deuses pagão e seus povos


“Deixaram o Senhor, Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito,e foram-se após outros deuses, dentre os deuses das gentes que havia ao redor deles, e os adoraram, e provocaram o Senhor à ira. Porquanto deixaram o Senhor e serviram a Baal e Astarote.” Jz 2:12,13
Esse texto é escrito em Juizes logo após a morte de Josué. Com a morte de Josué, acaba o ciclo de Moisés e a peregrinação. Os filhos de Israel já estão assentados na terra prometida, e já não são tantas as batalhas como na época de Josué ainda vivo. Porém naquela terra prometida havia um povo com seus próprios costumes, ritos e deuses; os cananeus. Esse povo foi disperso na ocupação de Israel, porém não foi totalmente dizimada. E esse restante foi o suficiente para que os filhos de Israel se contaminassem com sua cultura, mitos e imundícies. Sim, o povo eleito por Deus se deixou levar por crenças em deuses pagãos e se esqueceram do Deus que os tirara do Egito. Os versículos acima sintetizam bem como se inicia o ciclo dos juízes em Israel; a adoração a Baal, o esquecimento de Deus. Você já parou para pensar no porquê de Israel ter sofrido tal queda? Porque Deus sempre se refere a se prostituir? O que os seduziu a adorar outros deuses? Moda? Necessidade? Estupidez mesmo?
Nessa série de posts você vai saber mais sobre Baal, o deus que seduziu o povo escolhido.
E começaremos a falar sobre os cananeus. Até por volta de 2.200 a.C. eles eram um povo só, os filhos de Cã, filho de Noé, situados na região a beira mar e às margens do rio Jordão, praticamente onde hoje é Israel. Após essa data, houve uma migração do povo amorreu e hiteu para aquela região; misturando a cultura, religião e o modo de vida desses povos. Esse povo multi racial continuou a ser chamado de cananeu mesmo com toda a mistura.
Essa mistura étnica resultou na fusão de diversas religiões. Antes da migração do povo amorreu, segundo a mitologia cananéia, existia um deus supremo, EL (ou Dagon), que era o deus acima de todos os outros deuses. O povo amorreu trás consigo um novo deus, Hadade – deus do trovão, raio e fertilidade, que começa, segundo a mitologia, a se sobressair a EL. Isso é um sintoma típico da assimilação de religiões, no qual o deus local (EL cananeu) vai sendo substituído por um outro deus (Hadade amorreu).
O deus Hadade é o Baal que conhecemos, tão citado na Bíblia.Esse é o quadro religioso que os filhos de Israel encontram no início da conquista de Canaã, por volta de 1.406 a.C. De um lado Canaã que é uma nação que relaciona os deuses e os cultos ao tempo e às plantações. E, do outro lado, o povo de Israel que apesar de toda demonstração do poder de Yahweh, se contamina com todo esse panteão de deuses cananeus, principalmente Baal, ou Hadade. Mas isso é assunto para os próximos capítulos. No próximo post você vai conhecer mais sobre o deus EL e sua ligação com outros deuses, incluindo Yahweh.
Para os cananeus, até a migração do povo amorreu e hiteu para as terras de Canaã, EL era o nome do deus supremo, sobre todos os outros deuses. Isso deve ao fato dos cananeus descenderem diretamente de Noé através de seu filho Cã. Provavelmente após a maldição de Cã (Gn 9:25), ele se apartou levando consigo a cultura de seus pais, que adoravam a EL como Deus único e verdadeiro. A diferença é que os cananeus criaram diversos outros deuses para si, mas sempre respeitando EL como deus supremo em seu panteão de deuses.
Com a chegada dos amorreus, a mistura de raças e religiões trouxe diversos novos deuses. Dois deles citaremos em especial: Dagon e Hadade. Dagon (imagem ao lado) era o deus principal dos amorreus, esposo de Astarote (aquela que anda sobre as águas), pais de Hadade (Baal). Os amorreus imaginavam Dagon na forma de um peixe, deus da fecundação humana e da criação.
Devido a mistura de religiões entre cananeus e amorreus o EL cananeu foi assimilado ao Dagon amorreu, se tornando um só deus. Ficou o nome cananeu (EL) e a história de Dagon. Assim, o EL cananeu já nada tinha a ver com o EL de Israel. O EL cananeu era o pai de Baal e de outros deuses. Os filisteus, que viriam a ocupar aquela região tempos mais tarde, preferiam usar o nome Dagon, como visto em I Samuel 5:2-7.
