satanás encheu-se de pavor 
e procurou um caminho para fugir. Mas isto não lhe era possível, porque o Inferno e seus 
satélites tinham-no subjugado o sitiado e diziam-lhe: "Por que tremes? De nenhuma 
maneira permitiremos que saias daqui, mas haverás de receber isto como bem merecido, 
das mãos daquele a quem atacavas sem trégua;  caso contrário, saibas que serás acorrentado 
por ele e submetido à minha custódia'. 
       "E novamente ressoou a voz do Filho do Pai Altíssimo, como o estrondo de um grande 
trovão, que dizia:  "Levantai vossas portas, ó príncipes, e elevai-vo, ó portas eternas, que o 
Rei da Glória vai entrar'. Estão Satanás e o Inferno puseram-se a gritar assim: "Quem é esse 
Rei da Glória?' E a voz do Senhor lhes respondeu: "O Senhor forte e poderoso, o Senhor 
forte na batalha'. 
       "Depois de ouvir-se esta voz, veio um homem cujo aspecto era como o de um ladrão, 
com uma cruz às costas, que gritava do lado de fora dizendo: "Abri a porta para que eu 
entre". Satanás então entreabriu-a e introduziu-o no recinto, fechando a porta atrás dele. E 
todos os santos viram-no cheio de luz e disseram-lhe: "Teu aspecto exterior é de ladrão; 
diga-nos, que é isso que levas em tuas costas?' Ele humildemente respondeu e disse: "Na 
verdade, fui mesmo um ladrão, e os judeus dependuraram-me na cruz com meu Senhor 
Jesus Cristo, Filho do Pai Altíssimo. Enfim, adiantei-me, mas ele vem imediatamente atrás 
de mim'. 
       "O santo Davi, então, encheu-se de cólera contra Satanás e bradou: "Abre tuas portas, ó 
asqueroso, para que o Rei da Glória entre'. E todos os santos de Deus também se insurgiram 
contra Satanás e queriam agarrá-lo e destruí-lo. E de novo ouviu-se um grito que vinha de 
dentro: "Descerrai vossas portas, ó príncipes, e elevai-vos, ó portas eternas, que o Rei da 
Glória vai entrar'. E o Inferno e Satanás novamente perguntaram àquela voz clara, dizendo" 
"Quem é este Rei da  Glória?' E aquela voz maravilhosa respondeu: "O Senhor das virtudes, 
ele é o Rei da Glória'. 
       "E no mesmo instante o Inferno pôs-se a tremer e as portas da morte, bem como as 
fechaduras, despedaçaram-se, e os ferrolhos do Inferno romperam-se e caíram ao chão, 
deixando todas as coisas a descoberto. Satanás permaneceu no meio em pé,  confuso e 
prostrado, com os pés presos por grilhões. E eis que o Senhor Jesus Cristo entrou rodeado 
de uma claridade sublime, manso, grande e humilde, levando em suas mãos uma corrente; 
com ela amarrou o pescoço de Satanás e depois de novamente unir suas mãos às costas, 
arremessou-o ao Tártaro e pôs seu santo pé em sua garganta, dizendo: "Fizeste muitas 
coisas más no decorrer dos séculos; não deste nenhum descanso; hoje entrego-te ao fogo 
eterno'. E chamando novamente o Inferno, disse-lhe com autoridade: "Toma este 
amaldiçoado e perverso Satanás e mantém-no sob tua custódia até o dia que eu determinar'. 
O Inferno aceitou-o e ambos precipitaram-se no profundo do abismo. 
       "Então Nosso Senhor Jesus Cristo, Salvador de todos, piedosíssimo e muito suave, 
saudando novamente Adão, dizia-lhe com bondade: "A paz esteja contigo, Adão, na 
companhia de teus filhos por todos os séculos dos séculos, amém'. E o pai Adão prostrou-se 
então aos pés do Senhor e, levantando-se, beijou suas mãos e derramou abundantes 
lágrimas dizendo: "Eis as mãos que me criaram, elas dão testemunho a todos'. Depois 
dirigiu-se ao Senhor, dizendo: "Vieste, ó Rei da Glória, para livrar os homens e integrá-los 
ao teu reino eterno'. E nossa mãe Eva caiu de maneira semelhante aos pés do Senhor, e 
levantando-se novamente, beijou suas mãos e derramou abundantes lágrimas enquanto 
dizia: "Eis as mãos que me criaram, elas dão testemunho a todos". 
       "Então, todos os santos o adoraram e disseram aos brados: "Bendito o que vem em 
nome do Senhor, o Senhor Deus iluminou-nos. Assim seja por todos os séculos. Aleluia por 
todos os séculos: louvor, honra, virtude, glória, porque vieste do alto para visitar-nos'. E, 
cantando "aleluia' e regozijando-se de glória, acorriam ao Senhor. Então o Salvador 
perscrutou à sua volta e mordeu o Inferno, e com a mesma rapidez com que havia 
arremessado uma parte às profundezas do Tártaro, a outra subiu consigo aos céus. 
      "Então, os santos de Deus rogaram ao Senhor que deixasse nos Infernos o sinal da santa 
cruz, sinal de vitória, para que seus perversos ministros não conseguissem reter nenhum 
culpado que tivesse sido absolvido pelo Senhor. E assim se fez, e o Senhor colocou sua 
cruz no meio do Inferno, que é sinal de vitória e lá permanecerá por toda a eternidade. 
      "Depois todos saímos dali na companhia do Senhor, deixando Satanás e o Inferno no 
Tártaro. E nos enviou a nós e a muitos outros que havíamos ressuscitado com nosso corpo, 
para dar testemunho da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo e do que acontecera nos 
Infernos. 
      "Caríssimos irmãos, isto é o que vimos e testemunhamos, depois de termos sido 
chamados por vós e o que testemunha aquele que morreu e ressuscitou por nós; porque da 
forma como as coisas aconteceram, elas foram escritas com todos os detalhes." 
      E quando terminaram de ler o escrito, todos os que escutavam caíram com o rosto no 
chão e puseram-se a chorar amargamente, enquanto batiam duramente no peito e diziam 
aos gritos: "Ai de nós! Aonde chegamos com nossa desgraça? Foge Pilatos, fogem Anás e 
Caifás, fogem os sacerdotes e levitas, fogem também o povo dos judeus dizendo entre 
soluços: "Ai de nós! Derramamos sobre a terra sangue inocente'." 
      Assim, então, durante três dias e três noites não provaram nem do pão nem da água e 
nenhum deles voltou à sinagoga. Mas ao terceiro dia, o conselho novamente se reuniu e leu 
a carta de Lêucio na íntegra, e não se encontrou nela nem mais nem menos, nem sequer 
havia mudado uma só letra do escrito de Karino. Então turbou-se a sinagoga e todos 
choraram durante quarenta dias e quarenta noites, esperando a  morte e a divina vingança 
das mãos de Deus. Mas  o altíssimo, que é todo piedade e misericórdia, não os aniquilou  
para que pudesse oferecer-lhes uma oportunidade de arrependimento. Não foram dignos, 
porém, de se converterem ao Senhor. 
      Caríssimos irmãos, estes são os testemunhos de Karino e de Lêucio sobre Cristo, Filho 
de Deus, e de seus santos nos Infernos, a quem damos todas as graças e glória pelos 
infinitos séculos dos séculos. Amém. 

LIVRO DE MELQUISEDEQUE
A História de um Vaso
Capitulo I
Estava descansando sob a sombra do Carvalho de Mambré junto à minha tenda, quando vi chegar
apressadamente um dos servos de meu sobrinho Ló. Quase sem fôlego, ele passou a relatar-me
sobre a tragédia: Houvera no dia anterior uma batalha entre as cidades da planície, envolvendo
quatro reis contra cinco. Como resultado, Sodoma fora derrotada e muitos de seus habitantes levados
cativos, entre eles o meu sobrinho Ló. A notícia deixou-me muito aflito, pois ao mesmo tempo em
que sentia que precisaria sair em seu socorro, via-me fragilizado, sem nenhuma condição.
Sempre fui um homem pacifico e detesto aqueles que derramam sangue. Tenho muitos servos, mas
poucos sabem manejar espadas e lanças, pois desde à infância são treinados como pastores. Em
lugar de espadas e lanças, eles manejam bordões com os quais conduzem os rebanhos; Em lugar de
escudos, eles carregam vasos em suas cinturas, sempre cheios de água fresca, para matarem sua sede
e refrigerarem as ovelhas aflitas; Em lugar de vinho para se embebedarem, carregam presos em seus
cintos pequenas botijas com o azeite das oliveiras, com os quais untam as feridas do rebanho; Em
lugar de ressonantes trombetas, eles sopram pequenos chifres, com os quais convocam o rebanho
para o curral
Imaginando como seria um combate entre os meus servos e os exércitos daqueles cinco reis
vitoriosos, comecei a rir. Enquanto gargalhava, a voz dAquele que sempre me guia, soou aos meus
ouvidos, dizendo:
- Abraão, Abraão! Não menospreze os instrumentos dos pastores, pois santificados pelo fogo do
sacrifício, haverão de conquistar o grande livramento.
O Eterno passou a dar-me ordens, fazendo-me avançar pela fé, sem saber como tal livramento
haveria de realizar-se.
O primeiro passo foi a convocação de todos os pastores que, deixando seus rebanhos, dirigiram-se
ao Carvalho de Mambré, trazendo seus instrumentos pastoris. Eram ao todo 600 pastores.
Ordenei que esvaziassem os jarros, colocando neles o azeite da botija.
Depois de cumprirem esta ordem, pedi que tomassem cada um a lã de uma ovelha, misturando-a
com o azeito dos jarros.
Depois destas coisas, Yahwéh mandou-me tomar um grande vaso de barro, enchendo-o até a metade
com o azeite das oliveiras
Ao concluir esta tarefa, o Senhor mandou-me fazer um longo pavio de lã, enfiando a metade dentro
do azeite e deixando a outra parte presa acima do vaso.
Depois destas coisas, Yahwéh ordenou-me acender o pavio, com o fogo do altar. Ao aproximar-me
do fogo sagrado que ainda ardia sobre o sacrifício da manhã, uma pequena fagulha saltou para o
pavio, e pouco a pouco foi-se alimentando do azeite, até tornar-se numa labareda que podia ser vista
de longe.
Capitulo II
Com o vaso nos ombros, comecei uma caminhada rumo às cidades da planície, sendo acompanhado
pelos pastores. Logo começaram a surgir escarnecedores que, ao verem-me com aquele vaso
incandescente em pleno dia, e passaram a dizer que eu ficara louco. Ao espalhar esta notícia, muitos
vieram ao meu encontro, trazendo conselhos para que eu abandonasse aquele vaso que seria capaz
de destruir toda a minha reputação e dignidade diante de todos eles.
Quando eu lhes falei sobre os exércitos e sobre minha missão juntamente com os pastores, eles
concluíram que de fato eu ficara louco. Tentaram tirar-me o vaso pela força, mas agarrando-me a
ele, impedi que o tirassem de mim.
Envergonhados diante de tudo isto, muitos pastores começaram a se afastar: alguns retornaram para
suas tendas enquanto outros uniram-se àqueles que riam de meu comportamento estranho.
Sentindo-me sozinho com aquele pesado vaso sobre os ombros, comecei a angustiar-me. Ansiava
encontrar alguém com quem pudesse compartilhar minha experiência, mas todos lançavam-me
olhares de reprovação.
Lembrei-me de Sara, minha amada esposa; Em obediência a Voz de Yahwéh havíamos trilhado por
muitos caminhos, estando Sara sempre ao meu lado, animando-me a prosseguir mesmo nos
momentos mais difíceis.Com certeza Sara me traria consolo e forças para continuar firme,
conduzindo o vaso da salvação.
Enquanto avançava pelo caminho pensando em Sara, a vi no meio da multidão. Ao dirigir-me a ela,
fiquei surpreso e desalentado ao ver em seus olhos o mesmo menosprezo daqueles que me
chamavam de louco por conduzir em pleno dia chama que se desprendera do altar.
Lembrando-me da ordem de Yahwéh de que teria de libertar meu sobrinho Ló, fui andando sozinho
pelo caminho; Ao colocar-me no lugar daqueles que me achavam louco, eu dava-lhes razão, pois em
condições normais, nenhuma pessoa coerente sai de casa, sem rumo definido, levando em pleno dia
um vaso com uma labareda nas costas, afirmando estar marchando contra o exércitos de cinco reis,
para libertar um parente. Realmente da a entender que se trata da manifestação de uma grande
loucura. Mesmo assim, a despeito de todas as humilhações e palavras que falavam contra mim, eu
avançava rumo ao vale desconhecido.
Toda aquela zombaria foi finalmente diminuindo, à medida em que eu me distanciava do Carvalho
de Mambré.
Começaram a sobrevir ao meu coração muitas dúvidas quanto ao meu futuro. Ficava às vezes aflito
com o pensamento de toda a minha experiência, desde a convocação dos pastores até aquele
momento, poderia ser, de fato, demonstrações de uma loucura.
Cheio de dúvidas, comecei a pensar na possibilidade abandonar à beira do caminho o vaso,
retornando para junto do altar. Esses eram os conselhos alguns pastores e amigos que, condoídos de
minha solidão, ainda vinham ao meu encontro, aconselhando-me a retornar; Ali, diziam, eu poderia
conquistar novamente a confiança dos pastores, voltando a ser, quem sabe, até mesmo um sacerdote
honrado como outrora. Sobre o altar, diziam, havia um fogo muito maior que aquele que eu
carregava nos ombros.
Estava a ponto de retornar, quando Sara veio ao meu encontro, contando-me sobre o desprezo que
muitos pastores lançavam contra mim; Ela estava consternada, pois toda aquela desonra, recaía
também sobre ela, ao ponto de não sentir mais desejo de permanecer junto daquele altar.
Depois de alertar-me, Sara passou a falar-me de um plano: Poderíamos, quem sabe, nos mudar para
uma cidade distante, onde esqueceríamos todo aquele vexame.
Esquecendo-me da voz que mandara-me seguir rumo à planície, respondi para minha esposa que eu
estaria disposto a acompanhá-la para qualquer lugar, se ela permitisse que eu levasse o vaso. Ele
seria o nosso altar, aquecendo e iluminando nossas noites com sua chama.
Ao ouvir sobre o vaso, Sara voltou a irar-se, afirmando não entender minha teimosia em continuar
levando sobre os ombros aquele símbolo de vergonha e desprezo. Depois dizer-me tais palavras,
voltou-me as costas, retornando para a tenda.
Capitulo III
Angustiado em não poder realizar o sonho de Sara, prossegui rumo ao futuro incerto, sendo
orientado unicamente pela chama, cujo brilho aumentava à medida em que as trevas adensavam-se.
Comecei então a meditar sobre aquela chama que acompanhava-me com seu brilho e calor.
Eu estava acostumado a ver o Fogo Sagrado entronizado sobre um grande o altar de pedras, em
meio aos louvores de muitos pastores, dentre os quais eu me destacava como mestre e sacerdote.
Naqueles momentos de adoração, eu me vestia com os melhores mantos, e fazia questão de realizar
o sacrifício, somente quando todos os meus servos estivessem reunidos ao meu redor, para que
ouvissem meus conselhos e advertências. Na hora do sacrifício, eu erguia para o céu minha espada
desembainhada, e, com palavras amedrontadoras, proclamava a grandeza do Senhor dos Exércitos, o
Deus Todo Poderoso que domina sobre os Céus e a Terra. Vibrando a espada no ar num movimento
ameaçador, eu representava diante de meus pastores, a imagem de um Deus severo, que está sempre
pronto a revidar qualquer afronta. Depois dessa demonstração de soberania e poder, eu pegava uma
ovelha das mãos de um pastor, e a amarrava sobre o altar. Para que ficasse bem patente a ira divina,
eu pisava sobre o seu pescoço, golpeando-a severamente, até vê-la perecer. Naquele momento eu
descia do altar, e ficava esperando pelo Fogo Sagrado que jamais deixou de manifestar-se sobre o
sacrifício.
Eu aprendera desde a infância a reverenciar o Fogo Sagrado, crendo ser ele uma revelação visível de
Yahwéh, o Grande Deus Invisível. Até então, eu o vira como um Fogo Único e Indivizível. Agora,
ao transportar em humilde jarro a chama que se desprendera do Altar, meus pensamentos agitavamse
com o surgimento de um novo conceito sobre o Criador: o conceito de um Deus Sofredor que é
capaz de despreender-se do Grande Yahwéh, representado pelo Fogo Sagrado, para acompanhar o
pecador em sua jornada.
Arrependido, prostrei-me diante do vaso e chorei amargamente. Tinha agora consciência de que
todo o zelo demonstrado junto ao Altar, tinha por finalidade a exaltação de meu orgulho, e não do
amor daquele que me acompanhava pelo caminho.
Subitamente, gravou-se-me na mente a convicção de que aquela pequena chama que se desprendera
do Fogo Sagrado, era uma representação do Messias, que Se desprenderia do Grande Yahwéh, para
ser o Deus Conosco, companheiro em todas as nossas jornadas. Ao sobrevir-me esta convicção, a
chama alegrou-se, tornando-se mais brilhante e calorosa.
Com o coração transformado, prossegui pelo caminho rumo ao vale, levando nos ombros o jarro que
trouxera-me depois de tanto desprezo, a alegria de uma nova revelação sobre o caráter do Criador.
Momentos difíceis começaram a surgir em minha caminhada, quando ventos frios vindos do mar
salgado começaram a arremeter-se contra a pequena chama, procurando apagá-la. Eu a amparava
com o meu corpo, andando muitas vezes de lado e mesmo de costas, mas sempre avançando rumo
ao vale.
Ao romper a luz do dia, achei-me a um passo da planície. Comecei a encontrar pelo caminho muitos
rebanhos que eram conduzidos por rudes pastores. À medida em que avançava entre eles, surgiam
tumultos e confusões, pois muitas ovelhas e cabras assustavam-se com o meu vaso ardente,
debandando-se por todas as partes. Isto fez com que a maioria dos pastores ficassem irritados contra
minha presença em seu meio.
Sabendo que não poderia ficar retido naquele vale, prossegui em frente rumo à Sodoma. Enquanto
avançava, começou a acontecer algo interessante: muitas ovelhas, meigas e submissas, começaram a
acompanhar-me. Eram poucas a princípio, mas pouco a pouco seu número foi aumentando, até que
passei a andar com dificuldade, devido ao grande número de ovelhas que me seguiam. Ao longe eu
podia ver os pastores, enfurecidos, pela perda de suas ovelhas mais bonitas.
Ao chegar à Cidade de Sodoma, a encontrei vazia e devastada. Seguindo os rastos deixados pelos
exércitos e pela multidão de cativos, fui aproximando-me cada vez mais do alvo de minha missão.
Ao chegar à campina de Dã, pude avistar ao longe o grande acampamento dos soldados, ao pé de
um outeiro. Sem pressa, encaminhei-me para lá, conduzindo o meu novo rebanho.
Do alto do monte, pude observar o acampamento em toda a sua extensão. Havia milhares de
soldados comemorando sua vitória; Enquanto isso, centenas de cativos jaziam amontoados no meio
do arraial, humilhados e sem esperança. Diante desse quadro, fiquei imaginando como poderia se
dar o livramento.
Minha presença despertou a curiosidade de alguns soldados que, ao ver-me com o vaso fumegante,
aproximaram-se e começaram a debochar. Quando perguntaram-me sobre o motivo de minha
presença naquele lugar, eu disse-lhes que viera libertar meu sobrinho Ló. Minhas palavras tornaramse
motivo de muitos gracejos em todo o acampamento; Depois disso, passaram a escarnecer de Ló.
Em pouco tempo, toda aquela zombaria transformou-se em gritos de vingança, e proclamaram que,
na manhã seguinte, todos os cativos seriam exterminados, começando pelo meu sobrinho.
Capitulo IV
Enquanto tentava imaginar o que Yahwéh poderia fazer para alcançar tão miraculoso livramento, vi
surgir ao longe o vulto de pastores que se encaminhavam em minha direção, vindos de Sodoma.
Pensei à princípio que fossem os pastores inimigos que vinham arrancar-me o rebanho conquistado
com amor. Tal receio logo desapareceu, dando lugar a um sentimento de muita alegria, quando
descobri que eram meus pastores fiéis. Ele foram se aproximando em pequenos grupos de doze, até
alcançar o total de 300 pastores. Ao olhar para eles, pude notar em seus semblantes os sinais de uma
grande luta espiritual que tiveram de enfrentar, para estarem do meu lado. Contaram-me da
experiência de muitos companheiros que, desanimados, haviam lançado fora o azeite e a lã de seus
vasos, retornando para as suas tendas. Falaram-me de como, naquela noite passada, haviam
aprendido a amar a luz de meu vaso, que para eles tornara-se como uma estrela guia.
Alegrava-me com a presença de meus humildes pastores, quando vieram em nossa direção Aner,
Escol e Manre, acompanhados por 15 homens armados; Eram fiéis amigos que, conhecendo os
perigos que enfrentaríamos naquele vale, vieram em nosso socorro. Para que não atrapalhassem o
plano divino, pedi-lhes que permanecessem escondidos até o alvorecer, quando receberiam
orientações sobre como participar da missão.
Comecei a orientar os pastores, seguindo as instruções da Voz Divina que soava-me de dentro da
chama: A primeira tarefa dos pastores, seria cuidar do rebanho até o anoitecer.
Ao retornarem, ordenei que amarrassem os novelos de lã embebidos em azeite, na ponta de seus
bordões, colocando-os dentro dos vasos que, deveriam ser mantidos suspensos, de boca para baixo.
Passei a incendiá-los com o fogo de minha labareda, até que as trezentas tochas ficaram ardendo,
porém, ocultas, no interior daqueles vasos.
Ordenei à quarenta de meus corajosos pastores que, no momento indicado por um sinal que seria
dado, deveriam avançar silentes para o meio do acampamento, circundando todos os cativos que
jaziam amontoados no meio do arraial. Ao mesmo tempo, os 260 pastores restantes, deveriam
circundar todo o acampamento, aguardando pelo sinal de quebrarem os vasos com os chifres.
Orientado pela Voz da Chama, indiquei-lhes os sinais: Quando a última tocha se apagasse no
acampamento, deveriam ficar atentos, pois uma pequena lamparina seria acesa por um dos cativos.
Assim que a lamparina começasse a arder, deveriam correr cada um para o seu lugar, evitando
qualquer ruído, para que não fossem notados.
O sinal para quebrarem os vasos com os chifres, erguendo bem alto a tocha, era o apagar da
lamparina.
Depois dessas orientações, os 260 pastores, ocultos pelas sombras da noite, se espalharam pelo vale,
e ficaram esperando pelo momento de se posicionarem ao redor do acampamento; Enquanto isso, os
40 se posicionaram próximos à uma passagem mais vulnerável, através da qual haveriam de
alcançar os cativos.
Já era alta noite quando a tocha do último soldado apagou-se, sobrevindo completa escuridão e
silêncio sobre o arraial.
Entre os cativos, havia um homem naquela noite, que vivia a maior angústia de sua vida. Era o meu
sobrinho que, depois de tornar-se alvo de tantos abusos e humilhações, tomara conhecimento do
castigo que os aguardava pelo alvorecer.
Naquela noite, Ló tinha seus pensamentos voltados para o seu tio; Lembrava-se com arrependimento
do momento em que me deixara junto ao Carvalho de Mambré, mudando-se para as campinas de
Sodoma. Em seu desespero, sentiu desejo de rever minha face e pedir-me perdão por ter-se afastado
de mim. Justamente naquele momento, Ló foi atraído pelo brilho de uma tocha que ardia sobre o
outeiro. Ao fitar o brilho, imaginou estar tendo uma visão, pois o mesmo revelava-lhe a face de seu
querido tio.
Querendo mostrar-me o seu rosto, Ló apalpou em meio às trevas, até encontrar uma pequena
lamparina que trouxera em seu alforje. Frustrado, percebeu que não havia nela nenhum azeite.
Concluiu que aquela lâmpada apagada e seca, era um símbolo de sua vida vazia e sem fé.
Sem desviar os olhos de meu rosto iluminado pela chama do vaso, num desesperado gesto de fé, Ló
apalpou o pavio de sua lamparina, descobrindo haver nele um restinho de azeite. Curvando-se,
passou a ferir as pedras do fogo, até que uma faísca saltou para o pavio. Sem que soubesse, Ló
estava comandando com seus gestos, os passos para um grande livramento.
Os trezentos pastores ao verem o tênue brilho da lamparina, encaminharam-se rapidamente para os
seus postos, e, ficaram aguardando pelo apagar da pequena chama.
Desde o momento em que Ló erguera-se com sua diminuta chama, eu fiquei olhando para os seus
olhos que fitavam os meus. Vi que sua face trazia sinais de indizível angústia e maus tratos. Mesmo
assim, pude ler em seus olhos azuis, que a esperança e a fé ainda não o abandonara.
O foguinho da lamparina de Ló, contudo, não resistiria por muito tempo. Era necessário que se
apagasse, para sinalizar a grande vitória.
Quando a escuridão voltou a cobrir a face de Ló, meus trezentos pastores arremeteram seus chifres
contra os vasos que mantinham ocultas as tochas ardendo. Um grande ruído, como de cavalaria em
combate ecoou por todas as partes, enquanto as tochas eram suspensas. Os trezentos chifres usados
até então para conduzir o rebanho, soavam agora como trombetas de conquistadores.
Todo o acampamento despertou-se num único salto, e, sem saber como escapar de tão terrível
investida que partia de fora e de dentro, os soldados começaram a lutar entre si, enquanto meus
pastores permaneciam em seus lugares, fazendo soar os chifres.
Os cativos, ficaram muito espantados à princípio, mas pouco a pouco foram tomando consciência do
grande livramento que estava se operando em seu favor.
Quando amanheceu, revelou-se aos nossos olhos um cenário de completa destruição; Todo o arraial
estava coberto por milhares de corpos rasgados pelas próprias espadas e lanças. Somente uns poucos
conseguiram fugir daquele acampamento de morte, mas foram perseguidos pelos meus 18 aliados
que estavam armados, sendo alcançados em Hobá, que fica à esquerda de Damasco. Enquanto isso,
os cativos, agora libertos, recuperavam todas as riquezas que haviam sido saqueadas pelos inimigos.
Capitulo V
Do cimo do outeiro, enquanto eu vibrava com a alegria dos cativos naquela manhã de liberdade,
ouvi a Voz de Yahwéh falando-me do meio da chama:
- Este livramento que hoje se concretiza ,representa o livramento que hei de operar nos últimos dias,
salvando os remanescentes de teus filhos, do cerco de numerosas nações que se aliarão a Gog com o
propósito de destruí-los. Naquele dia em que triunfarem sobre o meu povo, a minha indignação será
mui grande, e contenderei com ele por meio da peste e do sangue; chuva inundante, grandes pedras
de saraiva, fogo e enxofre farei cair sobre ele, sobre as suas tropas e sobre os muitos povos que
estiverem com ele. Assim, eu me engrandecerei, vindicarei a minha santidade e me darei a conhecer
aos olhos de muitas nações; e saberão que eu sou o Senhor. E sobre a casa de Daví e sobre os
habitantes de Jerusalém derramarei o Espírito de Graça e de Súplicas; olharão para Mim a quem
traspassaram, pranteá-lo-ão como quem pranteia por um unigênito e chorarão por ele comos e chora
amargamente pelo primogênito. Naquele dia, haverá uma fonte aberta para a casa de Daví e para os
habitantes de Jerusalém, para remover o pecado e a impureza" (Ezequiel 38; Zacarias 12,13).
Consciente da importância histórica daquele dia de livramento, tomei um calendário e, fiquei
surpreso, pois era Rosh Hashaná, o dia das trombetas. Aquele era o primeiro dia de um novo ano;
Dez dias depois viria o Yom Kipur, o dia da purificação dos pecados; No dia 15, teria lugar a festa
de Sukot, a alegre festa das colheitas do outono.
A chama que para mim tornara-se numa representação do Messias Prometido, apagou-se no
momento em que desci ao encontro dos pastores e dos muitos cativos agora libertos. Cheios de
alegria e de admiração, todos queriam saber como tornara-se possível tão grande livramento,
somente com a utilização daquelas tochas e chifres. Falei-lhes então da importância daquele fogo
que se desprendera do Altar, para libertá-los naquele vale, identificando-o com o Messias Salvador.
Ao ver que todos carregavam em seus corpos e mantos a sujeira da escravidão, convidei-os a
seguirem-me até ao rio Jordão, onde todos poderiam banhar-se, para purificação de seus pecados.
Somente três pessoas atenderam ao convite: Ló e suas duas filhas mais novas. Os demais,
retornaram, contaminados para suas casas.
Antes de partir, o rei de Sodoma veio ao meu encontro, prometendo dar-me todas as riquezas
recuperadas naquela manhã. Eu recusei sua oferta, para que jamais alguém possa dizer que eu me
enriqueci com aquele saque.
Permanecemos acampados às margens do rio Jordão, nas proximidades de Jericó por doze dias.
Naqueles dias de refrigério, todos ficaram livres das impurezas, deixando-as nas águas do Jordão.
Este era um preparo especial para a festa de Sukot que decidimos comemorar em Salém.
Cheios de alegria, iniciamos uma caminhada ascendente rumo à cidade de Salém, inconscientes da
feliz surpresa que nos aguardava. Eu seguia à frente tendo ao meu lado Ló e suas duas filhas, e atrás
vinham os 300 pastores, conduzindo o grande rebanho.
À medida que avançávamos, comecei a notar que o meu vaso que se esvaziara no alvorecer, tornarase
muito pesado. Ao baixá-lo, fiquei surpreso ao descobrir dentro dele muitas pérolas de variados
tamanhos e brilhos que se formaram misteriosamente.
Ao avistarmos ao longe a alva cidade, começamos a ouvir sons de uma grande festa. Acordes
harmoniosos repercutiam pelos montes, enquanto avançávamos pelo caminho.
Minha curiosidade em conhecer aquela cidade e o seu jovem rei era imensa, pois da boca de muitos
já ouvira sobre sua grandeza e fama. Tratava-se um reino diferente de todos os demais, onde os
súditos eram treinados não no manejo de arcos e flechas, mas no domínio de instrumentos musicais.
Melquisedeque, o seu jovem rei, regia a todos com um cetro muito especial : um alaúde, pelo qual
pagara um preço elevado.
Enquanto crescia em mim a alegria por estar nos aproximando da Cidade do Grande Rei, vimos uma
multidão vestida de linho fino, puro e resplandecente, saindo ao nosso encontro. Todos tangiam
instrumentos musicais, enquanto cantavam um hino de vitória. À frente da multidão vinha um jovem
tocando um alaúde, trazendo na fronte uma coroa repleta de pedras preciosas, que brilhavam sob a
claridade do sol poente. Eu tive a certeza de que aquele era o tão aclamado rei de Salém.
Ao nos encontrarmos, ficamos surpresos com a saudação que nos fizeram; Inclinando-se diante de
mim, Melquisedeque afirmou:
- Bendito és tu Abraão, servo do Deus Altíssimo, que possui os Céus e a Terra; e bendito seja o
Deus Altíssimo, que entregou os teus adversários nas tuas mãos".
Capitulo VI
Surpresos pela festiva recepção, fomos introduzidos na cidade, onde a beleza das mansões e jardins
nos causou muita admiração. Tudo ali era puro e cheio de paz.
Fomos recebidos no palácio real, edificado sobre o monte Sião. Ali, uma nova surpresa nos
aguardava:
A grande sala do trono, estava toda adornada com representações de nossa vitória sobre os inimigos.