Essa assimilação de religiões e deuses era muito comum naquela época. O EL cananeu também é associado ao deus Cronus grego (imagem ao lado). A história de Cronus e EL cananeu (Dagon) tem detalhes em comum: eram tiranos e foram derrotados pelo próprio filho que tomou sua posição de deus supremo. No caso de Cronus, foi derrotado por Zeus. No caso de EL cananeu (Dagon), foi derrotado por Baal. Notem quem tanto Zeus quanto Baal são deuses do trovão. Isso também é devido à assimilação de deuses.
Essa assimilação acontece porque os povos foram criados através da peregrinação. O mesmo povo foi se dispersando e levando consigo as mesmas histórias e crenças que, com o tempo, foram tomando suas próprias formas, mas nunca perdendo suas características em comum. Por isso, a palavra EL que primeiramente veio de Israel, depois foi se assimilando com outras culturas e tomando outros significados. Isso acontece também com a palavra Elohim (que significa deuses, mas no caso de Yahweh tem plural majestático).
Dessa forma podemos entender um pouco mais sobre a relação entre o Deus de Israel, o deus cananeu, o deus amorreu e até mesmo entre deuses gregos. E também podemos entender o porque da ira do Senhor contra os outros deuses, pois o povo utilizava o Seu Nome, ou um de seus nomes, em vão (Êxodo 20:7). Ou seja, para nomear outros deuses.
Vamos contar um pouco de historinha para entender melhor a novela mexicana que é a mitologia cananéia. EL era o pai de todos os deuses e tinha uma esposa, Astarote. Dentre todos os filhos ele nomeia Yammu (deus do mar) para ficar em seu lugar. Baal, como queria o trono, fica furioso e derrota Yammu. Outros dois irmãos de Yammu, vendo essa situação, se voltam contra Baal; eram eles Naharu (deus dos rios) e Motu (a morte). Baal é derrotado por Motu e enviado para as profundezas.
É aí que entra a irmã e amante de Baal, Anat, que o traz de volta da morte. Baal volta, manda Motu pra as profundezas e aniquila o próprio pai, EL, tomando assim não só o seu trono, como também a sua esposa, Astarote. Assim, EL cai no esquecimento e Baal se torna o deus principal da mitologia cananéia. Gostaram da historinha?
Pois bem, toda essa história foi criada pelos cananeus apenas para explicar porque o deus local deles (EL) foi substituído por Hadade, deus dos amorreus, que passou a ser chamado de Baal em Canaã (ver parte 2). Por Canaã ser totalmente dependente da chuva para suas plantações, foi muito conveniente tomar para si o deus da chuva do povo amorreu. Sim, Baal era deus da chuva, do trovão e da fertilidade do solo. Nada mais conveniente para um povo que vivia da agricultura. Para os cananeus, a chuva era o sêmen de Baal caindo sobre a terra, tornando-a fértil, como um homem torna fértil uma mulher com o seu sêmen.
Para os cananeus, Baal era o senhor do tempo; ele fazia chover, trovejar ou fazer sol. Ele era adorado principalmente nos montes, ou lugares altos. Mas podia também ser adorado em qualquer lugar que tivesse um Astarote (um pedaço de tronco fincado na terra, igual a um tótem). Isso porque a esposa de Baal, Astarote, era simbolizada por qualquer tipo de pedaço de árvore ou planta. Convém lembrar que Jezabel, a terrível perseguidora de profetas e esposa do também terrível rei Acabe, era adoradora de Astarote.
Com a idéia do sêmen de Baal caindo sobre a terra em forma de chuva, os cultos a Baal centravam-se na atividade sexual. A religião cananéia era grosseiramente sexual e perversa porque requeria no culto o serviço de homens e mulheres prostitutos disponíveis como sacerdotes; a pessoa para adorar a Baal tinha que copular com um ou vários desses sacerdotes. Isso é visto no livro de Oséias. A sua esposa não era simplesmente uma prostitua, era uma sacerdotisa de Baal (para um estudo completo sobre Oséias clique aqui).
Essa era a mitologia cananéia que os hebreus encontraram ao sair do Egito. E foi com essa mitologia absurda que eles se contaminaram. No próximo capítulo, vamos falar um pouco sobre a corrupção de Israel diante de Baal. De quem foi a culpa? Por que se contaminaram? E vamos falar também sobre Elias e os 450 profetas de Baal.



Religião da Mesopotâmia 
Como era a religião mesopotâmica, deuses, crenças, politeísmo mesopotâmico
Shamash - deus sol da religião mesopotâmica
Shamash - deus Sol da religião mesopotâmica

Como era a religião mesopotâmica 
Os povos da Mesopotâmia Antiga eram politeístas, ou seja, acreditavam na existência de vários deuses. Na concepção destes povos, os deuses poderiam praticar coisas boas ou ruins com os seres humanos.

Os deuses da religião mesopotâmica representavam os elementos da natureza (água, ar, Sol, terra, etc).

Diversas cidades possuíam seus próprios deuses. Marduque, por exemplo, era o deus protetor da cidade da Babilônia, na época do reinado de Hamurabi. Em função do domínio desta cidade sobre a Mesopotâmia, este deus também passou a ser o mais importante em toda região.

Uma deusa que ganhou muita importância na Mesopotâmia foi Ishtar. Era representada nua e simbolizava o poder da natureza e da fertilidade.

Os mesopotâmicos também acreditavam na existência de heróis, demônios e gênios. Praticavam adivinhações e magias.
Os mesopotâmicos construíam zigurates, espécies de templos em formato de pirãmides, e acreditavam que os deuses habitavam estas construções.
Principais deuses da religião mesopotâmica:
- Enlil - deus do vento e das chuvas
- Shamach - deus do Sol
- Ishtar - deusa da chuva, da primavera e da fertilidade
- Marduque - deus protetor da cidade da Babilônia
- Anu - deus do Céu
                    História da Mesopotâmia
                                                     Introdução
A palavra mesopotâmia tem origem grega e significa " terra entre rios". Essa região localiza-se entre os rios Tigre e Eufrates no Oriente Médio, onde atualmente é o Iraque. Esta civilização é considerada uma das mais antigas da história.
Vários povos antigos habitaram essa região entre os séculos V e I a.C. Entre estes povos, podemos destacar : babilônicos, assírios, sumérios, caldeus, amoritas e acádios. Vale dizer que os povos da antiguidade buscavam regiões férteis, próximas a rios, para desenvolverem suas comunidades. Dentro desta perspectiva, a região da mesopotâmia era uma excelente opção, pois garantia a população:  água para consumo, rios para pescar e via de transporte pelos rios. Outro benefício oferecido pelos rios eram as cheias que  fertilizavam as margens, garantindo um ótimo local para a agricultura.
No geral, eram povos politeístas, pois acreditavam em vários deuses ligados à natureza. No que se refere à política, tinham uma forma de organização baseada na centralização de poder, onde apenas uma pessoa ( imperador ou rei ) comandava tudo. A economia destes povos era baseada na agricultura e no comércio nômade de caravanas.
Sumérios 
Este povo destacou-se na construção de um complexo sistema de controle da água dos rios. Construíram canais de irrigação, barragens e diques. A armazenagem da água era de fundamental importância para a sobrevivência das comunidades. Uma grande contribuição dos sumérios foi o desenvolvimento da escrita cuneiforme, por volta de 4000 a.C. Usavam placas de barro, onde cunhavam esta escrita. Muito do que sabemos hoje sobre este período da história, devemos as placas de argila com registros cotidianos, administrativos, econômicos e políticos da época.
Os sumérios, excelentes arquitetos e construtores, desenvolveram os zigurates. Estas construções eram em formato de pirâmides e serviam como locais de armazenagem de produtos agrícolas e também como templos religiosos. Construíram várias cidades importantes como, por exemplo: Ur, Nipur, Lagash e Eridu.
história da escrita Placa de argila com escrita cuneiforme
Babilônios 
Este povo construiu suas cidades nas margens do rio Eufrates. Foram responsáveis por um dos primeiros códigos de leis que temos conhecimento. Baseando-se nas Leis de Talião ( " olho por olho, dente por dente " ), o imperador de legislador Hamurabi desenvolveu um conjunto de leis para poder organizar e controlar a sociedade. De acordo com o Código de Hamurabi, todo criminoso deveria ser punido de uma forma proporcional ao delito cometido.
Os babilônios também desenvolveram um rico e preciso calendário, cujo objetivo principal era conhecer mais sobre as cheias do rio Eufrates e também obter melhores condições para o desenvolvimento da agricultura. Excelentes observadores dos astros e com grande conhecimento de astronomia, desenvolveram um preciso relógio de sol.
Além de Hamurabi, um outro imperador que se tornou conhecido por sua administração foi Nabucodonosor II, responsável pela construção dos Jardins suspensos da Babilônia (que fez para satisfazer sua esposa) e a Torre de Babel (zigurate vertical de 90 metros de altura). Sob seu comando, os babilônios chegaram a conquistar o povo hebreu e a cidade de Jerusalém.
Assírios 
Este povo destacou-se pela organização e desenvolvimento de uma cultura militar. Encaravam a guerra como uma das principais formas de conquistar poder e desenvolver a sociedade. Eram extremamente cruéis com os povos inimigos que conquistavam. Impunham aos vencidos, castigos e crueldades como uma forma de manter respeito e espalhar o medo entre os outros povos. Com estas atitudes, tiveram que enfrentar uma série de revoltas populares nas regiões que conquistavam
                                                           Babilônia - HamurábiBabilônia
Introdução 
Muitos historiadores afirmam que a Babilônia é um dos berços das civilizações, pois é uma das sociedades mais antigas que conhecemos. Situada na região da Mesopotâmia (entre os rios Tigre e Eufrates) apresentou um grande desenvolvimento social, econômico, político e cultural. Achados arqueológicos apontam para a existência da sociedade babilônica há mais de cinco mil anos.
Reinado de Hamurabi 
A grandiosidade da Babilônia apareceu durante o reinado de Hamurábi. Este rei, utilizando sua habilidade bélica, conquistou várias cidades e regiões ao redor. Governou criando leis severas. O Código de Hamurábi baseava-se na idéia do “olho por olho, dente por dente”. Ou seja, a pessoa que cometia uma irregularidade ou crime pagava com uma punição no mesmo sentido e intensidade. Este código de leis foi registrado em escrita cuneiforme e gravado em pedras de argila. A economia da região era baseada na agricultura (praticada às margens dos rios Tigre e Eufrates) e no comércio.