Havia no meio da sala uma mesa muito comprida, coberta por toalhas de linho fino adornadas com
fios de ouro e pedras preciosas. Sobre a mesa havia 304 coroas, cada uma trazendo a inscrição do
nome de um vencedor. Num gesto que novamente nos surpreendeu, Melquisedeque, tomando as
coroas, começou a colocá-las na cabeça de cada um de nós, começando por Ló e suas filhas.
Estávamos todos admirados pelo fato do rei de Salém conhecer-nos individualmente, e por ter
preparado aquelas coroas muito antes de sermos vencedores.
Eu observava a alegria de meus companheiros coroados, quando, tomando uma coroa semelhante à
sua, o rei de Salém dirigiu-se a mim com um sorriso. Ao levantá-la sobre minha cabeça, notei algo
que até então não havia percebido: Suas mãos traziam cicatrizes de profundos ferimentos. Vencido
por um sentimento de gratidão, prostrei-me aos seus pés e, comovido, beijei suas bondosas mãos,
banhando-as com minhas lágrimas.
Ao levantar-me, perguntei-lhe o significado daquelas cicatrizes. Com um meigo sorriso, ele
prometeu que iria contar-me toda a história daquele próspero reino, e do quanto lhe custou a sua paz.
Depois de coroar-nos, Melquisedeque nos fez assentar ao redor da grande mesa, e passou a servirnos
pão e vinho; A partir daquele momento, passamos a honrá-lo como Sacerdote do Deus
Altíssimo.
Num gesto de gratidão, tomei o vaso repleto de pérolas, e o coloquei aos pés do rei. Tomando-o nos
braços, ele passou a acariciá-lo, sem atentar para o brilho das pérolas. Expressando-me a gratidão
por aquela oferta, disse-me que aceitaria o vaso e, das pérolas, somente aceitaria o dízimo.
Imediatamente passei a contar as jóias, separando as mais belas para o rei. Haviam um total de 1.440
pérolas, das quais lhe entreguei 144. Ele as guardou cuidadosamente em uma caixinha feita de ouro
puro, em cuja tampa havia lindos adornos marchetados de pequenas pedras preciosas.
Depois de receber o dízimo que simbolizava o grande livramento operado por Yahwéh na planície,
Melquisedeque chamou para junto de si um de seus súditos que era mestre em adornos e pinturas,
ordenando-lhe a honrar o vaso com uma linda gravura que retratasse o momento em que eu o
ofertei.
Enquanto o jarro era pintado, Melquisedeque passou a contar-me a história de seu reino, desde sua
fundação até aquele momento em que estávamos comemorando a grande vitória sobre os inimigos.
Ao devolver-me o vaso, agora honrado pela mais bela gravura e inscrições que exaltavam a justiça, a
humildade e o amor, o rei de Salém ordenou-me a levar comigo o vaso com aquelas pérolas.
Durante seis anos eu e meus pastores deveríamos contar para todos a história daquele vaso que fora
vitorioso por causa da chama do altar. A todos aqueles que, com arrependimento, aceitassem a
salvação representada por sua história, deveríamos oferecer uma pérola. Ao fim dos seis anos, as
pérolas acabariam; Já não haveria oportunidade de salvação. Sobreviria então o sétimo ano, no qual
haveria um tempo de grande angústia e destruição, quando somente haveria proteção para aqueles
que possuíssem as pérolas. Por essa ocasião, as cidades da planície seriam totalmente destruídas pelo
fogo do juízo, e os demais povos impenitentes, seriam dizimados por grandes pragas.
Capitulo VII
Sobre o triunfo que acabávamos de obter sobre numerosos exércitos, Melquisedeque, depois de
repetir-me as palavras ditas pelo Messias, deixou um sinal que seria importante para aqueles que
vivessem por ocasião do grande livramento de Israel. Afirmou que, multiplicando as 144 pérolas do
dízimo pelo número de colunas de seu palácio, encontraria o ano que traria em sua consumação o
grande livramento de Israel. Movido pela curiosidade, comecei imediatamente a contar as colunas;
Eram 40 colunas de mármore, adornadas com pedras preciosas.
Ao retornar ao rei com o resultado dos cálculos, ele passou a fazer predições sobre os grandes
acontecimentos que teriam lugar ao fim daquele ano:
- Ao chegar a plenitude dos tempos, todos os esforços humanos em busca da paz se frustrarão.
Naquele tempo, numerosos nações se aliarão contra o reino de Salém; Haverá uma batalha como
nunca houve, e toda a terra será castigada pelo fogo; Depois de esgotarem todos os recursos em sua
defesa, Israel verá, com desespero, incontáveis inimigos marchando contra eles, com o propósito de
eliminá-los. Como Ló em sua noite de angustia, eles verão morrer sua esperança, quando, em Rosh
Hashanah, ouvir-se-á em meio às ruínas de Salém, os acordes harmoniosos de um alaúde, tocado por
um beduíno da tribo de Taamireh; Sua música fará renascer a fé e a esperança em um mundo
melhor, onde nação não se levantará contra nação; onde as lágrimas, a dor e a morte não mais
existirão.
Depois de consolar os aflitos com os acordes de seu alaúde, o beduíno tomará o vaso com os
pergaminhos da Tumba de Davi, e o levará sobre os ombros. Naquele dia, estarão os seus pés sobre
o Monte das Oliveiras, e, ao clamar pelo livramento de Israel, haverá um forte terremoto que rachará
o monte pela metade, surgindo do oriente para o ocidente um enorme vale. Naquele dia, toda a terra
de Israel será fortemente sacudida, sobrevindo total destruição para todos os exércitos inimigos;
Haverá, contudo, salvação para todos aqueles que, com arrependimento, refugiarem-se sob as asas
do Eterno, lançando para longe de si os instrumentos de violência.
Toda a humanidade testemunhará, com espanto, as cenas de livramento dos filhos de Israel. Naquele
dia, muitos povos e poderosas nações se posicionarão ao lado de Yahwéh dos Exércitos; Multidões
se aproximarão dos judeus da diáspora, dizendo: Nós iremos convosco, porque sabemos que o
Eterno está do vosso lado.
O Yom Kipur que seguirá ao livramento, será um dia de purificação das impurezas de todos aqueles
que aceitarem a salvação; Naquele dia acabará a cegueira dos filhos de Jacó, e olharão para Aquele a
quem traspassaram, e chorarão amargamente por ele como se chora por um filho unigênito.
(Zacarias 12,13).
Na festa de Sukot (colheitas) será derramado o Espírito de Deus sobre toda a carne; E há de ser que,
todo aquele que invocar o nome de Yahwéh, será salvo, recebendo uma pérola do vaso (Joel 3).
No decorrer dos dias de Sukot, chuvas de bênçãos cairão sobre o imenso vale, fazendo surgir à vista
de todos os povos, em toda a Terra Santa, um paraíso repleto de alegria e paz.
Naquele dia os eleitos de Deus compreenderão as palavras do Livro:
"Ouvi-me, vós, que estais à procura da justiça, vós que buscais a Yahwéh. Olhai para a rocha da qual
fostes cavados, para a caverna da qual fostes tirados. Olhai para Abraão, vosso pai, e para Sara,
aquela que vos deu a luz. Ele estava só quando o chamei, mas eu o abençoei e o multipliquei.
Yahwéh consolou a Sião, consolou todas as suas ruínas; ele transformará o seu deserto em um Éden
e as suas estepes em um jardim. Nela encontrarão gozo e alegria, cânticos de ações de graças e som
de música"(Isaías 51:1-3).
Naquele dia os remidos olharão para o humilde beduíno que libertou da caverna o vaso de Abraão, e
cantarão com alegria:
"Como são belos, sobre os montes, os pés do mensageiro que anuncia a paz, do que proclama boas
novas e anuncia a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina! Porque Yahwéh consolou o seu
povo, ele redimiu Jerusalém. Yahwéh descobriu o seu braço santo aos olhos de todas as nações, e
todas as extremidades da terra viram a salvação do nosso Deus" (Isaías 52:7-10).
Durante seis anos, toda a humanidade, iluminada pela maior revelação do amor e da justiça de
Yahwéh, terá oportunidade de romper com o império do pecado, unindo-se aos filhos de Israel em
sua marcha de purificação e restauração do reino da luz..
Então acontecerá que, todos os sobreviventes das nações que marcharam contra Jerusalém, subirão,
ano após ano, para prostrar-se diante do rei Yahwéh dos Exércitos, e para celebrar a festa de Sukot.
E acontecerá que aquele das famílias da Terra que não subir e não vier, haverá contra ele a praga
com que Yahwéh ferirá as nações que não subirem para celebrar a festa de Sukot (Zacarias 14: 16-
18).
Naqueles anos de oportunidade, soará por todas as partes do mundo o último convite de
misericórdia, num apelo para que todos os pecadores se arrependam e se unam numa eterna aliança
com Yahwéh, dizendo:
"Assim diz Yahwéh: Observai o direito e praticai a justiça, porque a minha salvação está prestes a
chegar e a minha justiça, a manifestar-se. Bem-aventurado o homem que assim procede, o filho do
homem que nisto se firma, que guarda o sábado e não o profana e que guarda sua mão de praticar o
mal. Não diga o estrangeiro que se entregou a Yahwéh: - Naturalmente Yahwéh vai excluir-me do
seu povo, nem diga o eunuco: -Não há dúvida, eu não passo de uma árvore seca". Pois assim diz
Yahwéh aos eunucos que guardam os meus sábados e optam por aquilo que é a minha vontade,
permanecendo fiéis à minha aliança: Hei de dar-lhes, na minha casa e dentro dos meus muros, um
monumento e um nome mais precioso do que teriam com filhos e filhas; hei de dar-lhes um eterno
nome, que não será extirpado. E, quanto aos estrangeiros que se entregarem a Yahwéh para servi-lo,
sim, para amar o nome de Yahwéh e tornarem-se servos seus, a saber, todos os que se abstêm de
profanar o sábado e que se mantêm fiéis à minha aliança, trá-los-ei ao meu santo monte e os cobrirei
de alegria na minha casa de oração. Os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão bem aceitos no
meu altar. Com efeito, a minha casa será chamada casa de oração para todos os povos" (Isaías 56: 1 -
7).
Nos seis anos de oportunidade, Samael, o grande enganador, num gesto de desespero, empregará
todos os recursos possíveis para impedir a realização de Yahwéh através de Seu povo. Em oposição
à santificação do sábado que é o sinal da aliança entre Yahwéh e seus escolhidos, numerosas
religiões, aliadas a governantes ímpios, imporá outro dia para o culto, não podendo comprar nem
vender todos aqueles que mantiverem-se fiéis à aliança de Yahwéh (Ver Ezequiel 20:20;Apocalípse
13).Naqueles anos de provas, os eleitos de Deus sobreviverão mediante o cuidado dos anjos, que os
conduzirá para distante das populosas cidades que serão castigadas pelas sete últimas pragas que
cairão sobre os impenitentes ao fim dos seis anos( Apocalipse 15).
Durante os seis anos da colheita final, o Messias edificará uma Nova e Eterna Jerusalém, adornandoa
com os atos de justiça de Seus escolhidos. (Êxodo 25: 1 - 8) Isaías 60: 10 -22 ; Zacarias 6: 12 - 15;
Apocalipse 3:12) Essa Nova Jerusalém somente será revelada ao completar-se toda a justiça divina,
ao fim do sétimo ano, período em que os eleitos de Deus terão como desafio viver uma vida sem
culpas, pois qualquer ato de rebeldia naquele tempo, ficaria sem expiação, significando eterna
vergonha para o Criador.
Ao completarem-se os sete anos, ,o Messias aparecerá nas nuvens do céu, acompanhado por todas as
hostes celestes; Ao tocar Sua trombeta naquele grande Rosh Hashanáh, os fiéis falecidos,
ressuscitarão revestidos de glória; os vivos vitoriosos, serão transformados num abrir e fechar de
olhos , recebendo corpos perfeitos; Juntos, todos os remidos serão arrebatados para a Nova
Jerusalém, numa viagem inesquecível que começará no primeiro dia da festa de Sukot; Depois de
sete dias de feliz ascensão, chegarão à Cidade Santa para comemorarem, diante do trono, o oitavo
dia da festa. Como que a sonhar, os resgatados do Senhor entrarão na Cidade Santa, encontrando ao
seu norte, o jardim do Éden, no meio do qual eleva-se o monte Sião, o lugar do trono de Yahwéh.
Coroados pelo Messias, os remidos entoarão o cântico da vitória, fazendo vibrar por todo o espaço
os acordes de suas harpas, alaúdes e flautas.
Capitulo VIII
Depois de proferir todas essas predições, Melquisedeque disse-me que toda a experiência que
estávamos vivendo, era prefigurativa. Para que todo o drama se consumasse, tínhamos ainda diante
de nós acontecimentos importantes: Primeiramente, eu deveria retornar ao Carvalho de Mambré
juntamente com os meus pastores, para proclamar a todos a salvação representada pela história
daquele vaso. Todo aquele que, com arrependimento, aceitasse o Messias revelado, teria seus
pecados perdoados, recebendo uma pérola. Ao fim de seis anos, ao chegar à véspera de Rosh
Hashaná, as pérolas acabariam, não havendo mais oportunidade de salvação. Por aquele tempo, o
fogo do juízo cairia sobre as cidades de Sodoma e Gomorra, havendo terríveis pragas sobre todos os
infiéis.
Ao ouvir tais palavras do rei de Salém, sobreveio-me grande angústia, ao lembrar-me dos últimos
passos de Sara; Eu temia que ela, em sua incredulidade, não aceitasse uma pérola. Se isto
acontecesse, os meus lindos sonhos ruiriam por terra, pois não conseguiria ser feliz em sua ausência.
Lendo nos meus olhos a angústia, Melquisedeque consolou-me com uma promessa:
- Abraão, daqui a seis anos Yahwéh te visitará em sua tenda, e sua esposa será curada de sua aridez.
Ela se converterá e lhe dará um filho que se chamará Isaque.
Ao findar a festa de Sukot, retornamos às nossas tendas junto ao Carvalho de Mambré. À medida
em que íamos avançando pelo caminho, muitas pessoas nos cercavam, admirados pela beleza do
vaso repleto de pérolas; A todos contávamos a história de sua chama redentora, e oferecíamos as
pérolas a todos que crendo, aceitavam a salvação.
Quando chegamos ao Carvalho de Mambré, uma multidão de pessoas no esperava; Muitos tinham
ouvido falar do miraculoso livramento operado através daquele vaso que fora alvo de tanto
menosprezo. Agora, todos estavam emudecidos ao vê-lo glorificado.
Juntamente com os meus pastores, continuamos a proclamar o infinito amor de Yahwéh revelado
pela chama. O número daqueles que procuravam pelas pérolas foi aumentando, dia após dia, e todos
éramos felizes.
Os dias, os meses e anos foram-se passando, e a quantidade de pérolas foram diminuindo dentro do
vaso. Estávamos vivendo agora os últimos meses do sexto ano, que era o último da oportunidade. À
medida em que os dias se passavam, aumentava em meu coração uma preocupação e uma angústia,
pois Sara até então não tomara interesse em apossar-se de sua pérola, apesar de meus constantes
rogos.
Naqueles momentos de aflição em que clamava a Deus pela salvação de Sara, meu único consolo
eram as últimas palavras do rei de Salém, de que ao fim dos seis anos ela seria transformada.
Vivíamos agora os últimos dias do sexto ano; A consciência de que o tempo estava esgotando, fazia
com que muitas pessoas me procurassem de manhã até à noite, para apossarem-se das pérolas da
salvação.Com o coração ferido por indizível aflição, eu insistia com Sara, procurando convencê-la
de sua necessidade em tomar, o quanto antes, uma pérola, pois as mesmas estavam ficando a cada
dia mais escassas. Sem atentar para a minha angústia, Sara desdenhava de meus apelos, afirmando
que aquelas pérolas não tinham nenhum significado para ela.