Durante esta época a Babilônia tornou-se uma das regiões mais prósperas do mundo antigo. A cidade era composta de habitações luxuosas e grandes templos religiosos. Estes, eram administrados pelos sacerdotes, que também tinham a função de tomar conta das finanças do governo.

Reinado de Nabucodonosor 
Após a morte de Hamurábi, a Babilônia perdeu força e foi invadida e conquistada por diversas tribos da região. Voltou a ganhar poder e importância somente no século VI AC, durante o reinado de Nabucodonosor. Este rei retomou as conquistas e ampliou as áreas de domínio e influência. Ordenou a construção de muralhas em volta da cidade. Dentro das muralhas foram construídos diversos templos e palácios luxuosos, decorados com pinturas e jardins. Para sua esposa, Nabucodonosor ordenou a construção dos famosos Jardins Suspensos da Babilônia (uma das sete maravilhas do mundo antigo).

Curiosidade:
- A agricultura na Babilônia era praticada graças a um complexo sistema de canais de irrigação, construídos nas margens dos rios Tigre e Eufrates. Estes canais conduziam a água para regiões mais internas da cidade. Faziam também reservatórios de águas. A agricultura baseava-se, principalmente, na produção de cereais.  
                     Código de Hamurabi
                                                                      Código de Hamurabi
Introdução
O Código de Hamurabi é um conjunto de leis criadas na Mesopotâmia, por volta do século XVIII a.C, pelo rei Hamurabi da primeira dinastia babilônica. O código é baseado na lei de talião, “olho por olho, dente por dente”. 
Leis e objetivos do código 

As 281 leis foram talhadas numa rocha de diorito de cor escura. Escrita em caracteres cuneiformes, as leis dispõem sobre regras e punições para eventos da vida cotidiana. Tinha como objetivo principal unificar o reino através de um código de leis comuns. Para isso, Hamurabi mandou espalhar cópias deste código em várias regiões do reino.

As leis apresentam punições para o não cumprimento das regras estabelecidas em várias áreas como, por exemplo, relações familiares, comércio, construção civil, agricultura, pecuária, etc. As punições ocorriam de acordo com a posição que a pessoa criminosa ocupava na hierarquia social.

O código é baseado na antiga Lei de talião, “olho por olho, dente por dente”. Logo, para cada ato fora da lei haveria uma punição, que acreditavam ser proporcional ao crime cometido. A pena de morte é a punição mais comum nas leis do código. Não havia a possibilidade de desculpas ou de desconhecimento das leis.

Algumas leis do Código de Hamurabi:

- Se alguém enganar a outrem, difamando esta pessoa, e este outrem não puder provar, então aquele que enganou deverá ser condenado à morte.
- Se uma pessoa roubar a propriedade de um templo ou corte, ele será condenado à morte e também aquele que receber o produto do roubo deverá ser igualmente condenado à morte.
- Se uma pessoa roubar o filho menor de outra, o ladrão deverá ser condenado à morte.
- Se uma pessoa arrombar uma casa, deverá ser condenado à morte na parte da frente do local do arrombamento e ser enterrado.
- Se uma pessoa deixar entrar água, e esta alagar as plantações do vizinho, ele deverá pagar 10 gur de cereais por cada 10 gan de terra.
- Se um homem tomar uma mulher como esposa, mas não tiver relações com ela, esta mulher não será considerada esposa deste homem.
- Se um homem adotar uma criança e der seu nome a ela como filho, criando-o, este filho quando crescer não poderá ser reclamado por outra pessoa.


Curiosidade:

- O monólito com o código de Hamurabi foi encontrado no ano de 1901, pela expedição de Jacques de Morgan, na região do atual Irã. 

A Civilização Egípcia
   Uma das civilizações mais importantes da história Antiga. Desenvolveu-se na região do Crescente Fértil, mais exatamente no nordeste   da África, uma região caracterizada pela existência de desertos e pela vasta planície do rio Nilo. A  parte fértil do Egito é praticamente um oásis muito alongado, proveniente das aluviões depositadas pelo rio. Nas montanhas centrais africanas, onde o Nilo nasce, caem abundantes chuvas nos meses de junho a setembro provocando inundações freqüentes nas áreas mais baixas ( O “Baixo Nilo”). Com a baixa do Nilo o solo libera o humo, fertilizante natural que possibilita o incremento da agricultura. Para controlar as enchentes e aproveitar as áreas fertilizadas, os egípcios tiveram de realizar grandes obras de drenagem e de irrigação, com a construção de açudes e de canais , o que permitiu a obtenção de várias colheitas anuais.
            Dada esta característica natural, o historiador grego Heródoto de halicarnasso dizia que “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Leitura preconceituosa, que tende a desprezar o empenho, o denodo e a competência técnica da civilização egípcia que aprendeu a utilizar as cheias e vazantes do rio a seu favor.
O Egito, inicialmente, estava dividido num grande número de pequenas comunidades independentes: os nomos que por sua vez eram liderados pelos nomarcas. Essas comunidades uniram-se e formaram dois reinos: o Alto e o Baixo Egito. Por volta de 3200 a.C., o rei do  Alto Egito, Menés, unificou os dois reinos.  Com ele nasceu o Estado egípcio unificado, que se fortaleceu durante seu governo com a construção de grandes obras hidráulicas, em atendimento aos interesses agrícolas da população. Menés tornou-se o primeiro faraó e criou a primeira dinastia.  
 