Capitulo IX
Depois de uma noite de vigília em que, desesperadamente, procurei convencer minha amada a
apossar-se se sua pérola, aceitando a salvação representada por aquele vaso, vi o sol surgir trazendo
a luz do último dia - véspera de Rosh Hashaná. Ao olhar para dentro do vaso naquela manhã, vi que
restavam apenas três pérolas. Ao admirar-lhes o brilho, comecei a imaginar que a mais brilhante
seria para o meu filho prometido, a de brilho intermediário seria a de Sara, e a última seria a minha.
Esse pensamento trouxe-me alívio e esperança; Mas, ao mesmo tempo, comecei a preocupar-me
com a possibilidade de chegar pessoas procurando por elas; Se viessem, eu não poderia negar-lhes o
direito à elas.
Tomado por essa preocupação, permaneci sentado sob o Carvalho de Mambré. Na viração do dia,
sobreveio-me um grande estremecimento quando vi ao longe três peregrinos que caminhavam rumo
à nossa tenda. Comecei a clamar a Deus que eles mudassem de rumo, mas meus clamores não foram
atendidos. Dominado por uma grande amargura, corri até eles, e, depois de prostrar-me, convidei-os
para a sombra.
Tomando uma bacia com água, passei a lavar-lhes os pés, limpando-os da poeira do caminho. Ao
ver os pés feridos e calejados daqueles homens, senti compaixão por eles; Compreendi que haviam
vindo de muito longe, enfrentado perigos e desafios, com o propósito de pegarem em tempo as
pérolas. Vi que eles eram muito mais merecedores do que eu, Sara e nosso filho prometido.
Ao lavar os pés do terceiro, meu coração que até então estava aflito, encheu-se de paz e alegria;
Imaginava naquele momento, quão terrível seria se aquele terceiro peregrino, não houvesse se unido
aos dois primeiros naquela caminhada; Nesse caso eu seria obrigado a tomar da última pérola,
subindo sem minha amada à Salém. Se eu tivesse de passar por essa experiência, a pérola que
simboliza a alegria da salvação, se tornaria para mim num símbolo de solidão e tristeza, pois a vida
longe do carinho de Sara, seria para mim o maior castigo, como a própria morte.
Depois de lavar-lhes os pés, comecei a servir-lhes o alimento que foi especialmente preparado para
eles. Enquanto os servia em silêncio, eu ficava esperando pelo momento em que eles me
perguntariam pelas pérolas. Mas sem revelar nenhuma pressa, eles falavam sobre a longa caminhada
que fizeram, sobre as cidades por onde haviam passado. Eu perguntei-lhes se conheciam Salém;
Eles responderam-me afirmativamente, acrescentando que naqueles seis anos, muitas obras haviam
sido realizadas naquela cidade, em preparação para uma grande festa que estava para realizar-se
dentro de mais um ano, por ocasião de Sukot.
As palavras daquele terceiro peregrino, o mais falante dos três, começaram a trazer-me,
misteriosamente, um sentimento de esperança. Ao olhar para os seus olhos azuis, vi que ele se
parecia com Melquisedeque.
Lembrava-me da última promessa feita pelo rei de Salém, quando o terceiro peregrino perguntou-me
com um sorriso:
- Abraão, onde está Sara tua mulher?!
Atônito, perguntei-lhe:
- Como você sabe o meu nome e o nome de minha esposa?
O peregrino, respondeu-me:
- Não somente sei o nome de vocês, como também sei que, daqui a um ano vocês terão um filho que
será chamado Isaque.
Ao ouvir as palavras do visitante, corri para dentro da tenda afim de chamar minha esposa, para que
ouvisse as palavras daquele peregrino.
Ao vê-la, o peregrino perguntou-lhe:
- Sara, porque você riu de minhas palavras?
Assustada, Sara, respondeu:
- Eu não ri meu senhor!
- Não diga que não riu, pois eu a vi rindo dentro da tenda. Afirmou o peregrino.
Consciente de estar diante de alguém que conhecia o seu íntimo, Sara perguntou-lhe:
- Quem és tu Senhor?!
- Eu Sou a chama que desprendeu-se do Fogo do Altar para estar no vaso de seu esposo! Eu Sou o
Messias, o Yahwéh que sofre humilhações e desprezo por amor ao Seu povo!.
Tendo feito esta revelação, o peregrino estendeu Suas mãos sobre a cabeça de Sara para abençoá-la;
Somente então vi que elas estavam marcadas por cicatrizes semelhantes às do rei de Salém.
O peregrino, com muita ternura, começou a falar ao coração de minha amada, resgatando-a de sua
caverna de incredulidade:
- Sara, você é preciosa aos meus olhos! Todo o seu passado de descrença e infertilidade está
perdoado! Tenho para você um futuro glorioso, pois você se tornará mãe de muitos povos e nações!
Depois de dizer estas palavras, o nobre visitante encaminhou-se para o vaso e, inclinando-se, tomou
dele as três pérolas restantes. Dirigindo-se a Sara, entregou-lhe duas pérolas, e disse-lhe:
- Uma é para você e a outra é para o teu filho Isaque.
Com a vida transformada pelo amor de Yahwéh, Sara prostrou-se agradecida aos pés daquele
peregrino que a salvara no último momento de oportunidade. Quando a vi prostrar-se submissa, meu
coração por tantos anos aflito, rompeu-se em lágrimas de alegria e gratidão, e caí aos pés de meu
Redentor e Rei.
Depois de consolar-nos com a certeza de nossa eterna salvação, o peregrino entregou-me a última
pérola. Quando apertei-a em minhas mãos senti grande luz de alegria e paz penetrar-me todo o ser, e
passei a louvar ao Eterno pela certeza de que teria para sempre ao meu lado minha querida Sara e o
filho da promessa que, dentro de um ano nasceria
Capitulo X
Depois destas coisas, Yahwéh despediu-se de Sara e dos pastores que ali se encontravam, e
convidou-me a acompanhá-los até o outeiro que fica defronte do vale. Ao chegarmos àquele lugar, o
Eterno despediu-se de seus dois companheiros, enviando-os para uma missão especial em Sodoma.
Do cimo do monte contemplávamos os férteis vales e florestas que, como um paraíso, estendiam-se
em ambas as margens do rio Jordão, circundando as prósperas cidades, dentre as quais destacavamse
Sodoma e Gomorra.
Fora sobre aquela colina que, depois da contenda entre os meus pastores e os pastores de Ló, dei-lhe
a oportunidade de escolher o rumo a seguir, pois não poderíamos permanecer juntos. Atraído pelas
riquezas da campina, ele decidiu mudar-se para lá.
Ao olhar para o meu companheiro que ficara silente desde o momento em que avistamos a campina,
fiquei surpreso ao vê-lo chorando. Perguntei-lhe o motivo de sua tristeza, e Ele, soluçando
respondeu:
- Este é para mim um dia de muita tristeza, pois pela última vez meus olhos podem pousar sobre este
vale fértil. Choro pelos habitantes dessas cidades que não sabem que os seus dias acabaram!
A declaração de Yahwéh trouxe-me à lembrança todos aqueles cativos que haviam sido libertos seis
anos antes; Infelizmente, quase todos rejeitaram o banho da purificação, retornando imundos para
suas casas; Unicamente Ló e suas filhas aceitaram a salvação, tomando posse de suas pérolas.
Pensando numa possibilidade de livramento para aquele povo, perguntei ao Senhor:
- E se por acaso existir naquelas cidades, cinqüenta pessoas justas, mesmo assim elas serão
destruídas?
Yahwéh disse-me que se houvesse cinqüenta justos, toda a planície seria poupada.
- E se hover 45 justos?.
- Se houvesse ali 45 justos, toda aquelas cidades seriam poupadas.
Continuei com minhas indagações até chegar ao número dez. Yahwéh disse-me que se houvesse 10
justos naquelas cidades, toda a planície seria poupada.
Torturado por uma indizível agonia de espírito, Yahwéh voltou a chorar amargamente, enquanto
com voz embargada, pronunciava um triste lamento:
- Sodoma e Gomorra, quantas vezes quis Eu ajuntar os seus filhos, como a galinha ajunta os seus
pintainhos debaixo das asas, mas você não aceitou minha proteção. Por que você trocou a luz da
minha salvação, pelas trevas deste reino de morte?! Meus ouvidos estão atentos em busca de, pelo
menos uma prece, mas tudo é silêncio! Minhas mãos estão estendidas, prontas a impedir o fogo do
juízo, mas vocês recusam o meu socorro!
Curvando-me ao lado de meu companheiro sofredor, uni-me a Ele na lamentação. Naquele
momento de dor, tive a certeza de que Melquisedeque também sofria por todos aqueles que haviam
trocaram o amor e a paz de Salém, pelas ilusões daquele vale de destruição.
Depois de um longo pranto, Yahwéh consolou-me, com a revelação de os seus dois companheiros,
encontravam-se naquele momento em Sodoma, com a missão de salvar Ló e suas filhas, livrando-os
da morte. Suas palavras trouxeram-me grande alívio, e prostrei-me agradecido aos seus pés.
Capitulo XI
Antes de partir, Yahwéh encarregou-me de uma missão, dizendo:
- Tome um rolo vazio e registre nele a história do vaso e a história de Salém, conforme ouviste dos
lábios de Melquisedeque. Dentro de um ano, você e todos aqueles que aceitaram a salvação, deverão
subir à Salém para a festa de Sukot; Naquele dia, devolverá ao rei de Salém o vaso, oferecendo
dentro dele como presente, o rolo.
Naquela mesma tarde, em obediência às ordens de Yahwéh, comecei a registrar a história vivida por
mim e por meus pastores, desde o momento em que parti rumo ao vale, levando sobre as costas o
vaso com sua labareda.
No dia seguinte, o sol já ia alto, quando, ao mencionar a cidade de Sodoma no manuscrito, lembreime
que aquele era o dia de sua destruição.Com o coração acelerado, corri para lá e fiquei espantado
com o cenário que estendeu-se diante de meus olhos: Em lugar daquele vale fértil, semelhante a um
paraíso, havia um deserto fumegante, sem nenhuma vida; No lugar das cidades de Sodoma e
Gomorra, havia uma profunda cratera, para onde as águas do mar salgado escorriam.
Abalado ante essa visão de destruição, retornei à tenda com o coração entristecido . A lembrança de
tantas pessoas que, por rejeitarem o perdão divino, haviam sido consumidas pelo fogo, deixava-me
profundamente abalado. Nos dias seguintes, não encontrei forças para escrever; Retornei outras
vezes ao outeiro, com a esperança de que tudo aquilo fosse um pesadelo, mas em lugar do vale fértil
eu somente conseguia enxergar aquele caos.
Demorou vários dias para que eu voltasse a ter ânimo para prosseguir com os escritos do rolo.
A História de Salém
Capitulo I
Esta é a história de Salém segundo ouvi dos lábios de Melquisedeque por ocasião da festa de Sukot,
quinze dias depois do livramento de Ló e suas filhas.
Tudo começou com um sonho no coração de um homem chamado Adonias; Ele possuía de muitas
riquezas, mas a nada prezava mais que a justiça e a paz que nascem da sabedoria e do amor.
Cansado com as injustiças que predominavam por toda a terra de Canaã, Adonias resolveu edificar
um reino que fosse regido por leis de amor e de justiça. O nome da capital desse reino seria Salém, a
Cidade da Paz.
Os súditos de Salém não empunhariam arcos e flechas, mas seriam treinados na arte musical; Cada
habitante de Salém teria sempre ao alcance de suas mãos um instrumento musical, para expressar
por meio dele a paz e a alegria daquele novo reino. Juntos, formariam uma poderosa orquestra na
luta contra a desarmonia que nasce do orgulho e do egoísmo.
O primeiro passo de Adonias para a concretização de seu plano, foi elaborar as leis do novo reino, as
quais ele as escreveu em um pergaminho. Os súditos de Salém não poderiam mentir, furtar, odiar,
nem matar seus semelhantes. O orgulho e o egoísmo eram apontados como causa de todo o mal,
portanto, não poderiam existir naquele lugar de paz..
As leis do pergaminho requeriam a prática da humildade, da sinceridade, da amizade, e, acima de
tudo, do amor que é a maior de todas as virtudes.
Depois de registrar no pergaminho as leis que regeriam aquele reino, Adonias passou a arquitetar
Salém. Seria uma cidade a princípio pequena, com habitações para mil e duzentas pessoas. Como
lugar de sua edificação, foi escolhida uma região alta de Canaã, ao ocidente do Monte das Oliveiras.
Em pouco tempo, a realização de Adonias começou a atrair pessoas de todas as partes que, de perto
e de longe, vinham para conhecerem os palácios e as mansões que estavam sendo edificados.
Admirados ante a beleza daquela cidade tão alva, os visitantes perguntavam sobre quem seriam os
seus moradores. Adonias mostrava-lhes o pergaminho, dizendo que Salém destinava-se aos limpos
de coração - aqueles que estivessem dispostos a obedecerem suas leis.
Capitulo II
A edificação da cidade foi finalmente concluída e Salém revelou-se formosa como uma noiva
adornada, à espera de seu esposo.
Assentado em seu trono, Adonias examinava agora os numerosos pretendentes a súditos que
chegavam de todas as partes. Aqueles que, prometendo fidelidade às leis, eram aprovados, recebiam
três dotes do rei: o direito à uma mansão, vestes de linho fino e um instrumento musical no qual
deveriam praticar.
A cidade ficou finalmente repleta de moradores. Cheio de alegria, Adonias convocou a todos para a
festa de inauguração de Salém, no decorrer da qual proclamou um decreto que determinaria o futuro
daquele reino, dizendo:
- A partir deste dia, que é o décimo do sétimo mês, seis anos serão contados, nos quais todos os
moradores serão provados. Somente aqueles que permanecerem leais, progredindo na prática das
leis do pergaminho, serão confirmados como herdeiros deste reino de paz. Aqueles que forem
enlaçados por culpas e transgressões, serão banidos pelo juízo.
As palavras do rei levou a todos a um profundo exame de coração, e alegraram-se com a certeza de
que alcançariam vitória sobre todo o orgulho e egoísmo, que são as raízes de todos os males.
Adonias tinha um único filho a quem dera o nome de Melquisedeque. A beleza, ternura e sabedoria
desse filho amado, haviam sido sua inspiração para a edificação fundação de seu reino.
Melquisedeque tinha doze anos de idade, quando Salém foi inaugurada. Era plano de Adonias
coroá-lo rei sobre os súditos aprovados, ao fim dos seis anos. Este plano, o manteria em segredo até
o momento devido.
O príncipe, com suas virtudes e simpatia, tornou-se logo muito querido de todos em Salém. Ele tinha
sempre nos lábios um sorriso e uma palavra de carinho. Apreciava estar junto aos súditos em seus
lares, recitando-lhes as leis do pergaminho em forma de lindas canções que vivia a compor. Sua
presença trazia ao ambiente uma atmosfera de felicidade e paz. Esse amado príncipe possuía, de
fato, todas as virtudes necessárias para ser rei de uma Salém vitoriosa.
Adonias edificara uma mansão especial junto ao palácio, com o propósito de ofertá-la ao súdito cuja
vida expressasse mais perfeitamente as leis do pergaminho. Diariamente ele observava os
moradores, procurando entre eles essa pessoa a quem desejava honrar.
Passeava pelas alamedas de Salém, quando, por entre o trinar de pássaros, Adonias ouviu uma voz
semelhante a de seu filho. Ao voltar-se para ver quem era, encontrou um belo jovem que cantarolava
uma canção. Ao contemplar em sua face o brilho da sabedoria e da pureza, Adonias alegrou-se por
haver encontrado aquele a quem poderia honrar. Aquele jovem, que era uma cópia fiel do príncipe,
chamava-se Samael.
Colocando-lhe um anel no dedo, o rei conduziu-o ao palácio, onde, recebido por Melquisedeque que
ofereceu-lhe muitos presentes, entre os quais o direito de estar sempre ao seu lado.
Adonias preparou um grande banquete em honra a Samael, para o qual todos foram convidados. Ao
contemplá-lo ao lado do rei, os súditos o aclamaram com alegria, acreditando ser o próprio príncipe.