O Crescente Fértil.
Os egípcios adoravam o faraó como a um Deus, a quem pertenciam todas as terras do país e para quem todos deveriam pagar tributos e prestar serviços, característica típica do Modo de Produção Asiático. O governo do faraó era uma monarquia teocrática, ou seja, uma monarquia considerada de origem divina. Como chefe político de um Estado poderoso, o faraó tinha imenso poder sobre tudo e sobre todos. Na prática era obrigado a obedecer às leis, muitas das quais haviam sido criadas séculos antes da unificação dos nomos, o que limitava em parte os seus poderes.
 

ANTIGO IMPÉRIO (3200 a.C. a 2300 a. C.)

 
Um Estado pacifista e dedicado à construção de Obras de drenagem e irrigação, que impulsionaram o desenvolvimento da agricultura.   Foram construídas as célebres  pirâmides de Gizé: Quéops, Quéfren e Miquerinos. A autoridade do faraó é enfraquecida pela ação dos nomarcas, apoiada pela nobreza.
 

MÉDIO IMPÉRIO (2100 a.C. a 1750 a. C. )

 
Os faraós reconquistaram o poder. Príncipes do Alto Egito restauraram a unidade política do Império e estabeleceram em Tebas a nova Capital. A massa camponesa, através de revoltas sociais, conseguiu o atendimento de algumas reivindicações, como por exemplo a concessão de terras, a diminuição dos impostos e o direito de ocupar cargos administrativos até então reservados às camadas privilegiadas. O Médio Império chega ao fim com a invasão dos hicsos, um povo de origem asiática. Os hebreus retirando-se da Palestina, chegaram ao Egito; mas foram os hicsos que criaram maiores dificuldades. Com cavalos e carros de combate que os egípcios desconheciam, dominaram o país e instalaram-se no delta do Nilo permanecendo na região aproximadamente dois séculos.
 

NOVO IMPÉRIO (1580 a.C. a 525 a. C. )

 
O período iniciou-se com  a expulsão dos hicsos e foi marcado por numerosas conquistas. Outra característica fundamental deste período foi o expansionismo e o poderio militar, pois a luta contra o invasor desenvolvera no egípcio um espírito militar conquistador. No governo de Tutmés III, o domínio egípcio chegou a se estender até o rio Eufrates, na Mesopotâmia. No século XIV a. C., Amenófis IV,  casado com  a rainha Nefertite, empreendeu  uma revolução religiosa e política, substituindo os deuses tradicionais por Aton, simbolizado  pelo disco solar.  Esta medida visava diminuir o poder dos sacerdotes que acabaram por fim expulsos. Amenófis IV passou a se chamar Aquenaton que significa supremo sacerdote do novo deus. Seu sucessor Tutancâmon, restaurou o culto aos deuses tradicionais e pôs fim à revolução.
 
O governo do faraó Ramsés II (1320 - 1232 a. C.) enfrentou novo obstáculo, como a invasão dos  hititas. Inimigos ameaçavam as fronteiras; a resistência era enfraquecida pela rivalidade entre o faraó e grandes senhores enriquecidos pela guerra. Por volta do século VII a. C.  os assírios invadiram o país.  Em 525 a. C., o rei persa Cambises derrotou o faraó Psamético III, colocando fim à  independência egípcia. Os povos do Nilo seriam ainda dominados pelos gregos e, a partir de 30 a. C., pelos romanos.
 