Exaltavam com júbilo as virtudes daquele formoso jovem, quando revelou-se Melquisedeque,
posicionando-se com um sorriso à direita de seu pai.
No banquete, Samael foi honrado por todos. Realmente ele era digno de residir na mansão do monte,
pois havia nele um perfeito reflexo das virtudes que coroavam o amado príncipe.
Capitulo III
Salém crescia em felicidade e paz.Com alegria, os súditos reuniam-se a cada dia ao amanhecer para
ouvirem, cantarem e tocarem as sublimes composições de Melquisedeque, que inspiravam atos de
bondade e paz.
Entre as amizades nascidas e fortalecidas em virtude da música harmoniosa, sobressaia aquela que
unia o príncipe a Samael. Desde que passara a residir na mansão do monte, Samael tornara-se seu
companheiro constante. Passavam longas horas juntos, meditando sobre as leis do pergaminho.Com
admiração, o súdito honrado via o filho de Adonias transformar aquelas leis em lindas canções. As
doces melodias nasciam dos seus lábios como o perfume de uma flor.
Consciente da importância da música na preservação da harmonia e paz em Salém, o príncipe, além
do canto, passou a dedicar-se à música instrumental, sendo o seu instrumento preferido o alaúde. Era
por meio desse instrumento que conseguia expressar com maior perfeição a riqueza de seu íntimo.
Dos seis anos de prova, cinco, finalmente, passaram. Adonias, feliz por ver que até ali todos os
habitantes de Salém haviam permanecido leais aos princípios contidos no pergaminho, convocou-os
para um banquete, no qual faria importantes revelações.
Tendo tomado seus lugares diante do trono, os súditos, com alegria uniram as vozes entoando os
cânticos da paz, sendo regidos por Samael.
Depois de ouvi-los, o rei, emocionado, dirigiu-se a seu filho, abraçando-o em meio aos aplausos da
multidão agradecida. Todos reconheciam que a paz e a alegria em Salém, eram em grande medida
devidas ao amor e dedicação do querido príncipe, que era o autor daquelas doces canções.
Naquele momento de reconhecimento e gratidão, Adonias revelou os seus planos mantidos até então
em segredo.Com voz pausada, disse-lhes:
- Súditos deste reino de paz, minh'alma está repleta de alegria por contemplar nesse dia vossas faces
mais radiantes que outrora. Vossas vestes continuam alvas e puras, como quando as recebestes de
minhas mãos. A harmonia de vossas vozes e instrumentos, hoje são maiores.
Tendo dito estas palavras, o rei acrescentou com solenidade:
-Um ano de prova ainda resta, ao fim do qual sereis examinados. Permanecendo fiéis como até aqui,
sereis honrados confirmados como súditos deste reino de paz. Contudo, se alguém for achado em
falta, será banido, ainda que este julgamento nos traga muita tristeza e sofrimento.
As palavras do rei levaram os súditos a uma profunda reflexão. Todos, examinando-se, indagavam
reverentes: - Estaremos aprovados?!
Certos de que seriam vitoriosos, pois amavam Salém e suas leis, uniram as vozes num cântico
expressivo de fidelidade. Ao terminarem o cântico, Adonias revelou-lhes seu grande segredo:
- Aqueles que forem aprovados, herdando este reino de paz, receberão como rei o meu filho , a
quem darei o trono glorificado dessa Salém vitoriosa.
A revelação do rei foi aclamada por todos com muito júbilo. Adonias, contudo, ainda não lhes
revelara todo o seu plano, por isso pedindo-lhes silêncio, prosseguiu:
- O meu filho empunhará um cetro especial, no qual selarei todo o direito de domínio seu cetro ,
simbolizando toda a harmonia, será um alaúde.
Diante desta revelação que a todos sensibilizou, o príncipe prostrando-se aos pés de seu pai, chorou
motivado por muita alegria. Enquanto isto, todos o aplaudiam com euforia, ansiando ver o raiar
desse dia em que a paz seria vitoriosa.
Adonias, chamando para junto de seu filho a Samael, concluiu dizendo:
- No governo dessa Salém vitoriosa, tenho proposto fazer de Samael o primeiro depois de
Melquisedeque. A ele será confiado o pergaminho das leis, devendo ser o guardião da honra desse
reino triunfante.
Capitulo IV
Samael, ao conhecer os planos de Adonias quanto ao futuro de Salém, encheu-se de euforia.
Contemplava agora risonho aquela cidade sem igual, imaginando seu futuro de glória. Considerando
as palavras do rei, de que ele seria o segundo no reino, deixou ser dominado por um sentimento de
exaltação. Ele, que até ali, em obediência às leis do pergaminho, vivera uma vida de humildade,
começava a orgulhar-se de sua posição. Em seu devaneio sentia-se junto ao trono, tendo os súditos
de Salém a seus pés, aclamando com louvores sua grandeza. Samael, totalmente dominado por esse
sentimento, não dava por conta de que estava sendo conduzido para um caminho perigoso. O
orgulho que o seduzira, estava gerando o egoísmo que logo se manifestaria em cobiça.
Uma semana após a revelação de Adonias, os súditos promoveram uma festa em homenagem a
Melquisedeque, o futuro rei de Salém. Vendo-o aclamado por tantos louvores, Samael teve o
coração tomado por um estranho sentimento de inveja, fruto do orgulho e do egoísmo. Não podia
suportar o pensamento de ser deixado em segundo plano. Não era ele tão formoso e sábio quanto o
príncipe?! Era quase impossível disfarçar tal sentimento de infelicidade.
Outrora, Samael encontrara indizível prazer nos momentos em que, ao lado do príncipe, recitava as
leis contidas no pergaminho, que eram transformadas em lindas canções. Agora, tais momentos
tornaram-se desagradáveis, pois aqueles princípios contrariavam os seus ideais. Decidiu, contudo,
não revelar seus sentimentos de revolta. Suportaria o antiquado pergaminho até que, com sua
autoridade, pudesse bani-lo do novo reino que seria estabelecido. Não seria ele o guardião daquelas
leis? Essa "vitória" procuraria alcançar mediante sua influência e sabedoria.
Julgando poder influenciar o filho de Adonias com seus sonhos de grandeza, Samael aproximou-se
dele com euforia, e passou a falar-lhe das glórias do reino vindouro, onde os dois, cobertos de
honras, desfrutariam dos louvores de uma Salém vitoriosa. Seriam eles os heróis do mais perfeito
reino estabelecido entre os homens.
As delirantes palavras do súdito honrado trouxeram preocupação e tristeza ao coração do jovem
príncipe, pois não refletiam os ensinamentos de amor e humildade do pergaminho.
Vendo o seu íntimo amigo em perigo, Melquisedeque, com uma ternura jamais revelada, conduziu-o
para junto do trono, onde, tomando o pergaminho, passou a ler compassadamente os seguintes
parágrafos:
- O reino de Salém será firmado sobre a humildade ,pois esta virtude é a base de toda verdadeira
grandeza.
A humildade é fruto do amor, sendo contrária ao orgulho, que pode manter uma criatura presa ao pó,
fazendo-a contentar-se com suas limitações ,iludindo-a como se as mesmas fossem de infinito valor.
A humildade consiste no esquecimento de si, e este, numa vida de abnegado serviço pelos
semelhantes.
Samael, esforçando-se para encobrir sua indignação ante a leitura do pergaminho que para ele era
ultrapassado, disse ao príncipe, em tom de conselho amigo:
- Meu bom companheiro, reinaremos numa Salém vitoriosa, que fulgurará muito acima deste
pergaminho ,cujos princípios foram cumpridos fielmente nesses anos de prova. A plena liberdade
não será a glória de Salém? Pois saiba que, completa liberdade não coexistirá com estas leis, cujo
objetivo encerra-se ao fim dos cinco anos. Caberá a nós dois coroarmos Salém com a honra de uma
total liberdade, que gerará uma felicidade sem fim. Tal liberdade é impossível existir sob as
limitações do pergaminho.
O filho do rei ficou muito abalado ante as palavras de seu amigo, que evidenciavam loucura. Como
libertá-lo desse caminho de morte?!
Ninguém em Salém, além de Melquisedeque, conhecia a triste condição de Samael. Com paciência,
o príncipe procurava conscientizá-lo do real valor do pergaminho, cujas leis não podiam jamais ser
alteradas, pois isto seria o fim de toda a paz.
Os conselhos do príncipe despertaram finalmente o seu coração. Meditando sobre suas palavras,
conscientizou-se de estar seguindo por um caminho enganoso.
Ao ver nos olhos daquele a quem tanto amava as lágrimas do arrependimento, o filho de Adonias
alegrou-se com sua vitória sobre o orgulho e o egoísmo.
Os dias que seguiram-se à libertação, foram cheios de realizações; O príncipe revelava-se ainda mais
amigo, disposto a dar tudo de si para que seu companheiro pudesse prosseguir triunfante no caminho
da humildade. Naqueles dias de júbilo, foi dada a ele a honra de conhecer o cetro que estava sendo
moldado.
Num momento de descuido, Samael que voltara a desfrutar paz de espírito, permitiu que seu coração
novamente ficasse possuído por um sentimento de grandeza, que fez desencadear nova tormenta em
sua alma. Esse sentimento misto de orgulho e cobiça lhe sobreveio no momento em que o príncipe
mostrava-lhe o dourado alaúde, no qual estava sendo impresso o selo de todo o domínio.
Capitulo V
De sua mansão Samael contemplava Salém em seu resplendor matinal. Vendo-a, qual noiva
adornada à espera de seu rei, cobiçou-a. Em seu delírio passou a formular planos de conquista. Já
podia sentir-se exaltado sobre o seu trono, tendo nas mãos o cetro precioso. Todos aclamariam-no
como o libertador da opressão daquelas leis. Salém seria um reino de completa liberdade e prazer.
Dominado por esta cobiça, passou a maquinar planos de conquista.
Samael decidiu agir sutilmente entre os súditos, levando-os a ver no pergaminho um impecílio à real
liberdade. Em sua missão de engano, agiria com aparente bondade, revelando interesse pelo
crescimento da felicidade de todos.
Pondo em prática seus planos, passou a visitar os súditos em suas mansões, falando-lhes das glórias
do reino vindouro, onde desfrutariam completa liberdade.
Grande era a sua influência em Salém. Todos admiravam sua beleza e sabedoria, tendo-o como um
perfeito apóstolo da justiça e do amor. Ninguém podia imaginar que em meio àquela atmosfera de
júbilo e gratidão uma armadilha sutil estava sendo colocada, nas garras da qual muitos poderiam cair
por descuido.
Em sua sedutora missão, Samael não falava contra o pergaminho, aliás, louvava-o por haver
exercido naqueles seis anos prestes a findarem ,uma missão de prova. Em sua lógica, contudo,
procurava mostrar que, no reino vindouro, quando todos estivessem aprovados, estariam acima
daquelas leis. Seus argumentos, aparentemente corretos, preparavam-lhe o caminho para afirmar
abertamente que, no novo reino, a existência do pergaminho, seria um entrave à concretização da
verdadeira liberdade.
As sementes da rebelião lançadas por Samael não tardaram a germinar no coração de muitos em
Salém. Isto acontecia a seis meses do Yom Kipur, quando o destino de todos seria selado. Um terço
dos habitantes ,seduzido pelo terrível engano, exaltava-o agora, em completo desprezo às leis e ao
príncipe, a quem julgavam ultrapassados.
Adonias, que sofria ao ver o surgimento de toda essa rebeldia, convocou os súditos para uma reunião
de emergência. Na face de todos podia-se ver as contrastantes disposições.
Com voz compassiva, o rei passou a revelar-lhes, como jamais fizera antes, a grande importância
das leis registradas no pergaminho, mostrando que elas eram a base de toda a prosperidade e paz. Se
tais leis fossem banidas, toda felicidade e glória se extinguiriam, dando lugar ao caos.
Depois de mostrar a necessidade das leis, Melquisedeque, movido por um forte desejo de salvar
aqueles a quem tanto amava, ergueu diante de todos o pergaminho e, com voz cheia de bondade
ofereceu-lhes o perdão e a oportunidade de recomeçarem no caminho da paz. Suas palavras a todos
emocionou, ficando até mesmo Samael ficou a princípio motivado, contudo, o orgulho impediu-lhe
novo arrependimento. Desta maneira, o súdito honrado, quando ainda podia olhar arrependido para
o pergaminho, endureceu-se em sua rebeldia, decidindo prosseguir até o fim. Esta decisão, todavia,
não a manifestaria prontamente, pois idealizara um traiçoeiro plano.
Ao findar o encontro da oportunidade, Samael convocou seus seguidores para uma reunião secreta,
que foi realizada sob o manto da noite, junto ao riacho de Cedrom que ficava fora dos muros de
Salém.
Após maldizer o pergaminho e a todos aqueles que o defendiam, ,começou a falar-lhes de seus
planos de vingança e traição:
- Como vocês sabem, os seis anos da prova estão se esgotando, restando, a partir de hoje, vinte e
quatro semanas para o dia da coroação. Se vocês quiserem ter-me como rei em lugar de
Melquisedeque, poderei roubar-lhe o cetro, apoderando-me do reino.
Samael passou a explicar-lhes os lances da traição, dando-lhes as devidas orientações sobre a
maneira de agirem a partir daquela data:
- Precisamos manter uma aparência de fidelidade ao pergaminho e ao príncipe até que chegue o
momento de agirmos. O golpe será dado na noite que antecede o dia da coroação. À meia-noite,
furtivamente nos ausentaremos de Salém. Roubarei nessa noite o cetro e, juntos, fugiremos para o
profundo vale onde estão as cidades de Sodoma e Gomorra. Ali nos armaremos, e marcharemos
contra Salém, subjugando nossos inimigos. Acabaremos então com o pergaminho e com todos
aqueles que se recusarem prestar obediência ao nosso governo.
Capitulo VI
Sobrevieram dias de aparente tranqüilidade e paz Samael, fingindo fidelidade, estava sempre ao lado
do príncipe, demonstrando admiração pelas suas novas composições que exaltavam as leis do
pergaminho. Os seguidores de Samael, da mesma maneira, uniam as vozes em louvores que
expressavam a grandeza dos princípios aos quais repugnavam.
Melquisedeque, cheio de alegria por ver aproximar-se o dia de sua coroação, ensaiava com os
súditos os cânticos da vitória, os quais compusera especialmente para aquela ocasião.Com felicidade
falava a todos sobre seus sonhos em tornar Salém cada vez mais honrada por sua beleza e harmonia.
Samael, em sua maldade velada, zombava do príncipe. Já previa a dor que lhe traria o golpe da
traição.
Naqueles dias de aparente paz, o súdito rebelde procurou conhecer o lugar em que o cetro ficaria
oculto até o dia da coroação. O príncipe, sem nada desconfiar, revelou-lhe todo o segredo: a sala, o
cofre com seu enigma, o rico estojo e, finalmente o tesouro. Contemplando-o o astuto Samael
animou-se ao ver estampado em seu bojo o selo do domínio; Compreendeu que, aquele que o
possuísse, teria nas mãos o reino de Salém. Somente alguns dias, pensou, e teria sob seu poder
aquele instrumento precioso.
O sol declinou trazendo para Salém o dia que significaria vitória ou derrota.
Pouco antes do anoitecer, Samael deixara o palácio onde passara todo o dia ao lado do príncipe,
ajudando-o nos preparativos para a cerimônia da coroação. Dirigindo-se para sua mansão, saudou as
trevas com um sorriso maldoso. Como ansiara por aquela noite!
Enquanto os fiéis, embalados pela emoção da feliz vitória , revisavam sob a luz de candeias os
adornos de seus instrumentos, de vestes e mansões, certificando-se que seriam aprovados na manhã
seguinte, Samael e seus seguidores faziam seus últimos preparativos para desferirem o golpe.
À meia-noite, seguindo as instruções de Samael, todos os seus seguidores abandonaram
silentemente suas mansões, rumando-se ao profundo vale de Cedrom, onde esperariam pelo seu
novo rei.