Quem é quem no Egito

 
          Faraó - soberano todo poderoso, considerado deus vivo, filho de deuses e intermediário entre estes e os homens. Era objeto de culto e sua pessoa era sagrada. O faraó tinha autoridade absoluta: concentrava em si os poderes político e espiritual. Ele ocupava o topo da hierarquia social, filho de Amon-Rá, o deus-sol, e encarnação de Hórus, o deus-falcão. Por isso, esse governo é chamado de teocrático.
Nobres - proprietários de grandes domínios, ocupavam também os principais postos do exército. Esta camada era formada por familiares do faraó, altos funcionários do palácio, oficiais superiores do exército e chefes administrativos.
Sacerdotes - muito cultos, enriqueciam com oferendas feitas pelo povo aos deuses. Eram dispensados do pagamento de impostos e eram proprietários de muitas terras.  A função sacerdotal era lucrativa e honrosa, passando de pai para filho. Os sacerdotes tinham a cabeça raspada e uma de suas funções era transmitir as respostas das divindades às perguntas dos fieis.
Escribas - se encarregavam da cobrança dos impostos, da organização escrita das leis e de decretos e da fiscalização da atividade econômica em geral.
Soldados - viviam dos produtos dados em pagamento pelos serviços e dos saques realizados durante as guerras. Nunca atingiam os   postos de comando, pois eram reservados à nobreza.
Artesãos - trabalhadores que exerciam diferentes ofícios e que eram geralmente contratados por empreiteiros de grandes obras. Trabalhavam como pedreiros, carpinteiros, desenhistas, escultores, pintores, tecelões, ourives etc. Eles exerciam suas atividades nas grandes obras públicas recebendo em troca apenas alimento.
Camponeses - compunham a maior parte da população, viviam submetidos a uma violenta repressão por parte da camada dominante, que a ameaçava constantemente com exércitos profissionais para forçá-la a pagar impostos. Trabalhavam nas propriedade do faraó e dos sacerdotes e tinham o direito de conservar para si uma parte dos bens por eles produzidos.
Escravos - originários da escravidão por dívidas e da dominação de outros povos através das conquistas militares. Faziam os serviços domésticos ou trabalhavam nas pedreiras e nas minas.  
Na sociedade egípcia desenvolveu-se o chamado modo de produção asiático, em que todas as terras pertenciam ao Estado e os camponeses das aldeias tinham o direito de cultivar o solo desde que pagassem um imposto coletivo. Esse imposto era pago com cereais, que eram estocados nos armazéns reais. Nessa sociedade,  a base da economia era a agricultura. Cultivavam-se principalmente trigo, cevada, frutas, legumes, linho e algodão. Dentre outras atividades destacamos o comércio a indústria artesanal de tecidos e de vidro, a construção de navios, a cerâmica e a criação de bois, carneiros, cabras, asnos etc. O Estado intervinha na economia controlando a produção, recrutando mão-de-obra e cobrando impostos.
 
Quanto a religiosidade, os egípcios eram politeístas, isto é, adoravam vários deuses, inclusive alguns animais, como o gato, o boi e o crocodilo, que eles consideravam sagrados. Além de ser politeísta, era também antropozoomórfica, pois os deuses eram representados geralmente pela figura humana e animal. A religião dos antigos egípcios passou  por várias etapas: de um simples politeísmo para a mais recuada expressão conhecida de monoteísmo, retornando depois ao politeísmo. Durante o período do Antigo Reino,  o culto do sol, corporificado na adoração de Rá foi o sistema dominante de crença. Servia como religião oficial cuja função principal era dar imortalidade ao Estado e ao povo, coletivamente. Para os egípcios, a morte apenas separava o corpo da alma. A vida poderia durar eternamente, desde que a alma encontrasse no túmulo  o corpo destinado a servir-lhe de moradia. Era preciso então, conservar o corpo, e para isso os egípcios se aperfeiçoaram na técnica da mumificação.

A Criação do Mundo e os Deuses Egípcios

No princípio era o Caos (Nun), o oceano primordial, dentro do qual se ocultava Atum, escondido num botão de lótus.
            Inesperadamente ele apareceu sobre o Caos como Rá (Sol) e criou dois filhos divinos: Chu, deus do Ar, e Tefnet, deusa da Umidade (Não da chuva, inexistente no Egito...). Deste casal nasceram Gheb, deus da Terra, e Nut, deusa do Céu, que por sua vez deram à luz dois filhos, Osíris e Seth, e duas filhas, Ísis e Néftis.
            Rá era também o divino soberano dos homens; quando envelheceu, deixou o trono a favor de Chu e Tefnet, avós de Osíris e Ísis, cujo filho foi Hórus.
            Estes últimos três deuses, que constituem a primeira Trindade entre tantas que se seguiram, eram de certo modo os deuses nacionais, venerados em todo o país. E as suas façanhas podem ser consideradas o poema nacional dos egípcios. Poema, entretanto, que jamais foi escrito. Foi Plutarco, em sua Obra “Ísis e Osíris”, quem nos esta belíssima narrativa, que pode ser resumida assim:
 