Samael, por sua vez, dirigiu-se aos fundos do palácio, por onde esperava entrar sem ser notado, indo
ao encontro do cetro. Evitando qualquer ruído, transpôs o portal, dirigindo-se silentemente à sala que
guardava o precioso cetro.
Naquele momento, o príncipe que, insone rolava em seu leito, pressentindo algum perigo, dirigiu-se
ao quarto de seu pai e o despertou dizendo:
- Meu pai, ouvi ruídos de passos no interior do palácio.
Afagando a cabeça de seu filho, Adonias, sonolento respondeu-lhe:
- Filho, não se preocupe. Deite-se comigo e durma tranqüilamente. Daqui a pouco raiará o alvorecer
e você terá nas mãos o alaúde dourado.
O príncipe, tranqüilizado pelas palavras confiantes de seu pai, entregou-se a um sono de lindos
sonhos em que vivia ao lado de Samael e de todos os súditos de Salém, os momentos festivos da
coroação. Enquanto isso, o rebelde com as mãos trêmulas, apossava-se do cetro. Naquele momento,
teve a idéia de levar somente o alaúde, deixando o estojo em seu devido lugar.Com um sorriso cheio
de maldade, imaginou o momento em que o rei entregaria ao seu filho aquele estojo vazio.
Levando consigo o cetro, Samael dirigiu-se apressadamente ao lugar em que seus seguidores o
aguardavam. Ao encontrá-los, deu vazão a todo o seu orgulho proclamando:
- Agora eu sou o rei de Salém. Quem possui um cetro como o meu? Com ele domino a terra e o
mar.A minha força está nas trevas , pois através dela o conquistei.
Festejando a vitória, a turba ruidosa afastou-se para distante de Salém, seguindo rumo às cidades
corrompidas da planície, onde pretendiam armarem-se para a conquista de seu reino.
O sol surgiu no horizonte, trazendo a luz do dia da expiação (Yom Kipur)..Despertando de seu sono
de lindos sonhos, o príncipe apronta-se para a cerimônia do juízo e da coroação. Vestes especiais de
linho fino, adornadas com fios de ouro e pedras preciosas, foram-lhe preparadas. Depois de vestir-se,
Melquisedeque encaminhou-se para o encontro de seus súditos, na extremidade sul de Salém. Dali
os conduziria numa marcha festiva rumo ao palácio situado ao norte, sobre o monte Sião.
Adonias, fazendo soar um longo chifre, convocou a todos para a reunião do julgamento. Deixando
suas mansões, todos os remanescentes dirigiram-se para a praça do portão sul, levando consigo seus
instrumentos musicais.
Ao encontrar-se com aqueles fiéis, Melquisedeque ficou surpreso pela ausência de muitos. Esse
mistério doía-lhe na alma, pois lhe ocultava-lhe a face mais querida de seu amigo Samael.
Deixando seus seguidores reunidos, o príncipe saiu à procura dos ausentes. Em sua busca infrutífera,
dirigiu-se finalmente à mansão do monte, onde chamou por Samael; Sua voz, contudo, não trouxe
nenhuma resposta além de um eco vazio, que traduzia ingratidão.
Lendo no triste vazio a traição, sentiu vontade de chorar. Num só momento veio-lhe à mente todo o
passado daquele a quem buscara com tanta dedicação conservá-lo em sua glória, através de
conselhos sábios. Recordou daqueles dias que seguiram à sua recuperação; Como se alegrara com a
certeza de que seu amigo não mais voltaria a cair! Levando-o a pressentir a tragédia, veio-lhe a
lembrança as indagações de Samael sobre o alaúde, o qual mostrou-lhe num gesto de amizade. A
memória deste fato, somada aos passos ouvidos no interior do palácio naquela noite, deu-lhe a
certeza que Salém corria perigo. Não suportando essa possibilidade de traição, prostrou-se em
pranto, ferido pela terrível ingratidão daquele a quem dedicara tanto amor.
Curvado pela dor, permaneceu por algum tempo procurando encontrar algum consolo. Enxugou
finalmente as lágrimas, decidido a fazer qualquer sacrifício a fim de devolver a Salém sua glória e
poder, redimindo-lhe o cetro das mãos da rebeldia.
Consolado pela certeza da vitória, Melquisedeque retornou para junto dos súditos fiéis. Ocultandolhes
seu sofrimento, bem como o motivo da ausência de tantos, o príncipe guiou-os em marcha
triunfal rumo ao palácio.
Capitulo VII
Ao aproximarem-se do monte Sião, galgaram os alvíssimos degraus da escadaria, sendo seguidos
pela multidão exultante. Doía-lhe na alma a expectativa de ver morrer nos lábios dos fiéis, naquela
manhã, o seu alegre canto, devido o golpe da traição.
Encontravam-se agora no interior do palácio, diante do magnífico trono que esperava pelo jovem rei.
Na base do trono, jazia aberto, em meio a um arranjo de flores, o pergaminho das leis. Junto dele
podia-se ver a linda coroa, feita de ouro e pedras preciosas, bem como o estojo daquele cetro que
simbolizava toda a harmonia de Salém.
Os súditos estavam felizes, pois sabiam que seriam achados dignos de herdar aquele reino de paz.
Aguardavam agora o momento da coroação, quando o seu novo rei os regeria de seu trono com seu
cetro precioso, num cântico triunfal.
Em meio aos aplausos das hostes vitoriosas, Melquisedeque dirigiu-se a seu pai, que o recebeu com
um carinhoso abraço. O momento era deveras solene. As hostes silenciaram-se na expectativa da
coroação. O estojo seria aberto e, todos testemunhariam a exaltação do querido príncipe.
Com o coração pulsando forte pela alegria, Adonias curvou-se sobre o estojo, abrindo-o
cuidadosamente; Ao encontrá-lo vazio, a alegria de seu semblante deu lugar à uma expressão de
indizível preocupação e tristeza, pois naquele cetro selara o destino daquele reino de paz.
Ao ver seu pai e todos os súditos aflitos pela ausência do cetro e de tantos amigos que deveriam estar
com eles naquele momento, Melquisedeque consolou-os com a promessa de que buscaria o cetro.
Inconscientes dos riscos e perigos que aguardavam o príncipe em seu caminho, os súditos
despediram-se dele, vendo-o partir apressadamente.
O alvorecer daquele dia que seria o da coroação, alcançou os rebeldes distantes de Salém, a caminho
das cidades da planície. Naquele manhã, Samael encheu-se de fúria ao ver que o precioso alaúde
estava adornado com inscrições das leis contidas no pergaminho. Tomando uma pedra pontuda,
passou a danificar o cetro, raspando-lhe todas as palavras de amor e justiça. Suas harmoniosas
cordas estavam agora desafinadas sobre o seu bojo ferido, mas continuava sendo precioso, pois
sobre ele jazia selado o domínio de Salém. Possuí-lo, significava ser dono de todo o poder.
Ao chegarem à altura em que o caminho bifurcava-se, Samael ordenou a seus seguidores que
prosseguissem rumo a Gomorra, enquanto ele iria até Sodoma, onde permaneceria por dois dias,
juntando-se depois a eles.
Esperou pela noite para entrar em Sodoma. Quando ali entrou, caminhou pelas ruas estreitas sem ser
notado, até encontrar uma casa isolada sobre uma elevação. Fazendo do cetro sua arma, invadiu a
casa matando seus moradores, enquanto dormiam. Apossou-se dessa maneira daquela residência
onde, solitário, maquinaria seus planos para a tomada de Salém.
O entardecer daquele dia que seria o da coroação, alcançou o filho de Adonias a caminhar pelo
pedregoso caminho rumo ao vale. Seus olhos carregados de tristeza e anseio voltam-se para o solo,
em busca dos rastros dos rebeldes. A lembrança da ingratidão daqueles a quem tanto amava, o fez
chorar. Suas lágrimas, refletindo os últimos lampejos daquele sol poente, assemelham-se a gotas de
sangue jorrando de um coração ferido. Ele chorava não por causa dos perigos que lhe sobreviriam
naquela fria noite, mas pela infeliz sorte daqueles que haviam trocado a paz de Salém pela violência
daquelas cidades da planície.
O seu único consolo era a lembrança daqueles que, apesar de todas as tentações, haviam
permanecido fiéis. A eles prometera devolver o cetro, e isto o faria apesar de qualquer sacrifício.
Depois de uma longa noite de insônia em que o príncipe ficou recostado ao lado do caminho, raiou a
luz de um dia que seria decisivo.
Ao aproximar-se de Sodoma naquela manhã, o pensamento de estar tão próximo do cetro de sua
amada Salém, fez com que se esquecesse de toda a fadiga, abreviando seus passos rumo ao desafio.
Ao abeirar-se do grande portão da cidade, ficou tomado por um temor, ao ouvir ruídos espantosos de
desarmonia, que traduziam o orgulho, o egoísmo e a cobiça que ali dominavam todos os corações,
fazendo-os explodir na orgia de uma maldade sem fim.
Seria um grande risco expor-se à violência gratuita daquela cidade. Esse pensamento o fez deter-se a
um passo do portal, onde estremecido curvou a fronte em indizível luta íntima. Era tentado a recuar,
mas lutava com todas as forças de sua alma contra esse pensamento de fracasso.
Pensando na triste sorte de Salém, cujo domínio estava sendo pisado no interior daquela cruel
Sodoma, Melquisedeque tomou uma firme decisão: como um destemido guerreiro haveria de
avançar, e, mesmo que tivesse de enfrentar o acúmulo de todos os perigos, prosseguiria, até erguer
em suas mãos vitoriosas o cetro amado.
Resoluto e esperançoso, transpôs o portão de Sodoma, mergulhando naquele mundo estranho. Tudo
ali era o oposto de Salém, começando pelas pedras ásperas e sujas de suas construções. Sodoma era
um reino de trevas.
A presença contrastante do príncipe foi logo notada por muitos que, em tumulto o acercaram. A
pureza de caráter expressa em sua meiga face e o esplendor de suas vestes, encheram-nos de
espanto, e recuaram como que vencidos por uma força invisível. Dominados pela fúria , passaram a
perseguí-lo à distância, decididos a fazê-lo recuar. Jogavam-lhe pedras e lama tentando macular-lhe
as vestes, mas não o atingiam, enquanto ele avançava em sua ansiosa busca. Desistiram finalmente
de perseguí-lo, ao entardecer.
Capitulo VIII
O filho de Adonias percorrera todas as ruas e becos à procura do precioso cetro, mas em vão. Ao ver
tombar no horizonte o sol, anunciando a chegada de mais uma escura e fria noite, seu coração ficou
opresso por uma grande agonia. Ali, naquele último beco, quase que vencido pela exaustão e pelo
desespero, inclinou a fronte, desfazendo-se em pranto. Seus lábios, pronunciaram em meio aos
soluços as seguintes palavras:
- Salém, Salém, você não pode perecer! O seu cetro precisa ser redimido das garras da rebeldia! Mas
quando e onde vou encontrá-lo?! Já não restam forças em mim, e a esperança de redimi-lo antes da
noite me abandona!
O príncipe, em sua suprema angústia, não percebia que outro gemido de dor, procedente de cordas
arrebentadas de um alaúde humilhado, fazia-se ouvir naquele entardecer.
Subtamente, o fraco gemido penetrou seus ouvidos, reanimando-o com a certeza de que o grande
momento da redenção havia chegado. Enxugando as lágrimas, reuniu as últimas forças correndo em
direção à uma pequena casa situada sobre um monte, de onde parecia vir o som.
Ao dirigir-se à porta entreaberta, deteve-se ao contemplar uma cena chocante, de humilhante
escravidão: Samael, envolvido por um manto sujo, castigava o cetro de Salém. Tanto o rapaz quanto
o cetro achavam-se tão desfigurados, que não restavam neles quase que nenhum traço da glória
perdida. Aquele cetro, contudo, mesmo arrasado como estava, era muito precioso, pois nele jazia o
selo do domínio de Salém.
A contemplação daquele que fora seu maior amigo e daquele cetro idealizado como símbolo de toda
a harmonia, em tão trágica condição, comoveu profundamente o príncipe, fazendo-o chorar em alta
voz. Somente então o súdito rebelde percebeu sua presença indesejada. Estremecido, levantou-se, e,
cheio de ira perguntou-lhe:
- O que o trouxe a Sodoma?
Apontando para o cetro danificado, Melquisedeque exclamou:
- A glória de Salém está destruída!!!
Com uma gargalhada, Samael zombou de sua tristeza ,dizendo:
- Agora eu sou o rei de Salém. Vocês que são fiéis ao pergaminho, tornar-se-ão meus escravos.
Sem se importar com as palavras de afronta de Samael, o príncipe, movido por uma infinita
angústia, lhe disse:
- Samael, Salém está ferida por sua traição. Por que você trocou o seu lar de justiça e amor por esse
vale de injustiça, ódio e morte?! Agora, se não deseja retornar à Salém arrependido, devolva-lhe o
cetro. Foi para redimi-lo que, a despeito de todos os perigos, desci a esse vale hostil.
Conhecendo o propósito do príncipe, o rebelde encheu-se de raiva e cerrando os punhos disse-lhe :
- Eu o odeio Melquisedeque!
Tendo dito isto, arremessou o cetro ao chão, e pisando-o acrescentou:
- Tenho vontade de fazer o mesmo com você.
Diante dessa afronta, o príncipe não sentiu nenhum temor, mas compaixão. Transportando-se ao
feliz passado, lembrava-se dos momentos felizes em que tinha sempre ao seu lado a Samael; Ele era
um jovem puro e humilde de coração; Por que permitira ser escravizado pela ilusão do orgulho e do
egoísmo?! Quão doloroso era ver aquele jovem que, por sua beleza e simpatia, havia sido honrado
acima de todos os súditos, agora arruinado pela cobiça! Não fora o sonho do príncipe ter junto ao
seu trono glorificado, aquele que lhe era o mais precioso amigo?! Essa tragédia feria-lhe a alma.
Contudo, a triste condição do cetro o atingia ainda mais, pois ele fora feito como o símbolo de toda a
harmonia ,e estava sendo desfeito sob os pés da ingratidão.
Surpreso por não ver nos olhos de Melquisedeque nenhuma expressão de temor, porém de piedade,
Samael sentiu-se frustrado em suas afrontas que visam amedrontá-lo, levando-o desistir de sua
missão.
Diante da postura digna do príncipe, que em silente dor o contemplava, sentiu-se envergonhado.
Essa fraqueza, contudo, foi banida pelo orgulho que dominava o seu coração. Começou então a
planejar algo terrível, para humilhar e ferir o príncipe, fazendo-o sofrer ainda mais.Com escárnio
disse-lhe:
- O cetro de Salém poderá ser seu, se você conseguir pagar-me o preço de seu resgate.
Com um brilho nos olhos, o príncipe perguntou-lhe:
- Qual é o preço?
Samael, com um sorriso maldoso, respondeu-lhe pausadamente:
- O preço não é ouro nem prata, mas dor e sangue. Você deverá despir-se completamente de suas
vestes, deitando-se ao chão. Deverá suportar nessa condição, espancamentos, até que o sol se ponha.
Se você estiver disposto a submeter-me, sem reagir, o cetro será inteiramente seu.
Estremecido ante tão cruel proposta, o filho de Adonias olhou para o sol que pairava distante sobre
uma nuvem. Passou a travar em seu coração uma luta intensa. A princípio, o horror do sacrifício
quase o dominou, levando-o recuar, mas o pensamento de ver Salém escravizada pela rebeldia,
levou-o finalmente à decisão de pagar o preço do resgate, entregando-se ao humilhante sofrimento.
Tendo tomado a firme decisão de resgatar o cetro, o príncipe, tirou as vestes, colocando-as sobre
uma pedra. Deitou-se em seguida naquele solo frio, com a fronte voltada para o poente.