            Cerca de 13.500 anos antes do reinado de Menés, Osíris era um mítico rei-deus dos habitantes do Nilo; soberano benéfico, induziu os seus selvagens súditos a viver em paz, a não destruir-se mutuamente e a abandonar a aventureira vida nômade. Para este fim, ensinou-lhes a trabalhar a terra, a cultivar as parreiras e a obter delas o vinho, bem como a cevada, para extrair a cerveja.
            Ensinou-lhes como forjar os metais e as armas para defender-se das feras, convenceu-os a viver em comunidade e a fundar cidades.
            Ísis, a irmã-esposa, por sua vez, curava as suas doenças, expulsava os espíritos malignos com magias; fundou a família, ensinou os homens a fazer o pão e as mulheres a tecer, a bordar, etc.
            Em suma, inventaram a civilização.
            O Egito se viu, assim, na Idade do Ouro. Tot era o Deus das ciências, companheiro e amigo de Osíris. A ele coube a tarefa de ensinar aos egípcios ler e escrever.
            Não satisfeito só com isto, Osíris quis levar a sua benéfica missão também ao resto do mundo e, durante sua ausência, confiou a regência do trono a Ísis.
            Mas eis que seu irmão Seth, excluído do trono por ser o segundo filho, planejou logo uma trama para usurpá-lo; mas a vigilante Ísis enganou-o, neutralizando assim toda a manobra.
            Osíris regressa da viagem, concluída com êxito, em companhia de Tot e de Anúbis (Deus dos mortos).
            Seth, o traidor, exatamente o oposto de Osíris, trama uma terrível artimanha: oferece uma festa em homenagem ao irmão, e durante o banquete mostra aos convidados um escrínio finamente adornado e realçado com gemas e, brincando, proclama que o presentearia a quem entrasse nele e o ocupasse exatamente com o próprio corpo (tinha-o mandado fazer sob medida para Osíris, que era de grande estatura).
            Todos os convidados admiraram a preciosidade da obra e desejaram tê-la; então cada um experimentou para ver se seu corpo cabia dentro, mas o escrínio resultava sempre demasiadamente grande.
            Enfim, chegou a vez do rei, cuja estatura se adaptou perfeitamente.
            Seth, rapidamente, com os seus cúmplices, fecha a tampa, lacra-a com chumbo e lança o escrínio no rio Nilo.
            Apavorados, os deuses tomaram formas de animais para fugir da estúpida sorte. Desesperada, Ísis arrancou as roupas, e com a ajuda de Tot conseguiu fugir e partiu à procura dos restos mortais do esposo para dar-lhe ao menos uma sepultura digna.
            Era escoltada por sete escorpiões venenosos, terrível guarda do corpo. Chegou cansada à cidade de Pa-sin; mas, vestida em trapos e esgotada como estava, não encontrou hospedagem (talvez também por causa da pouco recomendável comitiva). Uma senhora fechou-lhe ostensivamente a porta na cara. Os sete escorpiões consultaram-se entre si sobre a maneira de vingar o insulto à deusa e, um a um, aproximando-se de sua líder, Tefen, injetaram-lhe todo o veneno.
            Tefen entrou na casa da irreverente senhora, encontrou o seu filho e picou-º O poder do veneno era tanto que a casa incendiou-se.
            Uma misericordiosa e humilde camponesa, de nome Taha, teve pena daquele rosto petrificado pela dor e acolheu Ísis. A outra, que se chamava Usa, não encontrou uma gota d’água para apagar o incêndio; desesperada e com a criança morrendo nos braços, vagava à procura de ajuda, mas não encontrou ninguém que a socorresse. Então Ísis teve pena dela: ordenou ao veneno que não atuasse e a criança sarou logo, enquanto uma chuva milagrosa apagava o incêndio.
            O céu estava sereno; Usa arrependeu-se e compreendeu que se achava diante de um ser sobrenatural e ofereceu presentes a Ísis, implorando-lhe o perdão.
            Ísis continuou a andar entre as inúmeras emboscadas que os espíritos malignos, a serviço de Seth, lhe armavam no caminho. Nos arredores de Tânis ficou sabendo, por intermédio de algumas crianças, que o escrínio, na correnteza daquele braço do Nilo, havia chegado ao mar.
            Desesperada, caminhou até chegar a Biblos, na Fenícia; lá ficou sabendo que o esquife fora parar no meio dos arbustos, os quais, em contato com o corpo divino, transformaram-se numa esplêndida acácia que encerrou o escrínio em seu tronco. O rei de Biblos, ao ver a estranha árvore, ordenou que a cortassem para fazer dela uma coluna no seu palácio.
            Assim, todas as noites Ísis ia à cidade e transformava-se numa andorinha que esvoaçava em torno da coluna, lançando estrídulos pungentes, mas ninguém parecia notar.
            Finalmente, resolveu agir: passou perto da fonte e quando as criadas da rainha foram apanhar água, começou a conversar, depois a penteá-las, a oferecer perfumes, e as criadas ficaram muito contentes. A rainha quis conhecê-la, e em pouco tempo caiu nas suas graças e foi nomeada governanta do príncipe. Todas as noites, depois de assumir sua forma de andorinha, chorava penosamente.