Impiedosamente, Samael começou a espancá-lo, fazendo uso do próprio cetro como instrumento de
tortura. Gemendo pela dor dos golpes que o faziam sangrar, o príncipe mantinha o olhar fixo no sol
que parecia deter-se sobre a nuvem. Atordoado pela dor, contemplou finalmente o sol prestes a se
pôr. Alentado pela vitória que se aproximava,murmura baixinho:
- Salém, Salém, daqui a pouco terei em meus braços o teu cetro precioso que, em minhas mãos,
tornar-se-á num instrumento de justiça e paz.
Ouvindo a promessa do príncipe feita por entre gemidos, Samael bradou-lhe com fúria:
- O teu sofrimento não trará nenhum alvorecer para Salém ,pois tuas mãos jamais serão capazes de
tocar no cetro.
Depois de fazer essa afronta, Samael apossou-se de uma pedra pontuda, preparando-se para desferir
os últimos golpes.
Enquanto pensava sobre a feliz vitória de Salém, Melquisedeque sentiu seu braço direito sendo
comprimido pelos pés de Samael. Seguiu a esse rude gesto um golpe que o fez contorcer-se em
agonia. Sua mão fora vazada cruelmente, passando a jorrar abundante sangue da ferida aberta. Essa
mesma violência foi descarregada logo depois sobre sua mão esquerda.
Não suportando a agonia causada por esses derradeiros golpes, o filho de Adonias, ensangüentado,
mergulhou nas trevas de um profundo desmaio.
Capitulo IX
Ao cessar de golpear o príncipe, o súdito rebelde ficou possuído por um estranho horror ao
contemplar na face daquele que somente lhe fizera o bem, o torpor da morte. Procurava não recordar
o passado, mas, irresistente, sentia ser arrastado aos dias de sua feliz inocência em Salém. Revestido
de ricas vestes estava sempre ao lado do príncipe que, com dedicação, ensinava-lhe a cada dia suas
canções que falavam de paz.
Nas indesejadas lembranças pelas quais era arrastado, reviveu seus primeiros passos no caminho do
orgulho e do egoísmo. Lembrou-se dos incessantes conselhos e rogos daquele que fora seu melhor
amigo, para que desistisse daquele caminho que poderia conduzi-lo à infelicidade.
Depois de ser arrastado em lembranças por todo aquele passado de felicidade destruída por sua
culpa, Samael teve consciência de sua ingratidão. Horrorizado pelo que fizera, curvou-se sobre o
corpo ensangüentado de Melquisedeque, e desesperou-se ao vê-lo sem vida. Não suportando o peso
da grande culpa, deixou às pressas aquele lugar, desejando ocultar-se distante, sob as trevas da fria
noite.
Depois de um profundo desmaio, o príncipe começou a voltar à consciência; Em delírios que o
transportavam ao seio de sua amada Salém, ele revivia momentos vividos e sonhados: Com alegria
contemplava a face de seu maior amigo, para quem estendeu a mão com um sorriso. Mas seu gesto
foi frustrado por uma profunda dor. Em meio aos aplausos dos súditos vitoriosos, recebe de seu pai o
cetro, mas ao tocá-lo, sente uma irresistível dor em suas mãos.
Com esses sonhos frustrados pela dor, Melquisedeque despertou para a realidade. Estava nu, ferido e
solitário, em um lugar perigoso, longe do abrigo e carinho de Salém. Mais doloroso era pensar que
tudo aquilo fora a retribuição de alguém que fora o alvo principal de todas as dádivas de seu amor.
O príncipe, sem poder mover-se, considerando a grande traição passou a chorar sem consolo.
Lamentava não por sua dor, mas pela perdição daqueles que haviam trocado o carinho e a justiça de
Salém pelo desprezo e ódio que os reduziriam finalmente a cinzas sobre aquele vale condenado.
Através das lágrimas, o príncipe contemplava o céu que, semelhante a um manto tinto de sangue,
estendia-se banhado na luz do sol poente. Lembrou-se então do alaúde pelo qual pagara tão alto
preço. Onde estaria ele?
Em sua desesperada fuga, Samael deixara o cetro abandonado junto ao corpo ferido de
Melquisedeque. Quando ele o viu, esqueceu-se de toda a dor, e abraçou-o com suas mãos feridas.
Acariciando-lhe o bojo arruinado, disse-lhe com um sorriso:
- Você é meu novamente. Eu o comprei com o meu sangue".
Samael que, dominado pelo estranho horror, fugira após cometer o horrível crime, deteve-se a um
passo do portão de Sodoma. Ali, impulsionado pelo orgulho, arrependeu-se com indignação de sua
fraqueza. Por que fugira depois de conquistar tão grande vitória? Não era seu plano destruir o reino
de Salém, para estabelecer seu próprio reino? Lembrando-se do cetro, decidiu retornar para tomá-lo.
Por que o deixara abandonado junto ao cadáver daquele odiado príncipe?
Reunindo suas poucas forças, Melquisedeque dirigiu-se tropegamente ao lugar em que deixara suas
vestes.
Depois de vestir-se, tendo junto ao peito o cetro amado, o filho de Adonias, com profunda emoção
fez um juramento antes de deixar aquele lugar de seu sofrimento. Acariciando o cetro diz-lhe:
- Meu querido cetro, você foi criado como um emblema da harmonia que procede da justiça e do
amor. Toda a glória de Salém repousava sobre você quando a rebeldia em sua ingratidão escravizouo,
arrastando-o para este vale hostil. Aqui você foi ferido e humilhado, vindo a tornar-se um
instrumento de impiedade nas mãos do tirano. Eu, porém, o redimi com o meu sangue. Agora nossas
feridas serão restauradas, e em breve seremos entronizados em meio aos louvores de uma Salém
vitoriosa. Quando esse sonho se concretizar, testemunharemos juntos o fim daqueles que se
levantaram contra nós para nos ferir. Samael e seus seguidores serão devorados pelo fogo que
reduzirá às cinzas Sodoma e Gomorra.
Concluindo seu solene juramento ,o jovem príncipe, já oculto pelas trevas da noite e deixou aquela
colina, e sobre ela as marcas de seu sofrimento.
Desde que o filho do rei partira, prometendo retornar com o cetro, Salém vivia momentos de
indizível anseio. Em pranto, o rei e os súditos remanescentes lembravam-se de todo aquele feliz
passado desfeito pela ingratidão dos rebeldes. O que mais lhes torturava era a ausência do príncipe e
do cetro, sem os quais todo o brilho daquele reino de paz se ofuscaria.
Desejando consolar o coração de seus súditos, Melquisedeque avançava em meio à noite rumo aos
montes que cercavam Salém. Ainda que enfraquecido e ferido, prosseguia em sua marcha
ascendente, esperando alcançar sua pátria pela manhã.
Aquela longa e escura noite foi finalmente vencida pelos raios do alvorecer. Em Salém a esperança
em rever Melquisedeque com o seu cetro estava quase banida quando, ao olharem para o Monte das
Oliveiras, viram-no descendo pelo caminho do Getsêmani. Quando o encontraram no profundo vale
de Cedrom, ficaram assustados com sua aparência: sua face estava pálida e seu manto encharcado de
sangue. Mesmo assim, ele sorria expressando grande alegria.
Ao perguntarem-no sobre o porque daquelas marcas de sangue, Melquisedeque retirou de sob o
manto suas mãos feridas, revelando-lhes entre elas o cetro redimido.
Depois de contar-lhes os passos que o levaram ao resgate do cetro, os súditos, emudecidos,
prostraram-se reverentes aos seus pés, aclamando-o como seu redentor e rei.
Em meio aos louvores das hostes redimidas, o príncipe foi introduzido no palácio real, onde sob os
cuidados de seu amoroso pai, deveria restabelecer-se de seu sofrimento. O cetro desfigurado, agora
mais precioso, seria também restaurado, devendo tornar-se mais belo que antes.
O dia da coroação foi fixado para o próximo Yom Kipur. Naquele dia, Melquisedeque selaria com o
cetro restaurado o triunfo de todos os fiéis, bem como a condenação dos rebeldes.
Capitulo X
Poucos instantes após a saída de Melquisedeque, Samael chegara ao local onde o deixara
aparentemente sem vida, ao lado do alaúde. Sem entender aquele misterioso desaparecimento, ele
prosseguiu para Gomorra, onde seus seguidores o esperavam. a Ao vê-los, proclamou sua "vitória"
sobre o odiado príncipe e sobre o cetro, os quais massacrara em Sodoma, não restando aos
seguidores do pergaminho nenhuma esperança.
Suas palavras agradaram a turba rebelde, que passou a comemorar a "conquista" entregando-se à
orgia. Zombavam agora da justiça e do amor, exaltando a Samael como rei vitorioso.
Obteriam agora armas, com o propósito de avançarem sobre Salém, desferindo-lhe o último golpe;
Juntaram-se a eles em seu maléfico propósito, muitos criminosos que foram recebidos como mestres
no manejo de arcos e flechas.
Em sua loucura, Samael ordenou o banimento de todo calendário, pois em seu reino de "liberdade"
não estariam sujeitos a nenhum cômputo de tempo. As leis da moralidade foram também banidas,
surgindo com isso um completo caos. Essa desordem, revelou-se de maneira mais patente no
barulho estridente e cacofônico, ao qual proclamaram como a nova música.
Dominados pelo egoísmo, Samael e seus seguidores alimentavam-se de ilusões, inconscientes de
que seus dias estavam contados. Os frutos da rebelião não tardariam em atrair sobre eles o fogo da
destruição.
Dividindo seus seguidores em pequenos grupos, Samael passou a comandá-los em atos violentos
que aterrorizavam os moradores das planícies; Por esse tempo, eles escondiam-se nas cavernas
situadas próximas ao mar salgado.
O respeito e o medo dos guerrilheiros de Samael, levou finalmente os reis de quatro cidades a
procurarem-no, propondo alianças de paz. Eram eles: Bara, rei de Sodoma, Bersa, rei de Gomorra,
Senaab, rei de Adama, Semeber, rei de Seboim e Segor, o rei de Bela. Por essa época, esses reis
pagavam tributos a Cordolaomor, rei de Elam que, acompanhado pelos exércitos de quatro outras
cidades, os haviam subjugado no vale de Sidim junto ao mar salgado.
Fortalecido pelas alianças, Samael tornou-se mais ousado em suas investidas, levando o terror e a
destruição aos territórios de cidades distantes. Os exércitos de Cordolaomor e seus aliados que
retornavam nesses dias de outras conquistas, enfurecidos pelas provocações de Samael, marcharam
contra os quatro reis, vencendo-os novamente no vale de Sidim. Foi nessa ocasião que levaram
cativos os habitantes de Sodoma, entre os quais encontrava-se o meu sobrinho Ló.
Acovardados diante do furor dos cinco reis, Samael e seus seguidores esconderam-se em suas
cavernas, ao norte do mar salgado
Capitulo XI
Os doze meses contados a partir do grande sacrifício estavam prestes a terminar. O cetro, totalmente
restaurado, resplandecia em seu estojo, enquanto o príncipe, igualmente restabelecido das feridas
causadas pela rebeldia, alegrava-se ao ver chegar o Yom Kipur de sua coroação. Enquanto isso, ele
compunha lindas canções que expressavam o seu amor por Salém.
Naqueles doze meses, a cidade da paz tornara-se mais bela, sendo adornada qual noiva para o
grandioso dia da coroação.
À uma semana para o Yom Kipur, Samael, totalmente inconsciente de que o dia de seu julgamento
se aproximava, reuniu os seus seguidores, anunciando-lhes que a próxima missão seria a conquista
de Salém. Antes de avançarem, contudo, ele subiria sozinho para verificar os pontos vulneráveis da
cidade.
Depois de ser aplaudido pela turba, Samael partiu em sua missão de reconhecimento. Enquanto
avançava sozinho, procurava não lembrar-se daqueles momentos que trouxeram-lhe terror pela
culpa, mas, dominado por uma força superior, foi arrastado em suas lembranças para aquele monte
da cruel tortura.
Todo o seu passado começou a vir-lhe à lembrança, como um peso esmagador.
Quando despertou-se de suas lembranças das quais não conseguiu fugir, já era noite. A escuridão
que o envolvia pareceu-lhe o prenúncio de um triste fim. Esse desânimo, contudo, procurou bani-lo
com a lembrança do exército que o esperava, pronto para cumprir suas ordens, na conquista de
Salém, onde não haveria lembranças daquele pergaminho.
O alvorecer o alcançou próximo de Salém. Ao avistar o monte das Oliveiras, veio-lhe à lembrança a
última vez que o transpôs, deixando para trás a cidade vencida. Quantas noites haviam passado
desde então? Ele perdera a noção de tempo, não sabendo que justamente doze meses haviam se
passado. Não podia imaginar que, raiava naquela manhã o Yom Kipur, o dia de seu julgamento.
Ao chegar ao topo do monte das Oliveiras naquela manhã, Samael surpreendeu-se ao ver que a
cidade tornara-se mais bonita que outrora; Toda ela estava adornada de ramos e flores, como uma
donzela à espera de seu noivo. Contudo, Salém estava abandonada, não havendo nenhum sinal de
vida em todas as suas mansões. Isto o fez concluir que os golpes que haviam aniquilado o príncipe e
o cetro, trouxeram como conseqüência todo aquele abandono. Ele não sabia, contudo, que naquele
momento todos os remanescentes daquele reino, encontravam-se ocultos no grande salão do palácio,
aguardando pelo momento mais glorioso, da coroação de Melquisedeque.
Imaginando-se exaltado sobre o trono abandonado, tendo a seus pés os exércitos vitoriosos, o
rebelde penetrou na cidade, dirigindo-se apressadamente ao palácio. Ao transpor o portal principal
que dá entrada ao salão principal, ficou surpreso ao ver ali reunidos uma multidão de fiéis. Sobre um
áureo tablado, enfeitado de flores talhadas em pedras preciosas, encontra-se o trono vazio. Na base
do trono estava o pergaminho das leis, uma coroa de ouro cheia de pedras preciosas e o estojo que
deixara vazio naquela noite de traição. Sem entender o enigma, Samael escondeu-se por trás de uma
coluna, temendo ser reconhecido, e ficou observando.
Os súditos, com expressão de feliz expectativa olhavam para o trono vazio. Onde encontravam eles
motivos para toda essa alegria, se haviam perdido o seu rei juntamente com o cetro? Samael
questionava sobre esse mistério, quando Adonias, aplaudido pelos súditos, encaminhou-se para junto
do trono.Com voz cheia de emoção pela vitória, o fundador de Salém anunciou que havia chegado o
momento tão sonhado da coroação. Um brado de triunfo ecoou pelos ares quando, anunciado pelo
seu pai, entrou o amado príncipe encaminhando-se em direção do trono. Ao vê-lo coberto por um
manto de glória, Samael ficou possuído por um terrível pavor, e procurou fugir. Descobriu, contudo,
que todos os portais do grande salão estavam fechados por fora.
Teve início a cerimônia da coroação. Era um momento deveras solene. Adonias, num gesto
reverente, tomou a rica coroa, colocando-a na fronte de seu filho. Prostrando-se depois sobre o
estojo, abriu-o cuidadosamente, tirando dele o alaúde restaurado, cuja beleza e brilho eram muito
superiores à sua primeira condição, ao sair das mãos de Adonias o seu luthier. Assentando-se no
trono em meio às aclamações dos súditos, Melquisedeque passou a dedilhar o cetro, tirando dele
acordes de muita harmonia e paz. Todos se aquietaram para ouvirem suas novas composições que
expressavam o seu profundo amor pelo cetro e por todo aquele reino de paz.
Grande emoção invadia o coração de todos naquele momento, levando-os às lágrimas. Samael, sem
forças para reagir, sentia-se torturado por aqueles acordes que torturavam faziam reviver em sua
mente suas oportunidades perdidas, numa terrível tortura para sua consciência.
Melquisedeque compusera para aquele momento especial, canções que retratavam os momentos
mais marcantes da história de Salém; Quando passou a cantar sobre a amizade que tinha por Samael,
sua voz embargava-se pelas lágrimas que não conseguia conter. Triste para ele era cantar sobre a
queda daquele que era-lhe o maior amigo! Cantou então sobre o alto preço que teve de pagar pela
reconquista do cetro, que representa a honra de Salém.
Ao contemplarem aquelas mãos marcadas pelas cicatrizes, tocando com tanta maestria e carinho o
cetro restaurado, os súditos tomados por forte emoção, prostraram-se em pranto.
Ao ver nas nãos de Melquisedeque aquele alaúde que, em suas mãos fora instrumento de tortura,
Samael compreendeu, tarde demais o quanto errara, desviando-se dos conselhos do príncipe;
Quantas vezes aquelas mãos sobre as quais descarregara toda aquela violência haviam sido
estendidas num esforço de salvá-lo, e ele as havia negligenciado. Agora, era tarde demais! Tarde
demais!!!
Capitulo XII
Os súditos triunfantes que, reverentes, haviam sido conduzidos a todo aquele passado de felicidade,
traição, dor e triunfo, uniram finalmente as vozes numa jubilosa proclamação:
Verdadeiros e justos são os teus princípios, ó rei de Salém. Digno és de reinar em glória e majestade
entre os louvores de teus fiéis, porque em teu sacrifício nos livraste das ameaças das trevas, fazendo
renascer em nosso coração a alegria do alvorecer.
Esse cântico de exaltação foi seguido pela cerimônia de confirmação de todos os fiéis em sua vitória.
O filho de Adonias, com o seu cetro redimido, passou a selar com um toque especial do cetro, a
vitória de cada um. Formou-se para tanto uma longa fila de fiéis exultantes.
Os súditos confirmados, à medida em que iam recebendo o toque de aprovação do rei,
posicionavam-se ao lado direito do trono, onde permaneciam aguardando pela confirmação dos
outros.
Os olhares que, iluminados de alegria, haviam acompanhado o selamento dos últimos justos,
pousaram sobre a figura estranha de Samael que, dominado por uma força irresistível, encaminhavase
cabisbaixo em direção do trono. Seu aspecto era horrível: seu semblante havia sido deformado
pelo mal; suas vestes estavam sujas e mal cheirosas; tudo nele repugnava, ao ponto de ninguém
reconhecê-lo.
Em meio ao espanto dos súditos, Melquisedeque ergueu-se de seu trono como que ferido por uma
grande dor; De seus lábios os súditos ouvem uma dolorosa exclamação:
- Samael, Samael!!!
A figura deplorável daquele que fora tão belo, encheu a todos de tristeza, e começaram a prantear.
Eles lamentavam por saber que o destino de Samael e de todos aqueles que o seguiram, poderia ter
sido muito diferente, se eles houvessem atendido aos rogos de amor de Adonias e de seu filho. Não
era o plano do rei e o sonho de Melquisedeque tê-lo como o guardião do pergaminho, sendo o
segundo em honra naquele reino?
Samael que, reconhecendo sua desventura, aproximara-se cabisbaixo do trono, ao presenciar toda
aquela lamentação, é novamente iludido pelo orgulho, julgando tratar-se de uma demonstração de
fraqueza de seus inimigos. A lembrança de seu exército que fortalecido o aguarda na planície, iludeo
com a certeza de que será vitorioso sobre Salém.Com esse pensamento, ergue a fronte marcada
pelo ódio e, fitando o rei, levanta o punho cerrado e o desafia, desdenhando de sua autoridade, com a
ameaça de tomar-lhe o trono.
Ainda que condoídos por sua perdição, os súditos de Salém não suportaram a ousada afronta
daquele enlouquecido jovem que, depois de causar tanto sofrimento, ainda era capaz de erguer-se
com tamanho desafio.
O vitorioso rei que com tanto prazer selara com o seu cetro a conquista dos fiéis, ergueu-o
dolorosamente para o selamento da triste sorte dos rebeldes. Imobilizado por uma força estranha,
Samael, sem desviar os olhos do cetro, ouviu dos lábios do rei a proclamação de seu julgamento e de
todos os seguidores:
Prisioneiros de uma força invisível, ficariam retidos em suas cavernas por seis anos, sendo depois
visitados pelo fogo do juízo que os destruiria juntamente com as cidades que a eles se aliaram.
Capitulo XIII
Ao ir para a cama depois daquele dia de tantas emoções, o jovem rei, imerso nas lembranças daquele
passado de felicidade e dor, rolava em sua cama insone. Quando finalmente adormeceu, teve um
sonho muito significativo.
No sonho, apareceu-lhe um anjo luminoso, que saudou-o com um sorriso, dizendo-lhe que todo o
Universo acompanhava com atenção todo aquele drama que estavam vivendo, que o mesmo tinha
um sentido prefigurativo, retratando acontecimentos passados e futuros, que envolvia todo o vasto
universo.
As palavras do anjo despertaram em Melquisedeque um grande desejo de conhecer a história desse
drama cósmico.
Conhecendo o seu anseio, o anjo arrebatou-o no sonho revelando-lhe um distante futuro. Diante de
seus olhos manifestaram-se as glórias de uma nova e esplêndida Salém, cujas muralhas e mansões
eram feitas de pedras preciosas; Os portais da cidade eram de pérolas. Suas amplas avenidas eram de
ouro puro. A cidade era quadrangular e se estendia por centenas de quilômetros. Estava dividida em
dois setores distintos: Norte e Sul. Ao Sul elevavam-se incontáveis mansões, habitações eternas de
anjos e de seres humanos redimidos; Ao Norte havia um lindo paraíso ao qual o anjo revelou ser o
jardim do Éden. Ali, em ambas as margens do rio da vida, havia campos repletos de todo tipo de
vegetação, com flores e frutos em abundância. Viviam ali em perfeita harmonia, todas as espécies de
insetos, aves e animais.
No meio do paraíso podia-se ver uma montanha fulgurante, a qual o anjo afirmou ser o monte Sião,
o lugar do trono de Deus. Era daquele monte que emanava o rio da vida, fluindo por toda a cidade.
Quando alcançaram o topo da montanha sagrada, o rei de Salém ficou deslumbrado com o cenário
visto ao seu redor. Encontrava-se na parte mais elevada de Sião a mais linda de todas as edificações
revelado pelo anjo como o palácio de Deus. Aquela magnífica construção era sustentada por sete
colunas, todas de ouro transparente, engastadas de lindas pérolas. Ao redor do palácio, floresciam a
mais exuberante vegetação: havia ali o pinheiro, o cipreste, a oliveira, a murta, a romãzeira e a
figueira, curvada ao peso de seus figos maduros.
Enquanto admirava-se ante a beleza daquele lugar, o anjo disse-lhe que a nenhum ser humano fora
dado o privilégio de ver o interior daquele palácio de Deus. A ele seria dada esta honra, pois fora
escolhido para ser o portador das mais amplas revelações sobre o reino da luz.
Ao transporem com reverência um dos portais de pérolas, prostraram-se em adoração, enquanto
ouviam o cântico de uma multidão de serafins, que circundavam o trono, em constante louvor
Àquele que Era, que É e que Sempre Será.
Ao olhar para Aquele que estava assentado sobre o trono, Melquisedeque ficou surpreso ao
descobrir a figura de um homem. Ele estava coberto por um manto de linho fino, de uma alvura sem
igual, e tinha sobre a cabeça uma coroa formada por sete coroas sobrepostas, repletas de pedras
preciosas.
Ao olhar para as mãos que sustentavam o cetro, o filho de Adonias ficou surpreso ao descobrir nelas
cicatrizes de ferimentos, semelhantes àquelas em suas mãos. O anjo afirmou-lhe ser o Messias, a
manifestação visível de Yahwéh, o Deus Invisível.
Atraído para o cetro resplandecente, com o qual o Messias governava sobre todo o Universo, o rei de
Salém viu nele o selo do domínio, e nele escrito o nome: Israel.
Tomado por profunda emoção, Melquisedeque prostrou-se ante o Rei daquela eterna Salém, e,
revivendo ali a história de sua pequena cidade, teve desejo de conhecer o grande drama da história
universal. Conhecendo o desejo de seu coração, o anjo disse-lhe:
- Agora lhe farei conhecer a história desta gloriosa Salém. Tudo o que lhe for mostrado na visão,
você deverá registrar fielmente em seis pergaminhos que serão costurados um ao outro, formando
um único rolo. Você terá seis anos para escrevê-los. Ao fim dos sete anos, você receberá das mãos
de um ancião um vaso contendo um rolo especial, com muitas revelações importantes, destacandose
a história de Salém. Você tomará esse rolo, e o costurará como o primeiro dos sete, formando um
único rolo. Depois de selá-lo, você e o ancião o guardarão no vaso, levando-o para uma caverna que
eu lhes mostrarei ao norte do mar salgado, onde permanecerá esquecido até que chegue os últimos
dias, quando será resgatado e revelado ao mundo por meio de um pequeno beduíno.
Depois de falar ao rei de Salém estas palavras, o anjo conduziu-o em visão a um infinito passado,
quando o Universo ainda não existia.
Uma história muito parecida com a de Salém passou a desdobrar-se diante de seus olhos; porém,
numa dimensão infinitamente maior, começando pela criação do reino da luz.Com admiração
contemplou a formação de bilhões de mundos e estrelas, repletos de vida e felicidade que passaram a
girar em torno da Salém Celeste, o paraíso de Deus.
Sua atenção voltou-se depois para o mais belo de todos os querubins que, honrado pelo Criador,
passou a residir com Ele em Seu palácio. Uma eternidade de felicidade e paz parecia embalar aquele
reino, quando a mesma experiência de egoísmo e rebeldia vivida por Samael, começou a repetir-se
na vida daquele anjo amado.
Cenas de uma grande rebelião começaram a ser mostradas a Melquisedeque, envolvendo todos os
habitantes do Universo. O querubim honrado, semelhante a Samael, seduzira um terço das hostes
que, passaram a reverenciá-lo como rei.
Em meio às cenas daquele grande conflito, o rei de Salém testemunhou a criação do planeta Terra,
sobre a qual surgiu o homem como cetro racional daquele reino disputado.
Com agonia viu o momento em que o chefe da rebelião aproximou-se sutilmente do paraíso,
apossando-se do ser humano, depois de seduzi-lo com tentações. Ouviu então o seu brado, numa
proclamação de vitória. A partir daquele momento, o inimigo de Deus passou a arruinar o ser
humano, apagando nele todos os traços da glória divina, como Samael fizera com o cetro.
A sua própria experiência, ao declarar naquela manhã aos súditos de Salém sua decisão de ir em
busca do cetro perdido, começou a repetir-se diante de Seus olhos.
Reunindo as hostes que haviam permanecido fiéis ao Seu governo, o Criador passou a revelar um
plano de resgate: Ele haveria de ir em busca do homem, e o remiria, ainda que isto lhe custasse
infinito sacrifício. Diante desta revelação, o filho de Adonias prostrou-se comovido, ao descobrir
que em sua vida tivera a honra de retratara o próprio Messias.
Todo o drama vivido pelo filho de Adonias em sua angustiante busca, até o momento de seu suplício
pela redenção do cetro, foi ganhando amplitude naquela visão que abarcava toda uma eternidade.
Diante de seus olhos desfilavam cenas de uma grande batalha que, sem trégua se estenderia até o dia
do juízo final, quando o Messias vitorioso empunhará o cetro redimido, selando com ele a
condenação de todas as hostes rebeldes.
Capitulo XIV
Através das revelações recebidas do anjo, Melquisedeque tomou conhecimento do grande
livramento alcançado dez dias antes de sua coroação, em Rosh Hashaná, quando diante de trezentos
pastores com seus vasos incendiados, exércitos de cinco reis tombaram, saindo livres os cativos.
Conhecendo nossa intenção de subir à Salém por ocasião de Sukot, o rei fez preparativos para uma
grande festa, na qual comemoraríamos juntos a vitória sobre toda a desarmonia gerada pelo orgulho
e pelo egoísmo.
Foi por isso que ao chegarmos a Salém, ficamos surpresos com toda aquela honrada recepção.
Ocupar-me com o relato de todos esses acontecimentos, fez-me passar por todo este sétimo ano,
quase sem notar os seus dias, que passaram velozes. Estamos hoje às portas de um novo Rosh
Hashanah, quando os 300 pastores tocarão os chifres, convocando todos aqueles que possuem as
pérolas, para a reunião solene de Yom Kipur. Cinco dias depois seremos recebidos em Salém para a
festa de Sukot.
A certeza de que acontecimentos importantes ainda deverão ser relatados até o momento em que o
vaso será deixado na caverna, fez-me reservar um espaço no rolo, no qual registrarei, dia após dia, os
fatos, até a consumação desta história.
Hoje é Rosh Hashaná, o dia mais feliz de minha vida, pois meus braços puderam envolver
finalmente o filho da promessa. A primeira coisa que Sara fez ao recebê-lo, foi colocar-lhe em sua
mãozinha direita a segunda pérola que o Messias lhe dera no dia de sua conversão, na qual estava
escrito nome Isaque que significa "riso", o nome de Melquisedeque e o nome de Salém.
Dois dias antes do Yom Kipur, Isaque foi circuncidado, conforme a ordem de Yahwéh.
Desde que os pastores começaram a tocar seus chifres em Rosh Hashanah, todos aqueles que
possuíam pérolas do vaso, deixaram suas tendas, dirigindo-se em pequenos grupos, para junto do
Carvalho de Mambré.
Ao chegar o Yom Kipur, o dia da reunião solene, meus pastores informaram-me que todos que
aqueles que haviam recebido pérolas, haviam comparecido ao encontro, não faltando nenhuma
pessoa. Era maravilhoso ver a alegria estampada no semblante de toda aquela multidão, que ansiava
pela subida à Salém. Todos tinham uma história para contar, de como foram mal compreendidos e
humilhados por aqueles que não receberam a salvação representada pelas pérolas. O único consolo
que tinham naquele tempo, vinha da certeza de que subiriam a Salém para a festa de Sukot.
No primeiro dia da festa de Sukot, a multidão foi subdividida pequenos grupos de doze pessoas, para
subirmos em ordem à Salém.
Tendo o vaso com o rolo em minhas costas, posicionei-me à frente da multidão, sendo seguido por
Sara e Isaque, que vinham montados num camelo; Logo atrás vinha Ló e suas filhas; um pouco
atrás, os trezentos pastores seguidos por todos os fiéis.
Iniciávamos nossa escalada quando, acompanhado por todos os seus súditos, surgiu Melquisedeque
vindo ao nosso encontro, fazendo vibrar pelos ares o som festivo de muitos instrumentos musicais,
comemorando a grande vitória.
Depois de saudar-nos, o filho de Adonias conduziu-nos numa marcha festiva até adentrarmos os
portais de Salém, que encontra-se agora mais bonita que outrora.
Diante do trono, todos os remidos foram coroados por Melquisedeque,começando em seguida o
grande banquete.
Grande foi a alegria do rei de Salém quando entreguei-lhe o vaso com o meu manuscrito. Levandome
para uma sala especial do palácio, ele mostrou-me os seis manuscritos nos quais registrara a
história do Universo, segundo fora-lhe mostrada em sonho.
Ao receber o meu manuscrito, ele o costurou aos demais, vindo a ser o primeiro do grande rolo.
No último dia da festa de Sukot, o rolo foi aberto diante de toda a multidão de fiéis. Depois de ler
uma boa parte do meu manuscrito, o filho de Adonias, tomando em seus braços o pequeno Isaque,
afirmou:
- Na descendência desta criança haverá de cumprir-se todas as coisas escritas neste manuscrito.
Tendo dito isto, o rei o abençoou, devolvendo-o à Sara.
Depois de abençoar Isaque, Melquisedeque passou a falar sobre o futuro do rolo que permaneceria
por quase quatro milênios ocultos em uma caverna, sendo finalmente encontrado por um beduíno da
tribo de Taamireh. Ao sair de sua caverna, o rolo enfrentaria a oposição de muitos eruditos que o
declarariam apócrifo. Viria, contudo, o momento, em que suas revelações seriam confirmadas, e
muitos seriam transformados pelas suas mensagens, preparando-se para o dia do juízo final.