            Uma noite a rainha quis certificar-se de que a criança dormia e entrou em seu quarto, onde se deparou com com uma situação aterradora: Ísis amamentava o bebê com a ponta do indicador e seu berço estava rodeado por chamas e, aos pés da cama, sete escorpiões montavam guarda.
            Gritou, perplexa; o rei e os guardas socorreram-na, enquanto Ísis, com um simples sinal, apagava as chamas.
            A Deusa então revelou-se e repreendeu a rainha; grata pela hospitalidade, tinha decidido tornar o príncipe imortal e, por esta razão, todas as noites o imergia nas chamas purificadoras. Mas infelizmente agora o encanto não fazia mais efeito.
            Com isso a rainha ficou profundamente entristecida, e o rei, sentindo-se honrado por ter acolhido uma Deusa, prometeu-lhe o que quisesse. Ísis, naturalmente, pediu ao rei a grande coluna de onde tirou o escrínio e encheu o tronco de perfumes, envolveu-o com faixas perfumadas e deixou-o ao rei e ao seu povo como lembrança e relíquia preciosa.
            Retomou o caminho de volta escoltada por dois filhos do rei, mas não resistiu por muito tempo: ordenou que a caravana fizesse uma parada e abriu a caixa. Quando apareceu o rosto do marido, os seus gritos de dor encheram o ar de um espanto tão grande que um dos filhos do rei ficou louco. Já outro teve menos sorte: Ísis tinha-se inclinado chorando sobre o rosto querido e o jovem a observava, ignorante e curioso. A Deusa percebeu e lançou-lhe um olhar tão forte que ele caiu morto.
            Tendo assim ficado sozinha, Ísis tentou de tudo, empregou em vão todas as fórmulas mágicas para trazer seu esposo de novo à vida; transformou-se me falcão e, agitando sobre ele as asas para procurar restituir-lhe o sopro de vida, milagrosamente ficou fecundada.
            Chegando ao Egito, escondeu o esquive num lugar solitário perto de Buto, entre os emaranhados pântanos do Delta que o protegiam contra os perigos.
            Mas, por acaso, Seth o encontrou, quando numa noite caçava ao claro da lua. Abriu o ataúde e viu os restos mortais do irmão. Ficou furioso e despedaçou-o, dividindo-o em quatorze partes que foram espalhadas pelo Egito.
            A infeliz Ísis, com o novo suplício, recomeçou a piedosa procura dos restos fúnebres, e depois de imensas fadigas conseguiu reconstituí-los (exceto o membro viril, devorado por um ossirinco, uma espécie de esturjão do Nilo).
            Nos lugares em que os restos foram encontrados, surgiram capelas, e mais tarde templos, nos quais se realizavam peregrinações chamadas “Da procura de Osíris”.
            Recomposto o corpo, Ísis chamou para junto de si a irmã preferida, Néftis (esposa inocente do perverso Seth), Tot e Anúbis. E, com a ciência herdada de Osíris, juntos envidaram todos os esforços para restituir-lhe a vida. Anúbis embalsamou o corpo, que foi enfaixado e recoberto de talismãs (surgiu assim a primeira múmia). Nas paredes do sepulcro, em Abidos, foram gravadas as fórmulas mágicas rituais. Junto ao sarcófago foi colocada uma estátua idêntica ao defunto.
            Assim Osíris ressuscitou, mas não pode reinar mais sobre esta terra e tornou-se rei do “Lugar que fica além do Horizonte ocidental”, que transformou, de um lugar triste e escuro, numa chácara fértil e rica de colheitas.
            Realizado o rito do sepultamento, Ísis voltou a esconder-se nos pantanais para proteger-se, e principalmente o filho que esperava, contra as vinganças de Seth. Quando Hórus nasceu a mãe guarneceu-o com todo o amor, invocou sobre ele ajuda de todos os deuses e depois lhe ensinou a magia e educou-o em memória do pai. Hórus cresceu. “Como o sol nascente, seu olho direito era o sol, o esquerdo, a lua”, e ele próprio era um grande falcão que cortava os céus. Quando ficou maior, Osíris voltou à terra para fazer dele um soldado.
            Então Hórus reuniu todos os fiéis do rei traído e partiu à procura de Seth, para vingar a morte do pai.
            A ferrenha batalha durou três dias e três noites; Seth e seus fiéis transformaram-se nos mais terríveis e estranhos animais para fugir à derrota. Hórus mutilou Seth, mas este se transformou num grande porco preto e devorou o olho esquerdo de Hórus. Assim a lua parou de brilhar e a humanidade ficou atônita. No fim, Seth estava prestes a sucumbir, quando Ísis interveio, suplicando ao filho que desse fim ao massacre, afinal, Seth era seu irmão e marido de sua irmã predileta, Néftis. Num ímpeto de ódio, Hórus decepou a cabeça da mãe. Tot curou-a logo, colocando em lugar da sua, uma cabeça de vaca. A batalha recomeçou e durou indefinidamente, sem vencedores nem vencidos. Tot, que curou Seth, intrometeu-se autoritariamente, mas impôs-lhe que restituísse o olho de Hórus. Então a lua voltou a brilhar. Vieram então os Deuses e levaram a questão ao julgamento de Tot. Foi um processo que durou oitenta anos. Seth acusou Hórus de não ser filho de Osíris, tendo nascido depois da morte do citado pai. Hórus refutou a acusação, tachando Seth de má fé, enfim, o Divino Tribunal sentenciou que Hórus ficaria com o reino do Baixo Egito e Seth com o Alto Egito.